Belém • Pará - 1998
Belém do Pará foi fundada em 1616 pelos portugueses às margens da Baía do Guajará e Rio Guamá. A distribuição de assentamentos ao longo dos grandes rios, como local de armazenagem da produção extrativista, foi uma estratégia colonial para a penetração na floresta e exploração de seus recursos naturais. Belém se constituiu a segunda metrópole da região Norte. O clima é quente e chove quase todos os dias.
Na região central de Belém, um palacete de estilo eclético construído provavelmente no início do século 20 foi adquirido em 1933 para abrigar a residência do governador do Estado, cujo amplo terreno de 12 000 m2 localiza-se num dos principais eixos de acesso ao centro da cidade de Belém. Era uma área bonita e a Secretaria de Cultura estava fazendo ali a sua sede, após restauro do palacete e transformação da área circundante em parque público.
Rosa Kliass criou uma linguagem que a permitiu harmonizar a colagem de peças arquitetônicas que, retiradas de diferentes pontos da cidade, com diferentes escalas e funções, passaram a compor este novo espaço.
O projeto paisagístico buscou dar unidade às várias peças, sem acrescentar excessivas interferências, o que foi obtido principalmente pelo trabalho dos pisos e pelos passeios de conexão.
Rosa também propôs a instalação de um restaurante com comida típica, aberto ao público.
O pavilhão de estrutura de madeira de linguagem contemporânea, anteriormente pavilhão de festas, foi transformado em restaurante.
Foram levados para o local dois outros pavilhões de estrutura metálica: o coreto de construção importada da França e erguido em 1909 na Praça da República, e o Gasômetro, de procedência inglês e que foi convertido em auditório e espaço de eventos.
Um vagão de trem da Bragantina que ainda estava no local passou a abrigar de uma sorveteria, com sorvetes de sabores típicos do Pará.
O acesso principal do parque pela avenida descortina o palacete e o coreto; ali foi proposta uma pérgula metálica para abrigar exemplares florais mantidos pela sociedade dos orquidófilos de Belém.
Enormes árvores frutíferas e algumas palmeiras existentes foram preservadas. Na porção central do terreno, encontra-se o maciço das árvores existentes, com o gazebo/restaurante de um lado e uma antiga caixa d’água elevada metálica do outro. Ao final encontra-se o gasômetro/centro de eventos, cuja área frontal foi transformada em auditório ao ar livre.
Com as palmeiras existentes criou-se uma galeria conformada pelo piso em desenho geometrizante que alude aos temas formais da cultura marajoara.
Suaves elevações dão intimidade às áreas de sombra e parcialmente as protegem das edificações de serviço situadas em anexo do palacete.
E a estátua do poeta paraense Ruy Barata foi feita sentada, num banco do parque, para que o público possa se sentar com ele.
Imagem 1 fotografo Octavio Cardoso
Imagens de 2-6 acervo pessoal Rosa Kliass