Belém • Pará - 2000/2003
Belém do Pará foi fundada em 1616 pelos portugueses às margens da Baía do Guajará e Rio Guamá, como parte da estratégia colonial de exploração dos recursos naturais da floresta. Belém, por sua posição junto a grandes rios, assumiu serviços de controle de produção e exportação e garantiu a condição de principal porto da Amazônia até o início do século XX. Seu clima é quente e chove quase todos os dias.
O conjunto Feliz Lusitânia foi proposto também pelo Secretário de Cultura Paulo Chaves, no ano 2000, com o objetivo de criar um passeio à beira rio por entre edifícios históricos restaurados, desde o Forte do Presépio até a Casa das Onze Janelas, agora articulados com os espaços públicos. A Rosa foram solicitados os projetos destes espaços públicos.
Rosa desenhou a entrada desse conjunto e esse grande espaço entre o Forte do presépio e a Casa das Onze Janelas. No Forte, criou uma praça que é praticamente um anfiteatro na qual poderiam acontecer outros eventos e outras atividades tendo o forte como fundo. Um último espaço foi desenhado por Rosa Kliass, dando para a praça, e foi que realmente produziu a grande ligação do núcleo urbano com rio, a verdadeira “janela para o rio”.
Em torno da praça estão alguns dos edifícios mais representativos do patrimônio arquitetônico da cidade: a Catedral, a conjunto da Igreja de Santo Alexandre e a Casa Episcopal, o Forte do Castelo e o antigo hospital militar. O conjunto arquitetônico de Santo Alexandre foi transformado no Museu de Arte Sacra e os seus dois pátios receberam tratamento paisagístico para atenderem ao uso como espaços de eventos ao ar livre.
O Forte do Presépio (século XVII), monumento histórico e arqueológico de importância nacional, foi transformado em museu e faz às vezes de mirante do conjunto e da cidade. O paisagismo buscou consolidar o sítio arqueológico no pátio interno do forte, ou Praça de Armas, com inserção de escada e passarelas metálicas elevadas facilitando sua visitação.
O antigo hospital de estilo eclético, a Casa das Onze Janelas, foi reciclado para receber um centro de exposições de arte moderna e um restaurante. O projeto paisagístico consiste no tratamento da área semi-aberta definida pelo pátio existente entre o edifício e a baía de Guajará, através de terraços em patamares que descem integrando-se com o Passeio Beira-Rio, cujo desenho baseia-se na linguagem dos elementos remanescentes dos jardins do antigo hospital.
No conjunto formado pela Igreja de Santo Alexandre e Palácio Episcopal os pátios internos receberam tratamento paisagístico de um cunho mais formal, dentro da tradição dos claustros religiosos, adotando como elemento central uma fonte em granito esculpido, enquanto a vegetação complementa e enfatiza o desenho. Em um segundo pátio, situado já na transição para os edifícios lindeiros, foi proposto um pequeno anfiteatro, apto a abrigar alguns eventos, em complemento à preservação da vegetação existente.
A inserção do Forte no entorno urbano deu-se por meio de uma nova praça, ganha pela demolição de dois armazéns, que dá seqüência à Praça Frei Caetano Brandão (ou da Sé) e abre-se para a vista do rio.
O tratamento paisagístico dos diversos espaços abertos externos, internos e intermediários do conjunto foi sendo realizado em etapas; cada uma delas tem um caráter específico, mas o conjunto é mais do que apenas uma somatória.
Imagens 1,12,13 fotografo João Ramid
Imagens de 2-11, 14,15 acervo pessoal Rosa Kliass