Belém • Pará - 1998/2000
Belém nasce no delta do rio Amazonas às margens da baía de Guajará, na foz dos rios Guamá e Pará, a pouco mais de 100 km do oceano Atlântico. Nascendo e vivendo das águas, o conjunto urbano edificado das cidades de origem portuguesa tradicionalmente voltava suas costas para elas. Contemporaneamente, percebeu-se a possibilidade de enfatizar um contato mais íntimo com a paisagem das águas, contrapondo-se a vastidão do rio com a intimidade das praças e pátios.
No conjunto conhecido como Feliz Lusitânia concentrava-se um conjunto de edifícios de alto valor histórico e sua reciclagem tornou-se um evento de grande significado para a revalorização como patrimônio de Belém. Na seqüência do conjunto Feliz Lusitânia, e após a Praça do Açaí, o Cais e o Mercado do Ver-o-Peso, situa-se as Estação das Docas. O projeto de intervenção janelas para o Rio procurou uma série de ações voltadas para abrir a cidade de Belém para o Rio Guamá. Nesse trecho o porto foi desativado e os antigos galpões portuários foram reciclados e destinados a atividades de comércio, lazer e cultura. Rosa foi chamada mais uma vez por Paulo Chaves, Secretário de Cultura, para a parceria que ele considerou inestimável.
Para abrir a cidade de Belém para o Rio Guamá, Rosa criou um belvedere-mirante, que permite que as pessoas se debrucem sobre o rio para apreciar a paisagem. Os guindastes foram incorporados, o peitoril foi desenhado remetendo ao universo náutico.
O projeto paisagístico definiu dois momentos. Na conexão com os equipamentos anteriores está a Praça da Memória, onde foram encontrados remanescentes das primeiras edificações da cidade, revalorizados com tratamento paisagístico do sítio arqueológico. Na seqüência, desdobra-se linearmente o calçadão beira-rio, situado entre os galpões e a baía, onde está um atracadouro flutuante.
Ali, o antigo piso em paralelepípedos de granito foi mantido, mas agora intercalado com faixas que definem as áreas de estar adjacentes aos galpões, das áreas de circulação, do mirante criado pelo novo guarda-corpo por onde se pode debruçar para apreciar a paisagem naval; os elementos de proteção (gradis, frades) têm desenho concebido a partir de uma releitura de elementos náuticos.
Imagens de 1-7 acervo pessoal Rosa Kliass