São Luís do Maranhão • Maranhão - 2004
Rosa Grena Kliass em coautoria com Oicos Arquitetos Associados (Nícia Paes Bormann)
Capital do estado do Maranhão, São Luís compartilha a ilha de mesmo nome com os municípios de São José do Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar, concentrando na área metropolitana cerca de um milhão e meio de habitantes. São Luís é pólo de um complexo de mineração e patrimônio histórico de valor mundial, instalada sobre uma geografia muito peculiar de grande interesse ambiental.
A ocupação urbana se deu das cumeadas para os vales e a eliminação da cobertura vegetal, a progressiva impermeabilização do solo e a erosão das encostas criaram problemas entre os quais o assoreamento de mangues e várzeas inundáveis, ecossistemas de grande biodiversidade que necessitam ser preservados.
A primeira-dama do município queria colocar flores nas novas avenidas da cidade e uma arquiteta de São Luís, Ana Claudia Batista Peixoto, procurou Rosa Kliass então presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas para lhe dar recomendações. Foi abrindo o horizonte em relação a este desejo inicial de embelezamento, que não deixa de ser recorrente, que Rosa desenvolveu o Plano da Paisagem Urbana e deu as bases de um instituto para dar vida ao plano.
Rosa convidou a equipe de Belém ao congresso da Federação Internacional de Arquitetos Paisagistas que acontecia em Belém e conseguiu demonstrar, com isto, a importância da ampliação do escopo de embelezamento para o planejamento da paisagem.
O planejamento paisagístico buscou compreender, analisar e propor ações corretas visando harmonizar o sistema urbano e natural, econômico e de sustentabilidade da cidade. Através do conhecimento efetivo de todos os aspectos envolvidos é possível prever tendências e buscar minimizar impactos negativos, incentivando uma relação equilibrada entre os seres humanos e a natureza.
A metodologia de trabalho da proposta teve como base o trabalho de Ian Mc Harg. Foi organizada em cinco fases: 1. INVENTÁRIO, 2.ANÁLISE, 3.DIAGNÓSTICO, 4.PROPOSTAS e 5.DIRETRIZES PARA PLANOS E PROJETOS ESPECÍFICOS.
Foram realizadas propostas para: patrimônio cultural; cobertura vegetal; elemento água; praias e dunas; e foram criadas as seguintes categorias de áreas de proteção: cordão protetor de encosta; veredas; área complementar de proteção de duna; faixa marginal de proteção de cursos d’água.
Foram definidas três grandes zonas, dentro das quais se definem zonas específicas. E foi feito um plano complementar para as áreas verdes, constituído por áreas de proteção, unidades de conservação, vias-parque,e espaços públicos (largos, praças e parques), englobando ainda um sistema cicloviário de transporte, lazer e turismo.
Em 2002, para implementar o plano e nortear as ações dos demais departamentos da prefeitura, foi criado em São Luís o Instituto Municipal de Paisagem Urbana – o Impur. E foi também feito o projeto para o sistema viário, com larguras das vias e das calçadas, intervenções nos lotes, recuos e arborização.
Rosa ensinou que o projeto de paisagismo não deve fazer o plantio dos canteiros, mas deve participar do projeto da avenida e da cidade toda. O planejamento paisagístico foi concebido como peça integrante do planejamento urbano. Onde ocupar? Como ocupar? Trata-se de uma visão de desenvolvimento sustentável, como um processo que analisa, considera e pondera questões ambientais, econômicas, antropológicas e sociais.
Imagens de 1-6 acervo pessoal Rosa Kliass
Coautoria: Oicos Arquitetos Associados (Nícia Paes Bormann);