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Tema 1 – Plano de Segurança da Água (PSA)

Caro(a) educando(a), neste tema serão apresentados a estrutura necessária para garantir a segurança da água, os fundamentos conceituais e legais do PSA, os objetivos e metas de saúde, bem como os fundamentos metodológicos e as etapas para elaboração do PSA.

Vamos lá!

Você sabia que a água e o esgotamento sanitário, como instrumentos para promoção da saúde de populações vulneráveis, são direitos humanos?

Apesar da importância, sistemas de água e esgotamento sanitário, individuais ou coletivos, inadequados, existem em todo o mundo.

No cenário rural, o que se observa é que essas áreas muitas vezes não são atendidas, de modo que há uma manipulação inadequada e insegura dessas excretas e águas cinzas, o que resulta em doenças e na contaminação do meio ambiente (WHO, 2018).

Por isso, o esgotamento sanitário ganhou importância no cenário internacional e em 2010 se tornou também um direito humano.

Para saber mais sobre o direito humano à água e ao esgotamento sanitário, veja o vídeo abaixo.

Fundamentos conceituais e legais sobre o Plano de Segurança da Água (PSA)

Neste item vocês entenderão a importância da ferramenta de gestão de riscos à saúde, denominada de Plano de Segurança da Água, frente ao reconhecimento das limitações técnicas convencionais de tratamento e do controle laboratorial da qualidade da água, bem como conhecer a estrutura necessária para garantir a segurança da água, além dos aspectos conceitos e legais relacionados ao PSA.

Para entender melhor, abordaremos as seguintes questões:

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  1. Quais as principais limitações do controle laboratorial da qualidade da água?
  2. Quais os critérios necessários para garantir a segurança da água para consumo humano?

1) Quais as principais limitações do controle laboratorial da qualidade da água?

Por diversas razões, incluindo limitações financeiras ou analíticas (desconhecimento dos contaminantes que podem ser encontrados e dificuldade na sua quantificação ou ainda a impossibilidade de monitoramento em tempo real), o controle laboratorial da qualidade da água, embora indispensável, é insuficiente para a garantia da segurança da qualidade da água para o consumo humano. Segundo Bastos et al. (2009), as principais limitações do controle laboratorial da qualidade da água são:

A qualidade da água bruta e tratada pode sofrer variações bruscas de qualidade não detectadas em tempo real:

Dentre os parâmetros analisados, podemos utilizar como exemplo a qualidade microbiológica da água. Essa pode sofrer alterações e não serem detectadas em tempo real, já que a amostragem para o monitoramento da qualidade da água baseia-se em princípio estatístico/probabilístico incorporando uma margem de erro/incerteza, e também por existir o período entre a coleta da amostra até a obtenção do resultado. Geralmente os resultados das análises laboratoriais evidenciam se a amostra estava ou não contaminada no momento da coleta.

Organismo indicador da qualidade da água ideal NÃO EXISTE:

Por razões financeiras, limitações técnico-analíticas, pela necessidade de respostas ágeis no controle microbiológico da qualidade da água, usualmente utilizam-se organismos indicadores; entretanto, reconhecidamente não existem organismos que indiquem a presença/ausência da ampla variedade de patógenos possíveis de serem removidos/inativados ou resistirem/transpassarem pelas etapas do tratamento da água.

Importante

A identificação e quantificação de vírus, bactérias, protozoários e helmintos apresentam limitações técnico-analíticas e financeiras, por isso a legislação de Potabilidade Brasileira adota: Escherichia coli, como organismo indicador de contaminação fecal, e coliformes totais na saída do tratamento e no sistema de distribuição, como indicadores de eficiência do tratamento e de integridade do sistema de distribuição, respectivamente.

No entanto, esses indicadores não garantem que a água esteja livre de organismos patogênicos, pois eles têm limitações. Em função das limitações das técnicas de tratamento e do controle laboratorial da qualidade da água, vários surtos têm sido registrados no mundo.

No Brasil, cabe relatar o surto de toxoplasmose em Santa Isabel do Ivaí – PR. Para saber mais leia o artigo: Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Surto de Toxoplasmose no Município de Santa Isabel do Ivaí Paraná. Bol Eletro Epidemiol 2002; 2(3):2-9. Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000148&pid=S1413-8123201100070007100018&lng=en

Na Figura 1.1 pode ser vista a presença de dois gatos sobre a tampa de um poço raso (cisterna), situação essa que coloca em risco a saúde dos usuários dessa fonte de abastecimento.

Figura 1.1 - Gatos sobre a tampa de um poço raso. Fonte: Acervo SanRural.

Contaminantes químicos emergentes

Para substâncias químicas, os limites de concentração adotados internacionalmente muitas vezes partem de estudos toxicológicos ou epidemiológicos com elevado grau de incerteza, arbitrariedade ou não representatividade; além disso, não há como assegurar o desejável dinamismo e a agilidade na legislação para corrigir valores máximos permitidos ou incluir/excluir parâmetros (BASTOS et al. 2009).

Na formulação de normas de qualidade da água para consumo humano é necessário priorizar as substâncias químicas, pois parte-se do princípio de que o risco associado à determinada substância é resultado do EFEITO DA TOXIDADE X INTENSIDADE DA EXPOSIÇÃO.

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2) Quais os critérios necessários para garantir a segurança da água para consumo humano?

Para garantir a segurança da água para o consumo humano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs uma estrutura sistematizada em ciclo iterativo, no contexto de análise de risco. Essa abordagem é composta por cinco componentes (Figura 1.2), sendo que três deles compõem os Planos de Segurança da Água.

Figura 1.2 - Estrutura para garantir a segurança da água.

Essa estrutura tem como objetivo garantir que a água fornecida para a população seja isenta de riscos à saúde. Os componentes foram estruturados de forma a buscar uma melhor sistematização das ações realizadas pelos prestadores de serviço de abastecimento de água para consumo humano (controle) e a autoridade de saúde (vigilância).

Dessa forma, cabe aos prestadores de serviços a implementação de PSA e, ao setor saúde (vigilância), a avaliação desses planos em consonância com a definição das metas de saúde.

WHO (2017) recomenda aos responsáveis pelo abastecimento de água o uso de ferramenta de identificação de perigos e avaliação dos riscos à saúde em todas as etapas do sistema de abastecimento de água para consumo humano, desde o manancial de captação até o consumidor final. Essa estrutura (Figura 1.2) é considerada como a forma mais efetiva de garantir a segurança da qualidade da água para consumo humano, recebendo a denominação de Planos de Segurança da Água (PSA).

Para compreendermos melhor essa estrutura, vamos detalhar cada etapa por meio das seguintes perguntas:

A) O que são PSA? Quais são seus objetivos? Quais são seus benefícios de implementação?

O PSA é um instrumento com abordagem preventiva, com o objetivo de garantir a segurança da água para consumo humano, incluindo a minimização da contaminação no manancial, a eliminação ou remoção da contaminação por meio do tratamento da água e a prevenção da (re)contaminação no sistema de distribuição (Figura 1.3).

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Figura 1.3 - Objetivos específicos do PSA. Fluxograma adaptado de Ras–Hon (2009).

Os objetivos do PSA expressam o que deve ser feito, refletindo as situações a serem alteradas pela implementação de um conjunto de ações no sistema de abastecimento de água, desde a captação até a distribuição. Esses objetivos são aplicados nos sistemas de grande e pequeno porte, os quais podem ser alcançados por meio de:

  1. conhecimento adequado do sistema de abastecimento de água e da sua capacidade de fornecer água de boa qualidade que satisfaça as metas de saúde;
  2. identificação das fontes potenciais de contaminação e seu controle;
  3. implementação de um sistema de monitoramento das medidas de controle dentro do sistema de abastecimento;
  4. implementação das ações corretivas, visando assegurar que a água fornecida seja mantida com uma qualidade constante;
  5. validação e verificação da implementação do PSA, de forma que as metas de saúde sejam alcançadas (DAVISON et al. 2002).

Os principais benefícios do desenvolvimento e da implementação de um PSA incluem a avaliação e priorização sistemática e detalhada dos riscos, o monitoramento operacional de barreiras ou medidas de controle e a documentação de todo o processo de gestão. Além disso, um PSA fornece um sistema organizado e estruturado para minimizar a possibilidade de falhas no tratamento por meio de monitoramento. Fornece ainda planos de contingência para responder a falhas do sistema ou imprevistos que possam impactar na qualidade da água, como, por exemplo, o aumento de secas severas, chuvas fortes ou enchentes (WHO, 2017).

B) O que significa objetivos e metas de saúde no contexto de saúde pública?

Os objetivos e as metas baseadas na saúde são componentes essenciais da estrutura de segurança da água potável. Os objetivos devem ser definidos e as metas estabelecidas por uma autoridade de saúde em conjunto com outros envolvidos, incluindo fornecedores de água e comunidades afetadas. A situação geral da saúde pública e a contribuição da qualidade da água potável para as doenças devem ser consideradas como parte da política global da água e da saúde. Deve-se também ter em conta a importância de garantir o acesso à água para todos os consumidores (WHO, 2017).

De acordo com o mesmo autor, os objetivos e as metas baseadas na saúde fornecem a base para a aplicação de diretrizes a todos os tipos de fornecedores de água potável. Alguns constituintes da água potável podem causar efeitos adversos à saúde devido a exposições únicas (por exemplo, microrganismos patogênicos) ou exposições de longo prazo (por exemplo, produtos químicos).

Os objetivos e as metas são definidas pela vigilância (setor saúde) em consulta com os prestadores de serviços de abastecimento de água, órgãos ambientais, instituições de ensino, entre outros. As metas são definidas levando em consideração critérios (Figura 1.4) que serão detalhados em seguida.

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Figura 1.4 - Aspectos para definição dos objetivos e estabelecimentos das metas de saúde

Importante!

Devido à variedade de constituintes na água, a seu modo de ação e à natureza das variações das suas concentrações, existem quatro tipos principais de objetivos baseados em saúde utilizados como base para identificar requisitos de segurança, são eles:

1) Objetivos de resultados de saúde: onde a doença de veiculação hídrica contribui para uma carga mensurável e significativa, a redução da exposição por meio da água potável tem o potencial de reduzir sensivelmente os riscos e a incidência de doenças. Em tais circunstâncias, é possível estabelecer uma meta baseada na saúde em termos de uma redução quantificável no nível geral da doença. Isso é mais aplicável quando os efeitos adversos ocorrem logo após a exposição, quando tais efeitos são monitorados de forma fácil e confiável e onde as alterações na exposição também podem ser monitoradas de forma fácil e confiável. Este tipo de meta de resultados de saúde é principalmente aplicável a alguns riscos microbianos em países em desenvolvimento e riscos químicos com efeitos de saúde claramente definidos, em grande parte atribuíveis à água (por exemplo, flúor, nitrato / nitrito e arsênico). Em outras circunstâncias, as metas de resultados de saúde podem ser a base para a avaliação de resultados por meio de modelos quantitativos de avaliação de risco. Nestes casos, os resultados de saúde são estimados com base em informações relativas à exposição a altas doses e às relações doses-respostas.

Os resultados podem ser empregados diretamente como base para a especificação de metas de qualidade da água ou para fornecer a base para o desenvolvimento de outros tipos de metas baseadas na saúde. Objetivos de resultados de saúde baseados em informações sobre o impacto de intervenções testadas na saúde de populações reais são ideais, mas raramente disponíveis. Mais comuns são as metas de resultados de saúde baseadas em níveis definidos de risco tolerável, absolutos ou frações da carga total da doença, geralmente conforme estudos toxicológicos em animais e ocasionalmente em evidências epidemiológicas.

2) Objetivos de qualidade da água: as metas de qualidade da água são estabelecidas para parâmetros individuais de água potável que representam um risco à saúde a partir da exposição a longo prazo e onde as flutuações na concentração são pequenas. Eles são normalmente expressos como valores de referências (concentrações) das substâncias químicas ou microrganismos de interesse. No Brasil, o anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5 de 28/09/2017 (BRASIL, 2017) pode ser utilizado para o estabelecimento de metas de qualidade da água.

3) Objetivos de desempenho de tratamento: as metas de desempenho são empregadas para os parâmetros nos quais a exposição a curto prazo representa um risco para a saúde pública ou quando grandes flutuações em números de microrganismos ou concentração de substâncias podem ocorrer em períodos curtos com implicações significativas para a saúde. Essas metas são tipicamente baseadas em tecnologia e expressas em termos de reduções exigidas da substância (ou microrganismos) ou eficácia na prevenção da contaminação.

4) Objetivos de tecnologia especificadas: as agências reguladoras nacionais podem estabelecer outras recomendações para ações específicas para provisões municipais, comunitárias e domésticas de menor porte. Tais alvos podem identificar dispositivos ou processos de tratamento admissíveis específicos para determinadas situações, assim como tipos genéricos de sistemas de tratamento para água potável.

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C) Qual o papel da vigilância?

A vigilância é o último componente e tem como objetivo verificar se a água consumida pela população atende ao padrão de potabilidade, além da validação e do acompanhamento dos PSA, conforme os estabelecimentos das metas de saúde.

A vigilância da qualidade da água para consumo humano consiste no conjunto de ações adotadas, continuamente, pelas autoridades de saúde pública, para garantir que a água consumida pela população atenda ao padrão de potabilidade da água para avaliar os riscos que sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água representam à saúde humana e para prevenir enfermidades transmitidas pela água utilizada para consumo humano (BRASIL, 2012).

De acordo com o que foi relatado anteriormente, a vigilância tem como objetivos específicos:

Assim, a vigilância da qualidade da água para consumo humano desenvolve ações para garantir a segurança da água consumida pela população, tais como o acompanhamento dos PSA, desde a elaboração até o monitoramento.

D) No Brasil existem regulamentos para elaboração e implantação do PSA?

A OMS é responsável pela definição das Diretrizes de Qualidade da Água para Consumo Humano no âmbito internacional. No Brasil, cabe ao Ministério da Saúde a competência da elaboração das normas e do padrão de potabilidade de água para consumo humano a serem observados em todo o território nacional, conforme Decreto Federal n.º 79.367 de 09 de março de 1977.

A Portaria de Consolidação nº 5 (BRASIL, 2017) estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e à vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Esta portaria adota uma abordagem de gestão preventiva, por meio do enfoque de risco à saúde, com necessidade de obtenção de uma série de informações para se realizar uma avaliação do risco à saúde das populações.

Em essência, muito dos fundamentos e princípios do PSA pode ser encontrado em um único inciso da Portaria de Potabilidade brasileira (BRASIL, 2017):

Ao(s) responsável(is) pela operação de sistema de abastecimento de água incumbe: manter avaliação sistemática do sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, sob a perspectiva dos riscos à saúde, com base na ocupação da bacia contribuinte para a zona de captação, no histórico das características de suas águas, nas características físicas do sistema, nas práticas operacionais e na qualidade da água distribuída, com os diferentes setores afins, em conformidade com a Diretriz Nacional do Plano de Segurança da Água (PSA).

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A Portaria Funasa n.º 177 (BRASIL, 2011) estabelece as diretrizes, as competências e as atribuições do Programa Nacional de Apoio ao Controle da Qualidade da Água para Consumo Humano (PNCQA) a serem executadas no âmbito da presidência e das superintendências estaduais da Funasa.

As ações do PNCQA destinam-se aos municípios que apresentarem dificuldades na implementação da Portaria de Potabilidade do Ministério da Saúde, prioritariamente os municípios de até 50 mil habitantes, além de áreas rurais e de interesse de governo (assentamentos, remanescentes de quilombo, ribeirinhos, áreas extrativistas, dentre outras).

Dentre as ações, cabe destacar o fomento e apoio técnico à implementação dos PSA, segundo os princípios recomendados pela OMS ou diretriz vigente.

Fundamentos metodológicos do PSA

Neste item vocês vão entender que o PSA compreende a avaliação e o projeto do sistema, o monitoramento operacional e os planos de gestão, incluindo documentação e comunicação.

Neste sentido, os elementos de um PSA são baseados no princípio das barreiras múltiplas, nos princípios da Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e em outras abordagens sistemáticas de análise de riscos (WHO, 2017).

Para entender melhor os princípios e fundamentos do PSA, abordaremos as seguintes questões:

1) O que são barreiras múltiplas?

De acordo com WHO (2005), os sistemas de abastecimento de água podem ser considerados como uma série de etapas destinadas a garantir a segurança da água potável, incluindo: i) prevenção da poluição das fontes de águas; ii) coleta seletiva de água; iii) armazenamento controlado; iv) tratamento antes da distribuição; v) proteção durante a distribuição, vi) armazenamento seguro dentro de casa e, em algumas circunstâncias, tratamento no ponto de consumo.

Essas etapas funcionam como barreiras, uma vez que são projetadas para minimizar a probabilidade de contaminação das fontes de água e reduzir ou eliminar os contaminantes já presentes na água bruta. Com a abordagem das barreiras múltiplas, cada barreira proporciona uma redução incremental do risco da água se tornar insegura. Se houver uma falha em uma etapa, as outras barreiras continuam a fornecer proteção (WHO, 2005).

A Figura 1.5a apresenta um sistema de abastecimento de água de ciclo completo, e a Figura 1.5b de ciclo simplificado muito utilizado na zona rural.

Figura 1.5 - Sistema de abastecimento de água.
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2) O que é Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)?

O sistema de APPCC, da sigla em inglês Hazard Analysis Critical Controle Points – HACCP, é definido como um procedimento sistemático para identificar perigos e estimar os riscos que podem afetar a inocuidade de um alimento, a fim de estabelecer as medidas para controlá-los (WHO, 1998).

Os princípios da APPCC (que é um sistema preventivo de gerenciamento de riscos que tem sido usado na indústria alimentícia por várias décadas) se baseiam no desenvolvimento da compreensão do sistema, priorizando os riscos e garantindo que medidas de controle apropriadas sejam implementadas para reduzir os riscos a um nível aceitável. Esses princípios foram aperfeiçoados e adaptados ao contexto da água potável após a aplicação do APPCC por várias concessionárias de água nos Estados Unidos e na Austrália (WHO, 2005).

O sistema APPCC é aplicado em todo o processo produtivo (etapas do sistema), buscando responder as seguintes questões:

  1. Qual o tipo de perigo?
  2. Como sabemos se o perigo foi eliminado?
  3. Como corrigimos os perigos identificados?

Para responder essas perguntas foi desenvolvido o sistema APPCC, estruturado em doze componentes, sendo cinco etapas preliminares e sete princípios. Os princípios do sistema APPCC aplicados à indústria de alimentos estão descritos no Quadro 1.1, tomando como referências centrais Codex Alimentarius (1993), WHO (1998) e Almeida (1998).

Quadro 1.1 - Princípios do Sistema APPCC. Fonte: Adaptado de Codex Alimentarius (1993), Who (1998) e Almeida (1998).
Princípios do Sistema APPCC Descrição
1º Identificação de perigos A identificação dos perigos significativos (microbiológicos, químicos, físicos ou situação) ocorre durante as diferentes etapas de sistema de produção. A identificação dos perigos se baseia na estimativa da gravidade, ou seja, nas consequências para a saúde do consumidor e no risco, entendido como a probabilidade de contaminação, crescimento ou sobrevivência no produto.
2º Identificação dos Pontos Críticos de Controle Situações ou locais onde foram identificados perigos acima do limite aceitável são, usualmente, denominados Pontos Críticos de Controle (PCCs). São pontos localizados no processo de produção, que são críticos à segurança do alimento. Quando identificados os “pontos” críticos, podem aplicar as medidas preventivas. Os PCCs podem ser definidos como pontos, etapas ou procedimentos em que se possam aplicar medidas de controle para prevenir, eliminar ou reduzir os perigos a níveis aceitáveis (MORTIMORE; WALLACE, 2001). O Ponto de Controle (PC) é entendido como uma etapa do processo no qual a perda/falta de controle não implica risco significativo para a saúde (WHO, 1998). Para identificar os pontos nas etapas do processo, no qual o controle é crítico (PCC), a ferramenta usada é a Árvore de Decisão (Figura 1.6), que consiste em uma série de perguntas que devem ser respondidas para cada perigo encontrado e em cada etapa do processo de produção (MORTMORE; WALLACE, 2001).
3º Estabelecimento dos limites críticos Limites críticos devem ser estabelecidos para aqueles perigos que não são passíveis de eliminação (ALMEIDA, 1998), mas sim de controle em determinado ponto/etapa. Os limites críticos têm que ser mensuráveis e geralmente são os parâmetros químicos, físicos ou microbiológicos, devendo atender às exigências estabelecidas por órgãos governamentais, legislações, padrões da empresa, dados científicos e/ou dados operacionais.
4º Estabelecimento de procedimentos de monitoramento dos PCCs O monitoramento é uma sequência planejada de observações e de medidas para avaliar se um PCC está sob controle.
5º Estabelecimento das medidas corretivas As ações corretivas deverão ser adotadas quando o monitoramento detectar desvios do limite crítico (por exemplo, modificações no processo de produção), com o objetivo de assegurar a retomada de controle do PCC. A implementação das medidas de controle e os respectivos resultados devem também ser objeto de registros.
6º Estabelecimento dos procedimentos de registro Consiste em estabelecer um sistema eficaz da documentação do APPCC.
7º Estabelecimento dos procedimentos de verificação Essa etapa consiste em verificar e assegurar que o sistema APPCC continue funcionando eficazmente.
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Figura 1.6 - Árvore de decisão para definição de Pontos Críticos de Controle. Fluxograma adaptado de Who (1998).

3) O que é Análise de Riscos

A Análise de Riscos é um processo sistemático e integrado que permite a compreensão da origem e natureza do risco e a análise da probabilidade de ocorrência do risco e de suas consequências (que, em conjunto, compõem a avaliação do risco), acompanhadas de procedimentos de gestão e de comunicação de risco. Essa análise tem por objetivo hierarquizar e priorizar riscos para auxiliar a avaliação e a gestão dos riscos. Desta forma, a análise de risco engloba, além da Avaliação do Risco, a Gestão de Risco e a Comunicação de Risco. O Quadro 1.2 sintetiza cada componente da análise de riscos.

Quadro 1.2 - Componentes da análise de riscos. Quadro adaptado do Guia ISO 73: 2011.
Avaliação do risco: processo integrado de identificação, análise e caracterização do risco. Quadro 1.2
Gestão de risco: processo sistemático de controle de risco, ponderando alternativas para a implementação de ações, considerando aspectos científicos, tecnológicos, sociais, econômicos e políticos. Envolve inevitavelmente tomada de decisões e juízo de valor em termos de tolerabilidade dos perigos, em relação a custos de aspectos de saúde pública.
Comunicação de risco: processo interativo de intercâmbio de informações entre pessoas, grupos e instituições envolvidas / interessadas / responsáveis pelo/no problema sobre a natureza, severidade e aceitabilidade do risco e sobre as medidas de controle implementadas ou em vias de implementação.
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Os termos e conceitos aplicados à Gestão de Riscos preconizados no âmbito das normas internacionais (ISO/IEC 31000:2009 e o Guia ISO 73: 2011) e da nacional (ABNT NBR ISO/IEC 31000:2009 e ABNT ISO/IEC Guia 73:2009) estão listados no Anexo 1 (Tabela A).

A realização da análise de riscos leva em consideração as causas e as fontes de riscos, suas consequências e a probabilidade de que essas consequências possam ocorrer. Ela pode ocorrer com vários graus de detalhamento, dependendo do risco, da finalidade da análise e das informações, dos dados e recursos disponíveis. De acordo com as normas internacionais e a nacional, a análise de risco pode ser dividida em:

i) qualitativa

A análise qualitativa define consequência, probabilidade e nível de risco por níveis de significância, tais como “alto”, “médio” e “baixo”, podendo combinar consequência e probabilidade e avaliando o nível de risco resultante em comparação com os critérios qualitativos (NBR ISO/IEC: 2012).

É frequentemente utilizada nas seguintes situações:

O Quadro 1.3 mostra exemplos de escalas qualitativas de probabilidade e consequências, as quais servem a exercícios de priorização de riscos.

Quadro 1.3 - Exemplos de medidas qualitativas de probabilidade de ocorrência e de consequência de riscos. Quadro adaptado de de AS/NZS (2004) e ISO/IEC (2009).
Consequência Probabilidade
Nível Descritor Descrição das consequências Nível Descritor Descrição da probabilidade de ocorrência
1 Insignificante Sem lesões, prejuízo econômico reduzido. A Quase certo Espera-se que ocorra na maioria das vezes.
2 Reduzida Tratamento com primeiros socorros, prejuízo econômico mediano. B Provável Provavelmente ocorrerá na maioria das vezes.
3 Moderada Tratamento médico necessário, prejuízo econômico significativo. C Possível Deverá ocorrer eventualmente.
4 Elevada Graves lesões, perda de capacidade de produção, prejuízo econômico elevado. D Improvável Poderá ocorrer eventualmente.
5 Catastrófica Morte, efeitos tóxicos crônicos, enorme prejuízo econômico. E Raro Poderá ocorrer em circunstâncias excepcionais.

Para avaliar o risco associado a um evento ou perigo, determina-se a probabilidade de ocorrência, por meio da Escala de Probabilidade de Ocorrência (frequente, pouco frequente e raro), e as consequências para o meio ambiente e a saúde da população, por meio de uma Escala de Gravidade das Consequências (insignificante, baixo, grave, catastrófica) (AS/NZS, 2004; ISO/IEC, 2009; ABNT, 2009 e WHO, 2011).

Com base na definição, risco é uma função tanto da probabilidade como da medida das consequências.

A partir da equação de estimativa do risco foi possível construir a Matriz de Priorização de Risco por meio da técnica qualitativa. Essa técnica utiliza termos que bem expressem a probabilidade de ocorrência e a gravidade das consequências de um determinado perigo (Figura 1.7).

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Figura 1.7 - Exemplo de matriz qualitativa de priorização de risco. Figura adaptada de AS/NZS (2004) e ISO/IEC (2009)

ii) Análise semiquantitativa

A análise semiquantitativa é determinada por meio do cálculo do risco (sendo que Risco = ocorrência que o perigo ocorre x severidade em termos de risco à saúde). O cruzamento dos valores de probabilidade e consequência resulta em um risco (elevado, alto, médio e baixo). As escalas podem ser lineares ou logarítmicas ou podem ter alguma outra relação; as fórmulas utilizadas também podem variar (Figura 1.8).

Figura 1.8 - Exemplo de matriz de priorização de risco por meio da técnica semiquantitativa. Figura adaptada de AS/NZS (2004) e ISO/IEC (2009).
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Observa-se que um mesmo produto numérico pode ser classificado em níveis distintos de risco, dependendo do que for assumido como de maior peso (probabilidade ou consequência). Portanto, nessa abordagem, assim como na matriz qualitativa, em função do elevado grau de subjetividade, é preciso critério na definição dos descritores, na atribuição de pesos e na definição de níveis hierárquicos. Segundo a norma, a definição dos atributos da probabilidade e da consequência deve ser adaptada ao cenário em estudo.

iii) análise quantitativa

A análise quantitativa é caracterizada a partir da combinação de experiências, dados epidemiológicos locais/regionais e de literatura. Essa análise objetiva estimar numericamente as consequências de exposição ao(s) perigo(s) especificado(s). Os métodos quantitativos geralmente são mais precisos e, portanto, requerem dados de campo, o que envolveria pesquisas com a população atingida sobre mortes ou agravos e dados experimentais derivados de estudos com animais.

Em resumo, para a análise de riscos, deve-se recorrer a dados históricos, mas, em casos indisponíveis, podem ser feitas estimativas subjetivas que reflitam o grau de expectativa de um indivíduo ou grupo quanto à ocorrência ou consequência de determinado evento. Para minimizar o viés subjetivo, convém utilizar as melhores fontes de informação e técnicas disponíveis. As fontes de informação podem incluir:

  1. dados históricos;
  2. experiências de operadores e técnicos;
  3. publicações pertinentes, e
  4. estudos e pesquisas realizadas, envolvendo experimentos e opiniões de especialistas e peritos.

Para saber mais sobre os métodos de análise de risco, consulte as normas:

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT/ISO Guia 73. Gestão de riscos - Vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.

ABNT -  ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT/NBR/ISO: 31000. Gestão de riscos – Princípios e diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.

ABNT -  ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT/NBR/ISO; IEC: 31010. Gestão de riscos – Técnicas para o processo de avaliação de riscos. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. 96p.

Etapas para elaboração do PSA

A seguir serão apresentadas de forma resumida as etapas para elaboração dos PSA propostas por Bartram et al. (2009). O PSA é composto por três componentes principais e possuem oito etapas, além de uma etapa de preparação e duas de feedback e melhorias, totalizando, assim, onze etapas. Contudo, para pequenas comunidades, WHO (2012) propõe um total de seis etapas.

Embora haja uma proposição de etapas de elaboração de PSA, destaca-se que a abordagem utilizada não é uma receita que deve ser seguida à risca para atingir o sucesso, contrariamente, ela é suficientemente flexível para ser adaptada às necessidades locais (WHO, 2012).

A explicação do desenvolvimento do PSA foi dividida em quatro etapas, conforme descrito na Figura 1.9

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Figura 1.9 - Etapas para o desenvolvimento de um PSA. Fluxograma adaptado de WHO (2004) e WHO (2005).

Etapa de atividades antecedentes à elaboração do PSA

Antes de iniciar o desenvolvimento das principais etapas do PSA, vamos entender qual a finalidade e quais os passos necessários para implantação dessa etapa. Os passos para a execução dessa etapa estão descritos na Figura 1.10 e Tabela 1.1.

Figura 1.10 - Esquema da etapa de atividades antecedentes à elaboração do PSA.
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Tabela 1.1 - Passos para execução das atividades antecedentes à elaboração do PSA. Fonte: Autores.
O que e como? Formulários
1º passo: planejamento das atividades.
Para que a implantação do PSA tenha êxito é imprescindível iniciar com o planejamento de todas as atividades, bem como garantir a sensibilização de todos os funcionários e gestores do Sistema ou Solução de Abastecimento de Água para Consumo Humano.
Por meio de realização de reuniões com todos os gestores e as equipes que irão participar.
Definição do cronograma de trabalho e definição das etapas do PSA.
Formulário 1: exemplo de cronograma de execução das atividades para a elaboração do PSA.
2º passo: constituição da equipe de elaboração do PSA.
A equipe técnica consiste na formação de um grupo multidisciplinar com a finalidade de elaboração, implementação e avaliação do PSA.  A equipe poderá incluir engenheiros, especialistas em qualidade da água, profissionais do setor de saúde da vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental, meio ambiente, técnicos operacionais, social e representantes dos consumidores.
Formulário 2: apresenta um exemplo de informações para registro da equipe técnica.
Atividades Meses
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Planejamento das atividades                        
Constituição da equipe técnica                        
Levantamento das informações                        
Análise e descrição do sistema de abastecimento e construção do diagrama de fluxo                        
Identificação dos perigos e caracterização dos riscos                         
Monitoramento operacional                        
Elaboração dos planos de gestão e comunicação                        
Validação e auditoria do PSA                        
Formulário 1– Exemplo de cronograma de execução das atividades para a elaboração do PSA. Fonte: Autores.
Nome* Informações* Formação* Cargo* Instituição* Responsabilidades*
Telefone E-mail
Fernando da Costa 3314-5566 fernando.costa@saae.pn.gov Engenheiro Civil Diretor do SAAE SAAE Coordenador do projeto
Francisco da Silva 3314-5577 francisco.silva@saae.pn.gov Químico Gerente de Operação SAAE Implantação do PSA
Sara Felino 3317-0408 sarafelino@saude.br Enfermeira Coordenadora da vigilância em saúde Secretaria Municipal de Saúde Acompanhamento e avaliação do PSA
Fabio Lopes 3318-4566 fabiolopes@ambiente.br Biólogo Coordenador do meio ambiente Secretaria Municipal de Meio Ambiente Avaliação e implantação das medidas de controle na bacia hidrográfica
Julia Oliveira 3318-4677 juliaoliveira@prefeitura.br Assistente social Assistente Social Secretaria de Assistência Social Mobilização dos técnicos e consumidores
Formulário 2 - Exemplo de constituição da equipe técnica para implementação do PSA. Fonte: Autores.
Notas: * informações fictícias.
208

Atenção!

Em pequenas comunidades, especialmente em áreas rurais, deve-se considerar que os usuários e os responsáveis pelo sistema de abastecimento possuem pouco conhecimento técnico e não estão familiarizados com a avaliação intensa e a documentação requerida pela abordagem padrão do PSA, necessitando, assim, de uma adaptação na seleção dos membros da equipe e de um maior engajamento e preparação da comunidade (WHO, 2012). Nestes casos, pessoas externas à comunidade, com expertise no assunto, podem ser úteis (BARTRAM et al., 2009).

Dificuldades típicas da etapa antecedente à elaboração do PSA

De acordo com Bartram et al. (2009), os principais desafios encontrados na constituição da equipe do PSA são:

  1. Encontrar pessoas qualificadas;
  2. identificar e engajar as partes interessadas externas;
  3. manter a equipe coesa;
  4. manter uma comunicação eficiente entre a equipe do PSA e todos as partes envolvidas no abastecimento de água;
  5. sensibilizar os técnicos para a importância do trabalho;
  6. mudar paradigmas da abordagem tradicional para preventiva;
  7. disponibilizar tempo para a fase de preparação e planejamento das atividades.

Produtos da etapa antecedente à elaboração do PSA

Etapa de descrição e avaliação do sistema de abastecimento de água

A etapa de avaliação do sistema deve partir do diagnóstico detalhado, desde o manancial de captação até o ponto final de consumo, e tem por objetivo verificar se o sistema pode garantir o tratamento e o fornecimento de água, de acordo com metas de saúde preestabelecidas. Veja os passos e a execução dessa etapa na Figura 1.11 e na Tabela 1.12.

Figura 1.11 - Esquema da etapa descrição e avaliação do sistema de abastecimento de água.
209
O que e como? Formulários
1º passo: descrição do sistema de abastecimento de água.
A descrição de um sistema de abastecimento de água para consumo humano inicia-se por meio de uma descrição completa da bacia hidrográfica até a rede de distribuição e da construção e validação de um diagrama de fluxo. O fluxograma deve ser modificado sempre que necessário para refletir adequadamente a situação que se deseja representar. A validação do fluxo será realizada por meio de: i) verificação da abrangência das etapas; ii) correção dos elementos constantes no diagrama, e iii) confirmação do diagrama in loco

2º passo: identificação de perigos e caracterização e priorização dos perigos.
A identificação de perigos com seus eventos perigosos nem sempre constitui tarefa fácil, pois alguns perigos podem não ser tão óbvios. Nesta fase, procura-se identificar como e por que os perigos ou eventos perigosos ocorrem ao longo do sistema avaliado. Os perigos que podem estar associados ao sistema de abastecimento de água podem ser classificados em grupos, tais como: físico, químico e microbiológico. O método para caracterização dos riscos deve ser pautado no conhecimento aprofundado das características do sistema em estudo. Desta forma, sugere-se utilizar os dados históricos, as experiências de operadores e técnicos, as publicações pertinentes, os estudos e pesquisas realizados, além de opiniões de especialistas. A equipe do PSA pode adotar diferentes métodos de avaliação do risco descritos anteriormente. A Figura 1.12 possui um exemplo de Matriz de Priorização de Risco.

passo: desenvolvimento, implementação e manutenção de um plano de melhorias.
Tem por objetivo definir um plano de melhoria para cada risco significativo identificado no passo anterior. Os planos de melhoria podem incluir programas de curto, médio ou longo prazo. Recursos significativos podem ser necessários e, portanto, uma análise detalhada e uma priorização cuidadosa devem ser feitas de acordo com a avaliação do sistema (BARTRAM et al., 2009).
Após a descrição detalhada do sistema de abastecimento de água, o modelo do Formulário 2 permite, de forma sintética, descrever as etapas do sistema em estudo. O Formulário 3 apresenta um exemplo de diagrama de fluxo.

O Formulário 4 apresenta um exemplo de informações necessárias para caracterização dos perigos.

O Formulário 5 apresenta um exemplo de plano de melhoria.  
Tabela 1.2 - Passos para execução das atividades da etapa de descrição e avaliação do sistema de abastecimento de água. Fonte: Autores.
Formulário 2 - Exemplo de resumo da descrição do sistema de abastecimento de água. Fonte: Autores.
Componentes do sistema Descrição do processo
Ponto de captação A água é captada superficialmente e bombeada por meio de três bombas com capacidade de 60 L/s.
Mistura rápida/Coagulação  A coagulação ocorre no ressalto hidráulico promovido na calha Parshal. O tipo de coagulante utilizado é o sulfato de alumínio líquido.
Floculação A floculação hidráulica é realizada em seis câmaras, com tempo de detenção hidráulica real de 20 a 40 min. e gradientes de velocidade variando de 60 a 20 s-1.
Decantação/Sedimentação A ETA possui dois decantadores com uma taxa de aplicação superficial de 40 m3/m2.d.
Filtração A carreira de filtração média dos filtros (duas unidades) é de 36 horas, sendo a retrolavagem efetuada a partir de um reservatório elevado com capacidade de 100 m3 abastecido com água tratada.
Desinfecção A água filtrada é destinada para o tanque de desinfecção com cloro-gás, tempo de contato suficiente para inativação dos organismos patogênicos.
Reservatório A água tratada é reservada por dois reservatórios com capacidade de 700 e 800 m³, os quais podem operar em série ou em paralelo.
Rede de distribuição A rede de distribuição apresenta uma extensão de, aproximadamente, 8.000 m. Devido ao seu avançado estado de deterioração (trechos muito antigos, em ferro fundido e galvanizado), o sistema está sendo integralmente substituído por tubulações em PVC.
210

Atenção!

Para que o PSA seja utilizado para antecipar e gerenciar os riscos e eventos perigosos, é preciso estar amparado por informação técnica confiável e precisa. Recomenda-se, portanto, que a equipe técnica do PSA verifique por meio de visita em campo se todas as informações contidas no diagrama de fluxo estão corretas e, quando necessário, deve-se ajustá-lo de forma a refletir a situação real do sistema de abastecimento de água.

Legenda Sistema de Abastecimento de Água
Barragem / açude Estação elevatória Nome:
Captação fio d’água tomada
direta
Estação de Tratamento de
Água
Município:
Estado:
Poço Reservatório apoiado Avaliado por:
Data:
Vários poços Reservatório elevado Responsável pelo sistema:
Chafariz Rede de distribuição
Carro-pipa Dessalinizador
Adutora de água bruta
Adutora de água tratada

Atenção!

Caro aluno, a partir de agora, deverá estar clara para você a diferença entre os significados de PERIGO, EVENTO PERIGOSO e RISCO. De acordo com WHO (2017):

  • perigo é qualquer agente biológico, químico, físico ou radioativo que pode causar dano (ou prejuízo) à saúde pública.
  • evento perigoso: é qualquer incidente ou situação que produz, desencadeia ou aumenta a exposição de pessoas a um perigo.
  • risco: é a probabilidade de um perigo causar danos a uma população exposta, incluindo a severidade (magnitude) da sua consequência.

Você sabia?

Os perigos biológicos estão associados à presença de algas tóxicas e microrganismos na água (bactérias, vírus e protozoários), que podem constituir ameaças à saúde. Os perigos químicos estão associados à presença de substâncias químicas em concentrações tóxicas, que podem ser nocivas à saúde. Estas substâncias podem ocorrer naturalmente ou surgir durante os processos de tratamento e armazenamento da água. Os perigos físicos estão associados às características estéticas (organolépticas) da água, tais como cor, turbidez, gosto e odor. Os perigos radiológicos estão associados à contaminação da água a partir de fontes de radiação. A radiação pode ser emitida de forma natural ou antrópica, por meio de contaminação por efluentes da indústria ou radionuclídeos.

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Figura 1.12 - Matriz semiquantitativa de priorização de risco. Quadro adaptado de Bezerra (2018).
legenda (figura 1.12)
Descritor Significado da severidade
Muito baixa Sem impacto detectável.
Baixa Impacto sobre a qualidade estética ou organoléptica da água, sem causar rejeição da água, podendo ser mitigado em etapa seguinte do sistema de abastecimento de água.
Moderada Impactos com risco moderado à saúde, abaixo do padrão de potabilidade, podendo ser mitigado em etapa(s) seguinte(s) do sistema de abastecimento de água.
Elevada Impactos com risco elevado à saúde, acima do padrão de potabilidade, que não podem ser mitigados em etapa(s) seguinte(s) do sistema de abastecimento.
Crítica Impactos com risco extremo à saúde, acima do padrão de potabilidade, com interrupção do fornecimento de água e necessidade de execução de plano de contingência.

Você sabia?

Medidas de controle (também chamadas de barreiras ou medidas de mitigação) são etapas no sistema de abastecimento de água que afetam diretamente a qualidade da água potável e garantem que os padrões de qualidade da água sejam atingidos. As medidas de controle são atividades e processos aplicados para reduzir ou mitigar os riscos (BARTRAM et al., 2009).

212

Vamos exemplificar

Seguindo o exemplo do Formulário 4, na fase de identificação de eventos perigosos, poderíamos classificá-lo de forma quantitativa como risco médio, uma vez que a desinfecção inadequada poderia gerar efeitos moderados à saúde, como enterites, e as falhas na bomba dosadora poderiam ser sanadas com a instalação de uma bomba dosadora reserva.

Formulário 4 - Exemplo de informações necessárias para caracterização dos perigos. Fonte: Autores.
Etapa: Desinfecção
Evento perigoso: alteração da qualidade da água decorrente por falha na desinfecção
Perigos Caracterização do perigo  Medidas de controle existente Medida de controle adicional Base/Fundamento
F* S* Risco
Biológico
E. Coli
Diária semanalmente (5) Baixa (2) Moderado (10) Sistema de desinfecção utilizando hipoclorito de sódio a 12%, mas há registro de falhas na bomba dosadora.
Nota: F: Frequência; S: Severidade  
Orientação para o preenchimento  
Etapa: identifica o componente ou etapa do sistema de abastecimento de água, por exemplo, captação, adução, floculação etc.  
Evento perigoso: descreve o que pode causar contaminação ao longo do sistema.   
Perigos: identificação dos perigos (físico, químico, microbiológico etc.) decorrentes de cada evento perigoso.  
Frequência: descreve a probabilidade de ocorrência do perigo (pouco frequente, frequente e muito frequente), utilizando a Matriz de Priorização de Risco.  
Severidade: descreve as consequências dos perigos para o tratamento e a saúde das populações, utilizando a Matriz de Priorização de Risco.  
Risco: classifica o risco do evento perigoso em: alto (catastrófico), moderado (significativo) e baixo (insignificante).  
Medida de controle existente: descreve as medidas disponíveis e realizadas.  
Medida de controle adicional: descrição das medidas necessárias para eliminar o perigo.  
Base/Fundamento: justificativa do evento perigoso.  

Dificuldades típicas da etapa

De acordo com Bartram et al. (2009), os principais desafios encontrados na etapa de descrição avaliação dos riscos são:

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Produtos esperados dessa etapa

Etapa de monitoramento operacional

A etapa do monitoramento operacional do sistema tem a finalidade e os seguintes passos a serem seguidos observados na Figura 1.13 e Tabela 3.

Figura 1.13 - Esquema da etapa de monitoramento operacional.
Tabela 3 - Passos para execução das atividades da etapa de monitoramento operacional do sistema de abastecimento de água.
O que e como? Formulários

1º passo: estabelecimento dos limites críticos para algumas medidas de controle; pode ser necessário definir “limites críticos” que, se ultrapassados, diminuem a confiança em relação à segurança da água. Se desvios são produzidos em relação a esses limites críticos, será necessário adotar medidas urgentes e, além disso, pode ser preciso notificar as autoridades sanitárias locais a respeito disso e aplicar um plano de contingência para o fornecimento de água de outra fonte.

2º passo: estabelecimento do monitoramento e proposição de medidas corretivas.
O monitoramento constitui, junto com as medidas de correção, o sistema de controle para garantir que não se consuma água que não seja potável. As medidas de correção devem ser especificadas e, quando possível, deverão ser determinadas previamente para permitir uma rápida aplicação.

3º passo: verificação da eficácia do PSA.
Ter um processo formal de verificação e auditoria do PSA garante que ele esteja funcionando corretamente. A verificação da eficácia do PSA envolve três atividades que são realizadas em conjunto para fornecer evidências de que o plano de segurança da água está funcionando de forma eficaz, sendo elas:

  • Monitoramento de conformidade;
  • Auditoria interna e externa das atividades operacionais;
  • Satisfação do consumidor.

O Formulário 5 apresenta os elementos do plano de monitoramento operacional.

O Formulário 6 apresenta um exemplo do monitoramento operacional.

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Você sabia?

Limites críticos são geralmente limites numéricos, baseados em parâmetros de qualidade (como por exemplo os do Anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5 - BRASIL, 2017), mas podem ser adotados limites qualitativos, como: odor, presença de vetores, n° de observações de determinado procedimento inadequado etc. O estabelecimento de limites críticos tem por objetivo avaliar se os perigos identificados estão mantidos sob controle e, em caso negativo, se é necessário estabelecer ações corretivas

Os Formulários 5 e 6 apresentam os elementos essenciais para realização do monitoramento e um exemplo, respectivamente.

Plano de monitoramento: Medida de controle nº 1
Limite crítico  operacional Monitoramento operacional da medida de controle nº 1 Ação corretiva quando o limite crítico é exercido
  O que é monitorado?   Que ação deve ser executada?  
Como é monitorado?    
Onde é monitorado?   Quem executa a ação?  
Quem monitora?   Quando a ação é executada?  
Quando é monitorado?   Quem deve ser informado da ação?  
Formulário 5 - Exemplo de itens que devem constar no plano de monitoramento operacional. Fonte: autores.

Todo este procedimento deve ser devidamente documentado para, continuamente, verificar a eficácia das medidas de controle (Formulário 6).

Etapa Perigos Limite crítico Monitoramento Ações corretivas
Onde? Como? Quando? Quem?
Zona de captação Fósforo total Atendimento à Resolução CONAMA n.º 357 Ponto de captação Análise laboratorial Semestral Laboratório Controle operacional e monitoramento dos efluentes
Escherichia coli 1.000 Escherichia coli/100mL Análise laboratorial Mensal Medidas de gestão e intervenção na bacia
Cianobactérias Quando a densidade de cianobactérias (células/mL) for: ≤ 10.000 (Mensal) > 10.000 (Semanal) Análise laboratorial Vai depender da densidade de cianobactérias Medidas de gestão e intervenção na bacia
Cianotoxinas Microcistinas µg/L 1,0 Saxitoxinas µg equivalente STX/L 3,0 Análise laboratorial Análise de cianotoxinas na água do manancial, no ponto de captação, com frequência semanal, quando a densidade de cianobactérias exceder 20.000 células/mL Medidas de gestão e intervenção na bacia
Coluna 1: identifica o componente ou a etapa do sistema de abastecimento de água, por exemplo, captação, adução, floculação etc.
Coluna 2: identifica os perigos (físico, químico, microbiológico etc.) decorrentes de cada evento perigoso.
Coluna 3: estabelecer os limites críticos para os pontos críticos identificados que requerem um limite crítico.
Coluna 4: estabelecer o monitoramento para cada perigo.
Coluna 5: estabelecimento das ações corretivas.
215

Atenção

A verificação do PSA deve fornecer a evidência de que o projeto e a operação geral do sistema são capazes de fornecer água de forma consistente e com qualidade para atender as metas baseadas na saúde. Se isso não acontecer, o plano de melhoria deve ser revisado e implementado (BARTRAM et al. 2009).

Todas as medidas de controle devem ter um regime de monitoramento claramente definido, validando a eficácia e monitorando o desempenho em relação aos limites estabelecidos. A organização de abastecimento de água deve esperar encontrar resultados de monitoramento de verificação que sejam consistentes com as metas de qualidade da água. Planos de ação corretiva precisam ser desenvolvidos para responder e entender as razões de quaisquer resultados inesperados. As frequências de monitoramento de verificação dependerão do nível de confiança exigido pela organização de abastecimento de água e suas autoridades reguladoras. O regime de monitoramento deve incluir uma revisão em intervalos e quando ocorrer mudanças planejadas ou não planejadas no sistema de abastecimento (BARTRAM et al. 2009).

Dificuldades típicas da etapa de monitoramento

Os desafios típicos elencados por Bartram et al. (2009), para esta etapa, são:

Produtos esperados

Plano de monitoramento elaborado.

Etapa de elaboração de procedimentos de gestão e rotinas

Os planos de gestão possibilitam a verificação constante do PSA. Devem descrever as ações a serem desencadeadas em operações de rotina e em condições excepcionais (de incidentes), além de organizar a documentação da avaliação do sistema, a comunicação de risco à saúde, os programas de suporte e a validação e verificação periódica do PSA, garantindo-se o melhor funcionamento do sistema de abastecimento de água para consumo humano (VIEIRA; MORAIS, 2005). Para execução dessa etapa, os passos estão descritos na Figura 1.14 e Tabela 1.4.

Figura 1.14 - Esquema da etapa de monitoramento operacional.
216
Tabela 1.4 - Passos para execução das atividades da etapa de elaboração de procedimentos de gestão e rotinas. Fonte: Autores.
O que e como? Formulários

1º passo: estabelecimento dos planos de gestão de rotina e emergencial.
Os Planos de Gestão têm como objetivo descrever as ações que deverão ser tomadas em situação de rotina e emergencial.
Os Planos de Rotina, conhecidos como protocolos de rotina de operação do sistema de abastecimento, têm como finalidade garantir a existência de planos de suporte, procedimentos e registros para aplicação do PSA.

2º passo: estabelecimento de Planos de Comunicação e Organização da documentação de avaliação do sistema.
Os Planos de Comunicação têm como finalidade desenvolver documentos para estabelecer a comunicação entre o prestador de serviço e o consumidor. Todos esses protocolos devem ser documentados. O Plano de Comunicação faz parte dos Planos de Gestão e devem prever as estratégias de comunicação, incluindo:  a) procedimentos para alerta em situações de emergência, e b) informação às autoridades de saúde pública e à população.

3º passo: verificação e validação do PSA.
Tem como objetivo avaliar seu funcionando e se os objetivos baseados em saúde estão sendo alcançados. Entende-se que os PSA devam ser objetos de auditorias periódicas internas e externas.

O conceito de verificação envolve monitoramento da qualidade da água para prever que o PSA esteja sendo implantado e seus objetivos baseados em saúde estejam sendo alcançados.

O Formulário 7 apresenta um exemplo de verificação do PSA.

Atenção

Os protocolos de comunicação vão desde a elaboração de relatórios periódicos, como os mensais e anuais, até os relatórios elaborados em situações de emergência. O relatório mensal tem por objetivo acompanhar e monitorar os perigos e deve conter os seguintes elementos:

  • Análise dos dados de monitoramento;
  • verificação das medidas de controle;
  • análise das não conformidades ocorridas e as suas causas;
  • verificação da adequabilidade das ações corretivas, e
  • implementação das alterações necessárias.

O relatório anual para avaliação geral da implantação e do funcionamento do PSA deve conter os seguintes pontos:

  • Análise dos riscos mais relevantes ao longo do ano;
  • reavaliação de riscos associados a cada perigo;
  • avaliação da inclusão de novas medidas de controle, e
  • avaliação crítica do funcionamento do PSA.

Atenção

A equipe do PSA deve periodicamente se reunir e rever o plano geral e aprender com as experiências e os novos procedimentos (além de revisar regularmente o PSA através da análise dos dados coletados como parte do processo de monitoramento). O processo de revisão é crítico para a implementação global do PSA e fornece a base a partir da qual avaliações futuras podem ser feitas. Após uma emergência ou incidente, o risco deve ser reavaliado e pode precisar ser inserido no plano de melhoria (BARTRAM et al., 2009).

Uma vez que o PSA não é considerado um documento estático, deve ser regularmente analisado e revisto para assegurar seu funcionamento correto, bem como sua atualização à luz das mudanças nos sistemas de abastecimento de água ou de novos projetos (WHO, 2017). As revisões devem considerar:

  • Os dados coletados como parte de processos do monitoramento operacional;
  • as alterações dos mananciais de captação e das bacias hidrográficas;
  • as alterações no tratamento, na demanda e na distribuição;
  • a implementação de programas de melhoria e atualização;
  • os procedimentos revistos, e
  • os perigos e riscos emergentes.

O PSA também deve ser revisado após desastres, emergências ou incidentes para garantir que, sempre que possível, os incidentes não se repitam e, quando isso não for possível, como no caso das inundações, para reduzir seus impactos (WHO, 2017).

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Atenção

A equipe do PSA deve periodicamente se reunir e rever o plano geral e aprender com as experiências e os novos procedimentos (além de revisar regularmente o PSA através da análise dos dados coletados como parte do processo de monitoramento). O processo de revisão é crítico para a implementação global do PSA e fornece a base a partir da qual avaliações futuras podem ser feitas. Após uma emergência ou incidente, o risco deve ser reavaliado e pode precisar ser inserido no plano de melhoria (BARTRAM et al., 2009).

Uma vez que o PSA não é considerado um documento estático, deve ser regularmente analisado e revisto para assegurar seu funcionamento correto, bem como sua atualização à luz das mudanças nos sistemas de abastecimento de água ou de novos projetos (WHO, 2017). As revisões devem considerar:

  • Os dados coletados como parte de processos do monitoramento operacional;
  • as alterações dos mananciais de captação e das bacias hidrográficas;
  • as alterações no tratamento, na demanda e na distribuição;
  • a implementação de programas de melhoria e atualização;
  • os procedimentos revistos, e
  • os perigos e riscos emergentes.

O PSA também deve ser revisado após desastres, emergências ou incidentes para garantir que, sempre que possível, os incidentes não se repitam e, quando isso não for possível, como no caso das inundações, para reduzir seus impactos (WHO, 2017).

A Portaria de Potabilidade exige que os serviços de abastecimento de água devam contar com plano de emergência, com o objetivo de diminuir os riscos de acidentes. Esse plano deve considerar, como parte operacional, a comunicação imediata com a autoridade de saúde pública local para, em comum acordo, definir o plano de contingência para fazer frente àquela determinada situação. A comunicação à autoridade de saúde pública e ao consumidor foi regulamentada pelo Decreto n.º 5.440/2005.

Outro aspecto importante que deve ser estabelecido são os planos de comunicação, que vão desde a elaboração de relatórios periódicos mensais e anual.

O relatório mensal objetiva acompanhar e monitorar os perigos e deve minimante conter os seguintes elementos: i) análise dos dados de monitoramento; ii) verificação das medidas de controle; iii) análise das não conformidades ocorridas e as suas causas; iv) verificação da adequabilidade de ações corretivas, e v) implementação das alterações necessárias.

O relatório anual para avaliação geral da implantação e do funcionamento do PSA deve conter os seguintes pontos: i) análise dos riscos mais relevantes ao longo do ano; ii) reavaliação de riscos associados a cada perigo; iii) avaliação da inclusão de novas medidas de controle, e iv) avaliação crítica do funcionamento do PSA. Os protocolos de comunicação devem seguir as recomendações da legislação vigente de informação ao consumidor.

Formulário 7 - Exemplo de verificação e acompanhamento do PSA.
Atividades Local da atividade Frequência da atividade Tipo de atividade (verificação, auditoria) Departamento responsável pela atividade
         
         
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As situações de emergências que podem ocorrer em relação ao abastecimento de água têm ocorrências de caráter: a) Natural e b) Humana, conforme os exemplos abaixo.

Fonte: Autores.
Exemplos de eventos excepcionais
Desastres naturais Relacionados com o incremento das precipitações hídricas e com as inundações (enchentes ou inundações graduais).
Com a intensa redução das precipitações hídricas (secas e estiagens).
Relacionados com geomorfologia, intemperismo, erosão e acomodação do solo (escorregamento ou deslizamento, enxurradas ou inundações bruscas e alagamentos).
Desastres humanos Internos Sabotagem
Vandalismo
Roubo
Derrame acidental de produtos químicos perigosos.
Externos Sabotagem/bioterrorismo
Vandalismo
Acessos indevidos
Contaminação com produtos químicos perigosos
Uso abusivo e descontrolado de agrotóxicos
  Incidentes inesperados Incêndio
Ruptura no abastecimento de eletricidade
Falhas em equipamentos mecânicos
Interrupção do abastecimento de água
Contaminação de produtos químicos usados na ETA
Acidentes de construção (rompimento de barragens e riscos de inundações a jusante e atividades de mineração)
Problemas com pessoal (perda de operador, emergência médica)
Contaminação acidental no sistema de abastecimento de água (surto epidêmico, ligações cruzadas acidentais)
Floração de cianobactérias
Natureza biológica relacionada aos fatores ambientais não biológicos (doenças transmitidas por água)

Para dar resposta aos variados tipos de eventos excepcionais, recomenda-se que os responsáveis pelos sistemas de abastecimento de água elaborem um Plano de Contingência definindo os procedimentos que deverão ser tomados a cada uma das situações de emergências que possam ocorrer (Figura 1.15).

Figura 1.15 - Esquema da etapa de monitoramento operacional.

O Plano de Contingência é a preparação para o enfrentamento de uma situação de emergência, devendo prever ações para reduzir a vulnerabilidade e aumentar a segurança dos sistemas e, consequentemente, reduzir riscos associados a acidentes decorrentes de evento inusitado. Neste sentido, deve-se elaborar um plano realista, passível de ser executado. As diversas etapas que compõem a elaboração de um plano de contingência estão descritas no Quadro 1.4.

219
Plano de Contingência
ETAPA 1 – Aspectos gerais e levantamento de potencialidades
  • Objetivos e abrangência do Plano de Contingência;
  • Informação sobre o sistema de abastecimento de água;
  • Identificação dos recursos humanos para tomada de decisões nos diversos setores envolvidos com a emergência (saúde; serviços de abastecimento coletivo de água; serviço de energia; telefonia; defesa civil; polícia militar, civil e federal; prefeitura etc.);
  • Avaliação da vulnerabilidade a que estão sujeitos os sistemas de abastecimento de água (enchente, riscos de derramamentos com produtos químicos no manancial etc.).
Etapa II – Planos de emergências
  • Em função dos principais tipos de emergências priorizadas e da análise de vulnerabilidade, elabora-se o plano de emergência que deverá ser descritivo e com diagrama de fluxo operacional com indicação de todos os envolvidos e suas responsabilidades nas ações a serem desenvolvidas;
  • O plano deverá conter procedimentos para notificação interna e externa, estabelecimento de um sistema de gestão de emergência, procedimentos para avaliação preliminar da situação, procedimentos para estabelecimento de objetivos e prioridades de resposta a incidentes específicos, procedimentos para a implementação do plano de ação, procedimentos para a mobilização de recursos, relação de contato de todos os setores não governamentais que possam oferecer apoio logístico e/ou operacional às ações a serem desenvolvidas (exs.: indústrias, comércio, universidades, rádio, imprensa, organizações não governamentais etc.). Essa relação deverá ser distribuída a todos os envolvidos diretamente com o plano de emergência, além do representante do poder executivo e legislativo local.
ETAPA 3 – Fluxo das informações para execução, acompanhamento e avaliação do plano de emergência.
IV- Anexos
Anexo 1 - Informação sobre o sistema de abastecimento
  • Mapas do sistema de abastecimento
  • esquemas de funcionamento
  • descrição das instalações/layout
Anexo 2 - Notificação
  • Informação ao consumidor
  • informação ao setor de saúde e quando ocorrer risco à saúde da população
Anexo 3 - Sistema de gestão da resposta
  • Generalidades
  • cadeia de comando
  • operações
  • planejamento
  • instruções de segurança
  • plano de evacuação
  • logística
  • finanças

Atenção!

O PSA também deve ser revisado após desastres, emergências ou incidentes para garantir que, sempre que possível, os incidentes não se repitam e, quando isso não for possível, como no caso das inundações, para reduzir seus impactos (WHO, 2017).

Os PSAs devem possuir, como referência, o alcance de objetivos e metas de saúde, definidos pelas autoridades de saúde, com base na realidade socioeconômica e, portanto, no perfil epidemiológico da população. Assim, a última etapa envolve a verificação constante do PSA, com o intuito de avaliar seu funcionamento (BRASIL, 2012).

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Dificuldades típicas da etapa de gestão e comunicação do sistema

Os desafios típicos elencados por Bartram et al. (2009), para esta etapa, são:

Produtos da etapa


Referências

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT/ISO. Guia 73. Gestão de riscos - Vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.

ABNT/NBR/ISO:31000. Gestão de riscos – Princípios e diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT/NBR/ISO; IEC:31010. Gestão de riscos – Técnicas para o processo de avaliação de riscos. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. 96p.

AS/NZS – AUSTRALIA, NEW ZEALAND. AS/NZS 4360:2004 Risk Management Standard. 3. ed. Sydney: Standard Australia and Standard New Zeland, 2004.

ALMEIDA, C. R. O sistema HACCP como instrumento para garantir a inocuidade dos alimentos. Higiene Alimentar. v. 12, n. 53, p. 12-20, 1998.

BARTRAM, J.; CORRALES, L.; DAVISON, A.; DEERE, D.; DRURY, D.; GORDON B.; HOWARD, G.; RINEHOLD, A.; STEVENS, M. Water safety plan manual: step-by-step management for drinking-water suppliers. Geneva: World Health Organization, 2009. 102p.

BASTOS, R. K. X.; BEVILACQUA, P. D.; HELLER, L.; MARTINS-VIEIRA, M. B. C.; BRITO, L. L. A. Abordagem sanitário-epidemiológica do tratamento e da qualidade parasitológica da água para consumo humano: entre o desejável e o possível. In: ANAIS DO CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 21, 2001, João Pessoa. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2001 (CD-ROM).

BASTOS, R. K. X.; BEVILACQUA, P. D.; MIERZWA. J. C. Análise de risco aplicada ao abastecimento de água para consumo humano. Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, PROSAB, 5. In: PÁDUA, V. L. (org.). Remoção de micro-organismos emergentes e microcontaminantes orgânicos no tratamento de água para consumo humano. Rio de Janeiro: ABES. 2009, v. 5, p. 327-360.

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222
Termos/Conceitos Referência
[ABNT ISO Guia 73:2009]
Risco: efeito da incerteza nos objetivos. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 1.1]
Nota 1: um efeito é um desvio em relação ao esperado, ou seja, pode ser positivo e/ou negativo.
Nota 2: os objetivos podem ter diferentes aspectos, tais como: metas financeiras, de saúde e segurança, e meio ambiente, podendo aplicar-se em diferentes níveis, tais como: estratégico, em toda organização, de projeto, de produto e de processo.
Nota 3: o risco pode ser caracterizado pela referência aos eventos potenciais e às consequências, ou uma combinação destes.
Nota 4: o risco pode ser expresso em termos de uma combinação de consequências de um evento (incluindo mudanças nas circunstâncias) e a probabilidade de ocorrência associada.
Nota 5: a incerteza é o estado, mesmo que parcial, da deficiência das informações relacionadas a um evento, sua compreensão, seu conhecimento, sua consequência ou probabilidade.
 
Gestão de riscos: atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere ao risco. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 2.1]
Nota 1: a gestão de riscos não é somente uma tarefa técnica, mas também um conjunto de ações e decisões que acontecem em um contexto social.
Nota 2: são as estruturas e processos voltados ao reconhecimento de oportunidades potenciais concomitantemente ao gerenciamento de seus efeitos adversos.
 
Política de gestão de riscos: declaração das intenções e diretrizes gerais de uma organização relacionada à gestão de riscos.    [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 2.1.2]
 
Atitude perante o risco: abordagem da organização para avaliar e eventualmente buscar, manter, assumir ou afastar-se do risco. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.7.1.1]
 
Apetite pelo risco: quantidade e tipo de riscos que uma organização está preparada para buscar, manter ou assumir.  [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.7.1.2]
 
Aversão ao risco: atitude de afastar-se de riscos. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.7.1.4]
 
Proprietário do risco: pessoa ou entidade com a responsabilidade e a autoridade para gerenciar o risco. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.5.1.4]
 
Identificação de riscos: processo de busca, conhecimento e descrição de risco. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.5.1.]
Nota 1: a identificação de riscos envolve a identificação das fontes de risco, evento, suas causas e suas consequências.
Nota 2: A identificação de riscos envolve dados históricos, análises teóricas, opiniões de pessoas, informadas e especialistas, e as necessidades das partes interessadas. 
 
Fonte de risco: elemento que, individualmente ou combinado, tem o potencial intrínseco para dar origem ao risco.  [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.5.1.1]
Nota 1: uma fonte de risco pode ser tangível ou intangível.  
 
Evento: ocorrência ou alteração em um conjunto específico de circunstâncias. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.5.1.2]
Nota 1: um evento pode consistir de uma ou mais ocorrências e pode ter várias causas.
Nota 2: um evento pode consistir em alguma coisa não acontecer.
Nota 3: um evento pode algumas vezes ser referido como um “incidente” ou um “acidente”.
Nota 4: um evento sem consequência também pode ser referido como um “quase acidente”, ou um “incidente” ou “quase sucesso”.
 
Consequência: resultado de um evento que afeta os objetivos. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.6.1.3]
Nota 1: um evento pode levar a uma série de consequências.
Nota 2: uma consequência pode ser certa ou incerta e pode ter efeitos positivos sobre os objetivos.
Nota 3: as consequências iniciais podem desencadear reações em cadeia.
 
Probabilidade: chance de algo acontecer. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.6.1.1]
Nota 1: na gestão de riscos, a palavra “probabilidade” é utilizada para referir-se à chance de algo acontecer, não importando se definida, medida ou determinada objetiva ou subjetivamente, qualitativa ou quantitativamente, ou se descrita utilizando-se termos gerais ou matemáticos (tal como uma probabilidade ou uma frequência durante um determinado período de tempo).
223
Perfil de risco: descrição de um conjunto qualquer de riscos. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.8.2.5]
Nota 1: o conjunto de riscos pode conter riscos que dizem respeito à toda a organização, à parte da organização ou referente ao qual tiver sido definido.
 
Análise de riscos: processo de compreender a natureza do risco e determinar o nível de risco. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.6.1]
Nota 1: a análise de riscos fornece a base para a avaliação de riscos e para as decisões sobre o tratamento de riscos.
Nota 2: a análise de riscos inclui a estimativa de riscos.
 
Critério de risco: termos de referência contra a qual o significado de um risco é avaliado. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.3.1.3]
Nota 1: os critérios de risco são baseados nos objetivos organizacionais e no contexto externo e interno. 
Nota 2: os critérios de riscos podem ser derivados de normas, leis, políticas e outros requisitos.
 
Nível de riscos: magnitude de um risco, expressa em termos da combinação das consequências e de suas probabilidades. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.6.1.8]
 
Avaliação de riscos: processo de comparar os resultados da análise de riscos com os critérios de risco e de suas probabilidades. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.7.1]
Nota 1: a avaliação de riscos auxilia na decisão sobre o tratamento de riscos.  
 
Tratamento de riscos: processo para modificar o risco. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.8.1]
Nota 1: o tratamento de risco pode envolver: i) a ação de evitar o risco pela decisão de não iniciar ou descontinuar a atividade que dá origem ao risco; ii) assumir ou aumentar o risco, a fim de buscar uma oportunidade; iii) a remoção da fonte/origem do risco; iv) a alteração da probabilidade; v) a alteração da consequência; vi) o compartilhamento do risco com outra parte ou partes (incluindo contrato financeiros do risco), e vii) a retenção do risco por uma escolha consciente. 
Nota 2: Os tratamentos de riscos relativos a consequências negativas são muitas vezes referidos como “mitigação de riscos”, “eliminação de riscos”, “prevenção de riscos” e “redução de riscos”.
Nota 3: O tratamento de riscos pode criar novos riscos ou modificar riscos existentes.
 
Controle: medidas que modificam o risco. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.8.1.1]
Nota 1: os controles incluem qualquer processo, política, dispositivo, prática ou outras ações que modificam o risco. 
Nota 2: os controles nem sempre conseguem exercer o efeito de modificação pretendido ou presumido.
 
Risco residual: remanescente após o tratamento do risco. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.8.1.6]
Nota 1: o risco residual pode conter riscos não identificados.
Nota 2: o risco residual pode ser conhecido como “risco retido”.
 
Monitoramento: verificação, supervisão, observação crítica ou identificação da situação, executadas de forma contínua, a fim de identificar mudanças no nível de desempenho requerido ou esperado. [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.8.2.1]
Nota 1: o monitoramento pode ser aplicado à estrutura da gestão de riscos, ao processo de gestão de riscos, ao risco ou aos controles.
 
Análise crítica: atividade realizada para determinar a adequação, suficiência e eficácia do assunto em questão para atingir os objetivos estabelecidos.  [ABNT ISO Guia 73:2009, definição item 3.8.2.2]
Nota 1: a análise crítica pode ser aplicada à estrutura de gestão de riscos, ao processo de gestão de riscos, ao risco ou aos controles.
Tabela A - Glossário de termos e conceitos aplicados a gestão de riscos. Fonte: ISO Guia 73:2009; NBR ISO/IEC 31000:2009; ISO/IEC 31010:2012 e NBR ISO Guia ISO 73: 2011.

Surgiu da exigência da NASA em produzir alimentos inócuos para seus primeiros voos tripulados e foi desenvolvido nos anos 60 pela empresa Pillsbury (EUA), pelos Laboratórios do Exército dos Estados Unidos. Seu embasamento teórico partiu do Failure Modes and Effect Analysis (FMEA), ferramenta utilizada para localizar modos de falha em determinado processamento (WHO, 1998).

É definida por meio do julgamento sobre a estimativa de frequência com que o evento perigoso pode ocorrer.

É a consequência que o evento causa à saúde da população.