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Na unidade anterior você teve a oportunidade de entender as partes constituintes do sistema de saneamento básico e as tecnologias sociais, referentes aos quatros componentes (abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e manejo de águas pluviais), e os critérios para seleção das tecnologias em saneamento rural em função da diversidade cultural, heterogeneidade ambiental, auto-organização e autonomia dos povos e comunidades e promoção do desenvolvimento endógeno. Neste último tema, serão apresentadas a importância e as estratégias de conservar a água, embasadas no uso de tecnologias e ações corretivas que visam a reduzir o consumo de água nas edificações.

Iniciaremos os trabalhos fazendo o seguinte questionamento: você faz sua parte para a conservação da água? A abundância de recursos hídricos no país garante acesso universal e evita crises? Você sabe por que as práticas conservacionistas, como o uso eficiente e o reuso d’água, constituem uma maneira inteligente de conservar água?

São muitas questões a serem respondidas! Vamos procurar juntos as respostas?

Venham conosco!!!

Cenário atual de disponibilidade hídrica e ações de conservação da água

A água é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade, pois, além de atender as necessidades básicas do nosso cotidiano, como por exemplo aliviar a sede e tomar banho, com ela é possível gerar energia, produzir alimentos e produtos de consumo, entre outras atividades.

Você sabia?

Que a média anual de consumo de água no Brasil é equivalente a um pouco mais de 216 mil baldes de água de cinco litros a cada segundo?

Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis
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VEJA SÓ!

Apesar da maior demanda de água doce se concentrar no setor agrícola e no setor de geração de energia, é no meio urbano que se consome o maior volume de água potável (Figura 6.1).

No Brasil, os principais usos da água são para irrigação, abastecimento humano, animal e industrial, geração de energia, mineração, aquicultura, navegação, turismo e lazer, alcançando uma média anual de consumo de 1.081,3 m3/s. No entanto, essa situação tende a aumentar: espera-se que até 2030 a retirada de água de rios e aquíferos subterrâneos aumente em 30% (BRASIL, 2017a).

É importante lembrar que a água potável possui maior valor agregado, devido ao processo de tratamento para o alcance da qualidade adequada ao consumo humano. Segundo dados da OECD (2012), a projeção da demanda de água entre 2000 e 2050, nos diversos setores das atividades humanas, se divide conforme apresentado nos gráficos da Figura 6.1.

Figura 6.1 – Projeção de crescimento de demanda de água entre 2000 e 2050: (a) demanda de usos consuntivos e não consuntivos ; (b) demanda de água apenas no meio urbano -doméstico e industrial.
Notas: BRIICS contempla os seguintes países: Brasil, Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul.
Fonte: adaptado de OECD (2012).

Assim, por meio da Figura 6.1a, pode-se perceber que há uma projeção de demanda crescente de água no meio urbano até 2050, impulsionada principalmente pelos países emergentes denominados BRICS. É observado um crescimento de aproximadamente 130% na demanda de água potável para o consumo doméstico e de aproximadamente 400% para o setor de produção industrial (Figura 6.1b).

Considerando este cenário de crescimento na demanda de água potável, a OCDE (2012) prevê a ocorrência de um estado severo de estresse hídrico e escassez de água em muitos centros urbanos, podendo atingir 40% da população mundial.

Por sua vez, o consumo médio residencial de água potável nas regiões metropolitanas do Brasil corresponde a cerca de 84,4%, conforme o gráfico da Figura 6.2, apresentado por Oliveira (1999). Assim, é importante ressaltar a importância das ações de gestão e conservação de água no meio urbano.

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1 Usos consuntivos: são ações que utilizam água, retirando-a do manancial para a sua destinação, como exemplo: irrigação, produção industrial e abastecimento urbano ANA (2019a).

2 Usos não consuntivos: são ações que não envolvem o consumo direto da água, tais como: navegação, pesca, lazer, geração de energia hidroelétrica, entre outras, ANA (2019a).

Figura 6.2 – Consumo médio de água potável por categoria no Brasil e nas regiões metropolitanas de São Paulo, Brasília e Goiânia.
(a) Fonte: Oliveira (1999)
(b) Fonte: SABESP (2018)
(c) Fonte: SANEAGO (2012)
(d) Fonte: BRANDÃO e PAVINI (2018) (1999)

Em linhas gerais, três aspectos devem ser considerados para uma maior sustentabilidade da água nos edifícios:

  1. Uso Racional de Água (URA) – ações que possibilitem redução no consumo de água potável por meio da redução e do controle da demanda, tornando o sistema predial mais eficiente, de maneira independente dos hábitos dos usuários;
  2. Conservação de Água (CA) – ações resultantes do emprego de fontes alternativas de suprimento de água e de preservação da sua qualidade;
  3. Gestão da Água Pluvial (Low Impact Development – LID) – práticas que contribuam para a redução do volume de escoamento superficial, com estratégias de detenção e retenção de água pluvial, com ou sem aproveitamento da água de chuva para usos não potáveis nas edificações.
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Atenção!

A implementação conjunta de práticas de URA, CA e LID nas edificações constitui o que se denomina por Programa de Gestão da Água (PGA), segundo Reis et al. (2013). A Figura 6.3 mostra as principais linhas de ação que integram um PGA.

Figura 6.3 – Principais linhas de ação e estratégias projetuais que integram um Programa de Gestão de Água em edificações (PGA).
Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis adaptado de Reis et al. (2013).

Nesse sentido, visando a promover um desenvolvimento de baixo impacto no ambiente construído, ações que contemplam um Programa de Gestão de Água (PGA) em edificações devem aliar práticas, como:

  1. o emprego de tecnologias economizadoras de água, medidas corretivas e de redução de desperdício;
  2. sensibilização dos usuários quanto à necessidade de preservação ambiental, à integração com as novas tecnologias e à adequação dos hábitos por parte dos usuários;
  3. políticas de incentivo à gestão e conservação de água.

Vamos recapitular!

Correlacione os itens de ações estratégicas de um Programa de Gestão de Água (PGA).

Atividade de estudo 1 no Fórum de Atividades

[ 1 ] Uso Racional de Água
[ 2 ] Conservação de Água
[ 3 ] Gestão de Águas Pluviais

[ ] Estratégia associada à gestão de oferta e demanda de água.
[ ] Estratégia associada à gestão de escoamento superficial de água de chuva.
[ ] Estratégia associada à gestão da demanda de água.

Os procedimentos metodológicos de implementação de um PGA são citados por diversos autores que desenvolveram estudos em diferentes tipologias de edifícios: Oliveira (1999); Nunes (2000); Silva (2004); Ywashima (2005), Sautchúk et al. (2005); Reis et al. (2013).

Ressalta-se que o sucesso da implementação de um PGA em uma edificação deve seguir os seguintes procedimentos metodológicos propostos por Reis et al. (2013) e adaptados segundo Sautchúk et al. (2005) e Oliveira (1999), conforme mostram as Figuras 6.4 e 6.5. A implementação do PGA sem critérios adequados pode surtir bons resultados iniciais de conservação de água, entretanto, pode perder seu desempenho rapidamente, principalmente devido à falta de monitoramento e controle contínuo do consumo. Estas ações possibilitam intervenções rápidas de manutenção, adequação ou reparo, que mantêm o sistema operando adequadamente.

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Figura 6.4 - Etapas de implementação de um PGA em edificações existentes (retrofit).
Fonte: Reis et al. (2013), adaptado de Sautchúk et al. (2005) e Oliveira (1999).
Figura 6.5 - Etapas de implementação de um PGA em edificações em fase de concepção.
Fonte: Reis et al. (2013), adaptado de Sautchúk et al. (2005) e Oliveira (1999).
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A importância de se conservar a água

A água é um recurso natural muito importante e que precisa ser preservado. O Brasil tem a maior disponibilidade hídrica do mundo, com cerca de 12% da disponibilidade de água doce do planeta (ANA, 2019b). Além disso, temos o 2° maior rio do mundo, o Rio Amazonas, e dois dos maiores aquíferos subterrâneos do planeta, o aquífero Alter do Chão e o Aquífero Guarani (ANA, 2019c). Apesar disto, esta água está mal distribuída entre as regiões brasileiras, e a maior parte dela encontra-se na região norte (68,5 %), onde temos a menor concentração populacional (6,98%). Em contraposição, na região sudeste, onde se concentra a maior parte da população brasileira (42,65%), tem-se uma disponibilidade hídrica de apenas 6%, como pode ser visto na Figura 6.6.

Figura 6.6 – Distribuição dos recursos hídricos, da superfície e da população em % do total do Brasil.
Fonte: IDEC (2005).

Estima-se que a disponibilidade hídrica superficial no Brasil seja em torno de 78.600 m³/s, sendo que 65.617 m³/s correspondem à contribuição da bacia amazônica, e a disponibilidade de água subterrânea está em torno de 14.650 m³/s (BRASIL, 2017a). A Figura 6.7 mostra mais detalhadamente o cenário de disponibilidade hídrica no Brasil, considerando-se a divisão de suas bacias hidrográficas.

Figura 6.7 – Disponibilidade hídrica no Brasil segundo a divisão de bacias hidrográficas.
Ilustração: Renata Medici Frayne Cuba.
Figura adpatada pelos autores deste trabalho. disponível em: http://www.snirh.gov.br/portal/snirh/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursos-hidricos/relatorio-conjuntura-2017.pdf. Pg. 27

Importante!

Combinação da distribuição hídrica irregular com diferentes fatores ambientais:

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Isso tem levado à escassez de água em diferentes localidades do Brasil, obrigando parte da população a conviver com constante falta d’água.

Além da escassez de água, outro problema preocupante com relação aos recursos hídricos é a deterioração da qualidade da água por diferentes compostos oriundos de atividades humanas que são lançados nos corpos d’água.

Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.

Dentre as consequências da má distribuição da água doce por região e da degradação dos mananciais de água, devido à infraestrutura deficitária de saneamento básico no Brasil, ressalta-se, além do impacto ambiental, o social e o econômico. Os impactos ocasionados por aqueles fatores afetam diretamente a qualidade de vida e saúde das comunidades situadas nas regiões de escassez hídrica, onde a restrição de água tratada ou a sua poluição eleva os índices de transmissão de doenças de veiculação hídrica. Neste sentido, a conservação da água, além de possibilitar menor consumo e poluição dos recursos hídricos, se destaca como uma importante ação, capaz de proporcionar a disponibilidade de um mesmo volume de água tratada a uma maior população.

Atenção!

Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.

Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.

Importante! Pense Nisto...

“A maioria dos usos da água é imprescindível. O problema não é o uso da água, mas o fato de que frequentemente a usamos mais do que necessitamos.”

“Todos nós, provavelmente, desperdiçamos água todos os dias.”

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Gerenciamento do consumo de água na residência

Conforme apresentado nas etapas de implementação de um PGA (Figuras 6.4 e 6.5), inicialmente deve-se conhecer ou prever o consumo de água e de agentes consumidores na edificação em que se pretende adotar as medidas de gestão e conservação de água. A definição do perfil de consumo de água de uma residência permite a verificação de possíveis alterações de consumo de água ou ações de desperdício, possibilitando que o usuário adote medidas corretivas e/ou de adequação, em um curto intervalo de tempo.

Indicadores de consumo de água

Em uma edificação, o consumo de água pode ser medido por meio da instalação e leitura de um hidrômetro. Já em edificações em fase de concepção ou construção, pode-se prever o consumo de água de acordo com a tipologia da edificação e o conhecimento dos usuários da edificação (agentes consumidores). Esta estimativa pode ser realizada com base na maioria das bibliografias disponíveis sobre Instalações Prediais Hidráulicas e Sanitárias ou instituições ligadas a atividades de saneamento.

Os Quadros 6.1 e 6.2 mostram alguns indicadores de consumo (IC) de água em diferentes tipologias de edificações e situação de suprimento de água.

Quadro 6.1 – Estimativa de consumo diário (per capita) de água em edificações.
Fonte: Macintyre (2010).
Tipologia da edificação Agente consumidor Consumo diário
(litro/dia)
Residências populares Por pessoa 120
Residências classe média Por pessoa 150
Residências de luxo Por pessoa 300 a 400
Alojamentos provisórios Por pessoa 80
Apartamentos Por pessoa 200
Escolas Por aluno 50
Restaurantes Por refeição 25
Quadro 6.2– Estimativa de consumo diário (per capita) de água em populações dotadas de ligações domiciliares.
Fonte: Funasa (2015).
Porte da comunidade Faixa de população (habitantes) Consumo diário (litro/hab.dia)
Cidade grande >250.000 150 a 300
Cidade média 50.000 a 250.000 120 a 220
Pequena localidade 10.000 a 50.000 110 a 180
Vila 5.000 a 10.000 100 a 1600
Povoado rural <5.000 90 a 140
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O indicador de consumo diário de água (ICd) é calculado com base no consumo associado aos respectivos agentes consumidores. A Equação 1 possibilita avaliar, de forma genérica, o indicador de consumo diário (ICd), pois permite considerar edifícios com usos múltiplos, ou perfis de consumo distintos, cuja água potável se destina a atender a diferentes agentes consumidores.

ICd  = ∑j ICj. ACj (Eq. 1)

Sendo:

Os valores de consumo estimados devem ser criteriosamente adotados em cada caso, pois variam segundo os hábitos de usos sanitários locais, regime climático, média anual de temperatura ambiente, entre outros parâmetros. O uso indiscriminado desses valores pode levar à superestimação do valor da demanda e a erros nas estratégias e tomadas de decisão das medidas de implementação do PGA.

Em edificações existentes e em operação, pode-se determinar o indicador de consumo histórico de água (ICh), verificando-se as últimas contas de água para se definir o consumo mensal. Ou então deve-se proceder à leitura do medidor (hidrômetro) entre dois intervalos de tempo consecutivos.

No caso da definição do indicador de consumo histórico diário (IChd), pode-se estipular um mesmo horário para a realização das leituras diárias de consumo de água, obtendo-se o IChd subtraindo os valores observados entre dois intervalos de medição, conforme a Equação 2. É importante ressaltar que a leitura pode ser horária, diária, mensal ou qualquer outro intervalo de tempo, dependendo exclusivamente da precisão do perfil de consumo que se pretende obter.

IChd = Ct+1 - Ct (Eq. 2)

Sendo:

Atenção!

Para entender melhor como funciona a leitura do hidrômetro, veja a ilustração:

Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.

Depois da definição dos indicadores de consumo, deve-se estimar as necessidades de consumo específicas para cada uso contido na edificação e a qualidade da água necessária. Isto pode ser feito por meio de: aplicação de questionário para colher informações específicas de usos, hábitos dos usuários e funcionamento dos sistemas prediais; instalação de medidores pontuais em cada ponto de consumo de água obtida junto aos responsáveis pela edificação, ou ser cuidadosamente estimada.

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É importante ressaltar que, em caso de usos específicos (sistemas especiais que consomem água), o IC deve ser definido dentro de premissas específicas para permitir a otimização do consumo de água e o estabelecimento de estratégias eficientes de gestão e conservação de água na edificação.

Caracterização do consumo de água

A caracterização do consumo de água visa a identificar as tecnologias utilizadas no controle do consumo hídrico nas edificações, com o intuito de priorizar ações a serem realizadas para a sua redução. Um exemplo são os aparelhos sanitários, responsáveis pelas maiores parcelas do consumo de água da edificação, os chamados “vilões de consumo”.

Nessa etapa também são realizadas a identificação das condições de operação do sistema hidráulico e a forma de utilização da água, com avaliação das possíveis perdas com vazamentos. A Figura 6.8 apresenta um exemplo de caracterização do perfil de consumo em casas de interesse social, na cidade de Goiânia, em 2005, onde o chuveiro e a bacia sanitária representam juntos em torno de 62 % do consumo de água.

Figura 6.8 – Distribuição do consumo de água em residências unifamiliares de interesse social em Goiânia-GO.
Fonte: Oliveira (2006). Disponível em: http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/guia_conserv_agua_em_domic_2.pdf

Em relação às medidas para detecção de vazamentos, alguns testes simples e de fácil execução podem ser empreendidos, cuja descrição detalhada pode ser encontrada em Gonçalves et al. (2000). A estimativa da perda de água por vazamentos é feita a partir da definição do índice de perdas por vazamento – IP (Equação 3), relação entre o volume perdido por vazamentos dentro de um dado período – Vp, e o volume total consumido na edificação nesse mesmo período – Vm (SAUTCHÚK et al., 2005):

IP= VpVm (Eq. 3)

Sendo:

Avaliação do impacto de redução de consumo

Realizado o diagnóstico dos perfis de consumo de água, deve-se elaborar um plano de intervenção com base nas informações obtidas. Este plano deve ter como objetivo reduzir o uso e os desperdícios de água no respectivo sistema hidráulico, sem interferir no nível de conforto e higiene dos usuários. As ações previstas no plano de intervenção devem ser voltadas para a melhoria do desempenho do sistema hidráulico predial, considerando-se fatores técnico-econômicos, conforto, saúde e higiene dos usuários, e contemplando a correção de vazamentos, substituição de sistemas e componentes convencionais por economizadores de água e campanha de conscientização e de educação de usuários.

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Por fim, recomenda-se realizar a verificação dos efeitos das alterações realizadas por meio do monitoramento periódico do volume de água consumida, comparando-o ao consumo antes da intervenção e depois da implantação de cada ação do PGA. Esta verificação deve ser realizada por meio da avaliação do impacto de redução de consumo (IR), mediante aplicação da Equação 4:

IR ICDP - ICAPICDP (Eq. 4)

Sendo:

Nunes (2000) recomenda que os usuários do sistema hidráulico da edificação tomem conhecimento dos resultados obtidos após a implementação das ações de redução do consumo de água, com a intenção de incentivá-los à continuidade do programa de gestão de água, e motivá-los à redução do desperdício.

Atividade de estudo 2 no Fórum de Atividades

Com base no conhecimento adquirido por meio de leituras no hidrômetro (medidor de água) da sua casa, determine o consumo diário médio de água em sua residência fazendo uma leitura diária durante sete dias. Em seguida divida o consumo diário pelo número de pessoas que habitam em sua residência, o que resultará no consumo per capita, ou seja, quanto em média uma pessoa consome de água na sua residência por dia. Poste no Fórum.

Estratégias de uso racional de água

Os itens seguintes mostram algumas estratégias embasadas no uso de tecnologias e ações corretivas, que visam a reduzir o consumo de água nas edificações. O emprego destas ações economizadoras pode resultar em reduções superiores a 30% no consumo de água da edificação.

Nas Figuras 6.9 a 6.12 é observado um rol de tecnologias economizadoras de água, sendo estas descritas a seguir:

  1. registro de reguladores de vazão;
  2. dispositivos restritores de vazão e pressão;
  3. arejadores com controle de vazão máxima;
  4. bacias sanitárias e mictórios com descarga de volume reduzido ou ultrarreduzido;
  5. torneira pré-lavagem e dispositivos com acionamento por gatilho, como torneira do tipo peixaria;
  6. torneiras com ajuste de jato sólido ou tipo ducha e acionamento sob pressão do usuário;
  7. chuveiros de baixo consumo de água;
  8. dispositivos waterless.
Figura 6.9 - Dispositivos restritores e reguladores de vazão: (a) registro regulador de vazão para torneiras de pias e lavatórios; (b) arejadores e restritores de vazão para lavatórios e chuveiros.
Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.
175
Figura 6.10 - Bacias sanitárias com descarga de vazão reduzida de seis e três litros. (a) bacias com caixa de descarga; (b) bacia com válvula de descarga de fluxo fixo; (c) dispositivos de descarga de duplo acionamento.
Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.
Figura 6.11 - Dispositivos de acionamento de fluxo manual: (a) torneira pré-lavagem – tipo peixaria; (b) gatilho “hidropistola” para mangueiras.
(a) Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.
(b) Foto: Ricardo Prado Abreu Reis (Arquivo pessoal, 2019)
Figura 6.12 - Dispositivos de acionamento de fluxo manual: (a) chuveiros de baixo consumo, (b) bacias waterless.
(a) Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.
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Figura 6.13 - Detecção de vazamentos e ações corretivas: (a) Geofone – equipamento utilizado para auxílio na detecção de vazamentos; (b) Scanner de mapeamento de tubulações metálicas e PVC; (c) Ações corretivas de vazamentos visíveis.
(a) e (b) Foto: Ricardo Prado Abreu Reis (Arquivo pessoal, 2019).
(c) Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.

Para complementar o seu conhecimento, consulte a cartilha da FUNASA: “Guia de Conservação da água em domicílios”, elaborada por Oliveira (2013).

Ações estratégicas de conservação de água

As estratégias voltadas para a conservação de água em edificações contemplam, além das ações de uso racional, nas quais o enfoque é na redução da demanda, uma maior perspectiva na oferta da água e na preservação de seus aspectos qualitativos. Assim, são exemplos de estratégias de conservação de água: (1) uso de fontes alternativas de suprimento de água para fins não potáveis, e (2) tratamento do efluente gerado na edificação para a disposição final.

Sistemas de aproveitamento de água de chuva

Os sistemas de aproveitamento de água de chuva em edificações consistem em captar e armazenar a água precipitada sobre as superfícies impermeabilizadas da edificação (telhados e coberturas) e, após tratamento adequado, disponibilizá-la para posterior utilização em usos que não necessitem de água potável, tais como: descarga de bacias sanitárias; irrigação de áreas verdes; lavagem de pisos e veículos; resfriamento de equipamentos; ar condicionado; usos ornamentais; reservas técnicas de incêndio e lavagem de roupas. A Figura 6.14 apresenta os principais componentes que devem ser instalados em um sistema de aproveitamento de água de chuva residencial.

177
Figura 6.14 - Principais componentes dos sistemas de aproveitamento de água de chuva.
Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.

No Brasil, a NBR 15.527 (ABNT, 2019) estabelece os critérios de concepção e operação destes sistemas, quando aplicados a edificações urbanas. Assim, para a concepção de um sistema de aproveitamento de água de chuva, devem ser considerados os seguintes aspectos:

Para a determinação do volume de chuva aproveitável “V”, deve-se realizar o cálculo por meio da Equação 5, segundo a NBR 15.527 (ABNT, 2019).

V = P.A.C.η (Eq. 5)

Sendo:

A fim de obter um desempenho adequado dos sistemas de aproveitamento de água de chuva no contexto predial, sua execução deve levar em consideração a introdução de uma série de componentes que possibilitem captar a água de chuva com melhor qualidade, permitindo o aproveitamento da água de chuva de forma segura. As Figuras de 6.15 a 6.18 mostram alguns dos principais componentes do sistema de aproveitamento de água de chuva.

Figura 6.15- Calhas com tela protetora para evitar o escoamento de materiais sólidos para dentro do sistema de captação de águas pluviais.
Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.
178
Figura 6.16 - Unidades de gradeamento: barreira de tela ou grade que promove a retenção de sólidos, impedindo que estes escoem para dentro em sistemas captação de água pluvial;
Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.
Figura 6.17 - Sistema de descarte do escoamento inicial (first flush): (a) esquema de funcionamento; (b)à esquerda o sistema de descarte do escoamento inicial e à direita o reservatório de armazenamento de água de chuva; (c) à esquerda o sistema de descarte do escoamento inicial e à direita o reservatório de parede para armazenamento de água de chuva.
Ilustração: Maykell Guimaraes.
Figura 18 – Sistemas de tratamento de água de chuva: (a) Filtro duplo de celulose 25 µc; (b) Lâmpada de desinfecção UV, e (c) bomba dosadora de cloro.
Fonte: Ricardo Prado Abreu Reis (Arquivo pessoal, 2011).
179

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Sistemas de reuso de águas residuárias

Reuso de esgoto sanitário ou águas residuárias é a utilização desses efluentes, por duas ou mais vezes, após tratamento. Estas águas podem ser usadas com diferentes propósitos não potáveis, tanto no local onde foram geradas quanto a jusante de seu lançamento.

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Ilustração: Maykell Guimarães.

Inserido no contexto de conservação e gestão de água em edificações, o reuso de águas residuárias também pode ser utilizado como fonte alternativa de abastecimento. Assim, como no aproveitamento da água pluvial, prioriza-se a “substituição de fontes de suprimento de água potável”, o que demanda uma análise dos usos da água na edificação, e a qualidade da água demandada por estes usos. Resguarda-se, deste modo, a água potável para os fins que requerem maior qualidade, disponibilizando o uso das fontes alternativas de suprimento, com qualidade inferior, para atender aos usos aos quais não haja necessidade de potabilidade (SAUTCHÚCK et al., 2005).

Westerhoff (1984) classifica reuso de água em duas grandes categorias: potável e não potável. Esta classificação também foi adotada pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), seção São Paulo, e divulgada em sua série de Cadernos de Engenharia Sanitária e Ambiental, em 1992. O reuso potável foi classificado em direto e indireto, e o reuso não potável de acordo com seus fins, a saber:

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Por fim, PROSAB (2006) e Zared Filho et al. (2007) sugerem a seguinte terminologia para descrever as possibilidades de reuso efluentes:

Considerando-se a visão em nível micro, relacionada a edificações residenciais, o reuso de águas residuárias consiste em soluções tecnológicas que promovem a conservação de água por meio da recirculação, por uma ou mais vezes da água utilizada, após algum processo dentro da própria edificação. Assim, na maioria dos casos, ela se enquadra como reuso direto não potável.

Segundo Otterpohl (2001), as águas residuais geradas em uma edificação podem ser classificadas em função da sua origem, em:

A Figura 6.19 mostra as principais classes de águas de reuso residencial, suas aplicações e principais tipos de tratamento.

Figura 6.19 – Classificação das águas de reuso quanto à sua origem.
Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis.
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No reuso doméstico direto para fins não potáveis, normalmente tem-se o aproveitamento das águas provenientes dos usos, que apresentam pouca matéria orgânica, como: banho, lavatórios e lavanderia e em atividades menos nobres, tais como descargas de bacias sanitárias, rega de jardim e lavagem de pisos.

A água cinza, como alternativa de fonte de suprimento para usos não potáveis, é bastante aproveitada em alguns países como Japão, EUA, Canadá, Alemanha, Reino Unido e Israel. No Brasil, existem algumas aplicações de sistemas de reuso de água cinza para consumo não potável em condomínios residenciais (BRANCATELLI, 2007).

Apesar disso, nem sempre o volume de água cinza é adequado para suprir as demandas de usos não potáveis. Assim, a escolha dos pontos de produção de água de reuso e de utilização deve ser avaliada cuidadosamente, considerando-se a relação produção versus demanda e, também, as perdas no processo de tratamento e circulação. Esta avaliação visa a verificar a viabilidade técnica de suprimento dos pontos e ações que utilizaram água não potável.

Atividade de estudo 3 no Fórum de Atividades

[ 1 ] Águas cinza-claras
[ 2 ] Águas Negras
[ 3 ] Águas Amarelas
[ 4 ] Águas Azuis

[  ] água proveniente de diversos pontos de uso residencial, incluindo efluentes de bacias sanitárias convencionais;
[  ] efluente proveniente de lavatórios, chuveiros, máquinas de lavar roupas e tanques;
[  ] água residuária proveniente da coleta de urina em mictórios ou bacias sanitárias com dispositivo separador;
[ ] águas residuárias com aparência similar à água potável, mas que contêm contaminantes como águas provenientes de drenos de ar condicionado e sistemas de destilação.

Embora seja incentivado o reuso de efluentes, devemos lembrar que esta atividade deve ser planejada de modo a permitir seu uso seguro e racional, assim como para minimizar custos de implantação e operação de sistemas de reuso. Neste sentido, para que um efluente possa ser reutilizado, ele deve satisfazer os critérios e padrões legais recomendados ou definidos para determinado uso.

No Brasil existem basicamente duas normas regulatórias sobre o reuso de águas residuárias: a Resolução Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH, nº 54/2005), e a Norma NBR 13969 (ABNT, 1997), que tem abrangência nacional.

A Resolução n°54/2005, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reuso direto não potável de água, abordando uma visão macro e não predial. Em seu artigo 3o, esta resolução estabelece as modalidades em que pode ser feito o reuso direto de água não potável:

  1. Reuso para fins urbanos: utilização de água de reuso para fins de irrigação paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações, construção civil, edificações e combate a incêndio, dentro da área urbana;
  2. Reuso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reuso para produção agrícola e cultivo de florestas plantadas;
  3. Reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso para implantação de projetos de recuperação do meio ambiente;
  4. Reuso para fins industriais: utilização de água de reuso em processos, atividades e operações industriais, e
  5. Reuso na aquicultura: utilização de água de reuso para a criação de animais ou cultivo de vegetais aquáticos.
183

Com relação às normas com enfoque predial, existe atualmente no Brasil a tramitação na ABNT de texto base de projeto de norma, com enfoque no uso de fontes alternativas não potáveis em edificações, a NBR 16.783. Entretanto, até que a norma seja aprovada, os únicos critérios referentes ao reuso de água doméstico são descritos na NBR 13.969 (ABNT, 1997), norma que trata de tanques sépticos, tratamento complementar e disposição final dos efluentes. Esta norma não é uma específica para o reuso de águas residuárias, e nela são definidas quatro classes de reuso de acordo com os usos finais e critérios básicos de qualidade, parametrizados por meio da avaliação da turbidez, contagem de coliformes fecais, sólidos dissolvidos, pH e cloro residual, sendo:

Apesar disso, o enfoque da norma referente à questão do reuso doméstico de água é bastante simplista e pouco confiável, principalmente em se tratando da preservação da saúde dos usuários e da operação do sistema.

De acordo com Sautchúk et al. (2005), os principais critérios que direcionam um programa de reuso de água cinza são:

Atenção: No Brasil não é permitido o reuso de esgoto tratado para fins potáveis!

A presença de organismos patogênicos e de compostos orgânicos sintéticos, na grande maioria dos efluentes, classifica o reuso potável como uma alternativa associada a riscos muito elevados, tornando-o praticamente inaceitável. Além disso, os custos dos sistemas de tratamento avançados que seriam necessários levariam à inviabilidade econômico-financeira do abastecimento público, não havendo, ainda, face às considerações anteriormente efetuadas, garantia de proteção adequada da saúde pública dos consumidores (HESPANHOL, 2002).

A grande dificuldade de estabelecimento de critérios prescritivos em projetos está correlacionada com a complexidade desses sistemas, que dependem da variabilidade dos compostos que caracterizam o efluente coletado (água cinza, água negra, água amarela, outra), da qualidade da água que se deseja disponibilizar após o tratamento, da forma como se opera e mantém o sistema de reuso e do conhecimento limitado a respeito dos efeitos para a saúde, ocasionados pelos compostos que podem estar presentes na água de reuso (DOMINGUEZ-CHICAS E SCRIMSHAW, 2010).

Dominguez-Chicas e Scrimshaw (2010) classificaram como potenciais fontes de risco para o reuso de água fatores microbiológicos, físico-químicos, nutrientes e químicos e demostraram, em sua pesquisa, que, durante a modelagem de risco de um sistema indireto de reuso de água, foram identificadas 490 potenciais fontes de risco. Com base no resultado encontrado, foi elaborado um mapa de risco, conforme ilustra a Figura 6.20.

Apesar dos riscos envolvidos, o uso de fontes alternativas de água deve ser considerado como uma importante forma de conservação de água. Entretanto, esta técnica deve ser empregada com responsabilidade e com tecnologias já consolidadas, de forma que sejam garantidos o bom funcionamento dos sistemas prediais e a segurança dos usuários.

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Figura 6.20 - Mapa de risco de reuso de água segundo parâmetros de análise do Guidelines for Water Safety Plans (WSP) World Health Organization (WHO).
Fonte: Dominguez-Chicas e Scrimshaw (2010).

Componentes dos sistemas de reuso de água

O sistema de reuso doméstico de águas residuárias é composto pelos seguintes componentes:

A Figura 6.21 mostra um esquema das instalações de um sistema de reuso de águas cinzas em uma edificação residencial.
Ilustração: Maykell Guimaraes.

Segundo WHO (2006), as tubulações do sistema de água não potável devem ser perfeitamente identificadas, de forma a se evitar a conexão cruzada e o uso acidental da água não potável, sendo recomendados os seguintes cuidados:

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Com relação aos sistemas de tratamento de esgoto, atualmente existem diversas opções comerciais disponíveis no mercado. A Figura 6.22 ilustra dois sistemas simplificados de reuso de águas residuárias; já as Figuras 6.23 e 6.24 mostram três tipologias distintas de sistemas de tratamento de águas residuárias que podem ser aplicadas a edificações residenciais com a finalidade de reuso. Além disto, atualmente existem empresas que além de fornecerem produtos específicos para o tratamento de águas residuárias, também, se responsabilizam pela prestação de serviços de operação e manutenção. Este modelo de negócio resolve o problema da gestão do sistema por parte de pessoas/operadores sem o conhecimento técnico adequado ao seu bom funcionamento. 

Figura 6.22 - Sistemas simplificados de coleta e tratamento de águas cinzas para reuso. (a) Tanque de coleta de água de máquina de lavar para reaproveitamento; (b) Estação de Tratamento de Águas Cinzas (ETAC) com unidade de coagulação, filtração dupla e desinfecção.
Fonte: Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis, inspirado em eCycle (2019) e Projeto Ambiental (2019).
Figura 6.23 - Sistemas de reuso de água: (a) Sistema de reuso de água Aqus Sloan® para reuso de água de lavatórios em descargas de bacias sanitárias; (b) sistema de tratamento e reuso de águas negras por zonas de raízes (wetlands).
Fonte: (a) Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis. (b) Foto: Reis Ricardo Prado Abreu Reis (Acervo pessoal, 2010).
Figura 6.24 - Sistemas de tratamento de águas cinzas AquaCycle®.
Fonte: Ilustração: Ricardo Prado Abreu Reis, inspirado em AquaCycle Hasgrohe (2019).
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Água de reuso da concessionária

Outra possibilidade pode ser o suprimento de água de reuso, oriunda do tratamento de esgoto público da cidade, fornecida pela concessionária de água. No Estado de São Paulo, o custo da água de reuso é bastante inferior ao da água potável, sendo uma ótima alternativa para utilização nos empreendimentos. É recomendável, pela concessionária, o reuso para fins não potáveis e específicos em ambientes externos. No manuseio, é recomendável a utilização de equipamento de proteção individual (LEUCK, 2008).

Sistemas de tratamento do efluente gerado na edificação

As ações de gestão de água em edificações também devem contemplar estratégias que proporcionem o tratamento da água utilizada na edificação, antes da sua disposição final. Neste caso, a conservação se dá por meio da preservação da qualidade da água ou menor impacto de poluição.

A adoção de sistemas de reuso de água pode integrar estes sistemas conduzindo o fluxo excedente, que não será reutilizado para seu destino final, armazenando o restante para suprir a demanda de água não potável.

Assim como nos sistemas de reuso, o tratamento deve ser definido de acordo com a qualidade do efluente a ser tratado e, também, da qualidade da água que se deseja obter para a disposição final. Como não há normas nacionais que definam estes critérios, normalmente são adotados critérios do EPA (2012) ou critérios básicos definidos nos selos de certificações ambientais de edificações.

Hoje existem sistemas compactos de tratamento de esgoto que podem ser utilizados em edificações, a fim de proporcionar o tratamento do efluente gerado antes de sua disposição final.

Reuso de esgotos domésticos para fins rurais e agrícolas

Nas últimas décadas, o uso de água no setor agrícola tem crescido consideravelmente, de forma que, atualmente, o principal uso de água no país, em termos de quantidade utilizada, é a irrigação, com demanda total de água retirada para irrigação de 969 m³/s (BRASIL,2017a).

A área irrigada no Brasil tem crescido a taxas médias anuais superiores a 4%, desde a década de 1960, gerando uma estimativa, em 2015, no Brasil, de uma marca de 6,95 milhões de hectares irrigados (Figura 6.27).

Figura 6.27 - Percentual de áreas irrigadas por região do Brasil.
Fonte: Brasil (2017 b).

Devido a essa demanda, a agricultura depende de suprimento de água a um nível tal que a sustentabilidade da produção de alimentos não poderá ser mantida sem o suprimento advindo de novas fontes e a gestão adequada dos recursos hídricos convencionais (HESPANHOL, 2002). Deste modo, o uso de esgoto sanitário tem sido visto como alternativa para o suprimento de água.

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Além dos benefícios ambientais do uso de esgotos sanitários na irrigação, há também os econômicos, que são obtidos graças ao aumento da área cultivada e ao aumento da produtividade agrícola, sendo mais significativos em áreas onde se depende apenas de irrigação natural, proporcionada pelas águas de chuvas (HESPANHOL, 2002). Esses benefícios são alcançados graças às características físico-químicas do esgoto tratado, que consistem basicamente de nutrientes (e micronutrientes, não disponíveis em fertilizantes sintéticos) para fertilização do solo, e à matéria orgânica, que age como um condicionador do solo, aumentando a sua capacidade de reter água (WHO, 2006).

No entanto, a utilização de esgotos domésticos, mesmo tratados, também pode afetar negativamente o ambiente e a saúde humana, devido às suas características físico-químicas e biológicas.

Com relação aos efeitos deletérios no ambiente, devido ao reuso de esgoto na agricultura, pode-se citar (PROSAB, 2006):

Dessa forma, o manejo adequado da irrigação com esgoto tratado envolve a compatibilização entre a técnica de irrigação utilizada, a qualidade da água de reuso, as características do solo e das culturas irrigadas (PROSAB, 2006).

Com relação às técnicas de irrigação, Hespanhol (2002) apresenta as orientações propostas por Kandiah (1994), que se encontram descritas no Quadro 6.3.

Quadro 6.3 - Fatores que afetam a escolha do processo de irrigação e as medidas protetivas requeridas quando se utiliza esgotos.
Fonte: Kandiah (1994).
Método de irrigação Fatores que afetam a escolha Medidas protetivas necessárias
Inundação Menores custos; não é necessário nivelamento preciso do terreno. Proteção completa para operários agrícolas, consumidores e manuseadores de culturas.
Sulcos Custo baixo; nivelamento pode ser necessário. Proteção para operários agrícolas; possivelmente necessária para consumidores e manuseadores de culturas.
Aspersores Eficiência média do uso da água; não há necessidade de nivelamento. Algumas culturas da Categoria B, principalmente árvores frutíferas, são excluídas; distância mínima de 100 metros de casas e estradas.
Sub-superficial ou localizada Custos elevados; elevada eficiência do uso da água; alta produtividade agrícola. Filtração para evitar entupimento de orifícios (exceto no caso de irrigação por bubblers).

Com relação à saúde, a principal preocupação é a possibilidade de transmissão de doenças causadas por patógenos intestinais. Desta maneira, especial atenção deve ser dada aos métodos e medidas preventivas para minimizar os riscos devido à exposição humana, evitando, assim, diferentes doenças. Essas medidas devem ser implementadas pelas autoridades responsáveis pela operação e vigilância dos projetos de reuso e são estabelecidas em função dos grupos de risco (HESPANHOL, 2002)

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Hespanhol (2002) faz recomendações tanto para os operários rurais, suas famílias e manuseadores de culturas, quanto para os consumidores:

Operários rurais, suas famílias e manuseadores de culturas

  1. prover imunização contra febre tifoide e hepatite A e B;
  2. prover instalações médicas adequadas para o tratamento de doenças diarreicas;
  3. promover campanhas de educação sanitária;
  4. estimular padrões elevados de higiene pessoal e alimentar;

exigir uso de calçados e de luvas apropriados para reduzir a infeção por helmintos.

Consumidores

Olá!

O uso de águas residuárias merece uma atenção especial pois podem causar problemas à saúde se não passarem por tratamento correto.

Os principais helmintos presentes no esgoto são o Ascaris lumbricoides (Figura 6.28a), ou lombriga e as tênias (Figura 6.28b), ou solitárias.

Figura 6.28: Helmintos presentes no esgoto.
(a) Ascaris lumbricoides. Fonte: Wikimedia Commons. Disponível: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ascaris_lumbricoides_(jar).jpg
b) tênia ou solitária. Fonte: https://nl.wikipedia.org/wiki/Endoparasiet#/media/Bestand:Taenia_saginata_adult_5260_lores.jpg

As Giárdias são protozoários responsáveis por infecções intestinais conhecidas como giardíase.

Fonte: http://www.minutobiomedicina.com.br/postagens/2014/05/06/giardia-lamblia/.
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Ilustração: Maykell Guimarães.

O reconhecimento dos riscos à saúde através da irrigação, utilizando águas residuárias em culturas, é praticamente unânime, porém, pode-se dizer que o grau de contaminação das culturas irrigadas com água de reuso tratada é inversamente relacionado ao grau de tratamento dado à água de reuso. Desta forma, o tratamento dado à água de reuso que será utilizada para irrigação deve ser realizado em níveis que não comprometam a saúde pública (UNESP, S/D).

No Quadro 6.4 são apresentados o processo de tratamento e a qualidade do esgoto tratado a ser utilizado, em função do tipo de irrigação e cultura recomendado pela USEPA.

Quadro 6.4 - Processo de tratamento e qualidade do esgoto tratado a ser utilizado em função do tipo de irrigação e cultura.
Fonte: PROSAB (2006).
Tipo de irrigação e cultura Processo de tratamento Qualidade do efluente
Culturas alimentícias não processadas comercialmente, (1) irrigação superficial ou por aspersão de qualquer cultura, incluindo culturas a serem consumidas cruas. Secundário + filtração + desinfecção pH 6 a 9
DBO ≤ 10 mg/L
Turbidez ≤ 2 UNT
Cloro residual ≥ 1mg/L Coliformes termotolerantes ND
Organismos patogênicos ND
Culturas alimentícias processadas comercialmente (1); irrigação superficial de pomares e vinhedos; Secundário + desinfecção pH 6 a 9
DBO ≤ 30 mg/L
SS ≤ 30 mg/L
Cloro residual ≥ 1mg/L Coliformes termotolerantes ≤ 200/100 mL
Culturas não alimentícias; pastagens para rebanhos de leite (2), forrageiras, cereais, fibras e grãos. Secundário + desinfecção DBO ≤ 10 mg/L
Turbidez ≤ 2 UNT
Cloro residual ≥ 1mg/L Coliformes termotolerantes ND
Organismos patogênicos ND
(1) Culturas alimentícias processadas comercialmente são aquelas que recebem processamento físico ou químico, prévio à comercialização, suficientes para destruição de patógenos. (2) O consumo de culturas irrigadas não deve ser permitido antes de 15 dias após a irrigação; desinfecção mais rigorosa. ND (não detectável).

No Quadro 6.5 são apresentadas as eficiências de tratamento de diferentes sistemas para organismos patogênicos e indicadores de contaminação em esgotos sanitários.

Quadro 6.5 - Eficiências de tratamento de diferentes sistemas para organismos patogênicos e indicadores de contaminação em esgotos sanitários.
Fonte: PROSAB (2006, p. 1).
Processo de Tratamento Eficiência típica de remoção (log 10)
Bactérias Vírus Protozoários Helmintos
Decantação Primária 0 - 1 0 - 1 0 - 1 0 - < 1
Decantação primária quimicamente assistida 1 - 2 1 - 2 1 - 2 1 - 3
Processos secundários convencionais + decantação secundária 0 - 2 0 - 2 0 - 1 1 - 2
Biofiltros aerados submersos 0,5 - 2 0 - 1 0 - 1 0,5 - 2
Reatores UASB 0,5 – 1,5 0 - 1 0 - 1 0,5 - 1
Lagoas de estabilização, polimento e maturação 1 - 6 1 - 4 1 - 4 1 - 3
Lagoas aeradas + lagoas de decantação 1 - 2 1 - 2 0 - 1 1 - 3
Terras úmidas construídas (Wetlands) 0,5 - 3 1 - 2 0,5 - 2 1 - 3
Desinfecção 2 - 6 1 - 4 0 - 3 0 - 1
Coagulação + Floculação + filtração terciária 1 - 2 1 - 2 1 - 3 1 - 3
Coagulação + Floculação + filtração terciária + desinfecção 2 - 6 1 - 4 1 - 4 1 - 3
Filtração em membranas 3 - 6 3 – 6 >6 >6
190

Outro fator que deve ser levado em consideração ao se aplicar esgoto no solo por longos períodos é a possibilidade de criação de habitats propícios à proliferação de vetores transmissores de doenças, tais como mosquitos e algumas espécies de caramujos. Neste caso, devem ser empregadas técnicas integradas de controle de vetores para proteger os grupos de risco correspondentes.

Assista aos vídeos:

  1. Vídeo sobre Brasil: água cinza, terra verde, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=h8V-9u0mANo
    Fonte: IFAD.
  2. 2) Vídeo sobre Tela Rural - Reaproveitamento da água para hortas: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=S5NCRvk6yqc
    Fonte: TVU do Rio Grande do Norte – RN.
    Publicado em 16 de jan. de 2017.
    Programa exibido em 26/12/2016.

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Usos consuntivos: são ações que utilizam água, retirando-a do manancial para a sua destinação, como exemplo: irrigação, produção industrial e abastecimento urbano ANA (2019a).

Usos não consuntivos: são ações que não envolvem o consumo direto da água, tais como: navegação, pesca, lazer, geração de energia hidroelétrica, entre outras, ANA (2019a).