Módulo 8
Avaliação da aprendizagem na Educação Bilíngue em tempos de pandemia
Proposta do módulo
Neste item vamos:
- Conhecer sobre a importância da avaliação da aprendizagem na Educação Bilíngue para ensino remoto e como eles funcionam.
- Estudar sobre feedback por vídeo e documentos colaborativos.
- Conhecer sobre o uso de rubrica.
1 Apresentação da autora
Karlla Patrícia de Souza Freitas
- É professora do CAS - Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez de Goiânia.
- Trabalha com o ensino de Libras.
- É formada em Letras: Libras e tenho pós-graduação em Linguística das Línguas de Sinais e em Neuropedagogia.
Bem-vinda e bem-vindo!
2 Avaliação da aprendizagem
2.1 O que é avaliar?
Vamos fazer alguns questionamentos iniciais:
- Como saber que a metodologia utilizada por você, professor, está garantindo a aprendizagem dos alunos surdos?
- Você já está ciente que os surdos não recebem estímulos auditivos e não conseguem oralizar perfeitamente e que a comunicação, compreensão e aprendizagem pela língua de sinais é comprovadamente mais eficaz para os surdos?
Sobre isso, vale refletirmos sobre a educação bilíngue e que o professor e aluno surdo devem dialogar, buscado encontrar e corrigir possíveis dificuldades na aprendizagem e que é preciso auxiliar e aconselhar o aluno surdo para uma melhor aprendizagem.
Isso é possível, quando há uma motivação para a correção do processo que vivencia o educando surdo, inclusive com sugestão de novas formas de estudo para melhor compreensão dos conteúdos.
Isso é possível dentro do processo de avaliação. Mas, o que é a avaliação para você?
Sobre isso, veja o que dizem Prates e Manzini (2020, p. 170):
“Historicamente, a avaliação da aprendizagem no contexto escolar tem se configurado controversa e desafiante, pois traz em sua essência alguns questionamentos como: “Todos aprendem da mesma maneira?”; “Que recursos metodológicos são necessários para que os alunos aprendam?”; “Como criar estratégias que garantam a aprendizagem de todos, considerando as singularidades de cada um?”. Essas indagações se constituem em desafios para as instituições de ensino e resultam algumas reflexões dos docentes e equipe pedagógica na construção de práticas pedagógicas inclusivas, e, nesse movimento, a avaliação tem se configurado como um dos componentes mais complexos do currículo escolar (BAPTISTA; DORNELES,2004)”. (PRATES; MANZINI, 2020, p. 170).
2.2 Porque é importante avaliar?
É muito importante o processo de avaliação. Mais interessante ainda, se o professor (ouvinte ou surdo) sabe e utiliza a Libras, não necessitando da mediação do intérprete de Libras. Mas, caso o professor não saiba Libras, é muito importante ter a mediação do intérprete de Libras.
Isto porque a avaliação é um recurso que se utiliza para verificar a aprendizagem do seu aluno surdo e quais as suas dificuldades e o que deverá ser melhor trabalhado. A avaliação dos alunos pode ser diagnóstica, para detectar problemas de aprendizagem e auxiliar na aprendizagem do conhecimento.
Veja o que Silva e Kanashiro (2015) comentam e alertam sobre a avaliação da aprendizagem de alunos surdos:
“(...) a avaliação se torna uma parte sensível do processo. Não são apenas os professores a avaliar os alunos, os alunos também se avaliam por meio desses instrumentos. Acabam contribuindo para a construção de sua autoimagem”. (SILVA; KANASHIRO, 2015, p. 691).
“Um método de avaliação padrão, aplicado em uma sala de aula composta majoritariamente por alunos ouvintes, gera frustações aos alunos surdos, pois nem todos eles conseguem ler e compreender o contexto de determinados textos”. (SILVA; KANASHIRO, 2015, p. 692).
3 Feedback
3.1 Significado de feedback
Feedback significa: Retroalimentação.
O feedback: se refere a quando um indivíduo ou mais pessoas, na realização de um trabalho, tem o retorno sobre o seu desempenho. Significa que depois que realiza a atividade ou a avaliação, recebe um retorno sobre como foi desenvolvido e o que pode ser melhorado e corrigido.
No processo de avaliação da aprendizagem é importante estar atento para os momentos de feedback:
| Aspectos positivos | Aspectos a evitar |
| Dar conselhos positivos. | Dar o feedback de forma que exponha negativamente o aluno diante dos outros colegas |
| Intercalar mensagens e comentários positivos junto ao feedback. | Não é aconselhável julgar e acusar os alunos surdos. |
| Pedir auxílio para a intérprete de Libras e enviar tudo em vídeo. | Dar o feedback sem demorar muito tempo após a realização da avaliação. |
| É necessária uma postura adequada do professor para esse feedback. | Evitar feedbacks em português para os surdos, por exemplo, aqueles escritos em português no WhatsApp. |
3.2 A cultura do feedback e seu uso
O que o feedback possibilita? Veja se você concorda com esses itens:
- Clareza
- Diálogo
- Valorização da Libras
- Interação
- Personalização da aprendizagem
- Atenção
- Conselho
- Confortável ao Surdo
- Compressão do processo de aprendizado
Em que mais, você acha, que o feedback pode contribuir no processo de avaliação?
O espaço educativo deve ter o diálogo, com a escuta e atenção às expectativas de aprendizado dos alunos ouvintes e surdos. Neste contexto, é preciso um bom planejamento para que sejam organizados momentos que prevejam o antes e depois de um curso, dentro da escola, faculdade ou dentro de cenário as aulas em que o professor está inserido. Precisa considerar, nesse processo, a mediação de intérpretes de Libras, para acompanhar também o desenvolvimento do processo educativo do aluno surdo, pois deve-se garantir, no mínimo, o entendimento do que o professor explica, que estes diálogos devem ser constantes, inclusive nos momentos de avaliação.
3.3 Formas de feedback online: como trabalhar com os surdos.
Para o feedback online, pode-se usar:
VÍDEOS:
- privilegie vídeos em tempo curto;
- os vídeos podem abrir espaço ao diálogo;
- os vídeos podem ser enviados no Whatsapp ou outro aplicativo de mensagens;
- pode-se fazer vídeos por meio de chamadas em diversas plataformas, como o Zoom, o Google meet e o próprio Whatsapp.
JANELA:
- pode-se usar o feedback com janela do Intérprete de Libras.
- pode-se usar o feedback com janela do Intérprete de Libras.
DOCUMENTOS COLABORATIVOS:
- pode-se utilizar ferramentas como: Google classroom, Google forms e Google Docs.
INDIVIDUAL OU COLETIVO:
- pode-se usar o feedback de forma individual;
- ou coletivo, com toda a turma e com a mediação do intérprete de Libras.
4 Rubrica
As rubricas são estratégias que auxiliam no processo de avaliação.
“Elas são descritivas e não avaliativas por natureza. Em vez de julgar o desempenho, professores e alunos verificam qual a descrição que melhor o pode representar. Assim, antes do mais, as rubricas permitem desenvolver uma avaliação de referência criterial. E isto significa que estamos a comparar o que os alunos sabem e são capazes de fazer num dado momento com um ou mais critérios e suas descrições.” (FERNANDES, s/d, p. 3).
Então, a rubrica significa a descrição de quais os critérios estão sendo utilizados para a avaliação. Podem ser usadas para classificar qualquer produto ou comportamento, a partir de atividades do tipo redação, trabalhos de pesquisa, apresentações em Libras e outras atividades adaptadas.
Rubricas podem ser usadas também para o momento do feedback da prova, por exemplo, com o propósito de formação dos alunos, auxiliando a dar notas e avaliar os alunos surdos.
“A relevância das rubricas de avaliação decorre do simples facto de clarificarem o que os alunos devem aprender e saber fazer. Ou seja, perante uma rubrica que se assume que é clara e bem construída, alunos e professores ficam bem cientes acerca das características e das qualidades, que o trabalho deve ter, para evidenciar as aprendizagens realizadas. Assim, pode dizer-se que as rubricas contribuem para materializar uma ideia fundamental no contexto da avaliação pedagógica: articular as aprendizagens com o ensino e a avaliação. Ou seja, elas podem e devem ser utilizadas para ajudar os alunos a aprender e os professores a ensinar. Além disso, permitem que ambos avaliem o trabalho realizado”. (FERNANDES, s/d, p. 5).
Ao planejar o conteúdo a ser estudado, o professor determinará claramente e explicará ao aluno surdo qual é o objetivo e como espera que ele se dedique para aprender. Assim, o professor poderá avaliar conforme o que foi acordado e estiver expresso na rubrica.
“O processo de elaboração da rubrica é bastante rico. Vale aqui destacar, por exemplo, que um professor, após alguns minutos trabalhando na elaboração desse instrumento, comentou em tom indignado: "se dermos todos esses detalhes para os alunos, logicamente todos vão bem". Mas, antes mesmo de terminar a frase seu tom já tinha mudado, indicando que se apercebera do potencial do instrumento. Assim, completou: "É, mas é isso que queremos!"”. (DAVIS; NUNES; NUNES, 2005, p. 219).
Esperamos que desenvolva a sua atividade de docência explorando tudo que já estudou:
- Escolha o conteúdo.
- Elabore os objetivos que deseja.
- Elabore a rubrica:
- Descreva o que se espera que os alunos aprendam.
- Determine como espera que os alunos expressem/façam atividades sobre o que aprenderam.
- Determine níveis quantitativos para cada desempenho/atividade (por exemplo, aceitável, ótimo, bom, excelente...). Para cada nível, descreva como será o desempenho de cada aluno?
- Explique a rubrica aos alunos antes de iniciar cada conteúdo.
- Realize a mediação da aprendizagem: estimulando, motivando e usando o que as tecnologias podem proporcionar, como vídeos, gamificação, redes sociais, gifs, videoaulas etc.
- Avalie a aprendizagem conforme acordado na rubrica e dê o feedback ao aluno surdo sobre seu desempenho.
- Bom trabalho.
5 Indicações de materiais complementares sobre avaliação
Site do Projeto MAIA - Monitorização, acompanhamento e investigação em avaliação pedagógica: https://padlet.com/mfatimapires/jj6floc7tpp4
Dissertação de mestrado de Rosina Paula Ferracci sobre o uso da avaliação como processo de aprendizagem: https://tede.pucsp.br/bitstream/handle/22826/2/Rosina%20Paula%20Ferracci%C3%BA%20Ferraz.pdf
6 Referências bibliográficas
DAVIS, Claudia; NUNES, Marina M. R.; NUNES, Cesar A. A.. Metacognição e sucesso escolar: articulando teoria e prática. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 125, p. 205-230, mai. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742005000200011&lng=en&nrm=iso. Acesso em 18 dez. 2020.
FERNANDES, Domingos. Rubrica de avaliação. Lisboa: Projeto Maia, s/d. Disponível em: https://padlet.com/mfatimapires/jj6floc7tpp4 Acesso em: 09 dez. 2020.
PRATES, Claudia Aparecida; MANZINI, José Eduardo. Percepções de alunos surdos sobre avaliação da aprendizagem no Ensino Superior. InFor, São Paulo/SP, v. 6, n. 1, p. 168-193, sep. 2020. Disponível em: https://infor.ead.unesp.br/index.php/nead/article/view/521. Acesso em: 22 nov. 2020.
SILVA, Elifas Levi; KANASHIRO, Elayne. Avaliação visual da aprendizagem: uma alternativa para alunos surdos. Estudos em avaliação educacional, São Paulo/SP, v. 26 n. 63, p. 688-715, set./dez. 2015. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/index.php/eae/article/view/3111/3115. Acesso em 07 nov. 2020.
ITENS
1 Apresentação da autora Karlla Patrícia de Souza Freitas
2 Avaliação da aprendizagem.
2.1 O que é avaliar?
2.1 Porque é importante avaliar?
3 Feedback
3.1 Significado de feedback
3.2 A cultura do feedback e seu uso
3.3 Formas de feedback online: como trabalhar com os surdos
4 Rubrica
5 Referências