VOLTAR À COLEÇÃO ISBN:978-65-997623-6-9
Volume 4

Experiências na educação básica

Práticas de formação e metodologias de ensino

Pesquisa Narrativa em Educação Matemática:
um olhar sobre algumas pesquisas

AUTORES
Nayra Thayne Cena de Oliveira
Marcos Antonio Gonçalves Júnior
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Este capítulo é um ensaio analítico, ainda introdutório, sobre a Pesquisa Narrativa no campo da Educação Matemática. Nós o consideramos introdutório, pois focaremos nosso olhar em apenas algumas dissertações desenvolvidas no interior do "Grupo de Estudos e Pesquisas Abakós: Práticas Formativas e Colaborativas em Educação Matemática na Escola", vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica (PPGEEB), do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Analisaremos também algumas teses desenvolvidas no Grupo de Pesquisa intitulado "PRAPEM: Prática Pedagógica em Matemática, certificado pelo CNPq, coordenado pelo Prof. Dr. Dario Fiorentini e pelo Prof. Dr. Carlos Miguel da Silva Ribeiro, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Nossa intenção é compreender o papel do pesquisador na pesquisa narrativa, bem como as possibilidades para o modo como as narrativas por ele coletadas ou construídas são usadas dentro do trabalho de pesquisa.

Vale dizer que os autores do presente capítulo são, respectivamente, discente e docente do PPGEEB, sendo o segundo autor o orientador da primeira, ambos membros do grupo Abakós. O presente trabalho faz parte dos estudos desenvolvidos para a pesquisa de mestrado em andamento, levada a cabo pela primeira autora. O estudo em questão foi intitulado provisoriamente de "Narrativas de vida de egressos do curso de licenciatura em matemática da Universidade Federal de Goiás: como a formação influencia a prática de professores de matemática em relação ao uso de materiais manipuláveis". Nesse contexto, as narrativas são objeto de análise e a pesquisa narrativa é o método da pesquisa.

Escolhemos duas teses e quatro dissertações para escrever o presente texto. As teses, uma de autoria da Profa. Dr. Maria Tereza de Freitas e outra de autoria da Profa. Dr. Vanessa Crecci, estão vinculadas ao grupo PRAPEM e foram escolhidas por serem trabalhos de referência no Grupo Abakós. As quatro dissertações escolhidas foram produzidas por integrantes do Grupo Abakós, ao longo dos seis anos de existência desse grupo.

Na seção seguinte, realçamos algumas reflexões sobre a pesquisa narrativa e o uso de narrativas em pesquisas educacionais. Depois, apresentamos uma descrição dos trabalhos selecionados, de acordo com alguns critérios a serem elencados posteriormente. Por fim, guardamos a última seção do presente capítulo para tecer considerações interpretativas e analíticas do que foi apresentado.

Das narrativas e seus usos na pesquisa narrativa

A narrativa está relacionada com o ato de contar e com o modo de os sujeitos compreenderem e vivenciarem o mundo. De acordo com Sousa e Cabral (2015), as situações narradas são revividas no processo de lembrar. As autoras comparam a memória a um cenário, em que o passado, o presente, o futuro e as lembranças se cruzam. Então, a narrativa é formada de vivências e experiências adquiridas e construídas ao longo da história do ser humano.

O estudo de narrativas no campo educacional, nas últimas décadas, passou a ser relevante metodologia de investigação. Segundo Jovchelovitch e Bauer (2003), não há experiência humana que não possa ser expressa na forma de uma narrativa. Por meio das narrativas, as pessoas são capazes de lembrar uma experiência que aconteceu, elas colocam essa experiência em uma determinada sequência e encontram explicações para isso. Ainda para Jovchelovitch e Bauer (2003), contar histórias resulta em estados intencionais que aliviam acontecimentos e sentimentos que confrontam a vida cotidiana normal. Além disso, o ato de contar histórias é independente da educação e do conhecimento linguístico.

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No Brasil, o uso das narrativas na pesquisa e na formação docente chegou por meio de Nóvoa (1991, 1992), com histórias de vida de professores, sendo seguido por outros autores. O emprego das narrativas, de acordo com Lima, Geraldi e Geraldi (2015), em parte, é devido à insatisfação com as produções que falam sobre a escola ao invés de falar com ela e a partir dela.

Passeggi e Souza (2016) afirmam que há dois momentos marcantes no movimento (auto)biográfico em Educação, no Brasil: "um primeiro momento de eclosão do autobiográfico e das histórias de vida em Educação, que emerge nos anos 1990, e um segundo momento de expansão e diversificação dos temas de pesquisa, que se inicia nos anos 2000" (PASSEGGI; SOUZA, 2016, p.12).

Nos dias de hoje, como ressaltam Lima, Geraldi e Geraldi (2015), ainda existe em muitas pesquisas uma crença na qual o pesquisador não pode se deixar envolver com a realidade pesquisada, ou seja, ele deve ser neutro, pois isso evita a “contaminação” dos dados e a pesquisa é considerada mais confiável. Mas todo esse “cuidado” e essa neutralidade do pesquisador têm produzido pesquisas em que os sujeitos não se reconhecem, dado que suas próprias práticas estão bem distantes.

A aproximação entre o pesquisador e o sujeito é uma possibilidade de construir outros entendimentos a respeito das nossas experiências. Nesse desafio de encarar a pesquisa e o envolvimento do pesquisador está a narrativa. Pois, como salienta Lima, Geraldi e Geraldi (2015), “as narrativas das histórias do vivido constituem material importante na investigação das práticas docentes”.

Lima, Geraldi e Geraldi (2015) apresentam quatro tipos de usos de narrativas nas pesquisas: narrativa como construção de sentidos de um evento; narrativa (auto)biográfica; narrativa de experiências planejadas para pesquisas; e narrativas de experiências educativas.

O primeiro tipo – narrativa como construção de sentidos de um evento – representa as pesquisas em história oral, pois

as narrativas feitas pelos sujeitos envolvidos possibilitam a rememoração de histórias pessoais e sociais. O foco dessas pesquisas recai sobre fatos/eventos históricos que emergem da memória dos narradores, sujeitos que contribuem com dados para as pesquisas de terceiros (LIMA, GERALDI E GERALDI, 2015, p. 25).

No segundo tipo, estão as narrativas (auto)biográficas ou biográficas que correspondem a relatos da história de uma pessoa ou de si próprio. Nessa modalidade de pesquisa ocorre o encontro entre o narrador com os vários “eus” de sua personagem.

Na autobiografia, os dados empíricos são coletados por pesquisadores que se tornam os próprios objetos do estudo e fazem uma escrita de si e sobre si no processo de formação. Essas pesquisas permitem produzir uma compreensão do sujeito e de sua formação por meio das narrativas de vida (LIMA, GERALDI E GERALDI, 2015, p. 25).

As (auto)biografias possibilitam compreender as relações de ensino-aprendizagem, as identidades profissionais, os ciclos de vida, entre outras coisas.

O terceiro tipo – narrativas de experiências planejadas –, como o próprio nome menciona, corresponde às pesquisas em que as experiências são devidamente planejadas, relatadas e analisadas, como podemos observar a seguir:

Considera a prática pedagógica subjacente à pesquisa na medida em que esta possui uma intencionalidade prévia. O planejamento das ações é concebido de modo a responder determinadas questões postas já de saída nos projetos de pesquisa. Visam, por exemplo, à avaliação ou testagem de recursos didáticos previamente planejados, com estratégias e ferramentas de mediação previstas para produzir determinados dados. O planejamento, a aplicação e a avaliação dos resultados ocorrem de modo experimental ou “controlado” com base nos objetivos a partir da ação pedagógica desencadeada (LIMA, GERALDI E GERALDI, 2015, p. 26).
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Por fim, o último tipo - narrativas de experiências educativas - abrange as pesquisas que tomam como objeto de compreensão alguma experiência da vida do sujeito pesquisador.

Essas pesquisas decorrem de uma situação não experimental, mas vivencial. Podem ser chamadas de narrativas de experiências educativas. A especificidade delas reside no fato de que o sujeito da experiência a narra para, debruçando-se sobre o próprio vivido e narrado, extrair lições que valham como conhecimentos produzidos a posteriori, resultando do embate entre a experiência e os estudos teóricos realizados após a experiência narrada (LIMA, GERALDI E GERALDI, 2015, p. 27).

Neste tipo de pesquisa, a experiência vivida é o objeto de estudo, mas não é toda experiência do passado que interessa e sim um ou vários acontecimentos significativos; além disso, essas pesquisas discutem o acontecimento vivido e acabam contribuindo para a formação profissional do sujeito.

Uma pesquisa em que o objeto de estudo é a experiência do protagonista resulta em uma investigação diferente do que é feito habitualmente nas pesquisas científicas. Esse tipo de pesquisa não tem um procedimento pronto para seu desenvolvimento, pois lida com experiências singulares que dizem respeito a momentos da vida e da época escolar.

Pesquisar a própria experiência não parte de uma pergunta, mas de uma história. Como esclarecem Lima, Geraldi e Geraldi (2015),

Uma pesquisa sobre a própria experiência é sempre uma pesquisa sobre o singular. E o conhecimento singular corresponde à verdade que não se generaliza (pravda), mas da qual se extraem conselhos ou lições. Ao se debruçar sobre a história, surgem inúmeras perguntas, porque não se narra qualquer coisa: o narrável se compõe do que nos tocou, nos modificou e continua carecendo de sentidos e continuará carecendo de sentidos mesmo concluída a pesquisa, porque a ele podemos retornar como já outro (LIMA, GERALDI E GERALDI, 2015, p. 33).

O professor como pesquisador da própria prática não pode ser visto como mais um trabalho para o professor. Lima, Geraldi e Geraldi (2015) elucidam que esse tipo de pesquisa é importante para seu processo de formação e é essencial para seu exercício profissional.

Por isso, para compreender a vida dos professores e suas práticas nas escolas, parece-nos que o melhor caminho é fazê-lo narradores do próprio trabalho e da sua constituição como docente, apoiando-os em seu processo de se fazerem professores e pesquisadores, sujeitos que querem compreender o que lhes toca, o que lhes acontece e o que fazem acontecer (LIMA, GERALDI E GERALDI, 2015, p. 33).

Quando os professores contam histórias sobre algum acontecimento na sua trajetória profissional, eles não apenas registram esse acontecimento. Como salienta Reis (2008),

acabam por alterar formas de pensar e de agir, sentir motivação para modificar as suas próprias práticas e manter uma atitude crítica e reflexiva sobre o seu desempenho profissional. Através da construção de narrativas os professores reconstroem as suas próprias experiências de ensino e aprendizagem e os seus percursos de formação (REIS, 2008, p.3).
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Na pesquisa narrativa são utilizados alguns instrumentos e técnicas que auxiliam na obtenção de dados, por exemplo, os diários de aula, o memorial, a entrevista narrativa e as cartas. O diário de aula permite que o professor investigue e repense sua prática, além disso, contribui para o desenvolvimento profissional dos professores por meio da memória, da escrita e da reflexão (reflexão sobre as ações). Como salientam Sousa e Cabral (2015), esse processo permite ao profissional o conhecimento de si, num movimento contínuo que permite melhorar a sua atuação docente.

O memorial é um dos gêneros mais comuns da pesquisa narrativa como opção metodológica de pesquisa. É um texto em que o autor escreve sua história, dando ênfase a fatos que ele considera importantes na sua trajetória de vida. De conformidade com Sousa e Cabral (2015), um memorial é uma maneira de narrar a própria história por escrito para preservá-la do esquecimento.

Segundo Sousa e Cabral (2015), a entrevista narrativa é uma técnica de pesquisa de cunho qualitativo, denominada não estruturada, que se contrapõe ao modelo tradicional pergunta-resposta da maioria das entrevistas. O modelo tradicional pergunta-resposta já possui estrutura definida, as perguntas têm ordem estabelecida e são feitas a partir do seu vocabulário próprio.

Na entrevista narrativa existe uma estrutura, que os autores Jovchelovitch e Bauer (2003) chamam de paradoxo da narração, a qual reúne regras implícitas que viabilizam o contar histórias. As fases principais da entrevista narrativas são: preparação, iniciação, narração central, fase de perguntas e fala conclusiva.

Na fase de preparação, é de suma importância ter conhecimento do campo (leitura de documentos, notas, relatos etc.), elaboração das questões que interessam ao pesquisador e tenham relação com o objeto de estudo. Na fase de iniciação, o pesquisador apresenta uma questão que estimule narração e não respostas pontuais. Na narração central, o ideal é não interromper a narrativa, não fazer perguntas difíceis, nem intervenções diretas ou avaliações. Na fase de perguntas, é ideal evitar opinar e fazer juízo de valor. E no momento da fala conclusiva é importante fazer anotações imediatas após a finalização da entrevista.

A entrevista narrativa, de acordo com Jovchelovitch e Bauer (2003), incentiva o entrevistado a narrar acontecimentos importantes da vida e esse ato de contar e escutar histórias é um método para atingir seus objetivos. Nesse sentido, ainda segundo os autores, a entrevista narrativa é estimulada por questões específicas e, quando o narrador começa a contar sua história, ele mantém a fluição da narrativa.

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Um olhar sobre as teses e dissertações escolhidas

Como mencionado, foram selecionadas duas teses e quatro dissertações de mestrado, conforme quadro a seguir:

Título Autor Ano Tipo Programa/Instituição Modalidade Área
A escrita no processo de formação contínua do professor de matemática Maria Teresa Menezes Freitas 2006 T Educação/UNICAMP A Educação
Desenvolvimento profissional de educadores matemáticos participantes de uma comunidade fronteiriça entre escola e universidade Vanessa Moreira Crecci 2016 T Educação / UNICAMP A Educação
Uma investigação sobre a própria prática a partir da análise de erros como estratégia didática nas aulas de matemática Siely da Silva Guimarães 2018 D Ensino na Educação Básica / UFG P Ensino
Árvores, carrinhos e investigações: narrativas sobre a comunicação na sala de aula de matemática Marcos Vinicius dos Santos Amorim 2019 D Educação em Ciências e Matemática / UFG A Ensino
Cenários para investigação matemática: uma proposta didática para trabalhar sequências numéricas nas séries finais do ensino fundamental Sergio Muryllo Ferreira 2020 D Ensino na Educação Básica / UFG P Ensino
Estágio com pesquisa: narrativas de formadores do curso de licenciatura em Matemática da Universidade Estadual de Goiás Vanessa Amélia da Silva Rocha 2020 D Educação em Ciências e Matemática / UFG A Ensino
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Apresentaremos cada um desses trabalhos, fazendo breve descrição com base nos seguintes aspectos: o problema e/ou o objetivo da pesquisa; os sujeitos participantes; o papel do próprio pesquisador dentro da pesquisa; o modo como a narrativa é usada dentro da pesquisa, segundo Lima, Geraldi e Geraldi (2015); o formato de apresentação do texto da pesquisa.

Iniciaremos a descrição pela tese da Profa. Dra. Maria Teresa Menezes Freitas, intitulada “A escrita no processo de formação contínua do professor de matemática”, defendida em fevereiro de 2006.

O foco dessa pesquisa é a formação do professor de matemática e seu objetivo é investigar os benefícios resultantes da escrita discursiva em uma disciplina específica, no caso a Geometria, em um curso de formação de professores de Matemática.

O objetivo da pesquisa nasce da inquietação profissional da pesquisadora e, desse modo, ele é anunciado no seio do memorial de formação apresentado por Freitas:

Meus caminhos, em diferentes momentos, trouxeram a escrita como um ponto marcante de minha história, mostrando-me sua potencialidade para aguçar o poder de reflexão, reorganização de idéias e tomada de decisões, contribuindo de maneira efetiva para o meu desenvolvimento pessoal e profissional. Este percurso tornou-me sensível e motivada a investigar as potencialidades educativas da escrita para o professor de Matemática, sobretudo em seu desenvolvimento profissional (FREITAS, 2006, p. 22).

Para realizar essa busca, Freitas narra como se deu o encontro dela com uma docente do curso de Licenciatura em Matemática da UNICAMP, que lecionaria a disciplina "Geometria e desenho geométrico", em uma turma do período noturno. Ao acompanhar essa turma, a pesquisadora selecionou quatro alunos para um acompanhamento mais específico, a respeito dos quais elaborou quatro narrativas com foco em aspectos relevantes da existência da escrita na formação pessoal e profissional de cada professor.

Desse modo, a pesquisadora desempenha papel de observadora, embora tenha interagido com os estudantes e a professora, durante as aulas, cooperando de alguma forma.

Ao acompanhar as aulas, a pesquisadora usou o diário de campo, gravou em áudio algumas aulas, coletou registros escritos produzidos pelos alunos, realizou questionários com os discentes, coletou escritos da professora a respeito das aulas e realizou entrevistas com os quatro alunos selecionados por ela.

Vivenciando essa experiência, ela reformula e melhor compreende o seu problema de investigação, reescrevendo-o:

Que contribuições essas diferentes formas de comunicação - em especial a escrita -, em uma disciplina de conteúdo específico (Geometria), trazem à formação do professor de Matemática e ao seu desenvolvimento profissional? Como acontece, neste processo, a constituição da identidade profissional? (FREITAS, 2006, p. 87)

Freitas elege a "investigação narrativa como o método de investigação" (2006, p. 89), baseando-se nos pesquisadores Clandinin e Connelly, como forma de compreender a experiência que acompanhou.

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Com essa quantidade de material coletado e registrado, a pesquisadora, em seu processo de interpretação e análise, construiu um dossiê de cada um dos sujeitos, futuros professores de matemática. Teceu o que ela chama narrativa de formação, "em que se interpenetravam e se entreteciam as vozes dos protagonistas, as nossas vozes e as vozes de outros pesquisadores que encontramos na literatura, dando vida à narrativa construída. pesquisadora" (FREITAS, 2006, p. 122).

Assim, parece-nos que essa tese é uma narrativa de experiências do vivido, tal como a definem Lima, Geraldi e Geraldi (2015); decorre de uma situação vivencial da pesquisadora, ao acompanhar as aulas da docente do curso de licenciatura, a partir da qual ela dá vazão para aprendizagens sobre a experiência, sobre si próprio (pesquisador), sobre os sujeitos envolvidos e sobre o exercício da própria profissão de professor.

A estrutura do texto de Freitas compreende um primeiro momento de apresentação de sua própria história, especialmente como professora, e sua aproximação ao tema em estudo. Depois, o texto apresenta uma aproximação teórica e um diálogo com os fundamentos que sustentam teoricamente a tese. Em seguida, há a apresentação de aspectos metodológicos, mas também teóricos: trata-se do caminho teórico metodológico da pesquisa. Depois, há dois capítulos em que se apresentam os resultados, sendo o primeiro deles mais voltado para o contexto, a turma e a sequência das aulas. O outro apresenta quatro narrativas de formação, com base no dossiê construído sobre cada sujeito. Vale dizer que não se trata de capítulos meramente descritivos, pois identificam-se momentos interpretativos da autora, com diálogos com a teoria.

Por fim, há um capítulo final intitulado "Possíveis 'remates' na tecedura das histórias de formação"; nestes a autora produz uma última narrativa, retomando sua história desde o início da pesquisa, mostrando como o problema foi "lapidado" (FREITAS, 2006, p. 270) durante o caminho; são narrados seus próprios aprendizados como professora e pesquisadora, destacando como a inserção de escrita discursiva durante a disciplina contribuiu para que os futuros professores e a docente se desenvolvessem profissionalmente.

A tese da Profa. Dra. Vanessa Moreira Crecci, intitulada “Desenvolvimento profissional de educadores matemáticos participantes de uma comunidade fronteiriça entre escola e universidade”, foi defendida em fevereiro de 2016.

Crecci buscou compreender as experiências de desenvolvimento profissional e de constituição da profissionalidade de educadores matemáticos que participam de uma comunidade fronteiriça. Para isso, Crecci selecionou “três participantes que têm a educação matemática como campo científico e/ou profissional” (2016, p. 17), integrantes do Grupo de Sábado (GdS).

A metodologia dessa pesquisa está baseada na pesquisa narrativa, e ela assim justifica a opção:

A opção pela pesquisa narrativa veio ao encontro de meu desejo de tecer um modo ‘humano e sensível de olhar e narrar a vida de homens e mulheres em suas práticas cotidianas, e de compreendê-los em suas singularidades (...)’. Para isso, seria necessário optar por caminhos metodológicos que valorizassem os sentidos que os educadores matemáticos apreendem em relação à participação no Grupo de Sábado. Encontramos na narrativa a potencialidade ‘enquanto procedimento teórico-metodológico, que favorece a explicitação do vivido como também possibilita a teorização do vivido, transformando-o em conhecimento acadêmico’” (FIORENTINI, 2012, p. 12; RODRIGUES; PRADO, 2015, p.101 apud CRECCI, 2016, p. 131).
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A pesquisadora utilizou o diário de campo com notas das reuniões do Grupo de Sábado (GdS), memórias das reuniões do GdS, alguns materiais publicados sobre a comunidade, transcrição dos encontros do grupo, transcrição de seis entrevistas com os participantes da pesquisa, anotações pessoais e relatórios cedidos pelos participantes da pesquisa.

Em nosso entendimento, essa tese é uma "narrativa (auto) biográfica ou biográfica", de acordo com a definição de (Lima, Geraldi e Geraldi, 2015), pois esse tipo de narrativa visa à reconstituição da história dos três integrantes do GdS, permitindo uma percepção desses sujeitos e da sua formação através das narrativas. Ainda, há o aspecto relacional da própria autora, uma vez que ela também é integrante do GdS.

A organização do texto de Crecci contém uma apresentação da história do GdS; além disso, ela apresenta a sua história, especialmente as suas percepções sobre esse espaço. A seguir, o texto apresenta uma aproximação teórica, um diálogo com os fundamentos que sustentam teoricamente a tese. Na sequencia, a autora descreve os caminhos da pesquisa, a metodologia e os aspectos éticos. Há dois capítulos em que se apresentam os resultados, sendo o primeiro deles voltado às transcrições de entrevistas, memória dos encontros, e as interações com os três participantes do grupo. O outro inclui as narrativas dos sujeitos da pesquisa. Ressalta-se que não é uma transcrição exclusivamente descritiva, pois há diálogos com a teoria.

No final, há um capítulo final intitulado “Guisa de concluir”, em que a autora faz considerações “tendo em vista as possibilidades da compreensão das comunidades fronteiriças como espaços autônomos de experiências de desenvolvimento profissional e de constituição da profissionalidade” (CRECCI, 2016, p. 19). Além disso, a autora descreve o seu próprio desenvolvimento profissional desde o início da pesquisa.

A dissertação da Profa. Ma. Siely da Silva Guimarães, denominada “Uma investigação sobre a própria prática a partir da análise de erros como estratégia didática nas aulas de matemática”, foi defendida em agosto de 2018.

O foco da pesquisa é a análise de erros como estratégia de aprendizagem. Teve-se por objetivo é investigar a prática da própria pesquisadora em suas aulas, em duas turmas de 7° ano de uma escola municipal de Goiânia-GO. Assim, a autora investigou a própria prática, verificando e analisando os erros algébricos dos alunos e como eles entendiam e lidavam com esses erros.

A coleta de dados ocorreu por meio da observação participante, das descrições e reflexões do diário de campo, das produções escritas dos alunos em relação às atividades aplicadas e recolhidas durante a intervenção e de áudios gravados de todas as aulas, no decorrer de um trimestre.

Com esse material coletado e registrado, a pesquisadora produziu um livro como produto educacional. O livro apresenta “uma reflexão na e sobre a ação com enfoque na análise de erros, contemplando os resultados da presente pesquisa por meio de narrativas reflexivas, compartilhando a experiência obtida” (GUIMARÃES, 2018, p. 16).

Parece-nos que essa dissertação é uma "narrativa de experiências planejadas", como define Lima, Geraldi e Geraldi (2015), pois, a partir da formação acadêmica da autora, dos estudos e pesquisas realizadas, e com base na experiência em sala de aula, a pesquisa parte de uma questão geral, qual seja: investigar o que ela, enquanto professora, pode aprender ao refletir sobre a própria prática, ao desenvolver aulas com foco na análise de erros.

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A estrutura do texto de Guimarães foi organizada em dois volumes sendo: o volume 1 contempla a introdução, o memorial, a problematização, os objetivos, a fundamentação teórica e metodológica e os caminhos da pesquisa. Já o volume 2, aborda a análise dos dados em forma de um livro de narrativas.

O volume 1 da dissertação tem quatro capítulos que foram divididos da seguinte forma: no primeiro capítulo, a autora apresenta seu memorial de vida, descrevendo alguns episódios da infância até o momento em que se torna professora e investigadora. No segundo capítulo, ela aborda o ensino e aprendizagem de Matemática, produzindo uma crítica sobre o modo como o ensino de matemática ocorre; descreve ainda sobre a relevância de buscar meios para que os alunos se tornem participantes do seu processo de conhecimento. Já no terceiro capítulo, a autora expõe um diálogo com os fundamentos que sustentam teoricamente a dissertação. Por fim, no quarto capítulo, a autora discute a estratégia metodológica a ser usada pela pesquisadora para a coleta de dados, discorrendo sobre os planos de ensino das suas aulas de matemática, nas quais será feita a coleta de dados. Nesses planos, a autora reitera as estratégias propostas por ela para o uso da análise de erros em sala de matemática e também descreve como fará a coleta de dados para a pesquisa, em cada uma dessas aulas. Ainda, nesse capítulo, ela informa como será a análise dos dados, com base na produção de narrativas sobre as aulas e o uso da análise narrativa.

O volume 2 da dissertação é um livro de narrativas intitulado: "Meu aluno errou, e agora? Narra experiências e práticas de uma professora de Matemática", em que a autora apresenta os resultados da pesquisa contando histórias das aulas planejadas, a partir do material coletado e registrado e também da teoria que sustenta o trabalho. Trata-se de uma análise relativa, sendo esse livro o Produto Educacional vinculado à dissertação, que é uma exigência do programa.

A dissertação do Prof. Me. Marcos Vinicius dos Santos Amorim, denominada “Árvores, carrinhos e investigações: narrativas sobre a comunicação na sala de aula de matemática”, foi defendida em outubro de 2019.

O foco da dissertação de Amorim é a comunicação em aulas de matemática em um cenário de investigações matemáticas e de resolução de problemas. Amorim acompanhou as aulas de matemática de um sexto ano do Ensino Fundamental, do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE/UFG), no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Educação Matemática (LEPEM). Essas foram desenvolvidas por professores de matemática desse centro. Elas compõem um projeto de ensino intitulado Projeto Abakós, desenvolvido de forma colaborativa no interior do grupo de pesquisa Abakós, citado no início deste texto. Amorim acompanhou as reuniões do grupo e também as aulas na posição de colaborador, fazendo suas reflexões no grupo e também auxiliando os docentes nas aulas do 6o ano.

Nesta pesquisa, o pesquisador utilizou o diário de campo, gravações de áudio e vídeo das aulas no Laboratório de matemática. No fim da análise, o pesquisador produziu duas narrativas que contam e analisam a comunicação no ambiente investigado.

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Amorim adotou, em seu trabalho, características da pesquisa narrativa, fundamentando-se nos pesquisadores Bolívar, Clandinin e Connelly, o autor está inserido em um cenário de aulas investigativas e tenta produzir as narrativas como forma de compreender os aspectos de comunicação nessas aulas.

Parece-nos que a dissertação de Amorim se assemelha a uma "narrativa de experiências educativas", segundo a definição de Lima, Geraldi e Geraldi (2015), pois ele mesmo deixa explícito em seu texto a importância da experiência:

[...] tive contato com aulas investigativas desde a graduação, durante o estágio supervisionado, seja estudando ou desenvolvendo na escola-campo do estágio. Quando fui professor, também busquei desenvolver aulas de matemática com uma abordagem pautada no diálogo e na investigação. Agora, ao longo dessa pesquisa de mestrado, pude vivenciar a experiência de ser um professor que, ao investigar um ambiente específico, também repensa sua prática, se relacionando com a investigação (AMORIM, 2019, p. 122).

O texto de Amorim, no primeiro momento, é uma apresentação da sua história, em particular como professor, e a sua aproximação com o tema em estudo. O texto contém a fundamentação teórica que sustenta o tema em estudo. Em seguida, o autor reitera o contexto da pesquisa e os caminhos teórico-metodológicos percorridos. No capítulo seguinte apresentam-se duas narrativas que contam e analisam a comunicação no ambiente investigado, narrando duas atividades de investigação matemática desenvolvidas com os alunos. Essas duas narrativas são, ao mesmo tempo, o modo que o pesquisador escolheu para apresentar o vivenciado e também o modo como ele analisa o vivido. Durante as narrativas, ele permite relacionar-se com a experiência e também dialogar com as teorias em estudo.

No último capítulo denominado “Finalizando a história, não a pesquisa, nem a experiência”, o autor produz uma narrativa, retomando a sua história e o início da pesquisa, narrando os seus próprios aprendizados como professor e pesquisador.

A dissertação do Prof. Me. Sergio Muryllo Ferreira, intitulada “Cenários para investigação matemática: uma proposta didática para trabalhar sequências numéricas nas séries finais do ensino fundamental”, foi defendida em março de 2020.

O foco da pesquisa recai na ação do professor em aulas investigativas desenvolvidas em cenários para investigação. O autor, professor regente de três turmas do 7º ano do Ensino Fundamental de uma escola particular de Goiânia-GO, trabalhou com alguns alunos dessas turmas e desenvolveu uma pesquisa sobre a própria prática.

As aulas aconteceram no laboratório de Matemática da escola, o que foi um fator positivo; como o próprio pesquisador relata no texto, isso “favoreceu a dinâmica de trabalhos em grupos, além de disponibilizar recursos materiais que facilitariam algumas construções como cubinhos e E.V.A. e lousa digital” (FERREIRA, 2020, p. 62).

As aulas foram audiogravadas e fotografadas, os diálogos transcritos e registros de aulas dos alunos foram recolhidos e utilizados para compor narrativas sobre aulas de matemática. Como é um Programa de Mestrado Profissional, foram produzidos dois ebooks como produtos educacionais. Um dos ebooks é composto de narrativas de algumas aulas investigativas e o outro trata das sequências numéricas para alunos do 7º ano.

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Ferreira em sua pesquisa assume o papel de professor e pesquisador, uma característica da Pesquisa Narrativa, como ressalta em seu texto:

[...] uma metodologia de pesquisa de natureza qualitativa na qual a não-neutralidade do pesquisador é percebida pelo seu modo de agir por meio da experiência e da contínua (re)construção das teorias tendo por base a vivência significativa (FERREIRA, 2020, p. 18).

A dissertação de Ferreira, segundo a definição de Lima, Geraldi e Geraldi (2015), é uma "narrativa de experiências do vivido"; o próprio autor faz essa observação em seu texto:

Eu havia pensado inicialmente na possibilidade de ‘filiação’ ao terceiro tipo, narrativas de experiências planejadas para serem pesquisa com uma provável análise paradigmática. Seria um ‘lugar comum’ para acomodar as ações em uma teoria já fundamentada. Mas fui surpreendido pela vivência e acabei por considerar a possibilidade de transitar para a quarta filiação, as narrativas de experiência do vivido, acompanhadas da análise narrativa (FERREIRA, 2020, p. 60).

O texto de Ferreira contém uma apresentação inicial de sua história, especialmente a sua vivência como pesquisador, e como a pesquisa mudou a sua prática profissional. Depois, o autor apresenta seu memorial de formação abordando suas inquietações e razões que o levaram até a pesquisa. Em seguida, em seu texto, o autor sustenta teoricamente a pesquisa e como isso também isso o motivou a (re)significar a sua prática; além disso, aborda a relevância da pesquisa. O texto apresenta o caminho metodológico da pesquisa e o trabalho de campo. Em seguida, há dois capítulos que se cruzam, o primeiro apresenta quatro narrativas das aulas de investigação com as discussões e o outro capítulo expõe as conclusões.

Ao final, são apresentados dois livros como produtos educacionais, em forma de ebooks. Como mencionado, um dos ebooks é composto de narrativas de algumas aulas investigativas e o outro trata das sequências numéricas para alunos do 7º ano.

A dissertação da Profa. Ma. Vanessa Amélia da Silva Rocha, denominada “Estágio com pesquisa: narrativas de formadores do curso de licenciatura em Matemática da Universidade Estadual de Goiás” foi defendida em julho de 2020.

A autora investiga os professores formadores dos cursos de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual de Goiás (UEG) atuantes no estágio. Para essa pesquisa, a mestranda contou com a colaboração de dez professores que responderam a um questionário com questões abertas, contendo perguntas relativas a seu perfil profissional e de formação, bem como sobre seu trabalho com estágio na licenciatura em matemática. Foram selecionados dois sujeitos para a realização de entrevistas semiestruturadas. Por fim, foi efetuada a análise narrativa dessas entrevistas, o que possibilitou a construção desta pesquisa.

Rocha organizou sua pesquisa como narrativa biográfica, com base na colaboração dos sujeitos entrevistados, a partir do que ela construiu narrativas e fez uma análise narrativa, baseando-se nos pesquisadores Clandinin e Connelly.

O texto de Rocha é estruturado em quatro seções. No primeiro momento a autora apresenta a sua história, especialmente como professora e pesquisadora. Depois, o texto apresenta as escolhas metodológicas e os caminhos traçados para a pesquisa. Em seguida, a autora expõe uma discussão sobre “Estágio com Pesquisa na perspectiva dos principais referenciais da área'' (ROCHA, 2020, p. 23).

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Na última seção, Rocha analisa as entrevistas semiestruturadas realizadas com duas formadoras de professores, por meio da análise narrativa. Essa seção é dividida em quatro subseções, sendo: Histórias de vida, as experiências formativas, a configuração do estágio e o professor pesquisador e o estágio com pesquisa.

Por fim, há o capítulo intitulado “O bordado tecido”, em que Rocha produz uma narrativa retomando sua história desde o início da pesquisa, destacando os aprendizados como professora e pesquisadora.

Olhares finais

Buscamos, neste ensaio, olhar a singularidade daquilo que nos toca, para usar a expressão de Bondia Larossa (2002) ao descrever os trabalhos que selecionamos. Uma vez que existem muitas outras investigações narrativas publicadas, é importante enfatizar que não tivemos a intenção de tecer generalizações sobre esse tipo de pesquisa no Brasil, mas sim nos deixar tocar pela singularidade dos trabalhos que escolhemos analisar.

Assim, é bastante tocante nas pesquisas aqui apresentadas a característica autobiográfica presente em todas elas, mesmo quando o objetivo do pesquisador não era construir uma narrativa de história de vida; ou seja, mesmo quando a pesquisa não se enquadra no que Lima, Geraldi e Geraldi (2015) chamaram de "narrativas (auto)biográficas ou biográficas".

De fato, o caráter relacional dessas pesquisas se faz evidente, seja pela apresentação de um "memorial de formação" (PRADO; SOLIGO, 2005) seja em um texto introdutório narrando o percurso profissional, como se nota em todos os seis trabalhos analisados; seja pelo diálogo constante que os autores fazem entre sua própria história, seja pela vivência da pesquisa ou experiência. Em seus trabalhos de pesquisa, Crecci (2016), Amorim (2019) e Ferreira (2020) colocam-se o tempo todo, relacionam-se e implicam-se. Isto ocorre na introdução do texto, na construção da análise ou em outros momentos, como na própria definição da metodologia da pesquisa, tal como faz Crecci. Ferreira, por sua vez, dialoga de maneira intensa com os fundamentos teóricos de sua pesquisa; mostra-se desconstruindo velhos paradigmas e construindo novos caminhos no fazer científico. São trabalhos autorais e originais, nesse sentido, pois os pesquisadores sempre colocam em questão a sua própria história e constituição como professores, sua identidade; além do mais, dialogam e ressignificam o próprio objeto da pesquisa.

Em seus trabalhos, Freitas (2006), Crecci (2016) e Rocha (2020) utilizam a entrevista como uma das fontes de dados da pesquisa. Esse recurso permite ao entrevistado narrar acontecimentos importantes da sua história de vida e do ambiente que faz parte. Mas como Jovchelovitch e Bauer (2003, p.92) enfatizam, “[...] a narrativa não é apenas uma listagem de acontecimentos, mas uma tentativa de ligá-los, tanto no tempo, como no sentido.” Jovchelovitch e Bauer (2003) realçam importância do “enredo”, pois o enredo de uma narrativa marca o começo e o fim de uma história. Além disso, é por meio dele que temos a noção do que deve ou não deve ser dito. Nas pesquisas de Freitas, Crecci e Rocha, as entrevistas denotam características de uma conversa informal em que os sujeitos se sentiram confortáveis para narrar suas histórias, emitirem suas opiniões e elaborarem suas reflexões sobre o tema abordado. Em seguida, as autoras fazem uma análise reflexiva sobre as entrevistas.

Por fim, evidencia-se nas pesquisas apresentadas como os autores pesquisadores produzem sua própria narrativa, retomando sua história e destacando os aprendizados como profissionais e pesquisadores. Nesse contexto, deixam uma contribuição para a formação de professores ou para o ensino de matemática, como também o registro de si próprios como um texto a ser lido (PINNEGAR; HAMILTON, 2009).

Os aprendizados que tivemos como leitores, estudiosos e colaboradores de alguns desses trabalhos nos ajudam a construir e trilhar nossos próprios caminhos como pesquisadores narrativos. Com esse olhar, este ensaio é, neste momento, o nosso registro de nós mesmos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM, M. V. S. Árvores, carrinhos e investigações: narrativas sobre a comunicação na sala de aula de matemática. 2019. Dissertação. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática). Orientador: Marcos Antonio Gonçalves Júnior. Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2019.

BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista brasileira de educação, n. 19, 2002.

CRECCI, V. M. Desenvolvimento profissional de educadores matemáticos participantes de uma comunidade fronteiriça entre escola e universidade. 2016. Tese (Doutorado em Educação). Orientador: Dario Fiorentini. Universidade de Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, SP, 2016.

FERREIRA, S. M. Cenários para investigação matemática: uma proposta didática para trabalhar sequências numéricas nas séries finais do ensino fundamental. 2020. Dissertação. (Mestrado em Ensino na Educação Básica). Orientador: Marcos Antonio Gonçalves Júnior. Universidade Federal de Goiás, Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação, Goiânia, 2020.

FREITAS, M. T. M. A escrita no processo de formação contínua do professor de matemática. 2006. Tese (Doutorado em Educação). Orientador: Dario Fiorentini. Universidade de Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, SP, 2006.

GUIMARÃES, S. S. Uma investigação sobre a própria prática a partir da análise de erros como estratégia didática nas aulas de matemática. 2018. Dissertação. (Mestrado em Ensino na Educação Básica). Orientador: Marcos Antonio Gonçalves Júnior. Universidade Federal de Goiás, Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação, Goiânia 2018.

JOVCHELOVITCH, S.; BAUER, M. W. Entrevista narrativa. In: BAUER, M. W. GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Editora Vozes, 2003, p. 90-113.

LIMA, M. E. C. de C., GERALDI, C. M. G. e GERALDI, J. W. O trabalho com narrativas na investigação em educação. Educação em Revista. v.31, n.1, Belo Horizonte, Jan./Mar. 2015.

PASSEGGI, Maria da Conceição; SOUZA, Elizeu Clementino de. O Movimento (Auto)Biográfico no Brasil: esboço de suas configurações no campo educacional. Investigación Cualitativa, n.2, vol.1. p. 6-26, 2017.

PINNEGAR, Stefinee; HAMILTON, Mary Lynn. Self-study of practice as a genre of qualitative research: theory, methodology, and practice. Springer: New York, 2009.

PRADO, Guilherme do V. T.; SOLIGO, Rosaura. Memorial de formação: quando as memórias narram a história da formação. In: ______. Porque escrever é fazer história. (Org.). Campinas, SP: Graf. FE, 2005. p.47-62

REIS, P. As narrativas na formação de professores e na investigação em educação. NUANCES: Estudos sobre Educação. n. 15, v. 16, p. 17-34, 2008.

ROCHA, V. A. S. Estágio com pesquisa: narrativas de formadores do curso de licenciatura em Matemática da Universidade Estadual de Goiás. 2020. Dissertação. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática). Orientador: Marcos Antonio Gonçalves Júnior. Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020.

SOUSA, M. G. S.; CABRAL, C. L. O. A narrativa como opção metodológica de pesquisa e formação de professores. Horizontes, v. 33, n. 2, 20 dez. 2015.