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Neste capítulo, temos como objetivo instrumentalizá-lo para o planejamento, a execução e avaliação de medidas de promoção da saúde, a prevenção de doenças e o controle e manejo das doenças inter-relacionadas com o meio ambiente, considerando as particularidades das populações rurais e tradicionais.

A fim de atingirmos nosso objetivo, discutiremos sobre os principais organismos presentes na água, as principais doenças de transmissão hídrica e alimentar, algumas verminoses e algumas doenças de transmissão por insetos vetores. Ainda abordaremos as toxinas naturais de plantas, fungos e as substâncias químicas muito utilizadas pelas comunidades rurais e tradicionais no território brasileiro. Para ampliar nosso estudo, apontaremos algumas medidas de prevenção, controle de doenças, avaliação e controle de infecções inerentes à contaminação.

Doenças de transmissão hídrica e alimentar (dtha)

Na presente aula será apresentado o contexto geral das doenças com transmissão associadas ao consumo de água e/ou alimentos contaminados. Em específico, serão apresentados aspectos de relevância descritos para os principais agentes responsáveis por estas doenças, considerando a classificação, estrutura, morfologia, patogenia da infecção e os aspectos associados a medidas de prevenção.

As informações constituirão a base para a construção do conhecimento a respeito das infecções gastroentéricas, auxiliando a atuação profissional no contexto de melhor conhecimento da realidade do papel destas infecções em cada região, orientação da população, bem como no aperfeiçoamento e planejamento de medidas de prevenção desses agravos.

Introdução

O saneamento é um determinante social para a saúde e a estruturação dos seus componentes. O fornecimento de água, a coleta e a destinação final dos esgotos, das águas pluviais e dos resíduos sólidos são fatores de prevenção de doenças e promoção da saúde.

A água oferecida fora do padrão de potabilidade e em quantidades insuficientes à ingestão, ao preparo de alimentos e à higiene pessoal é responsável por um elevado número de doenças e agravos de veiculação hídrica. Neste sentido, a prevalência de uma determinada infecção reflete as deficiências de saneamento básico, as condições de vida e de higiene da população.

A falta de saneamento leva a múltiplos impactos negativos sobre a saúde da população. O termo “Saneamento Ambiental Inadequado” está associado a diferentes fatores de risco, entre eles o abastecimento deficiente de água, tratamento inadequado do esgoto sanitário, contaminação por resíduos sólidos e condições precárias de moradia. O termo “doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI)” se refere à classificação para as doenças infecto-parasitárias, que têm o ambiente como potencial determinante. Assim, o termo deve ser entendido no contexto de falta e/ou insuficiência de saneamento ambiental e condições de moradia precárias. A classificação das DRSAI divide-as em: (i) doenças de transmissão feco-oral; (ii) doenças transmitidas por inseto vetor; (iii) doenças transmitidas pelo contato com a água; (iv) doenças relacionadas com a higiene, e (v) geo-helmintos e teníases.

As doenças infecciosas de transmissão hídrica, notadamente as doenças diarreicas e as hepatites virais, representam um sério problema de saúde pública. A OMS (World Health Organization- WHO) estima que, em todo o mundo, a cada ano, aproximadamente três milhões de crianças com até 5 anos de idade morram em razão de doenças associadas às condições ambientais e que, destas, cerca de 1,5 milhões pereçam de doença diarreica. A maioria desses óbitos está associada à contaminação da água e a condições inadequadas de saneamento. No Brasil, segundo estimativa da WHO, os fatores ambientais são responsáveis por 19% do total de doenças que afetam o país e por 5,4% do acometimento por doenças diarreicas.

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Agentes gastroentéricos

Os agentes gastroentéricos, aqueles que apresentam como principal mecanismo de transmissão a via fecal-oral, representam diferentes grupos infecciosos, como exemplos:

A literatura destaca a relevância dos agentes virais no contexto das doenças de transmissão por água ou alimentos contaminados, em especial: calicivírus (norovírus e sapovírus); astrovírus; rotavírus; adenovírus entéricos; vírus da hepatite A; vírus da hepatite E; aichivírus; enterovírus, entre outros. Estes agentes são frequentemente alvos de investigações no ambiente e pertencem a diversas famílias e gêneros, estando associados a diferentes quadros de doenças infecciosas (Quadro 8). Representam grupos virais presentes no trato gastrointestinal humano que, após transmissão fecal-oral, podem causar infecções em indivíduos susceptíveis. São vírus de simetria icosaédrica, não envelopados e altamente resistentes às condições desfavoráveis do meio ambiente.

Quadro 8 - Características gerais dos principais vírus gastroentéricos.
Família Gênero Víruis que infectam humanos Síndrome clínica
Reoviridae Rotavirus Rotavirus (espécies A, B, C e inúmeros genotipos) Gastroenterite aguda (crianças)
Caliciviridae Norovirus GI, GII, e GIV Gastroenterite aguda epidêmica (crianças e adultos)
Sapovirus GI, GII, GIV e GV Crianças e idosos
Adenoviridae Mastadenovirus Adenovirus entéricos 40 e 41, outros Conjuntivite, Gastroenterite aguda, doença respiratória (crianças, imunocomprometidos)
Astroviridae Mamastrovirus Astrovírus (HAV1-8), MLBs Gastroenterite aguda (bebês e idosos)
Picornaviridae Enterovirus Poliovirus (1-3), Enteovirus humanos A-D Paralisia flácida, Gastroenterite agua (crianças e bebês)
Picornaviridae Hepatovirus Virus da hepatite A Hepatite aguda (criancas e adultos)
Hepeviridae Hepevirus Virus da hepatite E Hepatite (adultos)
  Kobuvirus Aichi virus Gastroenterite aguda
Circoviridae Circovirus Torque teno virus Desconhecida, hepatite (?)

Importante

No contexto dos agentes virais gastroentéricos, certos pontos tornam-se importantes serem considerados:

  • Alguns vírus são excretados em um elevado número de partículas nas fezes (105-1011/g) e ainda apresentam alta transmissibilidade, por ser a dose infecciosa baixa, ou seja, a carga viral necessária para estabelecer infecção é baixa;
  • A maioria dos agentes apresenta alta estabilidade em matéria orgânica em condições ambientais, sendo também altamente resistentes aos processos de inativação, favorecendo sua transmissibilidade em condições precárias no ambiente;
  • Podem apresentar importância patogênica em humanos e em animais, tendo sido descritos diferentes quadros clínicos, como gastroentéricos (ex.: rotavírus, calicivírus, adenovírus) e hepatotrópicos (ex.: vírus da hepatite A e vírus da hepatite E);
  • Não são rotineiramente utilizados como indicadores da qualidade da água e, quando pesquisados, muitas são as dificuldades na padronização em amostras ambientais, sendo relevante considerar as diferenças geográficas e a frequente emergência de novos vírus.

Patogenia das infecções

A infecção por estes diferentes agentes pode apresentar evolução diferenciada da doença. A maioria apresenta tropismo pelos enterócitos encontrados nas microvilosidades da parede do intestino, observando-se a evolução com quadro de gastroenterite aguda (GEA) (Imagem 6). Outros, os quais apresentam tropismo pelos hepatócitos (células do fígado), por isso denominados hepatotrópicos, estão associados com quadro de hepatite (processo inflamatório no fígado) (Imagem 7).

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As infecções por vírus gastroentéricos podem ser assintomáticas (ausência de sintomas), subclínicas (são observados sinais inespecíficos como febre e mal-estar) ou podem se apresentar na forma clássica da doença, desenvolvendo um quadro de gastroenterite aguda ou de hepatite aguda.

No caso da GEA são observados sintomas de febre em geral moderada, vômitos, diarreia, cólicas e/ou dor abdominal. A febre e o vômito têm duração média de um até três dias, enquanto a diarreia, o sintoma mais frequente, pode perdurar por 10 dias ou mais. A GEA, geralmente, é uma doença autolimitada, entretanto, a quantidade de episódios de vômito e diarreia pode resultar em quadros de maior severidade com evolução para desidratação grave e, em último caso, em morte.

A diarreia pode ser definida pela ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24 horas. A diminuição da consistência habitual das fezes é um dos parâmetros mais considerados. Na diarreia aguda ocorre desequilíbrio entre a absorção e a secreção de líquidos e eletrólitos e é um quadro autolimitado.

Imagem 6 - Patogenia das infecções gastroentéricas.

As infecções por esses agentes apresentam maior gravidade principalmente em casos que envolvem lactentes, crianças e idosos (alguns casos levam a hospitalizações e até a morte). Entretanto, admite-se também que a gravidade da doença se deve a fatores próprios do hospedeiro, tais como características genéticas, estado nutricional, idade, entre outros, bem como da amostra infectante, variabilidade viral, virulência e carga viral no inóculo contaminante.

No grupo de vírus hepatotrópicos (Imagem 7), as infecções podem evoluir com diferentes perfis, desde quadros assintomáticos a quadros de maior gravidade e por um período entre 6-8 semanas de doença:

Imagem 7 - Patogenia das infecções hepatotrópicas de transmissão entérica.

Tratamento, controle e prevenção da infecção por vírus gastroentéricos/hepatotrópicos

Para o tratamento, não existem disponíveis medicamentos antivirais. Assim, é indicado o uso de medicamentos que tenham ação na redução dos sintomas do quadro clínico. Adicionalmente, visando a uma melhora do indivíduo infectado, é geralmente indicada terapia de suporte, constituindo de ingestão de líquidos, muitas vezes sendo o soro utilizado para reposição hidro-eletrolítica, acompanhado de uma boa alimentação. Apenas em casos de maior gravidade com desidratação grave e/ou quadro de hepatite ictérica com sintomatologia expressiva torna-se necessária hospitalização.

A manutenção da alimentação com oferta energética apropriada é um dos pilares mais importantes no tratamento da diarreia aguda. Todas as diretrizes são unânimes que o aleitamento materno deve ser mantido e incentivado durante o episódio diarreico.

A Terapia de Reidratação Oral (TRO) é considerada uma das modalidades terapêuticas que mais salvou vidas a partir do século XX. O princípio fisiológico da eficácia vincula-se ao fato de que a via de transporte ativo, acoplada de sódio-glicose-água pelos enterócitos, está preservada na diarreia aguda, independentemente da etiologia. Para aqueles casos em que a TRO não tenha apresentado reversão da desidratação, indica-se a terapia de Reidratação Parenteral.

Atenção especial deve ser dada ao primeiro trimestre de vida, para crianças com desnutrição energético-proteica, imunossuprimidos ou com diarreia persistente e quanto à possibilidade de infecções sistêmicas, que requerem o emprego de antibióticos apropriados. A suplementação com zinco vem sendo preconizada para diminuir a duração do episódio diarreico e evitar recorrências, e a vitamina A deve ser recomendada nas áreas onde ocorre esta hipovitaminose.

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No controle e na prevenção dessas infecções, devem ser considerados aspectos como:

Infelizmente, para esses tipos de vírus, bons hábitos de higiene não são suficientes para eliminar todos os agentes infecciosos e evitar a disseminação. Sendo assim, atualmente estão disponíveis vacinas para alguns agentes, as quais são disponibilizadas pela rede pública de saúde: vírus da hepatite A e rotavírus humano. As vacinas são seguras, eficazes e apresentam recomendação específica para os diferentes grupos e faixas etárias:

Considerações finais

Embora seja difícil mensurar diretamente o impacto da contaminação ambiental na incidência e prevalência das doenças infecciosas nas comunidades, diversos trabalhos apontam que os riscos de saúde pública aumentam sob condições ambientais adversas, incluindo falta de acesso à água potável, esgotamento sanitário, coleta de resíduos sólidos e moradia adequada.

Pode-se constatar que o acesso ao saneamento básico, particularmente esgotamento sanitário, ainda é bastante desigual no país, e que este está diretamente ligado à qualidade de vida da população. Dados sobre a distribuição e prevalência de grupos virais de importância médica no ambiente reforçam a importância do saneamento básico no controle das doenças virais de veiculação hídrica.

Sugestão de leitura

ALVES, F. V.; SOUZA, A. C. et al. Aspectos epidemiológicos das enteroparasitoses em crianças domiciliadas em um assentamento rural no nordeste brasileiro. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2014, v. 6, n. 3, p. 666-676.

MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. Manejo do paciente com diarreia. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/cartazes/ manejo_paciente_diarreia_cartaz.pdf

PRADO, T.; MIAGOSTOVICH, M. P. Environmental virology and sanitation in Brazil: a narrative review. Cad. Saúde Pública. 2014, v. 30, n. 7, p. 1367-78.

SILVA, A. M. B.; BOUTH, R. C. et al. Ocorrência de enteroparasitoses em comunidades ribeirinhas do Município de Igarapé Miri, Estado do Pará, Brasil. Rev Pan-AmazSaude, 2014, v. 5, n. 4, p. 45-51.

WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Diarrhoeal disease. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs330/en/

Coleta de água, armazenamento, transporte e análises físico-químicas e microbiológicas

A água é considerada um recurso natural insubstituível, tendo fundamental importância para a manutenção da vida. O controle da qualidade da água é uma necessidade universal que exige atenção por parte das autoridades sanitárias e dos consumidores em geral, sobretudo no que se refere à água destinada ao consumo humano. Nesta aula iremos trabalhar a importância da preocupação quanto à coleta, ao armazenamento, transporte e aos procedimentos experimentais relativos a amostras de água que serão utilizadas para análises físico-químicas e microbiológicas. A coleta e o transporte de água estão relacionados a diversos riscos de contaminações que podem ocorrer.

Neste material você vai conhecer algumas ferramentas que são importantes e fundamentais para realizar uma análise segura e ter resultados confiáveis no que se refere à qualidade físico-química e microbiológica da água, iniciando com a primeira etapa, que é a coleta das amostras, seguida pelo transporte e armazenamento dessas amostras, até que se realizem as análises da água. Os indicadores microbiológicos capazes de verificar a contaminação de água por resíduos humanos são os coliformes totais, os termotolerantes e patógenos como Escherichia coli, encontrados em elevadas concentrações nas fezes humanas. Neste material também será abordada a coleta de amostras para análise de vírus e parasitas.

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Desse modo, a presente aula tem por objetivo apresentar os conceitos gerais que fundamentam análises que apresentem resultados confiáveis, que minimizam as dúvidas de a contaminação encontrada ser oriunda das amostras analisadas ou do manuseio. Para o preparo dessa aula, foram utilizados manuais, guias técnicos e artigos atualizados.

Cuidados com a coleta das amostras de água

Os cuidados com a coleta das amostras de água são importantes para definir o ambiente estudado quanto a um local poluído (contaminado) ou livre de contaminações. Portanto, o responsável pela coleta das amostras de água precisa contar com treinamento e capacitação e ter conhecimento técnico e científico para desempenhar tal atividade. Além dos conhecimentos necessários inerentes para uma coleta adequada, soma-se a preocupação em diferenciar a coleta e a preservação de amostras de água bruta, tratada, residuária, sedimentos e biota aquática, que requerem procedimentos específicos e diferentes.

A seguir encontra-se um fluxograma que ajuda a selecionar o melhor ponto de coleta.

Imagem 8. Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras. Fluxograma adaptado de Brasília, 2011.
Apoio Operacional Organização de trabalho de campo - Planejamento das Atividades
Os veículos, equipamentos, material de preservação e acondicionamento de amostras devem estar disponíveis em quantidade e qualidade adequadas, evitando-se adaptações de última hora. Verificação da existência do local Preparação de tabelas contendo os equipamentos e materiais necessários aos trabalhos
Pensar nas atividades que podem ocorrer no momento da coleta e evitar transtornos Fichas de coleta, frascos para as amostras (levar reservas) preservastes químicas, caixas térmicas, equipamentos de coleta e de medição, cordas, equipamento de segurança etc

Importante

Limpeza dos recipientes
  1. Lavar os frascos e tampas, interna e externamente, com uma solução de detergente alcalino 0,1% ou equivalente, com o auxílio de um gaspilhão (escova);
  2. Enxaguar os frascos em água corrente e uma vez final com água destilada ou deionizada, enchendo e esvaziando totalmente os frascos;
  3. Secar naturalmente ou com auxilio de estufa de secagem.
Adição de preservantes
  • Águas cloradas devem conter um agente neutralizador de cloro residual (tiossulfato de sódio) e um agente quelante (EDTA – etileno diaminotetracetato de sódio), em quantidades adequadas para neutralizar cloro e quelar metais pesados que possam estar presentes nessas amostras.
  • Para análise de vírus os frascos devem ser lavados adicionalmente com hipoclorito 2% e posterior álcool 70%.
Procedimentos de coleta de amostras microbiológicas
  • As amostras devem ser coletadas diretamente nos frascos esterilizados; ou em baldes esterilizados;
  • Usar luvas sempre;
  • Remover a tampa do frasco, juntamente com o papel alumínio protetor, tomando cuidado para evitar a contaminação da amostra;
  • Manter a tampa sobre o frasco no momento da coleta a uma distância de aproximadamente 10 centímetros, para evitar a contaminação;
  • Encher o frasco com a amostra até aproximadamente ¾ (três quartos) do seu volume, para possibilitar sua homogeneização durante o processo de ensaio no laboratório
  • Fechar imediatamente o frasco, fixando muito bem o papel alumínio protetor em volta da tampa;
  • Identificar a amostra;
  • Acondicionar a amostra em caixa térmica, sob refrigeração, para transporte.

Fonte: Manual prático de análise de água, 2013 (adaptado).

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Armazenamento e transporte das amostras de água

Recipientes de plástico, que permitem autoclavar polipropileno, e de vidro de boca larga, com a finalidade de facilitar a coleta das amostras e a limpeza do vasilhame, são utilizados para armazenar e transportar a água coletada. O frasco precisa ter capacidade para conter a amostra de água e reservar um espaço para a homogeneização. Seu volume pode variar de acordo com a necessidade da água a ser utilizada no experimento.

A higienização dos frascos deve ser cuidadosa, normalmente realizada com detergente e precavendo para que os resíduos dos produtos de limpeza sejam totalmente removidos. Esses cuidados são para evitar que os resíduos não interfiram nos resultados das análises.

Importante

Limpeza das vidrarias

  1. Deixar os frascos, tampas e batoques de molho em solução de detergente alcalino 0,1% por tempo suficiente para facilitar a remoção dos resíduos da amostra e possíveis etiquetas;
  2. Esfregar os frascos com gaspilhão até retirada total dos resíduos;
  3. Esfregar com esponja de aço e detergente neutro a parte externa dos frascos;
  4. Enxaguar com água corrente para retirada do detergente (se necessário, usar água quente);
  5. Realizar enxague final com água destilada ou deionizada;
  6. Colocar em estufa entre 70°C e 100°C, durante duas horas, para secagem ou deixá-los secar com a boca para baixo sobre papel filtro absorvente.

Fonte: Guia Nacional de Coleta e preservação de amostras, 2011.

As coletas das amostras de água são realizadas em locais diversos, portanto, devem-se treinar os técnicos e utilizar equipamentos de proteção individual (EPI ‒ luva, aventais, máscaras, botas de cano alto), para que sejam diminuídos os riscos de acidentes. Após a coleta das amostras, os frascos devem ser acondicionados com a tampa fechada, em refrigeração, evitando atrito entre os vasilhames e ficando isolados dos passageiros.

De acordo com o tipo de análise a ser realizada, além da refrigeração, recomenda-se utilizar produtos conservantes nas amostras. Essas soluções são variadas e específicas para o tipo de dosagem pretendida. O técnico responsável deve cuidar para evitar acidentes ao manipular as soluções conservantes, diminuindo os riscos com derrame dos reagentes, quebra de vidrarias e uso inadequado.

Análises físico-químicas e microbiológicas da água

Análise físico-química da água

Os principais poluentes são os sólidos em suspensão, matéria orgânica biodegradável e não biodegradável, nutrientes, organismos patogênicos, metais pesados e sólidos inorgânicos dissolvidos. As principais causas desta poluição são fontes de esgoto, sendo este doméstico ou industrial, crescimento urbano, agricultura, pastagem e fenômenos naturais.

Atualmente, o diálogo entre sustentabilidade e formulação de políticas públicas em saúde é pequeno e frágil. Um grande avanço para a sociedade seria a avaliação da poluição e suas causas, o estudo das políticas públicas, a conscientização da população e a proteção ambiental, principalmente dos recursos hídricos, pois todos devem ser tratados como um sistema integrado, considerando-se, principalmente, que é melhor prevenir a causa do que combater e tratar as doenças.

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Cada país é responsável por ter sua regulamentação de padrões que a água deve ter, dependendo da sua finalidade, baseados nas características químicas, físicas e biológicas. Para que a água de um manancial seja destinada ao consumo humano, ela deve atender a padrões de qualidade antes e após o tratamento, o que garante a segurança da população consumidora.

Os parâmetros químicos são os índices mais importantes para se caracterizar a qualidade de uma água. Estes parâmetros permitem classificar a água por seu conteúdo mineral, determinar o grau de contaminação, caracterizar picos de concentração de poluentes tóxicos e avaliar o equilíbrio bioquímico. Todos esses fatores são necessários para a manutenção da vida na água.

Os métodos para analisar esses interferentes são colorimétricos (aparecimento de uma cor indicativa do resultado) e/ou titulométricos (resultado numérico do contaminante). Dentre os parâmetros, temos: alcalinidade, gás carbônico livre, concentração de cloretos, dosagem de cloro residual livre, dureza da água, pH, cor da água, quantidade de alumínio, turbidez, temperatura e fluoretos.

A alcalinidade representa a presença de sais alcalinos, principalmente sódio e cálcio, e avalia a capacidade da água em neutralizar os ácidos. Existem também os cloretos que estão distribuídos na natureza na forma de sais de sódio, potássio, sais de cálcio. A maior quantidade desse produto na água pode ser atribuída ao depósito de sal, a efluentes industriais, poços petrolíferos e à infiltração de água marinha em água costeira. Outro fator analisado é a dureza da água, que se define pela resistência oposta à ação do sabão. Esta característica se deve à presença de determinados cátions na água.

Dosar o pH representa avaliar a concentração de íons hidrogênio em uma solução e é primordial nos processo de coagulação, desinfecção e abrandamento das águas, no controle da corrosão e no tratamento dos esgotos e desejos industriais. Outro parâmetro analisado é a cor, que se deve ao acúmulo de resíduos de origem mineral ou matéria orgânica dissolvida, causado por ferro e manganês, matérias húmicas, algas, protozoários etc.; sua importância é basicamente de ordem estética. A dosagem do alumínio é indicada em estações de tratamento, onde o sulfato de alumínio é utilizado como coagulante. Sua presença em condições alteradas é devido à quantidade elevada após o tratamento da água.

A turbidez na água é definida principalmente pela quantidade de partículas sólidas em suspensão, que diminuem a transparência e reduzem a transmissão da luz no meio. É importante também avaliar a temperatura da água, que está relacionada com o aumento do consumo de água, a fluoretação, a solubilidade e ionização das substâncias coagulantes, mudança do pH e com o processo de desinfecção. O flúor é aplicado na água para prevenir a cárie dental. Este procedimento se tornou obrigatório e sua presença indica qualidade da água.

Reflexão

Podemos afirmar que cada parâmetro físico e químico analisado na água possui uma metodologia de dosagem diferente. Para aprofundar na dosagem correta desses parâmetros, você pode estudar: 1. Manual prático de análise da água e 2. Manual de Controle da qualidade da água para técnicos que trabalham em ETAS.

Saiba mais acessando os links: http://www.funasa.gov.br/site/wpcontent/files_mf/manual_pratico_de_analise_de_agua_2.pdf e http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/manualcont_quali_agua_tecnicos_trab_emetas.pdf

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A classe especial pode ser destinada ao consumo humano, com desinfecção, à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. As outras podem ser classificadas segundo critérios físico-químicos, microbiológicos e toxicológicos, cuja destinação está descrita no Quadro 9.

Quadro 9 – Destinação da água doce segundo critérios de classificação do CONAMA nº 357/2005. Fonte: Brasil (2005).
CLASSES CLASSIFICAÇÃO
1 Pode ser destinada: ao abastecimento para consumo humano após tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
2 Pode ser destinada: ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto, e à aquicultura e à atividade de pesca.
3 Pode ser destinada: ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; à pesca amadora; à recreação de contato secundário e à dessedentação de animais.
4 Pode ser destinada à navegação e à harmonia paisagística.

As condições e os padrões de qualidade da água são estabelecidos para cada classe na Resolução do CONAMA nº357/2005, que estabelece e determina limites para cada parâmetro. Alguns destes valores e limites estão descritos no Quadro 10.

Quadro 10 – Condições e padrões da qualidade da água doce, conforme Resolução do CONAMA nº 357/2005. Fonte: Brasil (2005).
PADRÕES/CONDIÇÕES CLASSE 1 CLASSE 2 CLASSE 3 CLASSE 4
Aspectos visuais Visualmente ausentes, materiais flutuantes e espumas não naturais Visualmente ausentes, materiais flutuantes e espumas não naturais Visualmente ausentes, materiais flutuantes e espumas não naturais Visualmente ausentes, materiais flutuantes e espumas não naturais
Odor ou gosto visualmente ausente visualmente ausente visualmente ausente Não objetáveis
Parâmetros físico-químicos
Ph 6,0 - 9,0 6,0 - 9,0 6,0 - 9,0 6,0 - 9,0
Turbidez 40 NTU 100 NTU 100 NTU -
Parâmetros inorgânicos
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L 0,1 mg/L 0,2 mg/L -
Bário total 0,7 mg/L 0,7 mg/L 1,0 mg/L -
Berílio total 0,04 mg/L 0,04 mg/L 0,1 mg/L -
Cádmio total 0,001 mg/L 0,001 mg/L 0,01 mg/L -
Chumbo total 0,01mg/L 0,01mg/L 0,033 mg/L -
Cobalto total 0,05 mg/L 0,05 mg/L 0,2 mg/L -
Cobre dissolvido 0,009 mg/L 0,009 mg/L 0,013 mg/L -
Cromo total 0,05 mg/L 0,05 mg/L 0,05 mg/L -
Ferro dissolvido 0,3 mg/L 0,3 mg/L 5,0 mg/L -
Fósforo total ambientelótico 0,1 mg/L 0,1 mg/L 0,15 mg/L -
Lítio total 2,5 mg/L 2,5 mg/L 2,5 mg/L -
Manganês total 0,1 mg/L 0,1 mg/L 0,5 mg/L -
Níquel total 0,025 mg/L 0,025 mg/L 0,025 mg/L -
Prata total 0,01 mg/L 0,01 mg/L 0,05 mg/L -
Urânio total 0,02 mg/L 0,02 mg/L 0,02 mg/L -
Vanádio total 0,1 mg/L 0,1 mg/L 0,1 mg/L -
Zinco total 0,18 mg/L 0,18 mg/L 5 mg/L -
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O monitoramento da qualidade da água tem por finalidade detectar riscos inerentes ao consumo de água pela população. Os riscos surgem devido à grande variedade de produtos químicos como metais tóxicos, fertilizantes e pesticidas lançados nos rios que são potencialmente prejudiciais para a saúde. Para tanto, são utilizados parâmetros físico-químicos que permitem obter os níveis de poluição das bacias hidrográficas, o que favorece o diagnóstico e as previsões futuras de conservação e preservação.

A natureza físico-química de um rio é relatada por meio da influência de fatores espaciais, ambientais, climáticos, intemperismos, erosões, poluição, escoamento de áreas urbanas e agrícolas, esgoto, efluentes industriais e domésticos, que podem ser evidenciados como os elementos em suspensão ou dissolvidos, podendo ser carregados de um local para o outro e depositados em outros locais do seu trajeto.

Análise microbiológica da água

As interferências antropogênicas no ambiente de água doce têm grandes repercussões na comunidade bacteriana no geral e nas funções desse habitat, comprometendo a qualidade da água. Caracterizar a mudança da comunidade microbiana diante de um evento de poluição, principalmente causada por esgoto, fornece uma nova investigação da qualidade da água. 

As comunidades microbianas são compostas de microrganismos, marcadores de qualidade ambiental, cuja presença e abundância relativa refletem diretamente nas condições ambientais. Diversos estudos demonstraram que no ambiente aquático a comunidade bacteriana varia temporariamente e espacialmente, sendo influenciada pela química e temperatura da água, predação, pelo fornecimento de matéria (nutrientes), pela intensidade da radiação ultravioleta, pelo tamanho do habitat e fluxo de água.

A contaminação no ambiente aquático por agentes patogênicos é uma das principais preocupações em todo o mundo, acarretando em grande morbidade e mortalidade, necessitando controlar os poluentes e assegurar a qualidade da água. Existe muito debate sobre os coliformes indicadores de contaminação e suas capacidades de representar a presença potencial de bactérias patogênicas na água.

A contaminação patogênica em rios pode advir das pastagens, do escoamento superficial da água da chuva, do depósito direto de material fecal por animais, da descarga de esgotos sanitários contaminados, dos efluentes e das estações de tratamento de águas residuais. A transmissão pode ocorrer por meio direto, como a ingestão da água e em atividades recreativas, ou por meio indireto como a pesca e a ingestão de frutas/legumes crus que são irrigados com água contaminada.

Os microrganismos de origem fecal são reconhecidos como indicadores de contaminação em água. Estão presentes nos tratos intestinais de animais de sangue quente e são excretados nas fezes. Quando uma amostra de água é analisada, investiga-se o grupo dos coliformes para caracterizar a contaminação microbiana, os quais podem ser classificados como totais ou termotolerantes.

Os coliformes totais são representados por bactérias gram negativas, pertencentes ao grupo das enterobactérias, que fermentam lactose, com produção de ácido e gás, em até 48 horas, a 35ºC. Já os termotolerantes possuem as mesmas características, entretanto, com crescimento à temperatura entre 44ºC e 45ºC. Outras bactérias que também são comumente utilizadas como indicação de contaminação em ambientes aquáticos são os estreptococos, enterococose Bacteroides.

O monitoramento da contaminação da água superficial por coliformes é usado para gerenciar o tratamento de água potável e incentivar medidas de reparação, controle e preservação. A legislação brasileira do monitoramento dos corpos hídricos é a Resolução CONAMA nº 357/2005, e a legislação da potabilidade da água é a Portaria do MS nº 2.914/2011, delimitando e caracterizando a água por parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. Apesar de a legislação recomendar análise microbiológica apenas nos corpos de água, estudos têm demonstrado que bactérias de contaminação fecal são onipresentes e capazes de estar nos sedimentos e nas plantas aquáticas, podendo retornar aos corpos hídricos pela turbulência natural ou interferência humana, elevando as concentrações bacteriológicas e recontaminando a água.

As condições e os padrões de qualidade microbiológica da água são estabelecidos para cada classe na Resolução do CONAMA nº357/2005, que estabelece e determina limites descritos no Quadro 11.

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Quadro 11 – Condições e padrões microbiológicos da qualidade da água doce, conforme Resolução do CONAMA nº 357/2005. Fonte: Brasil (2005).
PADRÕES/CONDIÇÕES CLASSE 1 CLASSE 2 CLASSE 3
Parâmetros microbiológicos
Coliformes 200 coliformes termotolerantes em 100 mL, em 80% ou mais, de pelo menos seis amostras por ano, com frequência bimestral 1000 coliformes termotolerantes em 100 mL, em 80% ou mais, de pelo menos seis amostras por ano, com frequência bimestral 2500 coliformes termotolerantes em 100 mL, em 80% ou mais, de pelo menos seis amostras por ano, com frequência bimestral

Leitura complementar

Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras, Brasília. Capítulos 2, 3, 5, 8 e 9.

Manual prático de análise de água.

Manual de controle da qualidade da água para técnicos que trabalham em ETAS. Capítulos 3 e 4.

Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução No 357, de 17 de março de 2005.

Forum

Nessa semana vamos trabalhar o tema "Coleta de água, armazenamento, transporte e análises físico-químicas e microbiológicas.” Para isso, você deve fazer a leitura do material do curso e das leituras complementares indicadas e disponibilizadas e responder a seguintes questões:

  1. De acordo com os diferentes ambientes disponíveis para coleta de amostras de água (rios e lagos, cisternas, poços artesianos e torneiras), qual o procedimento correto de coleta de água em cada um dos ambientes?
  2. Após a coleta da água, as amostras devem ser transportadas e, em muitas situações, faz-se necessário adicionar conservantes para realizar o transporte e o armazenamento. Cite ao menos três tipos de conservantes, esclarecendo a forma de preparo e a aplicação de cada reagente utilizado como conservante.
  3. Ao chegar ao laboratório, as amostras de água devem ser direcionadas para análises físico-químicas. Quais os cuidados prévios se devem ter com o preparo das amostras de água direcionadas para dosagem de metais?
  4. As amostras de água direcionadas para verificação dos indicadores de contaminação microbiológica devem ter procedimentos sequenciais para identificação da presença de Escherichia coli (indicador de contaminação de coliformes na água). Descreva o procedimento correto para definição desse contaminante. 

Atividades (envie para seu tutor)

1) Quais as etapas para análise bacteriológica de uma amostra de água potável?

2) O que são coliformes termotolerantes?

3) Conhecendo a Escherichia coli, assinale a alternativa incorreta:
a) Bactéria do grupo coliforme
b) Microrganismos procarióticos autotróficos
c) Indicador de contaminação fecal recente.

4) Correlacione os itens a seguir com a descrição correta:

a) Coliformes totais ( ) Bacilos, gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, fermentam lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 +- 0,5 °C em 24-48 horas.
b) Coliformes termotolerantes ( ) Microrganismos procarióticos autotróficos, capazes de ocorrer em qualquer manancial superficial, especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com os efeitos adversos à saúde.
c) Escherichia coli ( ) Bactéria do grupo coliforme que fermenta lactose e manitol, com produção de ácido e gás a 44,5 +- 0,2 °C em 24 horas, sendo considerada o mais específico indicador de contaminação fecal recente e de eventual presença de organismos patogênicos.
d) Contagem de bactérias heterotróficas ( ) Determinação da densidade de bactérias que são capazes de produzir unidades formadoras de colônias (UFC), na presença de compostos orgânicos contidos em meio de cultura apropriada, sob condições preestabelecidas de incubação: 35,0 +- 0,5°C por 48 horas.
e) Cianobactérias ( ) Toxinas produzidas por cianobactérias, que apresentam efeitos adversos à saúde por ingestão oral, incluindo: microcistinas, cilindros permopsina, saxitoxinas.
f) Cianotoxinas: toxinas produzidas ( ) Subgrupo das bactérias do grupo coliforme que fermentam a lactose a 44,5+- 0,2°C em 24 horas, tendo como principal representante a Escherichia coli, de origem fecal.
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5) Assinale a alternativa falsa:
a) A turbidez da água sofre variações de acordo com a presença de diferentes quantidades de matéria orgânica e inorgânica e de microrganismos suspensos na coluna d’água.
b) Como a microbiota da água apresenta baixa diversidade, a maioria dos ambientes aquáticos é parecida, levando-se em conta o crescimento microbiano e os recursos presentes para que ele aconteça.
c) A presença de oxigênio em um corpo d’água está diretamente ligada à quantidade de matéria orgânica presente e à mistura da coluna de água.
d) O florescimento de algas, cianobactérias e plantas aquáticas, desencadeadas por altas quantidades de matéria orgânica, podem levar um sistema aquático à eutrofização.

6) Para auxiliar pesquisadores na identificação e detecção de organismos patogênicos, usam-se determinados tipos de bactérias. Assinale as alternativas que completam esta informação.
(  ) Coliformes totais, Coliformes termotolerantes e Escherichia coli são usados para auxiliar pesquisadores.
( ) Tendo feita a pesquisa, e o resultado apresentado apenas bactérias do grupo Coliformes termotolerantes, pode-se afirmar que o corpo d’água está contaminado com fezes de animais de sangue quente.
(  ) Os microrganismos desempenham um papel importante para a vida, porém é impossível usá-los para detectar outros tipos de microrganismos.
( ) Apenas quando as amostras apresentam resultado positivo para os três tipos de bactérias pode-se concluir que o corpo d’água está contaminado com organismos patogênicos.

7) Para a determinação da qualidade da água para consumo humano, diferentes características devem ser avaliadas, considerando-se os tipos de risco à saúde humana. Acerca desse tema, assinale a opção correta.
a) A qualidade da água, em saúde pública, deve ser avaliada essencialmente por características organolépticas.
b) O risco químico está mais frequentemente associado ao surgimento de doenças crônicas, após longos períodos de exposição, afetando sobretudo a população adulta.
c) O risco radiológico, em razão da dimensão dos seus efeitos adversos, deve ter redução prioritária em relação ao risco químico, independentemente do tipo de comunidade e do histórico do manancial.
d) Turbidez e dureza são consideradas variáveis de risco físico que geram perigo direto à saúde humana.

Doenças transmitidas por insetos vetores

Bem-vindos!

Esta aula tem como objetivo desencadear processos de formação e aprimoramento para que você, futuro especialista em Saneamento e Saúde Ambiental, se conscientize do seu papel científico e de cidadania no manejo das doenças transmitidas por insetos vetores nas populações rurais e tradicionais de sua proximidade, principal objeto de todas as ações derivadas do Termo de Execução Descentralizada (TED 05/2017). Este foi firmado entre a Funasa e a Universidade Federal de Goiás (UFG).

Em sua concepção, procuramos contextualizar a problemática das doenças de transmissão vetorial, considerando-se a epidemiologia, o ciclo de transmissão, a gravidade da doença, as situações de risco e medidas preventivas. Devido à sua magnitude, transcendência e vulnerabilidade, focaremos nas doenças transmitidas por insetos vetores. Nosso intuito primordial é somar esforços na construção coletiva de saberes e práticas direcionadas à elaboração e efetivação de estratégias de prevenir doenças vetoriais e promover a saúde.

Espera-se que a temática aqui abordada seja aplicável às suas necessidades e particularidades enquanto aluno, profissional da área de saúde, saneamento, meio ambiente e/ou recursos hídricos em prol da melhoria da qualidade de vida e saúde dos indivíduos e coletividade.

Desejo a todos um bom e produtivo estudo!

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Doenças de transmissão vetorial

Antes de iniciarmos nossa discussão, acredito ser importante entendermos alguns conceitos para adentrarmos ao tema proposto que, em decorrência de sua gravidade, tem sido alvo de estudos e discussões pelos pesquisadores, gestores e pela população em geral.

Doenças de transmissão vetorial, ou metaxênicas, referem-se àquelas doenças não transmitidas diretamente de pessoa para outra, pois requerem a participação de um artrópode ou inseto responsável pela veiculação biológica de parasitas e microrganismos ao ser humano e animais domésticos. Embora exista em todo o mundo uma gama de doenças com estas características, destacam-se a dengue, chikungunya, zika,febre amarela, malária, esquistossomose, tripanossomíase africana, leishmaniose, doença de chagas, encefalite japonesa, rickettsioses, febre maculosa, oncocercose e filariose.

Dados da OMS apontam que anualmente são contabilizados mais de um bilhão de pessoas infectadas e cerca de um milhão de mortes em decorrência dessas doenças transmitidas por vetores.

A Imagem 9 abaixo aponta os fatores que mais têm contribuído para a propagação dos vetores.Tais condições reforçam a problemática das doenças emergentes e reemergentes em todo o mundo, representando cada vez mais uma ameaça à saúde e à necessidade de espaço nas agendas de prioridades em saúde pública global.

Imagem 9 – Fatores que contribuem para a propagação de vetores.

Os insetos podem ser encontrados em quase todos os ecossistemas do planeta e possuem alto grau de adaptação. Seu CICLO DE VIDA inclui fundamentalmente uma fase aquática relativa às formas imaturas, ovo, quatro estádios larvais e pupa e uma fase terrestre, correspondente ao inseto adulto (Imagem 10).

Imagem 10 – Ciclo de vida de vetor inseto.

A maioria das pessoas associa os insetos a doenças, contudo, você sabia que eles são extremamente importantes para o ser humano e o ecossistema? Um dos seus principais benefícios é a polinização das plantas floríferas. Ainda possuem relevância no controle biológico de pragas e nas cadeias alimentares, servindo de alimento para várias espécies e alimentando-se de outras.

Trata-se de uma ciência que utiliza a aplicação do conhecimento da biologia dos insetos e outros artrópodes na área de investigações criminais. Atua como ferramenta de aporte na investigação e resolução de crimes, uma vez que os insetos primeiramente entram em contato com o local do crime e a vítima. Assim, podem inferir sobre o tempo decorrido entre a morte e o descobrimento do cadáver, bem como sobre o intervalo pós-morte.

Apesar de seus benefícios, muitos insetos causam danos à agricultura, pecuária e à saúde humana. Na agricultura e pecuária, o prejuízo pode estar diretamente relacionado ao vetor, quando os insetos se alimentam por mastigação ou sucção ou colocam seus ovos nas superfícies. De forma indireta, pode ser causado pela transmissão de doenças virais, bacterianas e fúngicas.

Com sua habilidade de carregar e espalhar doenças entre humanos, são responsáveis por mais de um milhão de óbitos mundialmente, representado, segundo dados da OMS, 17% de todas as doenças infecciosas na espécie humana.

Atualmente, mais de 80% da população mundial corre risco de contrair doenças transmitidas por vetores insetos, sendo que populações empobrecidas e residentes em áreas tropicais e subtropicais correm risco ainda maior. Embora existam várias doenças transmitidas por vetores insetos, no Brasil, enfatizaremos a dengue, zika, chikungunya, febre amarela, malária, Doença de Chagas, esquistossomose, leishmaniose e filariose.

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Quadro 12 - Principais doenças transmitidas por insetos no Brasil e seus vetores e agentes etiológicos.
Doenças Vetor epidemiológico Agende etiológico
Dengue Mosquito Aedes aegypti Vírus gênero Flavivirus
Doença de Chagas Inseto hematófago barbeiro Protozoário Trypanosoma cruzi
Esquistossomose Caracóis de água doce Platelminto Schistosoma mansoni
Febre amarela urvana e silvestre Mosquito gêneros Aedes e Haemagogus Vírus gênero Flavivirus
Leishmaniose Inseto flebotomíneo Protozoário gênero Leishmania
Malária Mosquito gênero Anopheles Protozoário gênero Plasmodium
Chikungunya Mosquito Aedes aegypti e albopictus CHIKV vírus - gênero Alphavírus
Filariose Mosquito Culex quinquefasciatus Verme nematelminte gênero Culex
Zika Mosquito Aedes aegypti Zika virus - gênero Flavivirus

Dengue

Por duas vezes, no período entre 1958 e 1973, o Ae. aegypti chegou a ser erradicado no Brasil. Todavia, em 1976, apareceram os primeiros registros da reintrodução do vetor, muito provavelmente em decorrência da ineficiência da vigilância epidemiológica, globalização, urbanização e mudanças ambientais e climáticas. As principais características dessa doença estão resumidas abaixo e merecem ser discutidas. Fica o convite!

CONCEITO AGENTE ETIOLÓGICO VETOR
Doença febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna na forma clássica, e grave quando se apresenta na forma hemorrágica. Constitui a arbovirose de maior impacto à saúde pública mundial, em particular em países tropicais. Nesses locais, as condições ambientais favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, seu principal vetor. Arbovírus (vírus transmitido por artrópodes)  do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae. Já foram identificados quatro sorotipos, denominados de DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, com distribuição heterogênea em todo o Brasil. Mosquitos do gênero Aedes. O Aedes aegypti, amplamente distribuído em todas as Unidades da Federação,  é encontrado principalmente em zonas urbanas e sofre alterações climáticas. Já o Aedes albopictus tolera baixas temperaturas e demonstra preferências por ambientes rurais, semissilvestres e silvestres. Ainda, na ausência de sangue humano, alimenta-se de néctar e de sangue de animais silvestres.

Reflexão

A infecção por um sorotipo do vírus da dengue induz imunidade permanente para o mesmo sorotipo (homóloga). Porém, uma segunda infecção, por um outro sorotipo (heteróloga), é um fator de risco para o desenvolvimento da forma grave doença.

TRANSMISSÃO CLÍNICA DIAGNÓSTICO
Ocorre pela picada da fêmea do mosquito Aedes Aegypti. Já foram registrados caos de transmissão vertical (gestante para filho) e por transfusão de sangue.  O Aedes albopictus é considerado o vetor de manutenção da dengue na Ásia e nas Américas e, embora já tenha sido identificado, não houve associação com a dengue. É inaparente até quadro hemorrágico e choque, podendo evoluir para óbito. Quadro clínico típico inicia-se com febre (superior a 38ºc)   de início repentino,   há menos de sete dias,  acompanhado de até dois desses sinais/sintomas: cefaléia ou dor retro-orbitária, mialgia, artralgia, letargia, exantema, náuseas ou vômitos e petéquias. Tratamento conforme classificação de risco. São necessários uma anamnese e um exame clínico acurado, com atenção para os sinais e sintomas de alerta. Realizar prova do laço, coletar sangue para realização de hemograma e plaquetograma, e posterior  sorologia e/ou NS1/isolamento viral. Ainda, considerar a situação epidemiológica, preencher o cartão e notificar.

Importante

Para o diagnóstico diferencial da dengue, é imprescindível pesquisar a história epidemiológica (viagens nas ultimas quatro semanas e contato vetores), avaliar eventual contato recente com doenças exantemáticas comuns na infância (rubéola, sarampo e escarlatina) e pesquisar situação vacinal.
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Zika

O vírus Zika foi isolado pela primeira vez em 1947, em sangue de macaco e em mosquitos da espécie aedes (stegomyia) africanus na floresta de Zika, na Uganda. No Brasil, mais precisamente no nordeste, foram identificados inúmeros casos com clínica compatível com febre da dengue, associados com microcefalia. Abaixo são apresentadas as informações mais relevantes dessa virose.

As evidências sobre a persistência do vírus Zika no sêmen, o seu potencial infeccioso e o impacto na transmissão sexual continuam a ser bastante discutidos no meio científico. Quer saber mais detalhes?

CONCEITO AGENTE ETIOLÓGICO VETOR
Doença febril aguda, autolimitada, com duração de três a sete dias, geralmente sem complicações graves. Contudo há manifestações neurológicas, microcefalia e até mortes. É uma arbovirose emergente de grande magnitude à saúde pública. No Brasil, foi identificada pela primeira vez em 2014. Trata-se do zika vírus (ZIKAV), usualmente transmitido ao homem pela picada de mosquitos do gênero aedes, dentre eles, o ae. africanus, ae. apicoargenteus, ae. vitattus, ae. furcifer, ae. luteocephalus, ae. hensilli e ae. aegypti. Nas Américas, o ae. aegypti é o predominate. O ZIKAV possui propismo pelo Sistema Nervoso Central. Ocorre especialmente pela picada do mosquito infectado, principalmente o aedes aegypti, em regiões tropicais e subtropicais. Há evidências de que a mãe infectada com o vírus zika pode transmiti-lo ao recém-nascido. Ainda, a  via sexual e por sangue e hemoderivados também têm sido mencionadas.
CLÍNICA DIAGNÓSTICO MICROCEFALIA
São comuns febre baixa (entre 37,8ºC e 38,5ºC), conjuntivite não purulenta, dor de cabeça, artralgia normalmente em mãos e pés, em alguns casos com inflamações das articulações, fatiga ou mialgia, astenia, rash maculopapular e, com menos frequência, dor retro-orbital, anorexia, vômitos, diarreia e dor abdominal. Considerar aspectos epidemiológicos de outras arboviroses. Por ser uma doença febril, possui amplo diagnóstico diferencial. Avaliar características clínicas e epidemiológicas, doenças prevalentes locais e eventos internacionais. Laboratorialmente é geralmente realizada por testes no soro ou plasma para detectar o vírus, ácido nucleico viral, ou imunoglobulina M específica do vírus de e anticorpos neutralizantes. Em fevereiro de 2016, foi confirmada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a relação entre a infecção pelo ZIKV durante a gravidez e a ocorrência de microcefalia, classificando esse evento como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII).

Importante

A doença desencadeada pelo vírus Zika passou a ser notificação compulsória a partir de fevereiro de 2016. Os casos suspeitos em gestantes e os óbitos são de notificação compulsória imediata (em até 24 horas).

Chikungunya

Segundo a OMS, embora a chikungunya não apresente altas taxas de mortalidade, possui grande impacto e gravidade, pois tem caráter epidêmico com clínica debilitante em detrimento da artralgia persistente, prejudicando, por conseguinte, a capacidade de realização das atividades de vida diária e qualidade de vida das vítimas.

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Há registros do vírus CHIKV em 1952 na Tanzânia, leste da África. Na ocasião, deu-se esse nome à doença porque que significa “aqueles que se dobram”, no idioma local, devido à aparência encurvada dos infectados em resposta à artralgia. No Brasil, a transmissão autóctone foi confirmada em 2014 e, desde então, tem sido alvo de pesquisas e tópico de discussão em saúde pública. Vamos estudar um pouco mais sobre essa doença?

CONCEITO AG. ETIOLÓGICO E VETOR TRANSMISSÃO
Uma arbovirose, também causada pelo Aedes aegypti, que tem como principal complicação dor persistente e  inchaço nas articulações, podendo perdurar por três meses. A viremia persiste por até 10 dias após o surgimento das manifestações clínicas. Trata-se do vírus Chikungunya (CHIKV),  gênero Alphavirus. A transmissão se dá por meio da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes Aegypti e Aedes albopictus, infectadas pelo CHIKV. Principalmente pela picada do mosquito infectado. Podem ocorrer casos de transmissão vertical (quase totalidade intraparto de gestantes virêmicas) e, muitas vezes, provoca infecção neonatal grave. Embora rara, há evidência transfusional.

Importante

Embora seja uma das arbovirores menos frequente, o número de vetor circulante, a quantidade de pessoas susceptíveis e o deslocamento de pessoas em áreas endêmicas contribuem para a possibilidade de epidemicas do CHIKV em todo o Brasil.

CLÍNICA DIAGNÓSTICO DOR E CHIKV
Doença sintomática na maioria dos casos (70%), diferente das outras arboviroses. Pode evoluir em três fases: 1- Aguda (febre de início súbito que dura até o 14º dia e poliartralgia); 2- Subaguda (persistência de dor articular até três meses), e 3- Crônica (dor articular persistente com dor musculoesquelética e neuropática). Avaliar a clínica (anamnese detalhada), aspectos epidemiológicos e laboratoriais. Utilizam-se a sorologia, PCR em tempo real (RT-PCR), e isolamento viral. Vírus afeta todas as idades e sexos, mas sintomas mais graves aparecem em recém-nascidos, idosos e portadores de doenças crônicas não transmissíveis. O quadro de dor articular deve ser amplamente investigado, pois impacta negativamente a capacidade física e laboral dos indivíduos. O inadequado manejo da dor está relacionado com a cronificação da doença e o aparecimento de depressão, estresse, fadiga e distúrbio do sono.

A maioria dos casos de chikungunya é sintomático e com dor persistente, sendo necessários cuidados específicos que demandam habilidade dos profissionais dos serviços de saúde. Do mesmo modo, na infecção pelo CHIKV existe a necessidade de uma abordagem eficaz no controle e manejo da dor, visando inclusive diminuir o tempo de doença clínica.

Vamos aproveitar o momento para falarmos da dor. Essa informação será importante para você atuar em qualquer dor, independente do quadro clínico. Para futuros especialistas, a dor tem sido considerada o quinto sinal vital, assim como a pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura. Assim sendo, ela deve ser avaliada em termos de duração, tipo e intensidade. Para tanto, recomenda-se utilizar a escala analógica visual de dor (AVA), como ferramenta de transformar dados subjetivos em objetivos, de forma a contribuir para o tratamento com maior eficácia.

Nessa simples, porém importante ferramenta de avaliação da dor, ao perguntar ao indivíduo o valor atribuído a sua dor (escala de 0 -10), deve-se explicar que zero (0) é ausência de dor e 10 (dez) a maior dor já vivenciada.

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Imagem 11 - Escala analógica “Visual de dor”.

Dica

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção Básica Chikungunhya: Manejo Clínico/ Ministérios da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção Básica. - Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 78 p.: il.

A dengue, zika e chikungunya possuem uma clínica muito semelhante, o que dificulta o diagnóstico médico, bem como a avaliação do próprio indivíduo. O quadro 13 visa lhe apresentar os principais sinais e sintomas dessas doenças, sem a pretensão que vocês sejam capazes de realizar diagnósticos, mas sim saberem identificar a clínica característica de cada arbovirose já apresentada nesse capítulo.

Clínica Dengue Zika Chikungunya
Febre
Duração
>38ºC
4 a 7 dias
Sem febre ou subfebril (≤38ºC)
1 a 2 dias subfebril
Febre alta >38ºC
2 a 3 dias
Rash Cutâneo
Frequência
Surge a partir do 4º dia
30% a 50% dos casos
Surge no 1º dia ou no 2º dia
90% a 100% dos casos
Surge no 1º dia ou no 5º dia
50% dos casos
Mialgia
frequência
+++ ++ +
Artralgia
intensidade
+
leve
++
leve / moderada
+++
moderada / intensa
Edema da articulação
intensidade
Raro Frequente
leve
Frequente
moderada / intensa
Conjuntivite Raro 50% a 90% dos caos 30% dos casos
Cefaleia +++ ++ +
Hipertrofia ganglionar + ++ +++
Discrasia hemorrágica ++ Ausente +
Risco de morte +++ + ++
Acometimento neurológico + +++ ++
Leucopenia +++ +++ +++
Linfopenia incomum incomum incomum
Trombocitopenia +++ Ausente (raro) ++
Quadro 13 - Características diferenciais das arboviroses dengue, zika e chikunguya (modificada). Fonte: Brito (2016).
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Febre amarela

A febre amarela é uma doença imunoprevinível e endêmica nas zonas tropicais da África e nas Américas Central e do Sul. Apesar de ter um ciclo silvestre e um urbano, os investimentos em saneamento e saúde de excelência conseguiram que o último caso de febre amarela urbana fosse registrado no Brasil em 1942, e todos os casos confirmados desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão. A forma grave da doença caracteriza-se clinicamente por manifestações de insuficiência hepática e renal, tornando os indivíduos ictéricos (amarelos), daí o nome febre amarela.

CONCEITO AG. ETIOLÓGICO E VETOR TRANSMISSÃO
Doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores. Possui dois ciclos de transmissão: o silvestre, onde a transmissão ocorre em área rural ou de floresta,  e o ciclo urbano (cidades e/ou comunidades). Trata-se de Arbovírus RNA do gênero Flavivirus, família Flaviviridae.  A febre amarela tem importância epidemiológica por sua gravidade clínica e potencial de disseminação em áreas urbanas infestadas pelo mosquito Aedes aegypti. No ciclo silvestre os gêneros Haemagogus e Sabethes  são os mais importantes na América Latina. No ciclo silvestre, os primatas são os principais hospedeiros e amplificadores virais, e os vetores são mosquitos com hábitos exclusivamente silvestres. O homem se infecta e se torna hospedeiro acidental ao adentrar nas áreas de mata. No urbano, o homem é o único hospedeiro com relevância epidemiológica, e a transmissão ocorre a partir do vetor Aedes aegypti infectado.

Em relação à transmissão da febre amarela, deve-se frisar:

Imagem 12 - Ciclo da febre amarela. Imagem adaptada de WHO (2018).
CLÍNICA DIAGNÓSTICO VACINAÇÃO
Apresenta febre de início súbita, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Ainda 15% apresentam a forma grave da doença, com quadro de hepatotoxidade e nefrotoxidade. Destes, a grande maioria evolui pra óbito. Avaliar a clínica (anamnese detalhada), os aspectos epidemiológicos e laboratoriais. Usa-se isolamento do vírus amarílico e detecção de antígeno em amostras de sangue ou tecido e por sorologia. Também podem ser realizados exames de histopatologia em tecidos pos morten. A vacinação é o meio mais importante para evitar a febre amarela. A vacina da febre amarela é segura e comportável, e uma dose única confere protecção para toda a vida contra a doença, não sendo necessária uma dose de reforço.
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Importante

O Brasil, desde 2017, adota o esquema vacinal gratuito de apenas uma dose de vacina contra febre amarela durante toda a vida, segundo recomendações da Organização Mundial da Saúde. Toda pessoa que reside em áreas com recomendação da vacina e pessoas que vão viajar para essas áreas de risco devem producrar uma unidade de saúde para vacinar.

Imagem 13 - Medidas de prevenção e controle de doenças transmitidas por insetos vetores

Prevenção, avaliação e controle de infecções inerentes à contaminação; toxinas naturais de plantas e fungos e substâncias químicas

Olá!

Esta etapa tem por objetivo propiciar a você, futuro especialista em Saneamento e Saúde Ambiental, conceitos básicos e primordiais para o conhecimento das normas para prevenção, avaliação e controle de infecções inerentes à contaminação, toxinas naturais de plantas e fungos, bem como substâncias químicas.

A preparação do texto foi baseada na perspectiva do cuidado integral à saúde, e não à doença (o modelo sistêmico, trabalhado na primeira etapa deste módulo), destacando-se o empoderamento, a corresponsabilidade e participação de diferentes atores sociais na discussão de práticas de atenção e promoção da saúde no ambiente rural, preocupada com a saúde ambiental, do consumidor e do trabalhador de comunidades rurais e tradicionais.

Imagem 14

Começaremos com os conceitos de contaminação alimentar, bem como suas etiologias. Posteriormente, os principais agentes de contaminação alimentar (micotoxinas, toxinas naturais de plantas e substâncias químicas) e, por fim, reflexões sobre a relevância da vigilância em saúde (como você pode conferir acima ). Trabalhamos todos os textos de forma articulada, porque o trabalho do especialista em Saúde Ambiental exige essa interlocução. Além disso, deve atuar de forma responsável, ética, qualificada, consciente da integralidade, pronto para a resolubilidade (capacidade de resolver problemas) e com a interdisciplinar e multiprofissional interação com o Estado, sempre atento à participação popular. As pessoas são o início e a finalidade das ações de vigilância.

Esperamos que, após a leitura desse material, você se sinta sensibilizado e ávido, empolgado para aprimorar seus conhecimentos e os saberes necessários à sua nova inserção profissional, sempre pronto a assistir e atender as especificidades dos indivíduos e a coletividade das comunidades rurais e tradicionais.

Contaminação

A CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS se dá quando ocorre a presença de qualquer material. Ela poderá ocorrer de três maneiras: física, química e biológica

Imagem 15 - Medidas preventivas para a proliferação de fungos

Micotoxinas

Os fungos, também denominados mofos ou bolores, são microrganismos encontrados em todos os ambientes úmidos, seja na água, atmosfera ou no solo. Acredita-se que existam milhares de espécies de fungos, sendo que algumas espécies atacam ou sobrevivem até em insumos agrícolas.

Alguns desses microrganismos podem causar alterações benéficas, como os fungos responsáveis pela fabricação de queijos, cervejas e bolos. Porém, muitos têm capacidade de germinar, crescer e produzir toxinas, chamadas de micotoxinas. Essas micotoxinas, quando ingeridas, inaladas ou absorvidas pela pele, são responsáveis por inúmeros eventos deletérios à saúde do indivíduo e da coletividade.

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As micotoxinas podem entrar na cadeia alimentar humana de forma direta ou indireta, como você pode conferir na Imagem 16 . O homem pode ser contaminado diretamente por meio do consumo de alimentos processados ou in natura (milho, cereais, castanha e amendoim). Já a contaminação indireta se dá pelo consumo de leite, carne e ovos de animais que se alimentaram com rações (milho e outros grãos) previamente contaminadas.

Imagem 16 - Contaminação humana por micotoxinas direta e indiretamente.

Muitas dessas toxinas são termoestáveis, ou seja, não são inativadas pelo tratamento térmico, tornando os alimentos inviáveis para o consumo, representando, assim, importante impacto na economia agrícola e saúde pública. Em todo o mundo, estima-se que um terço dos produtos agrícolas é afetado pelo crescimento de fungos durante algum processo de produção, transporte ou armazenado.

As micotoxinas podem causar intoxicação alimentar, chamadas de micotoxicoses, com manifestações distintas, iniciando-se especialmente no trato digestório e, posteriormente, causando lesões no fígado (hepatotoxicidade), nos rins (nefrotoxicidade), no cérebro (neurotoxicidade), bem como alterações no material genético (genotoxicidade).

Quadro 14 – Principais alimentos com potencial contaminação por micotoxinas e suas manifestações clínicas.
Principais alimentos Manifestações clínicas
Amendoim e milho Hepatotóxica, nefrotóxica e carcinogênica
Trigo, aveia, cevada, milho e arroz Nefrotóxica para suínos
Centeio e grãos em geral Gangrena nas extremidades e convulsões
Milho Câncer de esôfago
Cevada, café e vinho Hepatotóxica, nefrotóxica e carcinogênica
Milho, cevada, aveia, trigo e centeio Hemorragias, vômitos e dermatites
Cereais Baixa toxidade, síndrome de masculinização e feminizaão em suínos

Medidas de controle

Como os fungos se desenvolvem em todos os ambientes, e a identificação laboratorial ainda é uma alternativa cara e de baixa resolução, algumas medidas preventivas devem ser consideradas:

Imagem 17

Cabe destacar que, no Brasil, existe resolução específica (RDC 7/2011) para empresas que produzem, importam, distribuam e comercializam amendoim, cereais, café, especiarias, frutas secas e desidratadas, nozes e castanhas, suco e polpa de maçã e uva, vinho, leite e leguminosos e seus derivados. Tal resolução dispõe sobre os Limites Máximos de Loterados (LMT) para micotoxinas em alimentos.

Toxinas naturais de plantas

Há milhares de anos, as plantas têm sido utilizadas para prevenção e tratamento de doenças em humanos e animais. Contudo, algumas espécies podem produzir toxinas que, por inalação, ingestão ou contato, podem causar sérios problemas de saúde, inclusive a morte.

Se um indivíduo apresentar frequência cardíaca alta, pressão baixa, sudorese, cianose, fraqueza, inchaço e edema, em especial da garganta (prejudicando a deglutição), deve-se investigar se ele fez uso de alguma planta nos últimos 30 minutos.

Em caso de intoxicação oral por essas plantas, retire imediatamente o que resta da substância, lave abundantemente a boca com bastante água durante 5 a 10 minutos e não oriente ingerir água, leite e estimular o vômito. Já no contato cutâneo, lave o local por 10 minutos com água abundante e sabão e envolva o local com uma compressa limpa e úmida com água limpa. Em ambos os casos é importante procurar ajuda médica imediatamente, sempre levando a planta.

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Ainda que as plantas medicinais continuem representando importante recurso terapêutico, em especial em comunidades que não possuem acesso aos serviços de saúde, seu uso deve ser realizado com cautela, relembrando de utilização de plantas já tradicionalmente conhecidas e preparadas com água e/ou outras substâncias livres de sujidade .

Importante

As crianças são as principais vítimas de toxinas. Explique quais são as plantas tóxicas e mantenha-as fora do seu alcance.

Substâncias químicas

Atualmente, a contaminação do ambiente natural (águas superficiais e subterrâneas, solo, ar, flora e fauna) por substâncias químicas tem gerado importante e emergente impacto social e ambiental, pois o espaço modificado pelo homem potencializa os riscos à saúde. Dentre os principais contaminantes químicos temos os agrotóxicos, o mercúrio, amianto, benzeno e chumbo.

Os agrotóxicos têm sido utilizados em várias atividades, especialmente na agropecuária, silvicultura, produção industrial, nas madeireiras, no manejo florestal, na preservação de estradas, no controle de algas, nas endemias, nos insetos, nas larvas, na desinsetização e desratização. Essas substâncias são relevantes para proteger as culturas de pragas, doenças, plantas daninhas, mas, se não forem utilizadas conforme recomendações do fabricante e das legislações, podem ser nocivas.

Especialmente na agropecuária brasileira, com a modernização do campo e o modelo agroquímico de produção do país, o uso de agrotóxicos é prática cada vez mais comum. Infelizmente, o Brasil está entre os maiores consumidores de agrotóxicos do mundo, e a região Centro-Oeste ocupa o segundo lugar na comercialização.

O uso dessas substâncias químicas provoca um ciclo vicioso. Quanto maior o consumo, maiores são os desequilíbrios no ecossistema e maiores as necessidades de utilização, com doses mais intensas e com fórmulas com maior toxicidade. Os danos à saúde humana e os perigos e acidentes envolvendo a manipulação dos agrotóxicos estão diretamente relacionados ao uso incorreto, e não propriamente à sua toxicidade. Nesse sentido é necessário sensibilizar os povos rurais acerca dos riscos desses produtos, uma vez que a grande maioria, por questões econômicas, culturais ou mesmo desconhecimento dos riscos à saúde, acaba negligenciando as normas básicas indispensáveis para a saúde e segurança do trabalhador.

Reflexão

Se o uso correto de Equipamento de Proteção Individual (EPI) pode reduzir em até 100% a exposição aos agrotóxicos, porque sua utilização ainda é tão baixa?

Cabe destacar que a utilização indiscriminada e incorreta dos agrotóxicos ocasiona inúmeros agravos, não somente para o agricultor, mas também para o consumidor dos produtos agropecuários. Ainda, a contaminação ambiental e os resíduos de agrotóxicos nos alimentos podem causar efeitos deletérios à saúde das comunidades rurais próximas ao local de cultivo e residentes urbanos que possuem alguma forma de contato com esses locais.

A exposição a agrotóxicos pode levar a quadros de intoxicação leve, moderado ou grave, incluindo processos alérgicos, distúrbios gastrintestinais, endócrinos, respiratórios, neurológicos, reprodutivos e ainda neoplasias, mortes acidentais, invalidez e suicídios. A gravidade das alterações clínicas está diretamente relacionada à quantidade da substância absorvida, ao tempo de absorção, à toxidade do produto e, especialmente, ao tempo entre a exposição e o primeiro atendimento de saúde.

O Quadro 14 evidencia as recomendações para o primeiro atendimento a vítimas de intoxicações por agrotóxicos.

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Importante

Intoxicação com agrotóxicos:

  • Contato direto: preparo, aplicação ou qualquer tipo de manipulação com o produto.
  • Contato indireto: contaminação da água e ingestão de alimentos.
Imagem 18 - formas de intoxicação por agrotóxicos.

Após esse primeiro atendimento, a vítima deve direcionar-se à unidade de saúde mais próxima portando o rótulo ou a embalagem do agrotóxico, bem como a receita do engenheiro agrônomo.

Dica

Documentário "Semente: a história nunca contada": https://vimeo.com/253931223

Medidas de promoção da saúde, prevenção e controle de doenças, com enfâse na imunização

Esta aula tem por objetivo refletir sobre as medidas de promoção da saúde, prevenção e controle das doenças, destacando a imunização como uma das mais importantes medidas de prevenção.

A preparação do texto foi baseada nas principais políticas e nos programas de saúde criados pelo Ministério da Saúde e na atual situação de saúde do país.

“Quando a saúde está ausente, a sabedoria não pode se revelar, a arte não pode se manifestar, a força não pode ser exercida, a riqueza é inútil e a razão é impotente"

HEROPHILOS (335–280 a.C.).

Promoção da saúde e Prevenção das doenças

A partir do século XIX, as grandes transformações sociais causadas pela urbanização e a industrialização trouxeram mudanças nas condições de vida e de trabalho, levando ao aumento das doenças. Nesse momento, os médicos entenderam o processo da doença, relacionando-a com o meio ambiente, e começaram a tomar medidas para evitar sua disseminação e a promover comunidades saudáveis. 

Para refletirmos sobre promoção da saúde, temos que relembrar os conceitos de saúde vistos na primeira aula deste módulo, para que não fiquemos restritos à saúde como ausência de doença, e sim garantir saúde junto a todos os seus determinantes, como educação, trabalho, alimentação, meio ambiente, saneamento básico e lazer.

De acordo com a Política Nacional de Promoção da Saúde, criada pelo Ministério da Saúde, em 2006, promover saúde é melhorar a qualidade de vida e reduzir os riscos à saúde relacionados aos seus modos de viver, às condições de trabalho, à habitação, ao ambiente, à educação, ao lazer, à cultura, ao acesso a bens e serviços essenciais.

Diminuir sedentarismo aumentando a prática de atividades físicas, investir numa alimentação saudável, equilibrada, de qualidade, e investir em saneamento básico são medidas que podem ser adotadas e que não são dirigidas a nenhuma doença ou agravo em particular. Contudo, causam impactos positivos e atingem as causas mais básicas, melhorando, deste modo, a resistência do indivíduo e a saúde da população.

Seguindo essa lógica de pensamento, podemos refletir sobre quem e como podemos promover saúde.

Todos nós podemos e devemos promover saúde: o indivíduo, a comunidade, o estado, todos são responsáveis pela promoção da saúde.

Promover saúde é também empoderar, capacitar e educar o indivíduo e a comunidade para autonomia, aproximando as diferentes dimensões humanas, a fim de controlar os determinantes da saúde e aumentar a sua saúde. É instituída durante o viver, acumulando os saberes aprendidos na experiência de vida, trazidos pela ciência e pelas tradições culturais.

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Diferente da promoção da saúde, cujo foco são ações voltadas para a mudança no estilo de vida, nas condições sociais, econômicas e ambientais da população, as ações para prevenção e controle de doenças são focadas diretamente nas doenças, ou seja, a prevenção de doenças ou de agravos faz referência ao conceito de saúde anteriormente visto pela ausência de doenças.

Segundo o dicionário, o significado da palavra prevenir é “dispor com antecipação de modo que se evite mal ou dano”, ou, ainda, “impedir que algo aconteça”; ou seja, a prevenção de doenças estabelece uma ação antecipada, fundamentada no conhecimento da história natural de uma doença, para impossibilitar o seu surgimento, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações.

Para saber como prevenir, é preciso estudar os diferentes fatores que influenciam e interferem na transmissão e propagação de doenças, sua frequência, distribuição e evolução. Desta forma, a prevenção de doenças está totalmente vinculada à epidemiologia, que realiza todas essas investigações para saber como está a saúde da população.

As ações realizadas por meio de prevenção têm como objetivo reduzir a incidência de determinada doença e ainda visa reduzir as complicações e melhorar os índices de letalidade, de mortalidade e o tempo de sobrevida. A prevenção é norteada por ações de detecção, controle e diminuição dos fatores de risco ou causais e se apresenta em três níveis: prevenção primária, prevenção secundária e prevenção terciária.

As ações da prevenção primária estão divididas em dois níveis: a primeira está encarregada de desenvolver uma saúde de qualidade, na qual está inserido o conceito de promoção da saúde, e a segunda envolve ações de proteção específicas contra agentes patológicos ou criação de barreiras contra os agentes do meio ambiente.

Como ações da prevenção secundária, temos o diagnóstico e tratamento precoce e a limitação da invalidez. Por último, a prevenção terciária caracteriza-se por ações de reabilitação e redução da incapacidade do indivíduo.

Uma das medidas de prevenção primária relacionada à promoção da saúde, designada pelo Ministério da Saúde, foi a criação do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT, 2011-2022). Esse plano foi criado a fim de preparar o Brasil para enfrentar e deter as DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis), dentre elas as doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas e diabetes mellitus.

Essas doenças são a principal causa de mortalidade na maioria dos países, inclusive no Brasil. Em 2013, essas doenças constituíam um dos maiores problemas de saúde e correspondiam a cerca de 70% das causas de mortes, atingindo fortemente camadas pobres da população e grupos mais vulneráveis.

Como determinantes sociais das DCNT, são apontadas as desigualdades sociais, as diferenças no acesso aos bens e aos serviços, a baixa escolaridade, as desigualdades no acesso à informação, além dos fatores de risco modificáveis, como tabagismo, consumo de bebida alcoólica, inatividade física e alimentação inadequada, tornando possível sua prevenção.

Dentro das ações de prevenção primária para proteção específica contra os agentes patológicos temos a vacinação.

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Criadas a partir de vírus, bactérias ou toxinas enfraquecidas, as vacinas estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos que tornam os indivíduos imunes ou mais resistentes às ações dos agentes patógenos.

Mas, o que é Sistema Imunológico?

O sistema imunológico é um conjunto de células, tecidos e órgãos do nosso corpo que reage quando entra em contato com microrganismos estranhos (os antígenos), como parasitas, bactérias, vírus e fungos presentes no ambiente. Ele serve como uma defesa do corpo humano, uma proteção contra os antígenos que tentam invadir o nosso corpo.

O sistema imunológico age de duas formas: pela resposta natural, inata ou inespecífica, e pela resposta adquirida, adaptativa ou específica.

A resposta natural é a primeira linha de defesa do organismo, e já nascemos com ela. Reage rapidamente, de minutos a horas, contra os antígenos, por meio de barreiras físicas, químicas e biológicas, células e moléculas e outros mecanismos que já estão presentes no nosso corpo.

A resposta adquirida é desenvolvida mais lentamente, ao longo de dias ou semanas, após o contato com agentes infecciosos, e sua resposta à infecção aumenta a cada exposição sucessiva ao mesmo invasor. Nesse tipo de resposta são produzidos anticorpos, sendo o principal mecanismo de defesa contra microrganismos e suas toxinas. Os anticorpos identificam os antígenos, paralisam a infecção e eliminam estes antígenos.

Logo, as vacinas funcionam do seguinte modo:

Como a vacina funciona

Uma forma enfraquecida ou inativada do agente que causa a doença é introduzida no organismo. O sistema imunológico do corpo entra em ação gerando os anticorpos, assim, se no futuro o indivíduo entrar em contato com o agente causador dessa doença novamente, os anticorpos produzidos pela vacina vão destruir esses agentes e impedir que causem a doença.

As vacinas estão entre as principais conquistas da saúde no mundo. No Brasil, desde o início do século XIX, elas são utilizadas como medida de controle de doenças e, historicamente, são o meio mais efetivo e seguro para se combater e erradicar doenças infecciosas.

Há mais de 1000 anos, os chineses trituravam as crostas das feridas da varíola e inoculavam-nas por via nasal para adquirirem imunidade contra a varíola, denominando essa ação de variolação.

Em 1796, Edward Jenner, na Inglaterra, modificou o método da variolação. Ele injetou em James Phipps, uma criança de 8 anos, a primeira vacina elaborada de pústulas da mão de uma ordenhadora que havia contraído a varíola bovina. No primeiro contato com o vírus, a criança teve febre e algumas lesões, mas sua recuperação foi rápida. Logo após, o cientista pegou o fluido da ferida de outra pessoa com varíola e novamente inoculou no menino; semanas depois, ao entrar em contato com o vírus, o garoto não desenvolveu a doença.  Por isso, o termo “vacina” é derivado de “vaca” e passou a ser utilizado para qualquer inoculação protetora.

“Deus não pode querer que Sua obra seja maculada, permitindo que se inocule no homem a linfa de um ser inferior, como é a vaca”

Papa Pio VII

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Imagem 19 - Obra “Siete a conoscenza di questi scandali sui vaccini nel corso della storia?”, que questiona os dilemas envoltos na vacinação ao longo da história. Fonte: https://comedonchisciotte.org/siete-a-conoscenza-di-questi-scandali-sui-vaccini-nel-corso-della-storia/

Vídeo sobre a história da vacina:

Entretanto, no Brasil, a vacina antivariólica só chegou em 1804, e foi buscada na Europa, a pedido dos fazendeiros baianos.

Imagem 20 - Cronograma histórico das vacinas no Brasil. Imagem adaptada de Sociedade Brasileira de Imunizações.

Por meio da vacinação, o Brasil já conseguiu erradicar a varíola em 1971 e eliminar outras três doenças imunopreveníveis: a poliomielite em 1994, a rubéola em 2015 e o sarampo em 2016. Porém no início de 2019, o Brasil perdeu o certificado de erradicação do sarampo fornecido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), devido à presença da doença por mais de 12 meses no Brasil, principalmente na região Norte do país.

Somente no ano de 1973 se instituiu o Programa Nacional de Imunizações (PNI), iniciando uma nova etapa na história das políticas de saúde pública na área da prevenção. O programa tem caráter transversal, pois tem como alvo todos os grupos etários (crianças, adolescentes, adultos, gestantes e povos indígenas). Foi criado para organizar a política nacional de vacinação da população brasileira, definir os calendários de vacinação considerando a situação epidemiológica, o risco, a vulnerabilidade e as especificidades sociais, e tem como missão o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis.

O Brasil é referência mundial em vacinação, pois tem um dos calendários de vacinação mais completo, garantindo à população brasileira acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

São 19 vacinas que conferem proteção para muitas doenças (Quadros 15 e 16). O PNI oferece gratuitamente 19 tipos de vacinas que conferem proteção para muitas doenças (Quadros 15 e 16), além de soros e imunoglobulinas e também vacinas especiais para grupos em condições clínicas específicas disponíveis nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).

Quadro 15 – Vacinas oferecidas pelo PNI.
VACINAS OFERECIDAS PELO PNI
BCG
T (Dupla adulto) – tétano e difteria
DTP (Tríplice bacteriana infantil) – difteria, tétano e coqueluche
dTpa (Tríplice bacteriana adulto) – difteria, tétano e coqueluche
Febre amarela
Hepatite A
Hepatite B
Influenza
Meningocócica C (conjugada)
HPV - Papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante)
Pentavalente (DTP/Hib/HepB)
Pneumocócica 10 valente
Pnemumocócica 23 valente (casos especiais)
Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
Antirrábica humana
Varicela
VIP (Vacina inativa da poliomielite)
VOP (Vacina oral poliomielite)
VORH (Vacina oral rotavírus humano)
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Quadro 16 - Doenças preveníveis por vacinas no Brasil.
DOENÇAS PREVENÍVEIS POR VACINAS NO BRASIL 
Catapora
Caxumba
Coqueluche
Difteria
Doenças causadas pelo Haemófilo B
Doenças meningocócicas
Doenças pneumocócicas
Febre amarela
Hepatite A
Hepatite B
HPV
Influenza
Poliomelite
Raiva humana
Rotavirose
Rubéola
Sarampo
Tétano
Tuberculose

A redução da morbidade e da mortalidade por doenças imunopreveníveis só é possível se os índices de cobertura vacinal forem altos e homogêneos. Porém, a taxa de cobertura vem caindo nos últimos anos. O Ministério da Saúde tem alertado sobre o risco da volta de doenças que já não circulavam no Brasil, como o sarampo e a poliomielite. Entre as principais causas da queda estão: o próprio sucesso do PNI, já que, como houve redução das doenças, as pessoas desconhecem os danos causados por elas; os horários de funcionamento das unidades de saúde incompatíveis com as novas rotinas da população; os movimentos antivacinais que circulam nas redes sociais, causando dúvidas sobre a segurança e eficácia das vacinas, bem como a inadequada alimentação dos sistemas de informação do PNI.

Dentre as doenças imunopreveníveis, existem algumas que podem ser transmitidas pela falta de higiene, devido à ingestão de água e aos alimentos contaminados, como hepatite A, a rotavirose e a poliomielite. Há ainda aquelas transmitidas pelas condições precárias de saneamento básico (esgoto a céu aberto, presença de água parada e resíduos sólidos), que podem contribuir para o surgimento de insetos e parasitas transmissores de doenças, como a febre amarela e a dengue.

De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2016, 83,3% da população brasileira eram abastecidas com água potável, somente 51,9% da população tinham acesso à coleta de esgoto e apenas 44,9% do esgoto do país eram tratados.

Enfim, ações de promoção da saúde e prevenção e controle de doenças devem caminhar juntas, para que possam garantir melhor qualidade de vida e condições de saúde a toda a população.

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