Tecnologias Digitais e Ensino de História: experiências e possibilidades
106Resumo: Os avanços tecnológicos contemporâneos dos últimos anos ganharam atenção da sociedade em geral conforme passaram a ser incorporados nas vidas das pessoas. Muitas vezes, esse processo de incorporação é silencioso, como parece ser o caso das tecnologias de conversação regidas por inteligência artificial (IA). Entretanto, saltos ou eventos disruptivos nesse processo de desenvolvimento podem chamar a atenção de maneira mais aguda, em alguns estágios de desenvolvimento dessas tecnologias. Há alguns anos, atendentes virtuais, em serviços de call center ou conversação via chat (chatbot) estão presentes nas vidas das pessoas, prestando serviços cada vez mais próximos de atendentes humanos. Até há pouco, tecnologias quase imperceptíveis, o lançamento de um chabot no fim de 2022 fez emergir grande interesse sobre os atuais avanços da IA: o Chat GPT, modelo de linguagem capaz de responder de forma natural e precisa, mobilizando um grande volume de informações. Após seu lançamento, muitas questões surgem acerca das relações entre IA e educação, considerando a grande capacidade do Chat GPT de responder potencialmente qualquer tipo de questão, com certa originalidade e grande precisão. Igualmente, as relações entre tecnologias estruturadas a partir de IA e o ensino de História têm grande relevância. Esse trabalho busca apresentar como o Chat GPT e as inteligências artificiais podem ser benéficas no ensino de História, a fim de abranger o aprendizado do estudante, também adaptando a seu nível de compreensão, assim como melhorar a abordagem dos docentes com os discentes na área de História.
Palavras-chave: Ensino. História. Chatbot.
1. Introdução
Os avanços de tecnologias digitais de comunicação e informação (TDICs) têm grande potencial para ressignificar a relação das pessoas com a sociedade e a cultura e,igualmente, com as ciências e o conhecimento em geral. Recentemente, tem sido dada especial atenção aos potenciais e desafios colocados pelas tecnologias de Inteligência Artificial (IA), presente por exemplo nos robôs de bate-papo (chatbots), comuns em muitos atendimentos em meio digital, como assistentes virtuais por voz (“Alexa”, da Amazon; ou “Siri”, da Apple) ou por mensagem (atendimento automatizado diverso).
As tecnologias de IA já estão disseminadas em nosso cotidiano, embora seus avanços recentes as tornaram temas de conversas, reportagens, e interesses em geral. Os avanços nessas tecnologias alçaram os chatbots a níveis surpreendentes de capacidade de comunicação e sistematização de informações, como no caso do Chat GPT, modelo de linguagem lançado no fim de 2022 e desenvolvido pela empresa OpenIA. O Chat GPT é um dos mais avançados e populares robôs de inteligência artificial abertos para interação pública, sendo capaz de produzir, a partir da interação via chat, diálogos baseados em informações captadas na internet, organizadas por avançada tecnologia de linguagem natural (emulação da linguagem humana) e aprendizagem de máquina - diálogos esses sobre qualquer tema, com grande clareza, precisão e naturalidade.
Embora tenha recebido grande atenção nos últimos meses, o Chat GPT não é o único chatbot com tais características, nem mesmo esses robôs de conversação são a única frente de avanço expressivo da IA. Ferramentas produtoras de imagens, de vídeos, de conteúdos diversos, de apresentações digitais, de códigos para programas para computadores, etc. estão cada vez mais avançadas e disponíveis.
Nesse contexto, saber como interagir com a IA em contextos específicos é certamente o diferencial para seu uso significativo. No caso de contextos educacionais fazer a pergunta certa (formular o prompt, na linguagem da computação) é determinante para o possível caráter formativo de seu uso. Compreendida como capacidade de se conectar com os saberes históricos - constituir sentido a partir da experiência temporal (RÜSEN, 2015), a formação histórica pode se aproveitar do expressivo volume de informações históricas instantaneamente disponibilizadas por ferramentas de IA, como o Chat GPT, bem como da possibilidade de usar de diferentes modos tais informações.
107Refletir sobre e experimentar práticas de ensino de História que se utilizem de ferramentas de inteligência artificial se colocam como desafios instigantes para reflexões acerca do ensino de História no mundo contemporâneo. Tais reflexões por certo podem contribuir com a compreensão das interfaces entre história e vida, a partir de discussões acerca da circulação social do conhecimento histórico, e de suas diferentes modalidades - acadêmica, escolar e pública - bem como das relações dessas diferentes dimensões entre si, e com as pessoas que as produzem.
A problematização das práticas associadas ao aprender e ao ensinar História pode receber, pois, importantes impulsos ao se propor diálogos com as tecnologias que marcam cada vez mais o mundo transformado pela revolução digital. Diante de uma ferramenta que é capaz de fornecer em segundos respostas completas e precisas, indistinguíveis das produzidas por especialistas, ou imagens originais, dentre outras funcionalidades, debates importantes aparecem para educação em geral e para o ensino de História em específico: questões acerca da originalidade de trabalhos, da facilidade de acesso à informações, do papel do docente como mediador na formação histórica dos estudantes, bem como acerca das possibilidades e desafios dos usos das ferramentas de IA, cada vez mais populares interessantes para estudantes da educação básica. Todas essas questões ilustram a relevância de se discutir as relações entre ensino de História e IA no contexto das aulas de história.
2. Metodologia
Reflexões sobre limites e possibilidades dos usos de tecnologias digitais, particularmente da Inteligência Artificial (IA), passa pela sistematização dessas discussões, pela constituição de referenciais teórico, conceituais e metodológicos consistentes para esse trabalho, pela busca por uma compreensão das características gerais do funcionamento dessa tecnologia, bem como da possibilidade da produção de experiências didático-pedagógicas sobre esse uso. Desse modo, será desenvolvida uma revisão sistemática da literatura acerca dos usos da IA na educação em geral e nas aulas de História em específicos. A referida revisão da literatura visa constituir um estado da arte a partir do qual as demais etapas da pesquisa sejam embasadas. Ademais, a mencionada revisão será realizada em repositórios de artigos científicos (Google Acadêmico, Scielo, Web of Science). Em seguida, será produzido um mapeamento das ferramentas baseadas em IA com potenciais para usos educacionais no contexto do ensino de História, sobretudo ferramentas produtoras de conteúdos, como os chatbots, geradores de imagens, roteiros, etc. Por fim, desenvolverá propostas pedagógicas voltadas para o ensino de História baseadas em IA.
3. Resultados e discussão
O desenvolvimento do projeto tem como primeira etapa a realização de um levantamento bibliográfico acerca dos usos da inteligência artificial de chatbots na sala de aula em geral, e ensino de História especificamente. Em seguida será realizado um mapeamento e sistematização de trabalhos desenvolvidos com inteligência artificial para a sala de aula em geral e, particularmente, para as aulas de História.
Com isso, podemos elaborar propostas pedagógicas do uso de ferramentas de inteligência artificial, particularmente o ChatGPT em aulas de História, divulgando os resultados da pesquisa em eventos acadêmicos a fim de expandir o conhecimento coletado ao longo do projeto.
Finalizamos então com a produção dos relatórios referentes ao desenvolvimento da pesquisa.
No efetivo instante, estamos realizando a primeira etapa da pesquisa: o levantamento bibliográfico, que é de suma importância para aprofundarmos o conhecimento já existente sobre o tema por todo o globo, e assim, trazer veracidade a nossa investigação.
1084. Considerações Finais
O projeto “Tecnologias digitais e ensino de história: experiências e possibilidades” ainda está em desenvolvimento, portanto não proporcionaram resultados finais até o presente momento, porém vale ressaltar que avançamos a cada período.
Tendo em vista que se trata de um projeto que visa melhorar o ensino para os docentes e discentes, esperamos que nossa pesquisa consiga contribuir para o ambiente acadêmico de forma positiva. De acordo com Baidoo-Anu e Ansah (2023), alguns estudos foram realizados para analisar se o Chat GPT e a IA teriam alguma importância para os estudantes, e os resultados mostraram que existe uma necessidade de inserir novas tecnologias que possam melhorar a aprendizagem do aluno de acordo com suas limitações, ou seja, o estudo acabou por revelar “...que o agente conversacional foi capaz de fornecer explicações que foram adaptadas aos equívocos dos estudantes e se adaptou ao seu nível de compreensão.” (BAIDOO-ANU; ANSAH. 2023, p. 55).
Os autores também afirmam que o próprio Chat GPT identifica se há algum problema e apresenta diversas possibilidades para o usuário, desta forma, reconhecendo com rapidez as prioridades e necessidades do mesmo. “O estudo mostrou que o modelo foi capaz de compreender o conhecimento dos estudantes e se ajustar à dificuldade dos problemas a gerando adequadamente.” (BAIDOO-ANU; ANSAH. 2023, p. 56.)
Baidoo-Anu e Ansah (2023) finalizam sua tese afirmando que é interessante utilizar as ferramentas de IA com segurança e que devem ser respeitadas, ou seja, não abusar de tal tecnologia. A utilização desses aplicativos devem ser incentivadas, mas com moderação. Pensando nisso,
108Dado o aumento da IA mesmo nos espaços de trabalho, integrar ferramentas generativas de IA na sala de aula e ensinar aos alunos como utilizá-las de forma construtiva e segura também poderia prepará-los para prosperar num ambiente de trabalho dominado pela IA depois da escola. Portanto, os educadores poderiam aproveitar modelos generativos de IA, como o ChatGPT, para apoiar a aprendizagem dos alunos. (BAIDOO-ANU; ANSAH. 2023, p. 59.)
Com isso, nosso desafio com esse projeto é desenvolver propostas pedagógicas para o ensino de História baseadas nestas ferramentas tecnológicas tão importantes para o aprendizado nos dias atuais. O aumento do uso de IA por parte dos discentes deve-se à facilidade de aprender e se adaptar rapidamente, e precisamos estar preparados para as mudanças que eventualmente surgem, e consequentemente evoluir com elas.
5. Referências
BAIDOO-ANU, David; ANSAH, Leticia Owusu. Education in the Era of Generative Artificial Intelligence (AI): Understanding the Potencial Benefits of ChatGPT in Promoting Teaching and Learning. Journal of Ai, 12/09/2023. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/369385210_Education_in_the_Era_of_Generative_Artificial_Intelligence_AI_Understanding_the_Potential_Benefits_of_ChatGPT_in_Promoting_Teaching_and_Learning> ; Acesso em 03 de nov. de 2023.
BERNARDO, Nairim. Conheça o ChatGPT e suas possibilidades de uso na Educação. Nova Escola, 2023. https://rb.gy/a6vho Acesso em 27 de abr. de 2023.
STEIW, Leandro. Com o ChatGPT, a engenharia de prompt desponta como uma nova profissão. Insper, 2023. https://rb.gy/sirr2 Acesso em 30 de abr. de 2023.
Notas
1. Discente da Licenciatura em História, Universidade Federal de Goiás.
2. Docente da Faculdade de História, Universidade Federal de Goiás.
3. Tradução da autora. Original: “The study showed that the conversational agent was able to provide explanations that were tailored to students' misconceptions and was able to adapt to their level of understanding.”(BAIDOO-ANU; ANSAH. 2023, p. 55)
4. Tradução da autora. Original: “The study showed that the model was able to understand students' knowledge and to adjust the difficulty of the problems it generated accordingly.” (BAIDOO-ANU; ANSAH. 2023, p. 56)
5. Tradução da autora. Original: “Given the increase in AI even in workspaces, integrating generative AI tools in the classroom and teaching students how to use it constructively and safely could also prepare them to thrive in an AI-dominated work environment after school. Therefore, educators could harness generative AI models like the ChatGPT to support students' learning. (BAIDOO-ANU; ANSAH. 2023, p. 59)