Roberto Yuri Domingos da Silva
robertoyuri0707@gmail.com

EIXO
Programas e Projetos para formação de professores

Sala Ambiente no Ensino de Geografia e Interdisciplinaridades uma Pesquisa Bibliográfica e Inspirada no: CEPI - Carlos Alberto de Deus

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Resumo: O trabalho utiliza de uma revisão bibliográfica baseada em: trabalhos, livros, revistas e documentos oficiais sobre as temáticas que envolvem as salas ambiente no contexto do ensino básico, inspirado também na sala ambiente do CEPI - Carlos Alberto de Deus, na cidade de Goiânia. Foi comprovado a necessidade de orientação para direcionar através dessa pesquisa a continuação da construção da sala ambiente com um custo monetário zero, ou custo baixo, em relação a produção dos materiais que farão parte da sala ambiente. A pesquisa bibliográfica também tenta responder aqui a importância da sala ambiente para a Geografia e também para demais áreas das ciências humanas. A proposta final, é demonstrar que os estudantes podem participar ativamente na construção da sala ambiente, com montagem de mapas mentais e mapas conceituais, através dos pensadores da área, fazendo ainda a ponte entre os outros professores que usam a sala, da área de ciências humanas.

Palavras-chave: Palavra. ELEB. Pesquisa. Educação Básica. RP. Sala Ambiente

1. Introdução

Segundo Penin (1997) a sala ambiente é uma ferramenta já conhecida no âmbito escolar, no entanto, é pouco utilizada. O educador pode desenvolver ambientes que instiga e motiva os estudantes, gerando um contexto de imersão à ciência abordada. Na sala ambiente objetiva-se desenvolver uma sala com elementos geográficos, mapas, globos, cartazes e bandeiras, adicionando mais corpo de sala ambiente mas ainda percebe-se que ficam em segundo plano na aula.

Tais espaços poderiam ser melhorados e enriquecidos, esta é a ideia das salas ambientes, a possibilidade desse enriquecimento e suas multiplicidades com modificações na organização espacial convencional, rompendo com algumas formas repetitivas de ensinar ou fazer escola (PENIN, 1997). Além de facilitar o trabalho do professor, pois na sala ambiente subentende ter todo o material necessário para as aulas, poupando tempo ao lecionar.

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O objetivo do texto é discutir sobre as potencialidades de salas ambiente por meio de construções realizadas em conjunto com os discentes, utilizando da “práxis” na elaboração da ambientação e no planejamento dela, tendo como objetivo final um espaço da sala de aula mediada pela construção coletiva do conhecimento, verticalizando as ideias de Cavalcanti (2012) e a sistematização dos conhecimentos prévios na perspectiva dos próprios discentes.

As atividades construídas nesses espaços podem gerar incentivos aos estudantes, assim, com um grande potencial de fortalecer o pertencimento ao lugar da escola, tal qual Santos (1988) fala sobre o lugar como espaço de vivência. Além de desenvolver perspectivas geográficas em um didática específica (LIBÂNEO, 1994) e até mesmo desenvolver atividades artísticas de seu cotidiano como fundamento transversal ao ensino-aprendizagem presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 2018). Ademais, a sala ambiente possibilita uma aproximação entre o estudante e a ciência geográfica que permite o professor dinamizar os processos de aprendizagem com seus alunos.

A metodologia da pesquisa baseia-se na abordagem qualitativa, de cunho empírico, exploratório e em relação aos procedimentos é uma pesquisa pautada em análise bibliográfica e documental. O trabalho tem como objetivo discutir, planejar e construir uma sala ambiente no Colégio CEPI Carlos Alberto de Deus em conjunto com os discentes e professores, promovendo reflexões geográficas durante o processo da implementação do projeto e posteriormente em aulas exercidas neste espaço.

2. Referencial Teórico

Com vistas a trazer um enfoque sobre o ensino-aprendizagem geográfico para a formação cidadã e a utilização de elementos cartográficos, para construção de mapas mentais e mapas conceituais pelos próprios estudantes de o CEPI - Carlos Alberto de Deus, foram utilizadas obras e teorias de autores como Cavalcanti (2012) para pensar o estudo da Geografia na Escola, e entender isso a partir da sistemática de sistematização do percurso didático pedagógico proposto por Cavalcanti (2014;2019).
Richter (2010) traz uma contribuição para a exploração dos mapas mentais em sala de aula, e como os estudantes montando os mapas mentais, podem se localizar e se integrarem ao espaço sociocultural da atualidade;
Com Callai (1999);Paganelli (2007) e Martinelli (2003) o referencial decai sobre o ensino de Geografia e as perspectivas para que o aluno entenda os conceitos chaves através dos diversos meios de ensinar a geografia através das linhas de pensamento: lugar, paisagem, território, região na perspectiva do espaço como sugerido por Milton Santos (1998).
Penin (1997) e suas análises sobre a Sala ambiente e suas potencialidades no âmbito escolar como meio de potencializar a visão, memorização, articulação e interdisciplinaridade conforme é sugerido na LDB 9394(1996), aludido a tentativa de buscar referências que comprove que para criar ou melhorar uma sala ambiente não é necessário muito, além da força de vontade e conexão entre a sociedade escolar (professores, comunidade social, alunos, coordenação e diretoria).
Já através das perspectivas de Naves (2014); Silva (2022); Santos (2018); Canto (2022) existe o pensamento das questões sobre a sala ambiente no próprio ensino de Geografia, de como a articulação de apropriação e pensar o espaço, são estimadas. E ainda, como a pesquisa procura a diferença entre sala ambiente e sala temática, e o modo de montar essa sala, ficou válido quando foi incorporado teoricamente o que dispões Moreira (1980, 2010): “Mapa Conceitual, para fazer sentido em uma sala ambiente, deve ser elaborado em conjunto por todos.”

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3. Metodologia

Na presente pesquisa optou-se pelo uso do método indutivo. Quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho exploratório e em relação aos procedimentos é uma pesquisa pautada em análise bibliográfica e documental conforme supracitado os teóricos e as teorias usadas desde Cavalcanti(2019) até Richter(2010). Já em relação ao CEPI - Carlos Alberto de Deus, a pesquisa irá explorar maneiras de melhorar a sala ambiente conforme as orientações de Penin(1997).
A revisão bibliográfica deve ser avaliada juntamente com o professor preceptor e a direção da escola na viabilização da proposta da ambientalização em sala de aula na escola e o planejamento, levantando recursos necessários e os caminhos metodológicos para a execução do projeto, quando pertinente e finalização desse projeto. Partindo disso, juntamente com o professor preceptor de Geografia do projeto da Residência Pedagógica (BRASIL, 2012), professores residentes e estudantes do CEPI Carlos Alberto de Deus, será realizada a aplicação da pesquisa, construindo por meio de percursos didáticos, elaboração de mapas e mapas conceituais pelos discentes do CEPI, do Ensino Médio além de desenvolvimento dos recursos didáticas selecionados pela coordenação da escola no campos das Ciências Humanas.

3.1 CEPI - Carlos Alberto de Deus

O Colégio Estadual Período Integral, em Goiânia, no bairro Cidade Jardim, está carente de matrículas, e a sala ambiente estimula os alunos a permanecerem também na escola, segundo Penin (1997). Por este motivo, a metodologia bibliográfica, seria a melhor forma de orientação para o colégio, e a prospecção de novos alunos. Ainda com alguma parte da sala montada, somente poucas carteiras levam os mapas pregados

Figura 1: Mesa d Sala de Aula com Mapa na Carteira no CEPI - Carlos Alberto de Deus
Fonte: Foto tirada por Roberto Yuri na Sala de Aula com Mapa na Carteira no CEPI - Carlos Alberto de Deus, ano 2022.
Figura 2: Mesa da Sala de Aula com Mapa na Carteira no CEPI - Carlos Alberto de Deus
Fonte: Foto tirada por Roberto Yuri na Sala de Aula com Mapa na Carteira no CEPI - Carlos Alberto de Deus, ano 2022.
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Figura 3: Alguns mapas no fundo da sala de aula: Mapa Múndi, Mapa de Goiás e Mapa do Brasil
Fonte: Foto tirada por Roberto Yuri na Sala de Aula com Mapa na Carteira no CEPI - Carlos Alberto de Deus, ano 2023.

3.2 Diferenças entre Mapas Mentais e Mapas Conceituais

Existe a preposição e proposta das salas ambientes serem construídas, pois através da pesquisa bibliográfica com custo baixo, utilizando dos próprios alunos e projetos paralelos no contraturno das aulas juntamente com os grêmios que pertencem na aula. Assim se faz necessário demonstrar que mapas mentais estão presente para além de conceitos, assim como o autor Denis Richter (2010) relata:

“Além de registrar as diferentes escalas de análise sobre a cidade, a construção desses mapas mentais está associada, na maioria dos casos, ao nível de detalhamento das informações contidas no espaço, ou seja, da representação da cidade até onde da rua ocorre, geralmente, uma sensível diferença na quantidade das informações apresentadas.( RICHTER, 2010).

Para além dessa perspectiva, é fundamental perceber como se comporta a construção de um mapa mental:

Figura 4: Mapa Mental de uma importante Av. de São Paulo, construída por um aluno para pesquisa do Geógrafo Dr. Denis Richter.
Fonte: Mapa Mental ( RICHTER, 2010).

Já em relação ao Mapa Conceitual que deve ser construído em conjunto por todos ele, se dá através de conceitos aprendido ao longo das aulas, deve ser em conjunto para que todos tenham a integração do que está sendo proposto, já que cada um tem um jeito de ver o mapa mental, para que não ocorra a explicação do mesmo, faz-se necessário de acordo com Moreira(1980) que o mapa conceitual deve fazer sentido e ter significado. Segue abaixo exemplo de Mapa Conceitual.

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Figura 5: Mapa Conceitual, explicação dos processos para a significância do seu uso e o ensino aprendizagem.
Fonte: Mapa Conceitual - ( MOREIRA e BUCHWEITZ, 1993)

6. Resultados e Discussões

A bibliografia referente ao tema, mostra que é possível planejar e construir uma sala ambiente, criando um espaço de imersão com elementos cartográficos, mapas mentais, mapas conceituais, associados à ciência geográfica, interligada com o cotidiano dos estudantes, ou até mesmo melhorar um espaço pré-existente como é o caso da Sala Ambiente no CEPI Carlos Alberto de Deus. Nisso, espera-se a participação dos discentes em todos os processos; desde a construção do ambiente até o processo de ensino-aprendizagem mediado pelos professores. Por fim, visa-se a execução de eventos a serem realizados na sala ambiente( PENIN, 1997), podendo também ter um viés multidisciplinar com diferentes áreas do conhecimento juntamente com a geografia valorizando o extra-escolar dos estudantes (BRASIL, 1996).

Foi possível também constatar que não precisa de muito dinheiro para que o projeto possa acontecer, uma vez que é necessário uma impressora e estudantes animados e dispostos a construírem um novo modo de atuação nessas salas interdisciplinares de: Geografia, História, Filosofia e Sociologia (Ciências Humanas).

Notadamente também, é claro que uma sala ambiente, ela tem a proposta de agregar no conhecimento dos alunos, aguçando a visão e a compreensão através das ciências humanas, tornando a diferença entre sala ambiente e sala temática completamente diferentes, já que na sala temática, existe a ausência dos saberes das ciências integralizadores conforme orientação da BNCC (BRASIl, 2018).

Ainda nesse mesmo pensamento, abaixo, se encontram imagens de outras instituições de referidas propostas da interdisciplinaridade como sala ambiente:

Figura 6: Sala Interdisciplinar entre Física e Geografia proposta por alunos do EJA.
Fonte: Periódico Escola Mariana, Porto Velho - Rondônia.
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E no colégio em Aracajú, Sergipe, o entendimento entre o interdisciplinar e a sala ambiente deu resultados promissores, de um fortalecimento do ensino aprendizagem conforme ilustrado na imagem abaixo, de uma das salas do Colégio Santo Antônio:

Figura 7: Trabalhando com salas transdisciplinares construídas pelos próprios estudantes em parceria com professores.
Fonte: Facebook, Colégio Santo Antônio, Aracajú, Sergipe. Ano 2020.

5. Considerações Finais

O custo para criar ou melhorar uma sala ambiente é relativamente baixo( PENIN, 1997), pois precisa somente de cooperação dos estudantes para montar mapas e gráficos e a orientação do professor( PENIN, 1997), além de uma impressora, assim todos conseguem contribuir para a expansão das ideias da sala ambiente.

Para plastificar os mapas mentais e conceituais e fixá-los na sala, custa em média 1 real por folha. ( A escola pode dar a verba, ou alunos montarem uma vaquinha/rifa, ou outros eventos integradores para arrecadar o dinheiro ).

A sala ambiente do referido estudo, diferente da sala temática(PENIN, 1997), satisfaz o que se mostra para o âmbito do ensino aprendizagem, quando é possível trabalhar com mapas mentais, mapas conceituais em salas ambientes, para compreensão do espaço sociocultural (CAVALCANTI, 2012) e a realidade crítica com cada didática específica de cada conteúdo das ciências humanas (LIBÂNEO, 1994) em que os estudantes se encontram pela Geografia(CAVALCANTI, 2019) o que pode ser trabalhado também na interdisciplinaridade (BRASIL, 2018).

Foi possível comprovar através da pesquisa, que a interdisciplinaridade traz benefícios para o ensino aprendizagem. Por trazer a possibilidade de ambientes colaborativos interdisciplinares (BRASIL, 2018) assim como a proposta da sala ambiente.

5. Referências

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CAVALCANTI, Lana de Souza . O ensino de geografia na escola . Campinas, SP: Papirus, 2012. p. 45 – 47.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Pensar pela Geografia: ensino e relevância social. Goiânia: C&A Alfa Comunicação, 2019. COUTO, M. A. C

GIRARDI, Gisele; A cartografia e os mitos : ensaios de leitura de mapas. São Paulo, 1997. Dissertação (Mestrado em Geografia), FFLCH – USP.
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Notas

1. Graduando Licenciatura Geografia - Universidade Federal de Goiás - IESA ( Instituto de Estudos Socioambientais.