Aryadne Rodrigues Moreira (IFG)
aryadnerm@hotmail.com

Leticia Caroline Ordones Ferraz Fonceca (IFG)
leticiaferrazfonceca@gmail.com

Estudo sobre a Evasão no Curso de Licenciatura em Pedagogia

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Resumo

O presente trabalho tem por objetivo analisar a evasão do curso de Licenciatura em Pedagogia do IFG – Campus Goiânia Oeste, o referido curso foi criado já no início da crise econômica e política do país. Um dos últimos campus criados no programa de expansão na Rede Federal de ensino em 2014, mas mantem o perfil pensado na sua concepção, com a ênfase para a formação do Educador Social. Para a análise, foi realizada a pesquisa dos dados junto ao Portal de Dados Abertos do Brasil, onde foi encontrada uma base com os dados de ano de matricula, renda per capita, raça/cor/etnia, etc. dos alunos matriculados nos semestre entre 2014 a 2018/1. Após a análise foi verificado um perfil dos alunos analisados (2014/1 até 2018/1), pode-se dizer que 84% dos matriculados são mulheres, com 40,92% dos alunos com renda per capita entre 1 e 2,5 salários mínimos, 60,31% dos alunos com raça/cor/etnia autodeclarada pretos e partos, 56,62% com idade entre 25 e 49 anos. Sobre a evasão, foi verificada ainda uma taxa média de saída de 31,08%, sendo as turmas de 2015/2 e 2014/2, foram as turmas com maior, 51,43% e menor, 15,38% desistência do curso, respectivamente. Dos alunos que deixaram o curso é possível dizer que há maior proporção de saída dos homens, menor desistência de alunos com a renda per capita entre 1,5 salário mínimo e 2,5 salários mínimos, e uma saída maior por parte de pessoas brancas e com idade entre 50 a 62 anos.

Palavras-chave: Pedagogia. Evasão. IFG.

Introdução

O curso de Licenciatura em Pedagogia completou 5 anos em 2018 conquistando o conceito 5 na avaliação do MEC (Ministério de Educação), e mesmo com a avaliação positiva do Projeto Pedagógico do Curso (PPC), classificado como compatível “com a realidade e as demandas da sociedade, pautada no crescimento educacional pessoal” de acordo com o Diretor do Campus professor Ubaldo Eleutério da Silva (IFG, 2018), ainda se fazem necessários estudos em relação ao perfil dos alunos, e das questões sobre a evasão objetivando diagnósticos para o aprofundamento do debate educacional. Sendo um problema que afeta todas as modalidades de ensino, o IFG criou o Plano Estratégico de Permanência e Êxito, em 19 de março de 2018, tendo como objetivo realizar um diagnóstico da instituição a respeito do motivo da evasão em casa campus (IFG, p.21. 2018). Realizada nos 14 câmpus do Instituto, o documento ressalta que “iniciativas já foram e são realizadas nos câmpus com este objetivo, mas são ações isoladas, pontuais e, que, poderiam ser institucionalizadas de forma a contribuir para que o IFG cumpra efetivamente e com eficiência o seu papel social” (IFG, 2018, p. 20), destacando a preocupação da instituição com as questões que tratam o Plano. O presente trabalho visa estudar o perfil socioeconômico dos estudantes que evadiram do curso de Licenciatura em Pedagogia do IFG - Câmpus Goiânia Oeste nos cinco primeiros anos de funcionamento, de 2014 a 2018, tendo em mente o perfil especifico do curso, por meio da realização de uma pesquisa bibliografia para a construção dos conceitos envolvidos e o levantamento de dados da situação das matriculas do período estudado.

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Discussão Teórica

As licenciaturas passam a ser uma preocupação da Rede Federal de Educação Tecnológica a partir da transformação de três Escolas Técnicas Federais (Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro) em CEFETs (Centros Federais de Educação Tecnológica), primeiramente com, pela LEI Nº 6.545, DE 30 DE JUNHO DE 1978 tendo como objetivo:

I -ministrar ensino em grau superior: graduação e pós-graduação, visando à formação de profissionais em engenharia industrial e tecnólogos; de licenciatura plena e curta, com vistas à formação de professores e especialistas para as disciplinas especializadas no ensino de 2º grau e dos cursos de formação de tecnólogos; II - ministrar ensino de 2º grau, com vistas à formação de auxiliares e técnicos industriais; III - promover cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização, objetivando a atualização profissional na área técnica industrial; IV - realizar pesquisas na área técnica industrial, estimulando atividades criadoras e estendendo seus benefícios à comunidade mediante cursos e serviços (BRASIL, 1978).

Na Lei de criação dos IFs foram acrescidos mais objetivos, dando maior atenção a formação docente, incluindo nos objetivos a ministração de “cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica” (BRASIL, 2008).

Segundo Tavares (2012) o papel dos IFs nesse período de 2003-2010, seria de:

Promover o desenvolvimento do país por meio da oferta a população de ensino pesquisa e extensão”, (...) “Formar professores para suprir a carência de profissionais habilitados enfrentada pela educação básica” e (...)”Formar técnicos, tecnólogos e engenheiros em áreas específicas, de modo a contribuir para o desenvolvimento de setores estratégicos da economia nacional (TAVARES, 2012, p.10).

Apesar do projeto de expansão para os Institutos Federais, essa expansão ocorreu de forma diferente em vários estados, até porque para que ocorresse era necessária uma parceria de estados e/ou municípios, em Goiás por exemplo são duas instituições com 26 unidades no estado, atendendo juntas mais de 18 mil alunos de forma presencial (DADOS, 2018). Para a abertura de novos Campus e cursos é desenvolvido um estudo pelo Observatório do mundo do trabalho do IFG, que tem por objetivo realizar o levantamento das carências locais, tanto nas licenciaturas quanto nos cursos tecnológicos, para o desenvolvimento econômico da região.

Sobre o ensino superior no Brasil, é inegável o aumento de vagas últimos anos. Em 1995 o número de IES (Instituições de Ensino Superior) eram de 894, dessas apenas 210 públicas, o número total estudantes era de 1.759.703, mas 60% desses estudantes estavam em instituições privadas. Em 2015, o número de IES passou a ser 2.364. Entre essas somente 295 são públicas. Apesar de um crescimento de mais de 164% do total das IES, as universidades públicas cresceram não mais que 40%, já a quantidade de alunos em 2015 era de 8.027.297, desses só 25% em instituições públicas (MEC I, 1995-2015).

Esse crescimento concentrado em IES privadas afasta a possibilidade dos alunos pobres aumentarem sua escolaridade, visto que, para esses até mesmo ingressar em uma instituição pública demandaria gastos mínimos, para os quais necessitariam de apoio para permanência, sendo assim essa ampliação não contribui para a redução das desigualdades entre grupos sociais (ZAGO, 2006).

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Ao se tratar do Ensino Superior no Brasil é necessário ter em mente que apesar do aumento das vagas, ele ainda é um nível deficitário. De acordo com o Observatório do PNE (Plano Nacional de Educação), em 2015, a taxa de escolarização superior bruta era de 34,6% enquanto a taxa líquida era de 18,1%, ainda distante do objetivo da meta 12 do Plano, que pretende elevar a taxa de escolarização líquida para 33% e a bruta para 50% (MEC, 2019).

Para esse estudo serão utilizadas a definição de evasão na Nota Informativa nº 138/2015 SETEC/MEC sendo:

1. A evasão decorre do desligamento do estudante de um curso, caracterizada em diversas situações, tais como: abandono, pedido de cancelamento de matrícula, transferência interna ou externa. Neste caso, não há mais qualquer vínculo de matrícula do estudante com a instituição.

Zago (2006) ressalta que é necessário manter a atenção nos estudantes antes excluídos do sistema educacional, para além do acesso, é importante que se pense políticas públicas para a sua permanência e êxito. A busca por qualificação, para atender o mercado de trabalho, cresceu significativamente no Brasil nos últimos anos. A necessidade de especialização contribuiu para o aumento das matrículas nas instituições de ensino superior. Juntamente com esse fenômeno, vem o da evasão.

A evasão no ensino superior tem sido uma preocupação no mundo todo, e no Brasil não é diferente. O problema é visto como um desperdício tanto no setor público, quanto no privado, visto que nas instituições públicas são recursos investidos sem o retorno esperado e nas privadas é uma perda de receita (SILVA FILHO, 2007).

Estudar a evasão é um campo vasto e complexo que envolve questões pedagógicas, psicológicas, sociais, políticas, econômicas, administrativas, entre outras. Partindo deste pensamento, é possível fazer um levantamento dos diferentes fatores relacionados à decisão dos alunos de ensino superior de evadir do curso. O fenômeno da evasão na educação superior é um fenômeno no qual uma só causa (ou fator) não atua sozinha para a sua efetivação, ela está relacionada à grande diversidade do sistema e à especificidade de cada instituição.

Fregoneis (2002) por meio de pesquisa quantitativa conclui que a reprovação nas disciplinas consideradas difíceis influência na decisão de continuar ou não os estudos e que os critérios de avaliação adotados pela instituição contribuem para que o aluno desista do curso.

Algumas profissões que incluem traços altamente valorizados como Direito, Engenharia e Medicina e geram expectativas de altos salários, emprego garantido, inteligência elevada, dificuldade nos estudos e riqueza. Enquanto outras, como as licenciaturas, são marcados pela falta de prestígio social, levando à redução da demanda nos vestibulares, pois as atividades profissionais são socialmente pouco reconhecidas, vinculadas a salários menores e a falta de garantia de emprego (ROZENSTRATEN, 1992 apud TIGRINHO, 2008).

Dowd e Coury (2006) indicam que, quando a situação financeira do aluno é desfavorável, reduz a possibilidade de o mesmo permanecer na IES. Sendo assim, é importante que existam políticas voltadas para a permanência dos estudantes nas universidades. O poder financeiro da população tem caído, em função da má distribuição de renda e do desemprego recorde, fatores que faz com que a possibilidade de aumento da escolaridade diminuía em todos os níveis.

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Dentre objetivos dos IFs esta, ministrar cursos em nível de educação superior, realizando ainda uma reserva das vagas ofertadas para garantir que seja ofertado no mínimo de 20% das vagas para “cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação de professores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional” (BRASIL, 2008). Destacando a importância das licenciaturas dentro dos Institutos Federais, para a formação de novos professores, e aperfeiçoamento de professores já atuantes. Principalmente levando esse tipo de formação para áreas que não possuem ou possui pouca oferta de educação superior principalmente das licenciaturas.

A evasão é um contraponto a esse esforço de interiorização dos IFs, sendo um problema que afeta todas as modalidades e níveis de ensino, o IFG criou o Plano Estratégico de Permanência e Êxito, em 19 de março de 2018, tendo como objetivo “realização de diagnóstico das causas de evasão e retenção, proposição de políticas que sejam capazes de criar ações administrativas e pedagógicas, de modo a ampliar as possibilidades de permanência e êxito dos estudantes no processo educativo” (IFG, 2018, p.21). A pesquisa foi realizada nos 14 campus do Instituto e os fatores de evasão foram divididos em Fatores individuais, Fatores Internos e Fatores Externos. O documento também ressalta que “iniciativas já foram e são realizadas nos câmpus com este objetivo, mas são ações isoladas, pontuais e, que, poderiam ser institucionalizadas de forma a contribuir para que o IFG cumpra efetivamente e com eficiência o seu papel social” (IFG, 2018, p.20), destacando a preocupação da instituição com as questões que tratam o Plano.

A análise realizada pelo Plano Estratégico se restringe a fatores que influenciaram na evasão ou na transferência dos alunos, entre os anos de 2014 e 2015, delimitando ações para a redução da evasão e retenção dos alunos, sendo necessária maior avaliação dos resultados dessas ações na prática do curso.

O câmpus Goiânia Oeste foi instituído na expansão da Rede Federal, suas atividades começaram em março de 2014, o curso possui em sua proposta uma ênfase na educação social com o seguinte eixo e perfil da formação, sendo o único com essa ênfase em Goiânia:

Educador social com ênfase na práxis social em distintos processos educativos formais e não formais, os quais estão previstos conhecimentos pedagógicos. O Educador social constitui-se como universalidade instituída pela indissociabilidade de particularidades, tais como: Formação docente: ação educativa, política e cultural; Formação científica: pesquisa como princípio formativo; Formação epistemológica: fundamentos filosóficos sócio-históricos da educação; Formação didático-pedagógica: fundamentos e metodologias do ensino; Formação profissional: atuação nos distintos processos educativos (escolares e não escolares) e Formação social: sociedade-ciência-tecnologia (mídias sociais) (IFG, 2014, p. 3).
380

Metodologia

A partir dos dados será realizada uma análise dos dados socioeconômicos dos estudantes que deixaram o curso de Licenciatura em Pedagogia do IFG, no período de 2014 a 2018. As informações foram retiradas do Portal Brasileiro de Dados Abertos. Desta base foram utilizadas apenas os dados sobre o curso analisado, totalizando 325 matrículas nos anos de 2014 e 2018, com as seguintes variáveis: Câmpus, Ano letivo de Início, Período Letivo de Início, Curso, Modalidade, Tipo de ensino, Sexo, Nível, Renda per capita, Etnia, Ano de nascimento e Situação de matricula, ressaltando as omissões de informações de duas variáveis: renda per capita e etnia, que foram respectivamente 125 e 2.

As informações serão analisadas de forma quantitativa, por meio de estatística descritiva, investigando o perfil dos alunos que deixaram o curso, estão inclusos na analises as seguintes situações de matricula: Evasão, Cancelado, Cancelamento Compulsório e Transferido Externo.

Análise dos Dados

Para analisar esse recorte é necessário ter em mente a totalidade dos alunos do curso, para isso foi elaborada a Tabela 1, com as informações de sexo, renda per capita, etnia e idade de ingresso e situação de matricula dos alunos dos 9 períodos de 2014 a 2018/1.

Tabela 1. Perfil de todos as matriculas. Fonte: Elaboração Própria.
Sexo Renda
Total M F Não Inf Rfp <= 0,5 Sm 0,5 Sm < Rfp <= 1 Sm 1 Sm < Rfp <= 1,5 Sm 1,5 Sm < Rfp <= 2,5 Sm 2,5 Sm < Rfp <= 3 Sm Rfp > 3 Sm
325 53 272 125 11 21 61 72 14 21
% 16,31% 83,69% 38,46% 3,38% 6,46% 18,77% 22,15% 4,31% >6,46%
Etnia Idade
Total Preta Parda Indígena Branca Amarela Não declarado 18-24 25-49 50-62
325 35 161 2 120 5 2 126 184 15
% 10,77% 49,54% 0,62% 36,92% 1,54% 0,62% 38,77% 56,62% 4,62%

Situação da Matricula
Total Cancelado Matriculado Evasão Aguard. Colação de Grau Trancado Transf. Externo Cancelamento Compulsório Saída do curso
325 20 209 70 8 7 9 2 101
% 6,15% 64,31% 21,54% 2,46% 2,15% 2,77% 0,62% 31,08%
381

O curso se mostra predominantemente feminino, com a maior parte possuindo renda per capita entre 1 salário mínimo e 2,5 salários mínimos, autodeclarados pretos e pardos e com idade na data da matricula de 25 a 49 anos. Se considerar que para o PNE (MEC, 2019) a idade apropriada para se cursar a graduação seria dos 18 aos 24 anos, é possível afirmar que o curso é escolhido por pessoas que estão fora da idade apropriada para ingressar na faculdade, realizando a inclusão desse público que não teve a possibilidade de cursar o ensino superior em idade adequada.

Em analise a variável situação de matricula temos que 31,08% dos alunos deixaram o curso, e esses terão enfoque na tabela 2.

Tabela 2. Perfil socioeconômico dos alunos que deixaram o curso. Fonte: Elaboração Própria.
Sexo Renda
Total M F >Não Inf Rfp <= 0,5 Sm 0,5 Sm < Rfp <= 1 Sm 1 Sm < Rfp <= 1,5 Sm 1,5 Sm < Rfp <= 2,5 Sm 2,5 Sm < Rfp <= 3 Sm Rfp > 3 Sm
101 20 81 67 4 4 9 10 0 7
% 19,80% 80,20% 66,34% 3,96% 3,96% 8,91% 9,90% 0,00% 6,93%
Etnia Idade
Total Preta Parda Indígena Branca Amarela Não declarado 18-24 25-49 50-62
101 11 47 1 41 1 0 39 57 5
% 10,89% 46,53% 0,99% 40,59% 0,99% 0,00% 38,61% 56,44% 4,95%
382

Comparando as duas tabelas é possível verificar uma maior proporção de saída dos homens, uma menor desistência de alunos com a renda per capita entre 1,5 salário mínimo e 2,5 salários mínimos, e uma saída maior por parte de pessoas brancas e com idade entre 50 a 62 anos.

Tabela 3. Comparação entre as tabelas 1 e 2, variação de entrada e desistência. Fonte: Elaboração Própria.
Sexo Renda
M F Não Inf Rfp <= 0,5 Sm 0,5 Sm < Rfp <= 1 Sm 1 Sm < Rfp <= 1,5 Sm 1,5 Sm < Rfp <= 2,5 Sm 2,5 Sm < Rfp <= 3 Sm Rfp > 3 Sm
3,49% -3,49% 27,88% 0,58% -2,50% -9,86% -12,25% -4,31% 0,47%
Etnia Idade
Preta Parda Indígena Branca Amarela >Não declarado 18-24 25-49 50-62
0,12% -3,00% 0,37% 3,67% -0,55% -0,62% -0,16% -0,18% 0,34%
383

Para uma análise mais focal, serão apresentados a seguir o perfil socioeconômico dos alunos que ingressaram no semestre de 2015/2 e os dados da turma que teve início em 2014/2, por se tratarem das turmas com maior e menor desistência do curso, respectivamente.

Na tabela 4 temos demonstrado o perfil socioeconômica dos alunos que se matricularam no curso no ano de 2015/2, tendo um perfil mais masculino do que a visão geral do curso, com a maior concentração de alunos com renda per capita entre 1 salário mínimo a 2,5 salários mínimos, mantendo a predominância parda, e de idade entre 25 e 49 anos. O destaque da turma se deu pelo alto índice de desistência do curso, sendo que 51,43% dos alunos cancelaram, se transferiram ou evadiram do curso até o 6º período.

Tabela 4. Perfil Socioeconômico dos alunos ingressantes no semestre de 2015/2. Fonte: Elaboração Própria.
Sexo Renda
Total M F Não Inf. Rfp <= 0,5 Sm 0,5 Sm < Rfp <= 1 Sm 1 Sm < Rfp <= 1,5 Sm 1,5 Sm < Rfp <= 2,5 Sm 2,5 Sm < Rfp <= 3 Sm Rfp > 3 Sm
2015/2 35 10 25 8 1 3 8 11 0 4
% 28,57% 71,43% 22,86% 2,86% 8,57% 22,86% 31,43% 0,00% 11,43%
Etnia Idade
Total Preta Parda Indígena Branca Amarela Não declarado 18-24 25-49 50-62
35 5 19 10 1 13 21 1
% 14,29% 54,29% 0,00% 28,57% 2,86% 0,00% 37,14% 60,00% 2,86%
Situação Matricula
Saídas Total Cancelado Matriculado Evasão Aguardando Colação de Grau Trancado Transferido Externo Cancelamento Compulsório
18 35
2
17 15 0 0 1 0
51,43% %
5,71%
48,57% 42,86% 0,00% 0,00% 2,86%
0,00%
384

Destacando na tabela 5 esses 18 alunos, se tem uma saída maior dos alunos com renda per capita menor, que possuem renda entre menos de meio salário mínimo e um salário. É observado também uma maior desistência dos alunos autodeclarados brancos, visto que dos 10 ingressantes, apenas 2 ainda estavam matriculados em 2018/1. Na variável da idade é possível verificar que o único ingressante com 50 anos ou mais desistiu do curso.

Tabela 5. Perfil socioeconômico dos ingressos da turma de 2015/2 que deixaram o curso. Fonte: Elaboração Própria.
Sexo Renda
6º período Saída total M F Não Inf Rfp <= 0,5 Sm 0,5 Sm < Rfp <= 1 Sm 1 Sm < Rfp <= 1,5 Sm 1,5 Sm < Rfp <= 2,5 Sm 2,5 Sm < Rfp <= 3 Sm Rfp > 3 Sm
2015/2 18 5 13 8 1 2 4 1 2
51,43% 27,78% 72,22% 44,44% 5,56% 11,11% 22,22% 5,56% 0,00% 11,11%
Etnia Idade
Preta Parda Indígena Branca Amarela Não declarado 18-24 25-49 50-62
2 8 8 6 11 1
11,11% 44,44% 0,00% 44,44% 0,00% 0,00% 33,33% 61,11% 5,56%
426

Também foi segregado na tabela 6 os dados da turma de 2014/2, para a análise visto que era a turma como menor evasão e já se encontrava no 8º período. Com a maior proporção de entrada feminina dos anos analisados, a turma manteve o padrão na variável renda e na predominância parda. É possível verificar um maior ingresso de pessoas com idade entre 25 e 49 anos de idade, tendo em mente o percentual geral do curso é 56,62% o dessa turma em especifico é quase 25% maior.

Tabela 6. Perfil Socioeconômico dos alunos ingressantes no semestre de 2014/2. Fonte Elaboração Própria.
Sexo Renda
Total M F Não Inf Rfp <= 0,5 Sm 0,5 Sm < Rfp <= 1 Sm 1 Sm < Rfp <= 1,5 Sm 1,5 Sm < Rfp <= 2,5 Sm 2,5 Sm < Rfp <= 3 Sm >Rfp > 3 Sm
2014/2 26 1 25 2 0 4 11 9 0 0
% 3,85% 96,15% 7,69% 0,00% 15,38% 42,31% 34,62% 0,00% 0,00%
Etnia Idade
Preta Parda Indígena Branca Amarela Não declarado 18-24 25-49 50-62
2 14 10 4 21 1
7,69% 53,85% 0,00% 38,46% 0,00% 0,00% 15,38% 80,77% 3,85%
td td tdSituação Matricula
tdSaída tdTotal tdCancelado Matriculado Evasão Aguardando Colação de Grau Trancado Transferido Externo Cancelamento Compulsório
4 26
0
21 4 1 0 0
15,38% %
0,00%
80,77% 15,38% 0,00% 3,85% 0,00% 0,00%
385

Em análise aos alunos que evadiram do curso, separados na tabela 7, é possível verificar que todas as desistências foram femininas, com maioria parda e de pessoas entre 25 e 49 anos, destacando que apenas 4 alunos dessa turma desistiram do curso, e um encontrava-se com matricula trancada em 2018/1.

Tabela 7. Perfil socioeconômico dos ingressos da turma de 2014/2 que deixaram o curso. Fonte Elaboração Própria.
Sexo Renda
8º período Saída total M F Não Inf Rfp <= 0,5 Sm 0,5 Sm < Rfp <= 1 Sm 1 Sm < Rfp <= 1,5 Sm 1,5 Sm < Rfp <= 2,5 Sm 2,5 Sm < Rfp <= 3 Sm Rfp > 3 Sm
2014/2 4 0 4 2 0 0 2 0 0 0
15,38% 0,00% 100% 50% 0,00% 0,00% 50% 0,00% 0,00% 0,00%
Etnia Idade
Preta Parda Indígena Branca Amarela Não declarado 18-24 25-49 50-62
0 3 0 1 0 1 3 0
0,00% 75% 0,00% 25% 0,00% 0,00% 25% 75% 0,00%
386

Na tabela 8, foram evidenciadas duas variáveis, sexo e situação de matricula de cada turma, é possível verificar que os maiores e menores índices de saída, ignorando o percentual da turma 2018/1 que estava no meio do primeiro período, o menor percentual é o de 15,38%, tendo duas turmas com a aproximadamente 28%, duas turmas ficaram com o percentual em torno de 35%, duas com 41% e a turma com maior evasão de 51,43%.

A maioria das turmas é possível observar uma relação entre o ingresso do sexo masculino e a desistência do curso, as turmas que possuem um percentual de entrada de homens maior do que a média, tem um nível de saída maior que a média, exceto em duas turmas, 2016/2 e 2017/2.

Tabela 8. Discriminação de sexo e situação de matricula por turma. Fonte: Elaboração Própria.
Sexo Situação de Matricula
Total M F Cancel. Matricul. Evasão Aguard. Colação de Grau Trancado Transf. Exter. Cancel. Compul Saída
2014/1 33 5 28 3 11 11 8 0 0 0 14
15,15% 84,85% 9,09% 33,33% 33,33% 24,24% 0,00% 0,00% 0,00% 42,42%
2014/2 26 1 25 21 4 1 0 0 4
3,85% 96,15% 0,00% 80,77% 15,38% 0,00% 3,85% 0,00% 0,00% 15,38%
2015/1 31 5 26 1 18 10 1 1 0 12
16,13% 83,87% 3,23% 58,06% 32,26% 0,00% 3,23% 3,23% 0,00% 38,71%
2015/2 35 10 25 2 17 15 1 0 18
28,57% 71,43% 5,71% 48,57% 42,86% 0,00% 0,00% 2,86% 0,00% 51,43%
2016/1 32 6 26 5 20 3 1 2 1 11
18,75% 81,25% 15,63% 62,50% 9,38% 0,00% 3,13% 6,25% 3,13% 34,38%
2016/2 39 6 33 2 22 12 1 2 16
15,38% 84,62% 5,13% 56,41% 30,77% 0,00% 2,56% 5,13% 0,00% 41,03%
2017/1 47 5 42 6 31 6 3 1 13
10,64% 89,36% 12,77% 65,96% 12,77% 0,00% 6,38% 2,13% 0,00% 27,66%
2017/2 43 9 34 31 9 2 1 12
20,93% 79,07% 0,00% 72,09% 20,93% 0,00% 0,00% 4,65% 2,33% 27,91%
2018/1 39 6 33 1 38 1
15,38% 84,62% 2,56% 97,44% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,56%
Total 325 53 272 20 209 70 8 7 9 2 101
% 16,31% 83,69% 6,15% 64,31% 21,54% 2,46% 2,15% 2,77% 0,62% 31,08%
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Considerações Finais

Ao final temos que o curso de licenciatura em Pedagogia do IFG, ofertado no campus Goiânia Oeste, não se distancia dos efeitos da desigualdade social vivida no Brasil. Tendo em vista o perfil do curso, o perfil da região onde o campus foi instalado, e os alunos matriculados, que em sua maioria é mulher, preta e parda e com idade fora do esperado para a graduação.

Algumas turmas apresentaram um nível de saída mais alto que a média que foi 31,08%, chegando a 51,43%, com maior saída de alunos com renda per capita menor, e de autodeclarados brancos. Sendo necessário pensar alternativas para investigar os motivos de tamanha evasão em determinadas turmas, ficando a provocação para trabalhos com questionário no futuro.

Durante a realização da pesquisa, também foi verificada que na maioria das turmas, quando houve uma maior entrada do sexo masculino, também possuía uma maior proporção de saída de alunos.

Referências

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Notas

1. Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade de Administração Ciências Contábeis e Ciências Econômicas – FACE – UFG. Graduanda em Pedagogia Licenciatura pelo IFG – Campus Goiânia Oeste e Pós-Graduanda em Gestão e Políticas da Educação Profissional e Tecnológica pelo IFG – Campus Goiânia.

2. Graduada em Direito pela Faculdade de Direito – FD – UFG. Pós-Graduanda em Gestão e Políticas da Educação Profissional e Tecnológica pelo IFG – Campus Goiânia.

3. Porcentagem do total das matrículas na educação superior em relação à população de 18 a 24 anos (MEC, 2019).

4. Porcentagem de matrículas da população de 18 a 24 anos na educação superior (MEC, 2019).

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6. Período da disponibilização dos dados no Portal de Dados Abertos.