Lilian de Campos Marinho Cruz (UEG)
liliandecamposmarinho@gmail.com

Rodrigo Bastos Daude (UEG)
daude10@hotmail.com

A Abordagem Dialógica Investigativa e as TIC Como uma Possibilidade para a Formação Inicial de Professores de Matemática

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Resumo

O presente estudo visa discutir novas possibilidades de ensino em ambientes informatizados, por meio de abordagens dialógicas investigativas. Para isso, metodologicamente utilizamos a revisão bibliográfica para respondermos a seguinte questão: as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) vinculadas às abordagens dialógicas e investigativas possibilitam uma formação inicial que favoreça o desempenho do futuro professor frente às TIC nas salas de aulas? Sabe-se que atualmente o professor, por mais que esteja inserido no meio tecnológico e que receba influências constantes deste mundo globalizado, ainda se sente inseguro quando o assunto é desenvolver tarefas em ambientes informatizados. Sobre os diversos motivos geradores, abordaremos a respeito da formação inicial que por mais que objetive e trabalhe a inserção tecnológica nas aulas, têm desenvolvido de forma técnica, ensinando passos e regras. Compreende-se a necessidade das Instituições de Ensino Superior desenvolverem atividades para que o licenciando perceba nas TIC possíveis práticas pedagógicas, e conduza-o à uma reflexão que deve ser condicionada e permitida pelo docente. As abordagens dialógicas e investigativas permitem que o educando seja livre em escolher participar das tarefas (aceite ao convite), além de possibilitar abertura ao diálogo, do qual o motiva a questionar, investigar, opinar, relacionar ao seu cotidiano, problematizar, criar novas conjecturas, construir seus conhecimentos. O processo reflexivo está inerente a essas possibilidades e representa um cenário em que os ambientes informatizados possibilitem desenvolver seu senso-crítico além de favorecer que o licenciando desenvolva capacidades para analisar e adequar as TIC à sua futura prática. Se as TIC não fizerem parte da prática pedagógica e da vida do futuro professor durante a formação, o mesmo não se sentirá seguro ao trabalhá-las. Espera-se que as abordagens dialógicas investigativas permitam que o licenciando atue criticamente com autonomia sobre os ambientes informatizados, evidenciando nele suas preferências e interesses.

Palavras-chave: Formação Inicial. TIC. Abordagens Dialógicas Investigativas.

Introdução

De forma geral esse artigo se propõe a discutir possibilidades de ensino em ambientes informatizados, por meio de abordagens dialógicas investigativas. E assim explicitar a relevância ao propiciar durante a formação inicial de professores propostas que envolvam as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), já que os professores durante sua atuação vem encontrando dificuldades sobre a relação destes instrumentos com os conteúdos programáticos. O ideal seria, que tanto os discentes, quanto seus futuros alunos construam seus conhecimentos de forma colaborativa e autônoma em ambientes informatizados.

Justifica-se essa discussão a partir da compreensão sobre a existência de inúmeras dificuldades apresentadas pelos professores, cremos que tarefas em ambientes informatizados poderiam fazer com que licenciandos se sintam mais seguros e capacitados para planejarem propostas do tipo, e que durante sua atuação profissional e ainda, por meio de abordagens dialógicas investigativas proporcionem o questionar, opinar, criticar, motivar, pressupostos a construção do conhecimento.

Nesse movimento investigativo colocamos em evidencia a questão, as TIC vinculadas às abordagens dialógicas e investigativas possibilitam uma formação inicial que favoreça o desempenho do futuro professor frente às TIC nas salas de aulas? Para esse percurso entendemos que a pesquisa bibliográfica, de acordo com Fiorentini; Lorenzato (2012) dará margem para tais reflexões.

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Discussão Teórica

Não somente os professores, mas qualquer indivíduo possui atitudes e perspectivas que são oriundas das diversidades que enfrenta diariamente, bem como das experiências construídas culturalmente e nas relações sociais em participação com a comunidade da qual se vê inserido. O professor, durante sua atuação profissional apresenta diversos resquícios oriundos da formação inicial, bem como anterior a ela. Problematizamos neste trabalho os conhecimentos construídos durante sua formação já que os mesmos são desenvolvidos conscientemente ou não. Estes saberes refletem algumas lacunas presente em sua formação como o tratamento com as TIC, das quais, na maioria das vezes, se apresentam como uma forma de implementação, ensinando-se as técnicas necessários para o uso.

Compreendemos que as metodologias de ensino, bem como os instrumentos selecionados devem ser inerentes a uma prática pedagógica direcionada a construção de conhecimentos, o qual ocorre por meio do desenvolvimento de propostas em que o educando tenha a liberdade de criticar e refletir sobre o processo, tendo autonomia para tomar as cabíveis decisões. Tais pressupostos podem ser alcançados por abordagens dialógicas e investigativas, que visam permitir o desenvolvimento da curiosidade, responsabilidade, criticidade e a liberdade à exposição de ideias, que aliadas aos ambientes informatizados contribuem ainda para a autonomia e o trabalho colaborativo, pontos que serão discutidos a seguir.

A Educação Básica: Professor, Sala de Aula e as TIC

Por mais que o docente atuante na educação básica possua respaldo teórico e responsabilidades que envolvam o desenvolvimento de tarefas que integre à prática pedagógica, ainda possuem dificuldades que o intimidam quanto ao uso de novas estratégias de ensino. A proposta é que se busque a todo o momento aulas que sejam interativamente relacionadas ao cotidiano dos alunos, esperando que aos poucos se transformem numa maneira natural de se mediar a aprendizagem, pois a mesma só acontece na medida em que os alunos consigam construir novos conhecimentos.

Uma ferramenta que aparece fortemente no contexto dos alunos, seriam os aparatos tecnológicos. Essas ferramentas ainda representam um instrumento de valor, quando o assunto é a busca por estratégias que despertem o interesse dos alunos, porém existe uma diversidade de fatores que influenciam seu uso, contribuindo para que deixe de ser uma opção para muitos professores, tanto da educação básica, como superior.

Dentre as dificuldades que os professores encontram variam desde as estruturas físicas, como mencionam Breda; Castela (2015, p. 188): sobre “[...] o uso limitado das possibilidades que o computador e a internet oferecem para a educação relacionam-se à questão estrutural limitada, às dificuldades para incluir a internet no currículo escolar e à falta de um desenvolvimento profissional adequado do professorado”.

Sobre a qualidade de infraestrutura, teoricamente várias diretrizes e planos estão propondo algumas alternativas, como recentemente, o Plano Nacional de Educação (PNE), estabelecido a partir da I Conferência Nacional de Educação (CONAE), estabelece que até o ano de 2020 se alcançará a seguinte meta:

Universalizar o acesso à rede mundial de computadores em banda larga de alta velocidade e aumentar a relação computadores/estudante nas escolas da rede pública de educação básica, promovendo a utilização pedagógica das tecnologias da informação e da comunicação. (BRASIL, 2010, p.25).
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Essa modernização das escolas esteve prevista também pelas Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM) desde 2006, visando a integração dos alunos às sociedades atuais (BRASIL, 2006).

A respeito do desenvolvimento profissional, problematizamos deste modo, que a formação inicial pode sanar certo tipo de dificuldades referente ao docente e sua prática, quando as mesmas estejam relacionadas ao domínio e segurança no desenvolvimento de tarefas em ambientes informatizados. A forma como a mesma tem sido lidada nas Instituições de Ensino Superior, na maioria das vezes pautam o domínio de regras, o manuseio, “[...] na maioria dos cursos de formação o professor aprende basicamente a utilizar determinados programas de computador, ao invés de ser conduzido a descobrir as possibilidades de auxílio didático-pedagógico que essa ferramenta pode proporcionar.” (BREDA; CASTELA, 2015, p. 190).

O professor deve estar preparado para os desafios que o ambiente educacional pode proporcionar, e essa segurança deve se constituir como pauta aos componentes curriculares, para que a formação em si não se torne obsoleta quanto ao mercado de trabalho. Sabe-se que é impossível dominar e estar capacitado para atender o complexo público como o que o docente lida diariamente, mas estar consciente disso permite refletir com clareza, criticidade e autonomia. A formação inicial deve buscar preparar o licenciando para a lida com os desafios que a profissão pode desenvolver, onde a reflexão de sua prática e sobre os instrumentos que utiliza torne-se um hábito.

A proposta é que o atual professor tenha a capacidade de levar o cotidiano de seus alunos à sala de aula, buscando auxílio em possibilidades didático-pedagógicas: as TIC e as abordagens dialógicas investigativas.

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)

A tecnologia se faz presente no dia a dia dos alunos, bem como da comunidade social, computadores, televisores, rádios, celulares, pen drives, DVDs, entre tantos outros instrumentos que exemplificam as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) - estando presentes na maioria das atividades que desenvolvemos diariamente, na maioria das vezes a convivência com as mesmas se torna tão natural que seu uso tem-se tornado inconsciente, passa desta forma, a ser instituída como um instrumento característico da cultura que desenvolvemos atualmente.

Segundo Lisbôa; Pires (2013, p. 63):

Tecnologia é um termo usado para atividades do domínio humano, apoiadas em conhecimentos de um processo e/ou no manuseio de ferramentas. A tecnologia tem a possibilidade de acrescentar modificações aos meios por recursos adicionais à competência natural, proporcionando, desta forma, uma modificação da capacidade das atividades humanas, desde os primórdios do tempo.

Essa possiblidade, desenvolvida pelo homem em modificar suas atividades, somando a elas diversos instrumentos (tecnológicos) que as aperfeiçoam, caracteriza sua transcendência no decorrer dos tempos, o qual permite notar sua implicação ativa sobre a vivência e sobre as atividades, tradições e crenças que o identifica. Relacionar-se com ou outros e procurar medidas para suprirem suas necessidades é uma característica da espécie humana, se envolvendo em um ambiente organizacional sustentando pela comunicação e atualmente pela informação. Desse envolvimento do homem sobre o informar-se constantemente, por meio de processos comunicativos, se origina o termo TIC.

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As TIC, de acordo com Dorneles (2012, p. 73) “[...] seriam um conjunto de recursos tecnológicos que facilitam a comunicação, transmissão e distribuição de informações, notícias e conhecimentos”, Lisbôa; Pires (2013, p. 63) acrescentam que “[...] esses recursos ainda permitem o armazenamento e que a distribuição destas informações pode ocorrer por meio de computadores, televisores, rádios e telefones”. “Hoje, com as TICs, experimentamos não só a contemporaneidade do que acontece, mas podemos ter a sensação de acompanhar ao vivo o acontecer, sem sair de onde estamos.” (GRZYBOWSKI, 2016, p. 5) daí a facilidade e possibilidade em envolver os ambientes informatizados ao exercício educativo, compreendendo que não devem ser encaradas como desenvolvidas ao acaso, mas inerentes à prática.

Educação Superior: As TIC e a Formação Inicial de Professores de Matemática

Professores são carregados de experiências que não se restringem aos espaços formais de ensino, mas de todas as experiências vivenciadas no decorrer de sua vida, fruto não somente de suas tradições e aspectos culturais, mas das relações sociais que participa.

Vale ressaltar que por mais que sejam influenciáveis pelo meio externo aos muros escolares, sua prática e atuação profissional é oriunda também, das experiências vivenciadas durante a formação básica e superior, já que reproduz diversas das características de seus professores, principalmente dos formadores, “[...] a formação que receberam reflete-se nas futuras práticas docentes desses professores, corroborando a afirmação de que professores ensinam como viram ensinar.” (BREDA; CASTELA, 2015, p. 193).

Devido a influência gerada e ao pressuposto que o professor precisar constantemente atualizar-se, consideramos que “[...] uma das finalidades da formação inicial é a de preparar os futuros professores para trabalharem em escolas em contextos de mudança.” (BREDA; CASTELA, 2015, p. 188). Ser desafiado e procurar medidas para se sobressair, criando soluções, deve ser um contexto familiar ao professor, para que não se sinta confrontado e desmotivado, frente as dificuldades que presencia.

A formação inicial proporciona um ambiente em que o licenciando possui oportunidades de experienciar propostas, como o uso da TIC como estratégia de ensino. Por mais que o uso das TIC se desenvolva como um treinamento de regras e passos, mas “[...] acreditamos que o professor que vivenciar práticas de utilização das tecnologias desde o início de sua formação, continuará a empregá-las em suas futuras práticas de ensino.” (BREDA; CASTELA, 2015, p. 188). E consequentemente, se o intuito for o treinamento de técnicas, assim será durante sua atuação profissional, como mencionou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997, p. 67): “É indiscutível a necessidade crescente do uso de computadores pelos alunos como instrumento de aprendizagem escolar, para que possam estar atualizados em relação às novas tecnologias da informação e se instrumentalizarem para as demandas sociais presentes e futuras”.

Esse treinamento é observado em alguns documentos que retificam o uso das TIC no ensino superior, para que o licenciando expresse, a “[...] capacidade de compreender, criticar e utilizar novas ideias e tecnologias para a resolução de problemas” (BRASIL, 2001, p. 3), onde o futuro professor esteja “[...] preparado para poder lidar com novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a novos ritmos e processos” (PCN, 1997, p. 25), para que:

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[...] desde o início do curso e licenciando deve adquirir familiaridade com o uso do computador como instrumento de trabalho, incentivando-se sua utilização para o ensino de matemática, em especial para a formulação e solução de problemas. É importante também a familiarização do licenciando, ao longo do curso, com outras tecnologias que possam contribuir para o ensino de Matemática. (BRASIL, 2001, p. 7).

As Leis de Diretrizes e Bases da Educação, no capítulo IV, Art. 43. Discorrendo sobre a finalidade da educação superior em: “III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive” (BRASIL, 2016, p. 17). A LDB já reflete princípios sobre a tecnologia aliada à prática pedagógica como forma em envolver pesquisa e investigação científica, mediadas pela construção de conhecimentos.

Percebemos desta forma que, na maioria dos casos não há: “[...] a preocupação de aliar a informática ao processo de ensino aprendizagem; com efeito, as diretrizes apontam muito mais para o domínio da Informática ou, pelo menos, do uso do computador, do que para a utilização desse instrumento de forma integrada ao ensino.” (DORNELES, 2012, p. 75). Basta agora, fazer com que essas aulas não se reduzam somente ao treinamento de estratégias (também necessárias), mas que desenvolvam ambiente de ensino-aprendizagem onde os licenciandos tenham a oportunidade de criar conjecturas sobre novas propostas e adequá-las aos seus interesses, capacidades, motivações, de forma dialógica e autônoma.

Abordagens Dialógicas e Investigativas: o Trabalho Colaborativo e Autônomo em Ambientes Informatizados

Motivados pela real situação da formação inicial, diante de um cenário onde, grande parte das vezes “[...] possui disciplinas voltadas à discussão, reflexão e elaboração de propostas para o uso das TIC, nem tampouco os professores das licenciaturas fazem uso delas em suas práticas por conhecerem pouco das suas potencialidades.” (BREDA; CASTELA, 2015, p. 192).

A prática do professor, como supracitado está inerente às experiências e influências vivenciadas antes, durante e após a educação superior, sendo fortemente interligadas as práticas de professores formadores durante a formação inicial. Apontamos que a construção de conhecimentos se dá de maneira autônoma e crítica e que para isso o educando precisa estar inserido nas informações mediadas pelo professor, das quais acontecem se fizerem referência ao seu contexto social. Concordamos com Freire (1996, p. 21), ao abordar os saberes necessários à prática educativa, já aponta que “[...] saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

O professor precisa ainda demonstrar responsabilidade em sua atuação, além de preparo. Segundo Dorneles (2012, p. 76), “[...] as instituições promovendo que seus alunos integrem as novas tecnologias ao processo de ensino-aprendizagem [...]”, permite que esse ambiente busque uma forma inovadora, propiciando aos alunos condições para o desenvolvimento social e intelectual, com mais interatividade.

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Essa interatividade se faz presente na medida em que ao discente é proporcionada a abertura para questionar as estratégias e metodologias trazidas pelos docentes, caracterizando um ambiente dialógico. Esse processo de reflexão pode ser gerado momentaneamente ao desenvolvimento das tarefas, por meio de abordagens dialógicas e investigativas em ambientes informatizados. Visando a interatividade das TIC à construção de conhecimentos.

O cenário investigativo propõe que o educando possua liberdade em questionar, criticar e investigar e para isso seja a todo o momento questionado sobre as tarefas que realiza, para que as mesmas separadamente sejam motivadoras pela reflexão. Esse ambiente aberto às opiniões é mediado pela dialogicidade, da qual permite que todos os sujeitos envolvidos tenham a oportunidade de verbalizarem suas considerações e de que todas se tornem relevantes pelos demais. Pois “sem uma nova elaboração do conteúdo e das atividades, o uso de TI pode reforçar práticas tradicionais que mantenham os alunos num papel passivo.” (PENTEADO, 2000, p. 31).

Sobre os cenários para a investigação, Skovsmose (2000, p. 6) que:

[...] é aquele que convida os alunos a formularem questões e procurarem explicações. O convite é simbolizado pelo “O que acontece se ... T” do professor. O aceite dos alunos ao convite é simbolizado por seus “Sim, o que acontece se ... T”. Dessa forma, os alunos se envolvem no processo de exploração. O “Por que isto ... ?” do professor representa um desafio e os “Sim, por que isto ... T” dos alunos indica que eles estão encarando o desafio e que estão procurando explicações. Quando os alunos assumem o processo de exploração e explicação, o cenário para investigação passa a constituir um novo ambiente de aprendizagem. No cenário para investigação, os alunos são responsáveis pelo processo.

Procurar as soluções, estarem envolvidos na tarefa, permite que estejam comprometidos com a atividade e que seja de interesse próprio a busca por novas conjecturas, percebem que na medida em que se envolvem de forma mais significativa com a proposta, mas perto estarão de resolvê-la, não questionando somente os conteúdos tratados, os questionamentos verbalizados, mas a forma como as TIC se envolvem no processo, problematizando que algumas tarefas poderão ser mais bem desenvolvidas com “x” instrumento, apontando que várias ferramentas são essenciais para que haja a construção do conhecimento, o esperado é que os licenciandos compreendam que as TIC passam a ser essenciais, onde algumas tarefas e conjecturas não se dariam sem as mesmas.

Esse processo comunicativo, entre a troca de saberes sobre todo o ambiente, valoriza o diálogo entre os sujeitos, para Paulo Freire (1996, p. 96), “O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve”, reconhecendo que ambos possuam seus conhecimentos e capacidades para criarem outros.

A junção entre ambientes informatizados e abordagens dialógicas investigativas propiciam mais que a abertura para a construção de novas conjecturas, mas o trabalho colaborativo e autônomo, pois “[...] pôr em prática atividades que desenvolvam esse trabalho mais colaborativo e autônomo requer professores que desenvolvam práticas em que o aluno percorra os próprios caminhos na construção do conhecimento.” (BREDA; CASTELA, 2015, p. 191).

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Segundo Penteado (2000, p. 33):

O trabalho colaborativo é uma tentativa de compreender as atividades de pesquisa e ensino e encontrar formas de superar as contradições nelas presentes. É planejar e implementar novas agendas e prioridades que levem em conta os interesses dos colaboradores. A negociação de idéias e perspectivas representa um papel fundamental para o sucesso das decisões tomadas num trabalho colaborativo.

Tanto os docentes, quanto os discentes possuem capacidades para decidirem sobre as melhores propostas, ambas as opiniões são imprescindíveis para que as potencialidades em ambientes informatizados mediados por abordagens dialógicas investigativas aconteçam. O professor possui o papel essencial para condicionar um ambiente deste tipo, já que oferecer abertura aos alunos, fazendo com que as informações surgidas direcionem a aula provoca deslocar-se para o desafiador. De acordo com Penteado (2000) baseando nas mudanças necessárias ao ensino de matemática, esperam-se docentes compromissados à renovação compartilhada pelas novas possiblidades de aulas.

Compreendemos ainda a importância que o professor formador possui nesse processo, possibilitar momentos o qual seus alunos tenham a oportunidade de refletir sobre sua prática, criticando, questionando e desenvolvendo novos pressupostos e conjecturas, um professor que possua uma visão crítica frente aos novos ambientes de aprendizagem, além estar atualizado e contextualizado aos desafios que essa condição tecnológica impõe à sociedade e suas respectivas consequências na educação. (BREDA; CASTELA, 2015).

Entretanto á formação inicial é atribuído o papel de proporcionar ao aluno os aportes teóricos necessários a sua prática profissional e indicar caminhos para que os mesmos se constituam profissionais reflexivos de sua própria prática. Dessa maneira, torna-se indispensável a participação do professor formador, como um mediador da constituição de tais saberes. (SILVA; ANDRADE, s/n, p. 2).

O professor formador possui nesse ambiente, como em tantos outros o papel de mediar. A ele não deve ser direcionada a total responsabilidade que os atuais professores vem demonstrando sobre o uso das TIC em suas aulas, já que a atuação de um profissional é oriundo não somente da formação inicial e continuada, mas bem antes disso, refletindo valores, experiências e as diversas relações sociais, que constroem sua concepção de atuação como educador.

Assim concordamos que:

[...] a universidade seja um espaço de vivências, discussões e de experiências sobre a questão das TIC nos processos educacionais, dessa forma, há conformidade entre a formação inicial de professores e as políticas governamentais de inclusão das tecnologias nas escolas, estas mais preocupadas com a aquisição de equipamentos informáticos e aquela voltada à capacitação dos futuros docentes para utilizarem os recursos tecnológicos em contextos de ensino. (BREDA; CASTELA, 2015, p. 192).

Que formar não seja possuir somente o conhecimento especifico sobre a área da qual se especializou, mas que permite e contribua para mediar conhecimentos que construam habilidades para tratarem e enfrentarem desafios, de forma autônoma, crítica, participativa, ética. Valores que são observados e questionados pelos professores em formação.

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Considerações Finais

Ao analisarmos o trajeto desenvolvido pelo presente trabalho, constatamos que os objetivos foram alcançados por meio da metodologia já citada. Desenvolvendo uma discussão fundamentada, proporcionando que entendêssemos a necessidade de práticas pedagógicas em ambientes informatizados e que ao mesmo tempo permitam o diálogo, a investigação, a autonomia e o trabalho colaborativo.

Compreendemos o cenário complexo do qual o professor do século XXI se vê inserido, tentando lidar com uma diversidade de responsabilidades, que na maioria das vezes não lhe cabe e também devendo estar atento aos avanços que diversificam os modos de ensinar. Tudo isso visando desenvolver estratégias que permitam ao aluno atuar de maneira crítica e autônoma sobre a sociedade da qual se vê inserido.

Constatamos que os atuais documentos referentes à prática pedagógica, bem como sobre conteúdos e instrumentos que devam ser trabalhados em sala de aula, sugerem um uso instrumental nas aulas, exercitando e favorecendo um treinamento, que se inicia durante a formação inicial e se difunde nas salas de aulas da educação básica.

A formação inicial deve possibilitar que os licenciandos discutam e questionem as TIC, compreendendo suas potencialidades: autonomia e o trabalho colaborativo. De forma que a proposta desenvolva tais capacidades e ofereça a oportunidade de crítica, ou seja, o envolvimento dos alunos nas abordagens dialógicas e investigativas aliadas aos ambientes informatizados propicia que o licenciando experimente, investigue, exponha suas opiniões e adeque aos seus interesses e habilidades. Para que, atuando profissionalmente utilize instrumentos que lhe proporcionem segurança, criticidade e colaboração.

Referências

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________ Parecer CNE/CES nº 1.302, de 06 de novembro de 2001. Portal do Ministério da Educação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/. Acesso em: 05/08/2019.

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Notas

1. Licenciada em Matemática e Pós-Graduada em Educação Matemática (UEG) – Campus Cora Coralina.

2. Doutor em Educação (UFG); Mestre em Educação, Ciências e Matemática (UFG); Licenciado em Matemática (UEG); Docente do Curso de Matemática UEG/Campus Cora Coralina.

3. Tecnologias de Informação.