Kellen Raquel Ramiro Xavier Araújo (UFG)
kellenaraujoraquell@gmail.com

Thais Maria Lopes Faria (UFG)
thais.mlf1999@gmail.com

Educar para a autonomia: a importância da filosofia para a formação do indivíduo em tempos de barbárie

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Na atualidade, é comum depararmos com pessoas que não se envolvem ou se preocupam com o que está relacionado ao “bem comum”, com a vida política, por se encontrarem aprisionadas em si mesmas, influenciadas pela lógica de consumo capitalista. A forma atual de conceber a sociedade produz o esvaziamento da esfera pública e por consequência, distancia a população de temas sociais e humanos. A partir desse contexto que sobrepõe o que é privado sobre o que é público e da formação educacional reduzida ao tecnicismo e a instrumentalização, esta pesquisa traça uma análise sobre o sentido político da educação considerando as possibilidades oferecidas pela Teoria Crítica, em particular pela epistemologia cunhada por dorno e apresentada no texto Educação e Emancipação. Traçamos uma reflexão sobre as questões escolares atuais referentes ao ensino de Filosofia percebidas nas experiências possibilitadas pelo programa de inserção dos licenciados no meio escolar (Pibid) e evidenciamos a propriedade da epistemologia de Adorno para a compreensão e crítica da lógica social que define o funcionamento e os sentidos da escolarização. Para Adorno a educação deve buscar a emancipação da pessoa a fim de evitar a “barbárie”, o impulso de destruição presente na natureza humana. A educação autoritária e voltada para uma reprodução tecnicista que repreende o indivíduo, ignora o aspecto destrutivo que o homem traz consigo e não é capaz de evitar o impulso agressivo no cotidiano que pode culminar em situações extremas, como a ascensão do nazismo e os campos de extermínio da Segunda Guerra Mundial. Nesse sentido, a discussão acerca de uma educação emancipatória se mostra fundamental hoje, considerando a ascensão de governos fascistas ao redor do mundo e o frequente questionamento sobre a utilidade da filosofia, que seria inutilizada em uma sociedade voltada a produção e ao lucro. A educação emancipatória proposta por Adorno busca uma formação humanística que favoreça a formação de sujeitos críticos capazes de lidar com o impulso de destruição que lhes é natural e pensa sociedade e educação afastando-as do caráter industrial. A função atribuída por Adorno a educação, sobretudo a Filosofia é formar um indivíduo que pense a essência do que constitui a sociedade no qual ele está inserido, acentuando a importância de se estudar as relações de trabalho. Sendo que, se a educação não se voltar para a tomada de consciência de como a sociedade se organiza e de que o “cidadão de bem” pode chegar à monstruosidade, em uma sociedade repressiva, essa consciência não chega para a população. Nesse âmbito, questionamos o próprio sentido da educação e do ensino de Filosofia a fim de discutir seus fundamentos e os rumos da educação na contemporaneidade visando a construção de uma educação politizada que forme para a autonomia e que evite a repetição de barbáries.

Palavras-Chaves: Educação. Autonomia. Barbárie.