Medicalização do trabalho docente: saúde mental e absenteísmo-doença entre professores de Goiânia
35Tendo em vista o diagnóstico de transtornos mentais e do comportamento (CID-10) enquanto maior incidente de afastamento de serviço, e sendo os profissionais de educação a principal categoria ocupacional afetada (LIMA et al., 2015), foi realizada uma pesquisa a campo na Junta Médica Municipal de Goiânia (JMM) com o objetivo de investigar relações entre a medicalização, identidade e meio social escolar de professores do município. Também se estabeleceram enquanto objetivos: analisar os dados relativos ao perfil dos servidores da educação, afastamento do serviço e os diagnósticos médicos/psiquiátricos desses profissionais; discutir as condições de trabalho dos profissionais da educação no município de Goiânia, assim como as questões de gênero e remuneração docente; compreender as narrativas dos servidores afastados nos documentos da JMM, investigando a temática da saúde mental, identidade e outros temas que surgirem no processo de análise; apreender a dinâmica do trabalho psicológico e psiquiátrico dos profissionais da JMM. Foram realizados estudos do diário de campo e sistematização dos dados quantitativos, nesta vigência da pesquisa, do período de 2015-2017. Notou-se, em relação ao trabalho de psiquiatras e psicólogos, a colaboração para o fenômeno da medicalização e das bioidentidades, transpondo para o campo biológico e essencialmente individual os aspectos sociais da produção do adoecimento ocupacional, e da medicamentalização, enquanto recorrência do tratamento medicamentoso como estratégia principal de adequação do corpo ao trabalho. Esse fenômeno não colabora na construção de medidas para a melhoria da saúde do trabalhador, já que não fazem referência à escola. Mais estudos são necessários, como o estudo de outros profissionais da escola e a análise mais aprofundada dos discursos dos docentes.
Palavras-Chaves: Absenteísmo-Doença. Docência. Medicalização.