Neisi Maria da Guia Silva (UFG)
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A infância em abril despedaçado de Walter Salles

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O presente artigo, baseado em recente pesquisa de doutorado em educação, na linha de pesquisa Educação, Sociedade e Cultura, no campo de estudos entre a Literatura, o Cinema e a Infância, tem como objetivo refletir sobre a infância no cinema e as relações com o mundo, tomando como referencial obras literárias adaptadas para o cinema e, em especial, “Abril despedaçado” (1978), de Ismail Kadaré, e o filme homônimo (2001), de Walter Salles. Aqui se toma a infância estabelecida pelos limites da linguagem, inerente ao ser humano e à capacidade da criança de dizer o indizível, que é precisamente aquilo que a linguagem deve pressupor para poder significar. O conceito de Infância é acessível somente a um pensamento que tenha efetuado a eliminação dos limites do que é indizível. Desse modo, a criança é apresentada para além da concepção de ser frágil, imaturo, incapaz e ingênua. Ela é compreendida como um ser com problemas peculiares, que lhe permitem incluir, em seu próprio universo, lances de pureza e ingenuidade, mas sem eliminar a agressividade, a resistência, a perversidade, o humor, como bem nos aponta Benjamim. A infância, aqui estabelecida, é a inerente a todos os seres humanos e constituída pelos limites da linguagem. Para essa leitura de infância, investigou-se o filme de Walter Salles e o seu personagem Pacu, buscando as palavras que fogem do mundo daqueles que já não se permitem dizer o que se passa na vida de uma família marcada pela morte, advinda da luta ancestral entre famílias pela posse da terra.

Palavras-Chaves: Infância. Literatura. Cinema.