15. Fanzine Pedagógico: uma estratégia para o ensino de Geometria na Educação Básica
p.169Joana Darc de Sousa
Marcos Antonio Gonçalves Júnior
Resumo: Este trabalho relata os resultados de uma pesquisa de mestrado, a qual teve como objeto de estudo a elaboração do produto educacional fanzine pedagógico, apresentado como proposta de estratégia pedagógica, interdisciplinar entre Arte e Matemática. Seu objetivo foi a compreensão da geometria no 6º ano da Educação Básica, do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE/UFG). A elaboração do processo de criação foi baseada nos processos tradicionais de produção do fanzine, reformulando-os ou adequando-os aos objetivos da pesquisa. Foram elaborados dois fanzines, quais sejam: “Zine-Poema-código Fome” e “Fan-Geometric-Zine”. Realizou-se uma intervenção em sala de aula com o primeiro fanzine, o qual teve como objeto de conhecimento a geometria por meio das formas, as quais servem para a compreensão dos conceitos de ângulos, polígonos e formas geométricas. Para tanto, o processo metodológico relacionou o plano de ensino do CEPAE/UFG para a geometria na disciplina de matemática, o plano de ensino e a estratégia pedagógica proposta. Desse modo, foi necessário fundamentar a pesquisa nos campos da Educação, das Artes e da Educação Matemática, dos estudos da Teoria da Complexidade e da interdisciplinaridade no processo de ensino e aprendizagem. Após a intervenção em sala de aula, os resultados obtidos foram satisfatórios. As formas poéticas produzidas pelos alunos demonstraram que o fanzine é uma possibilidade de estratégia no fazer pedagógico do professor. Ela contribui para o ensino da geometria, pois, além de possibilitar o processo criativo do sujeito, ainda promove a comunicação na sala de aula entre os participantes do processo de ensinar e aprender.
Palavras-chave: Fanzine pedagógico. Estratégia Pedagógica. Ensino de Geometria. Arte. Educação Matemática.
Introdução
O presente capítulo visa relatar nossa pesquisa de mestrado, intitulada “O fanzine como estratégia pedagógica para o ensino da geometria na Educação Básica” (SOUSA, 2020), desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica, tendo a primeira autora do presente capítulo como pesquisadora e o segundo autor como orientador. A pesquisa teve como objeto de estudo o fanzine como estratégia pedagógica para o ensino da geometria na Educação Básica, em um diálogo interdisciplinar entre a Arte e a Matemática. Ela foi realizada no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Além da dissertação de mestrado, fruto desta pesquisa, o referido programa de pós-graduação também exige a elaboração de um Produto Educacional que, no nosso caso, tratou-se de um objeto artístico/literário, do tipo fanzine pedagógico, para uso em sala de aula de Matemática ou de Artes. Assim, no presente capítulo, pretendemos relatar alguns aspectos da pesquisa e da construção do produto educacional intitulado “Zine Poema-código Fome”, bem como a experiência vivenciada em sala de aula com esse material.
De maneira geral, os fanzines são revistas artesanais e autorais, as quais trazem, em sua estrutura, as linguagens artísticas e suas técnicas, principalmente do desenho, da pintura, da colagem, da gravura, da tipografia, da serigrafia, etc. Inicialmente, sua principal característica era servir como meio comunicacional de cunho sócio-político-filosófico e poético, utilizado por vários grupos da resistência política, em contraposição às editoras da década de 1960/1970, durante a ditadura militar, principalmente após o Decreto do AI-5, em 1968, que proibia a livre expressão.
p.170Posteriormente, os fanzines ganharam outros espaços e usos, como, por exemplo, o educacional, mas, ainda mantêm-se como literatura marginal e de resistência, sem que isso signifique falta de qualidade ou de acesso, como veremos no decorrer do presente texto. Assim, ele mostra um uso pedagógico dos fanzines, especialmente ligado a um desafio educacional de grande monta: o ensino de matemática.
Partindo dessa situação, a pergunta que buscamos responder em nossa pesquisa é: de que forma podemos trabalhar o fanzine como uma estratégia pedagógica para facilitar a compreensão de alguns conceitos da Geometria?
Para tanto, o objetivo geral da pesquisa foi a construção de um produto educacional, a saber, um fanzine pedagógico abordando a geometria para uso em sala de aula da Educação Básica. Definimos três objetivos específicos: o primeiro, foi a elaboração de uma estratégia pedagógica que possibilite, por meio de um produto educacional (o fanzine pedagógico), a compreensão da geometria pelos alunos do 6º ano da Educação Básica; o segundo, foi a construção de dois “fanzines” pedagógicos a partir da estratégia pedagógica elaborada; e, por último, a realização de uma intervenção na sala de aula com um “fanzine” pedagógico, buscando compreender os efeitos produzidos na aprendizagem dos alunos e avaliar as possibilidades do produto pedagógico “fanzine”. Assim, apresentaremos no presente capítulo uma síntese desse processo.
O Fanzine e suas possibilidades para a sala de aula
Com base em nossos estudos das obras de Magalhães (1993, 2011, 2014, 2017), Mendonça (2018), Santos (2016), Souza (2013) e Andraus (2016), podemos considerar o fanzine como um gênero discursivo que propicia ao sujeito, em processo de criação, um suporte capaz de receber e organizar diversos elementos, atuantes no “jogo da cognição” (TACCA, 2014). No decorrer desses estudos, fomos pensando em estratégias para permitir aos alunos estabelecer relação entre o objeto “fanzine” e o os conceitos da Geometria.
Nesse “jogo da cognição” (TACCA, 2014), além das linguagens escrita e verbal, a formação do pensamento criativo possibilita também a visualização dos conceitos matemáticos a partir de novas perspectivas, inferências e outras compreensões. Nesse sentido, Tacca (2014), Ostrower (2003, 1987), Tai (2010), Wong (1998) e Derdyk (1989) explicam a formação do pensamento criativo na compreensão do processo educacional. Amparados nesses estudiosos, entendemos que o fanzine é uma possibilidade de estratégia no fazer pedagógico do professor. Ele contribui na construção de outras dinâmicas para o ensino da geometria na sala de aula, tendo em vista que, além de possibilitar o processo criativo do sujeito, ainda promove a comunicação na sala de aula entre os participantes do processo de “ensinar e aprender”. Segundo Freire (2016, p. 59), o “ideal é que na prática educativa, educandos, educadoras e educadores, juntos, ‘convivam’ de tal maneira, que eles vão virando sabedoria”.
Por exemplo, Santos (2016), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), utilizou o fanzine em sala de aula como prática educativa para realizar estudos de geografia dos bairros da baixada fluminense. Nesse trabalho, compreendemos como o fanzine pode ser uma estratégia pedagógica motivadora em sala de aula, pois este objeto artístico propicia um “diálogo interdisciplinar no contexto escolar” (SANTOS, 2016, p. 14).
p.171Outro exemplo de fanzine educacional é o projeto de extensão I-Fanzine do IFF de Macaé do Rio de Janeiro, coordenado pelo Designer gráfico, prof. Alberto de Souza (IFANZINE, 2016). Este projeto edita o fanzine PEIBÊ e deste origina-se também outros projetos de extensão realizados pelos estudantes, tais como: os fanzines “Afroindi”, “Traços de memória” e “Café Filosófico”. O projeto deu origem também a fanzinoteca do IFF de Macaé/RJ.
O Projeto Didática Zine, realizado pelo curso de “Especialização em Gênero e Diversidade na Escola”, em Curitiba/UFPR, sob a coordenação de Melo (2015) é outro exemplo interessante de uso pedagógico dos fanzines. A autora acredita na potencialidade do fanzine, pois, segundo suas palavras, ele conecta os “diálogos cotidianos e debates acadêmicos aos ambientes educativos formais ou não formais” (MELO, 2015, p. 6). Os fanzines produzidos pelos alunos deste projeto abordam questões de gênero e sexualidade.
Pesquisamos, também, alguns exemplos de utilização do fanzine na Educação Matemática, especialmente aqueles em que a proposta relaciona-se ao ensino de matemática na Educação Básica. Costa (2012), pesquisadora da UFMT/CUA, realizou uma pesquisa com licenciandos de matemática, tendo o fanzine como objeto de estudo. A autora propõe o fanzine em dois momentos para seus alunos, visando entender a importância desse gênero discursivo no ensino da matemática.
A pesquisa relata duas experiências diferentes: na primeira, os estudantes assistiram a alguns vídeos relativos ao tema “fanzine” e refletiram sobre a importância e as possibilidades oferecidas por ele. Depois de receber uma lista de problemas, os alunos deveriam escolher um deles e produzir seus próprios fanzines; os quais, segundo a autora, foram realizados com êxito, seguindo as sugestões que o fanzine traz. Ocorreu, portanto, uma socialização das ideias quanto ao raciocínio matemático e suas vivências cotidianas. Finalmente, os estudantes fizeram uma exposição oral de seus processos criativos.
Quanto à outra experiência, que ocorreu como parte dos trabalhos do grupo PET, no qual Costa (2012) convidou os licenciandos de Matemática a escolherem um tema qualquer para produzir os fanzines e preparar um minicurso para adaptá-los ao ensino médio. Segundo a autora, desta vez, o fanzine abrangeu objetos de ensino-aprendizagem da Matemática e também da Física: “o uso de blogs como instrumento de aprendizagem, a Geometria fractal, estudo de funções com winplot, a Matemática e a Física na Música e a Matemática na Astronomia” (COSTA, 2012, p. 2). Após realizarem suas experiências, os estudantes deveriam avaliar a utilização do fanzine no ensino-aprendizagem. Eles concluíram que o instrumento possibilita diversos olhares, pois eles têm “investigado as possibilidades do fanzine, tanto para o ensino da matemática quanto como instrumento para levar o professor a refletir e a se expressar sobre sua própria trajetória formativa e sobre tendências educativas da educação matemática” (COSTA, 2012, p. 2-3).
Outra pesquisa envolvendo fanzine na Educação Matemática é o trabalho de Oliveira (2018), apresentado no V Congresso Nacional de Educação (V CONEDU), com o tema: “Fanzine como Proposta Metodológica de Ensino da Matemática”, realizada na Escola Estadual Eleanor Roosevelt, na cidade de Recife, em maio de 2018. Considerando que o fanzine é comunicativo, informativo, educativo, lúdico e criativo, a autora constrói sua metodologia utilizando como referência Henrique Magalhães (1993).
p.172A autora ainda nos chama a atenção para refletir sobre as questões epistemológicas da compreensão nos processos educativos, ao dizer que “[...] seu desenvolvimento necessita de uma mudança no ensino-aprendizagem, pois a prática mecânica da transmissão não favorece mais a educação no século XXI” (OLIVEIRA, 2018, s/p). A autora propõe a construção dos fanzines após refletir sobre as questões de mundo, a partir de sua própria criação “Onde estão os números?”. Depois da sua proposição, outras ideias surgiram, como, por exemplo, “Qual sua função?”. Para finalizar a proposta, eles construíram um painel no pátio da escola.
Considerando que a proposta da pesquisa que realizamos possui caráter interdisciplinar, a partir dos trabalhos descritos anteriormente, buscamos construir nossa proposta, pois, um “olhar interdisciplinarmente atento recupera a magia das práticas, a essência de seus movimentos, mas, sobretudo, induz-nos a outras superações, ou mesmo reformulações” (FAZENDA, 1998, p, 13).
Planejando uma estratégia pedagógica com o uso de um fanzine pedagógico
Ao propormos o fanzine como uma estratégia pedagógica a ser experiênciada na disciplina de matemática, na turma do 6º ano da Educação Básica, no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE), a ideia foi pensar o fanzine pedagógico a partir de um olhar interdisciplinar entre os estudos da Arte e da Matemática, mais especificamente da Geometria.
Para isso, primeiramente, definimos os objetos do conhecimento que seriam abordados no fanzine, de acordo com os objetivos da pesquisa. Essas definições compuseram o plano de ensino a ser trabalhado que, de forma sintética, foi apresentado no Quadro 1. Nesse plano de ensino, também planejamos os debates que seriam realizados com os alunos a respeito dos conhecimentos geométrico e artístico envolvidos e estabelecemos uma relação com o plano de ensino do Departamento de Matemática (2018b), de acordo com o currículo do CEPAE/UFG para o 6º ano da Educação Básica.
Tema | Geometria: sólidos geométricos, ângulos e polígonos |
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Ementa | Compreensão do pensamento matemático que fundamenta as formas geométricas. Estudos das formas por meio de figuras geométricas. Interpretação do conceito em relação às formas visuais (desenho da figura geométrica). |
Objetivo Geral | Identificar e classificar polígonos por meio de suas características essenciais, além de interpretar os conceitos relacionando-os às formas geométricas. |
Objetivos específicos | Reconhecer a abertura do ângulo como grandeza associada às figuras geométricas e reconhecê-lo em diferentes contextos. |
Identificar padrões geométricos na natureza e nos objetos, bem como, reconhecer as formas geométricas em diferentes contextos. | |
Objetos de conhecimento | Ângulos, polígonos, formas geométricas |
A partir desse planejamento e das características do fanzine, elaboramos a estratégia pedagógica que responde aos objetivos propostos no plano. A síntese dessa estratégia está apresentada no Quadro 2, adiante. Uma estratégia pedagógica, conforme Tacca, é composta por
[...] recursos relacionais que orientam o professor na criação de canais dialógicos, tendo em vista adentrar o pensamento do aluno, suas emoções, conhecendo as interligações impostas pela unidade cognição-afeto. Nesse sentido, seriam recursos, principalmente pessoais, que implicam captar o outro, dispor-se a pensar com o outro para fazer gerar as significações da aprendizagem. (TACCA, 2014, p. 48).
Depois de estudar e compreender as questões que remetem ao conceito da “unidade cognição-afeto”, nós refletimos também sobre os objetos do conhecimento matemático, os ângulos e os polígonos, em consonância com os estudos relacionados ao fanzine. Isso incluiu as diferentes linguagens e técnicas artísticas utilizadas em sua construção, relacionadas aos conceitos de desenho, conforme proposto por Tai (2010) e Wong (1998); além disso, também, foram incluídos os documentos do MEC, o conceito de estratégia pedagógica e do fazer pedagógico a que nos remete Tacca (2014) e Freire (2016), bem como os conceitos de criatividade e formas poéticas da artista plástica Fayga Ostrower (2003; 1987). Enfim, todos esses itens relacionados e, digamos assim, harmonizados, compuseram nossa “estratégia pedagógica”.
Correlacionando a proposta do “fanzine como estratégia pedagógica” com a proposta metodológica do Projeto Político Pedagógico (PPP) do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (2018a), podemos estabelecer algumas conexões entre estes dois objetos, como apresentadas no seguinte recorte sobre o processo de ensino e aprendizagem do aluno: este pode ser realizado por “meio de histórias” em que o aluno deve manter “contato desafiador, nas investigações matemáticas”, no sentido de solucionar problemas e atividades em sala de aula, com autonomia, seja em grupos ou individuais.
p.174Em relação ao conceito de “ângulo”, Dante (2012, p. 76) nos informa que, “na Matemática consideramos o conceito de ângulo a figura geométrica formada por duas semirretas de mesma origem”. Ainda sobre este objeto do conhecimento, o autor trata dos giros e ângulos; dos ângulos reto, agudo e obtuso. Para isso, Dante (2012) utiliza figuras de rotatórias para demonstrar os conceitos.
Quanto aos polígonos, o conceito proposto é: “Toda linha fechada formada apenas por segmentos de reta que não se cruzam, recebe o nome de polígono” (DANTE, 2012, p. 88). E acrescenta que essas “linhas podem ser fechadas ou abertas, [...] podem ainda ser simples e não simples” (DANTE, 2012 p. 88). Ainda segundo o mesmo autor, os tipos de polígonos são classificados em consequência do número de lados, ângulos e vértices, os quais determinam seus nomes, “[...] dependendo do número de lados (e, consequentemente, ângulos e de vértices), os polígonos recebem nomes especiais” (DANTE, 2012, p. 90). Concluímos esta parte dos objetos de conhecimento a serem trabalhados na estratégia pedagógica com um pensamento de Dante (2012) sobre as formas geométricas: “Todos os objetos e construções feitos pelo homem ou pela natureza têm uma forma. E a cada uma destas formas podemos relacionar figuras geométricas [...]” (DANTE, 2012, p. 66).
A estratégia pedagógica que elaboramos teve o intuito de abordar o conceito de ângulo e a ideia de polígono. Nessa elaboração, foi necessário haver um entrelaçamento de ideias, de erros e acertos, testes, buscas, estudos e pesquisas para que o fanzine e a estratégia não fossem dois objetos separados, mas um processo reflexivo e produtivo. Isso ocorre porque é nesse momento investigativo e reflexivo sobre o processo criativo interdisciplinar entre a Arte e Matemática, em junção com todo saber que envolve o ser humano no contexto histórico-sócio-cultural, que ocorre a produção de conhecimento.
No processo de compreensão de nossa estratégia, entendemos que todo professor precisa adotar uma postura reflexiva sobre suas práticas pedagógicas, envolvendo também o processo criativo e cognitivo em relação ao planejamento de suas aulas. E esse é um processo dinâmico, pois, segundo Zabala (1998, p.15), o professor “[...] modifica algum aspecto de sua prática docente como resposta a algum problema prático, depois de comprovar sua eficácia para resolvê-lo”. Isso reverbera também na avaliação, visto que “[...] a compreensão inicial do professor sobre o problema se transforma”. No entanto para que isso ocorra “[...] a decisão de adotar uma estratégia de mudança precede o desenvolvimento da compreensão. A ação inicia a reflexão” (ELLIOT, 1993 apud ZABALA, 1998, p. 15).
A ação inicia a reflexão que, por sua vez, também (re)inicia a ação, ou a criação. Ostrower (1987, p. 9) afirma que “Criar é, basicamente, formar. É poder dar forma a algo novo [...]” e isso ocorre “[...] desde as primeiras culturas, quando o ser humano surge dotado de um dom singular: mais do que ‘homo faber’, ser fazedor, o homem é um ser formador” (OSTROWER, 1987, p. 9). Este ser formador, portanto, é um ser capaz de se relacionar com tudo a sua volta e, nessa relação, basicamente cria as “experiências do viver e lhes dá um significado” (OSTROWER, 1987, p. 9). Assim sendo, ainda segundo a autora, “Nós nos movemos entre formas. No ato tão corriqueiro como atravessar a rua – é impregnado de formas.” (OSTROWER, 1987, p. 9), até as atividades mais complexas como fazer um projeto de uma residência.
p.175Considerando essa intenção de “criar” as experiências do viver, retomamos o conceito de estratégia pedagógica para pensar de forma relacionada. Tacca (2006; 2014) afirma que a:
a estratégia pedagógica não pode ser simplesmente um recurso externo, algo que movimenta o aluno em direção ao conhecimento. Em uma outra perspectiva, ela se orienta para a relação social que passa a ser uma condição para a aprendizagem, pois só ela dá possibilidade de conhecer o pensar do outro e interferir nele. (TACCA, 2014, p.48).
Neste sentido, o pensamento da autora está conectado com nossos objetivos em relação ao fanzine, nosso produto educacional, pois pensamos que ele não pode ser apenas mais uma novidade na sala de aula. Não se trata de trazer um fanzine qualquer para a aula, mas um produto pedagógico cuja linguagem é artística, mas que deve tratar dos objetos do conhecimento da disciplina/aula que o professor está ministrando.
[...] estamos dando um entendimento às estratégias pedagógicas da aprendizagem àqueles procedimentos que implicam uma relação pedagógica cujo objetivo não é manter o aluno ativo apenas, mas captar sua motivação, suas emoções, para, a partir daí, colocar o seu pensamento na conjunção de novas aprendizagens. (TACCA, 2014, p. 49).
Relacionando este entendimento com o fanzine como um produto pedagógico, acreditamos que ele pode ampliar as possibilidades de desenvolvimento da criatividade do aluno, estimulando sua imaginação criadora na aprendizagem da geometria.
Para que estes resultados sejam alcançados, faz-se necessário um olhar interdisciplinar entre as linguagens que constituem o fanzine e, ao mesmo tempo, a temática de nossa pesquisa, que é a relação entre a Arte e a Geometria, de modo a possibilitar ao professor a construção de uma estratégia pedagógica capaz de mobilizar “cognição-afeto” que envolva o aluno, conectando-o aos saberes trabalhados em sala de aula.
Com base nestas reflexões, nossa estratégia foi construída correlacionando o conceito de estratégia pedagógica acima, com os objetivos de conhecimento propostos em nosso plano de ensino (Quadro 1) e as linguagens artísticas que compõem o fanzine pedagógico desta pesquisa, a saber: o “Zine Poema-código Fome”, visando proporcionar ao aluno a visualização dos conceitos e elementos geométricos contidos nos produtos educacionais que construímos. Assim, fomos testando materiais e formas geométricas, produzindo vários fanzines no sentido de chegar a um resultado, ou seja, a um produto educacional que nos levasse aos objetivos de conhecimentos do plano de ensino.
Nossa estratégia pedagógica está organizada em três eixos teóricos: o primeiro é o pedagógico, no qual tratamos dos objetivos de conhecimento que a estratégia propõe-se a realizar. O segundo eixo teórico refere-se ao campo da arte. Selecionamos as linguagens artísticas que poderiam colaborar para o desenvolvimento dos objetos do conhecimento, ou seja, o desenho, a pintura, a dobradura, a colagem e a tipografia. É importante destacar que cada uma dessas linguagens possui diferentes técnicas de produção. E o terceiro eixo é o pedagógico/psicológico, no qual trabalhamos a unidade cognição/afeto proposta por Tacca (2014).
É importante lembrar com Tacca (2014) que, para a efetividade de uma estratégia pedagógica, é necessário que sejam construídos “canais dialógicos” para que os objetivos pedagógicos possam ser alcançados. E o nosso objeto de estudo, de forma geral, é o seu alcance em sala de aula. Assim, iniciamos pela concepção desse produto educacional e, posteriormente, realizamos uma intervenção em sala de aula.
p.176Zine “Poema-código Fome”: nosso Fanzine pedagógico
Muitas versões iniciais de fanzines foram elaboradas até chegarmos ao produto final utilizado em sala de aula, envolvendo a matemática e as artes. Na linguagem matemática, trabalhamos com a geometria e, na linguagem artística, com relação à amplitude da “capacidade de organização visual”, segundo Wong (1998, p. 41); para isso, “a linguagem visual constitui a base de criação do desenho”. Utilizamos também a fotocópia, a dobradura, a colagem e a tipografia.
Correlacionando estas linguagens, buscamos diferentes materiais e técnicas para materialização do fanzine, ou seja, criar a obra artística tridimensional (TAI, 2010). Em nosso processo de criação, nos baseamos nos processos tradicionais de produção do fanzine, reformulando-os ou adequando-os aos nossos objetivos, conforme Quadro 3. Para isso, partimos da construção de nosso conhecimento acerca dos conceitos de estratégia pedagógica e de fanzine para criar o produto educacional intitulado “Zine Poema-código Fome”.
Etapa do processo | DETALHAMENTO | |
---|---|---|
1ª | >Elaboração da estória – fio narrativo | De acordo com o Plano de ensino e a Estratégia Pedagógica elaborados. |
2ª | Definir os textos a serem impressos para o Plano de ensino e a Estratégia Pedagógica | Selecionar os conceitos de geometria, as poesias e estórias. |
3ª | Seleção das linguagens e técnicas artísticas | Desenho / tipografia / dobradura / pintura /gravura etc. |
4ª | Definir quais imagens serão utilizadas de acordo com o Plano de ensino, a Estratégia Pedagógica e as linguagens artísticas | Definir os ângulos; Definir as formas geométricas (polígonos). |
5ª | Seleção dos materiais de acordo com as linguagens artísticas | Lápis/ sulfite branco /Tinta guache / Pincéis / Cola / Borracha Tesoura / Régua / Esquadro / Papéis coloridos / carimbos |
6ª | Definir o formato do fanzine | Zine Poema-código Fome (retangular); Fan-geometric-zine (pentágono); |
>7ª | Montar o esquema gráfico | Definir quantidade de páginas e formato final do fanzine;
Montar o planejamento visual do fanzine considerando (formato e distribuição do conteúdo pelo número de páginas); Criar as dobraduras. |
8ª | Executar o fanzine (produzir o produto pedagógico) | Criar e imprimir as formas geométricas; Realizar o corte e a colagem das formas geométricas; Montar a encadernação e executar as dobraduras. |
Assim, apresentamos o “Zine Poema-código Fome” desde sua estrutura física e pedagógica até seu envolvimento com a geometria. Na construção deste fanzine, trabalhamos com o “Poema-código Fome” (Figura 1), criado por Carvalho (1973), uma vez que ele já possibilita uma leitura geométrica das imagens, pois o autor utiliza as formas geométricas, tais como: círculo, quadrado, retângulo e triângulo na construção deste poema, conforme citado por Maia (2003). Dessa forma, demonstramos no quadro referente às etapas de produção do fanzine (Quadro 3) as adequações realizadas, as quais podem ser adaptadas a todo tipo de fanzine; por exemplo, os poéticos, informativos, políticos, filosóficos etc., bem como, os fanzines pedagógicos.
p.177A partir da criação de Carvalho (1973), fizemos uma ressignificação das figuras geométricas utilizadas pelo autor e já citadas anteriormente, colocando cores e movimento nas figuras geométricas e nas páginas do fanzine com o objetivo de possibilitar aos alunos novas formas de criações artísticas imagéticas. A figura 2, a seguir, apresenta a capa de nosso fanzine.
A capa tem o formato retangular, de 16 cm de largura, por 22 cm de altura e espessura de 3 cm. Ela foi feita em papel com textura e desenhos geométricos, tendo sido utilizado papel reciclado; também utilizamos a tipografia e a colagem das letras feitas manualmente. O design da escrita do nome deste fanzine também foi pensado a partir de sugestões do “Poema processo”, tal qual a estrutura do “Zine Poema-código Fome”. Para dar o caráter de novidade, proposto por Tacca (2014), foram produzidos artisticamente, por meio do processo de encadernação manual, 12 (doze) fanzines, cuja quantidade está condizente com a metodologia da aula realizada.
Na parte interna do nosso fanzine, utilizamos três dobraduras em papel craft, conforme ilustram as Figuras 3 e 4. Na página 1 do fanzine, foi inserido o Poema-código Fome na forma original, mas utilizando as cores do seguinte modo: a fome, em cor laranja (círculo); o mundo, na cor amarela (quadrado); o homem, em marrom (retângulo); e a morte, em vermelho (retângulo). Em sua versão original, o poema contém somente as cores preta e branca para desenvolver seu jogo artístico. Nas páginas 2 e 3, foi realizada a colagem das formas geométricas (fome, mundo, homem e morte) de forma aleatória. Nessa construção, procuramos traduzir o plano de ensino e a estratégia pedagógica, conectando-os aos objetos do conhecimento e às linguagens artísticas, no intuito de realizar o processo de ensino aprendizagem.
p.178Esperamos ter mostrado nas Figuras 3 e 4 como as relações entre Arte e Matemática (Geometria) apresentam-se em formas visíveis nos fanzines. Isto porque compreendemos com Wong (1998, p. 42), que as formas são a materialização de uma ideia, pois, segundo ele, “elementos conceituais não são visíveis. Não existem na realidade, porém parecem estar presentes [...] Estes pontos, linhas, planos e volumes não estão realmente lá; se estiverem realmente lá deixam de ser conceituais”.
Desse modo, passaremos a narrar como aconteceu a vivência em sala de aula com essa proposta, na seção seguinte do texto. Segundo Tacca (2014), para que haja um processo dialógico, as condições relacionais precisam aparecer interligadas às condições físicas, as quais são tão importantes quanto o planejamento da estratégia que deve estar adequada ao produto educacional e aos objetos de conhecimento para os quais ela foi construída.
p.179A experiência vivenciada em sala de aula
A intervenção ocorreu na Biblioteca Seccional, do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (BSCEPAE), da UFG, no dia 29 de Agosto de 2019, com duração 90 m; participaram da intervenção 30 alunos da disciplina de matemática de uma turma do 6º ano. A aula foi coordenada pela pesquisadora, com o apoio do professor regente da turma (2o autor do presente capítulo) e a professora convidada, Edinamária Conceição Mendonça. Contou ainda com o apoio do estagiário de licenciatura em matemática, Ironei A. dos Santos Jr. e o fotógrafo Ailton Meira.
A biblioteca foi preparada com antecedência, estando expostos em mesas os materiais pedagógicos, a saber: os fanzines pedagógicos, as fichas de produção das formas-poéticas, as fichas de avaliação, as bases para a exposição da forma-poética de cada aluno, materiais artísticos (tintas, pincéis, lápis, canetas, lápis de cera e de cor, cola comum e colorida, diferentes cores de gliter, réguas, esquadros; além de uma mesa com a exposição de vários tipos de fanzines, tanto aqueles produzidos durante a pesquisa como a coleção de fanzines da autora. Estavam expostas também a reprodução das seguintes obras de arte: Guernica, de Pablo Picasso e o Poema-código Fome de José de Arimatéia.
A organização do espaço da exposição oral foi pensada de modo a permitir a participação de todos, utilizando o conceito geométrico do círculo. Desse modo, a organização foi coerente com o proposto por Tacca (2014), em relação à necessidade da criação dos canais dialógicos. Assim, os participantes eram visíveis para todos, não havendo um espaço hierárquico separado para os professores. Ainda visando à criação de tais canais dialógicos, além da disposição das mesas com os materiais pedagógicos, as mesas e as cadeiras para a produção permitiam, também, a livre circulação dos participantes e a troca entre eles de ideias e materiais.
Os professores iniciaram apresentando as obras de arte citadas e os fanzines pedagógicos “Zine Poema-código Fome” e a coleção de fanzines. Eles procuraram estabelecer relações entre eles, ao explicar a proposta e a história do fanzine. Foi apresentado o plano da aula para os participantes, sendo dada ênfase aos objetivos da aula e à metodologia de realização. Alguns alunos fizeram questionamentos sobre o processo metodológico da aula, de modo que observamos um conhecimento prévio destes alunos sobre o próprio processo de ensino aprendizagem em que estão envolvidos.
Em seguida, os estudantes foram separados em grupos de 3 alunos, cada grupo recebeu um “Zine poema código fome” em mãos, formando, assim, 10 grupos. A atividade preparada para cada grupo de alunos tinha a seguinte proposição: um dos estudantes deveria fazer a leitura do fanzine de tal maneira a propor certo movimento com as dobraduras a fim de configurar uma nova sequência de leitura das figuras geométricas do poema. Com isso, cada um dos membros do grupo realizava uma interpretação daquela proposição feita por ele e construía a sua própria forma-poética. Depois, os outros estudantes do grupo também poderiam fazer a sua combinação de dobraduras e interagir com o fanzine. Por fim, os estudantes foram convidados a construir suas criações poéticas, utilizando-se dos materiais preparados para tal, conforme ilustram as figuras 5 e 6.
p.180O momento foi bastante intenso, tanto para os alunos, quanto para nós educadores, envolvidos na pesquisa e imersos no processo de ensinar e aprender. E também foi bastante envolvente e divertido, pois cada aluno teve a oportunidade de ler e interpretar de forma singular o fanzine pedagógico e sua poética, nas formas geométricas que remetiam à geometria.
Sentimos suas emoções e buscamos captar pela observação participativa a forma de pensar deles, ao ver a concretização de suas ideias no papel. Os alunos utilizaram todos os materiais com muita diversidade, bem como a imaginação fervilhava e suas mentes trabalhavam em suas criações e nas diferentes combinações que as formas geométricas proporcionavam. Mesmo sendo uma aula bastante barulhenta, observamos que havia uma introspecção por parte deles, na qual percebemos o que Duchamp (1978, p.20 apud DERDYK, 1989, p. 187), artista francês, em síntese, afirma sobre o processo criativo: “durante o ato de criação, o artista vai da intenção à realização, passando por uma cadeia de reações totalmente subjetivas”. As impressões relativas ao objeto da pesquisa, no decorrer da aula, foram muito satisfatórias, por observar o envolvimento da turma com o processo criativo a partir da leitura do fanzine pedagógico.
Assim, fizemos uma leitura interpretativa de algumas imagens que escolhemos, procurando observar, na prática, como sugerido por Tacca (2014), o “jogo da cognição”. Notamos que os alunos do 6º ano apresentam pensamentos matemáticos, dedutivos e indutivos, utilizando os sinais usuais das operações em um sentido particular, relacionado aos objetos artísticos, como mostra a figura 6. Outros utilizaram de imagens e palavras que levam ao pensamento matemático, tais como: e, ou, mas etc. Quase todos utilizaram as formas geométricas de forma colorida e diferenciada, com poucas exceções, em que eles usaram somente palavras soltas, as quais remetem ao movimento “poema processo”.
p.181Ao utilizarem estas imagens e sinais, eles partiram de conhecimentos já internalizados em suas memórias; entretanto, somaram tais conhecimentos à leitura interpretativa do Zine “Poema-código Fome” e construíram seus processos de criação. O raciocínio dedutivo ou lógico, já adquirido no uso dos números e formas geométricas, de certo modo, foi transferido para integrar a forma estrutural do fanzine e, assim, chegarem ao objetivo da atividade proposta, usar sua criatividade e construir algo novo.
Quanto à questão da geometria, por esses mesmos pontos de ligação, percebemos as retas e semirretas para “formar” as “figuras geométricas” sobrepostas, ou seja, os “polígonos”, indicados pela proposta do “Poema-código Fome”, do autor José de Arimatéa (2003), como o próprio nome já diz, são códigos geométricos indicados por uma palavra para “formar sua narrativa”, quais sejam: o círculo que simboliza a fome, o quadrado, símbolo do mundo, o retângulo, símbolo do homem e o triângulo da morte. Esses códigos foram usados intencionalmente pelo autor para fazer uma crítica social e histórica sobre uma questão que assola a humanidade, a fome. Por sua vez, os alunos captaram bem essa temática, pois suas obras poéticas representam essa compreensão também. Isso faz parte do processo de criação. Após a aula, organizamos uma exposição da produção dos alunos em forma de um varal poético, na área externa da Biblioteca do CEPAE/UFG.
Considerações finais
No presente capítulo, buscamos relatar alguns aspectos da pesquisa e da construção da estratégia pedagógica que reverberou no produto educacional, o fanzine pedagógico, intitulado “Zine Poema-código Fome”, bem como a experiência vivenciada em sala de aula realizada com este objeto de arte. Intencionalmente, iniciamos esta pesquisa propondo o fanzine como estratégia pedagógica, transpondo-o do campo da comunicação para o pedagógico, como um facilitador na aprendizagem da Geometria dos alunos do 6º ano da Educação Básica do CEPAE/UFG.
Considerando a proposta interdisciplinar entre Arte e Geometria, percebemos que os alunos trabalharam, poeticamente, a cognição, a imaginação e as suas memórias, ao utilizarem elementos matemáticos e artísticos em suas formas poéticas, uma vez que eles próprios fizeram suas conexões e lançaram mão daquilo que, para eles, fazia sentido. Correlacionando Ostrower (1987), temos que:
Formar importa em transformar. Todo processo de elaboração e desenvolvimento abrange um processo dinâmico de transformação, em que a matéria, que orienta a ação criativa, é transformada pela mesma ação (OSTROWER, 1987, p. 51).
Nesse contexto, Zabala diz que “[...] a prática do ensino é complexa e se sua análise se vincula a todos estes aspectos, então não deve nos parecer estranho que os instrumentos conceituais ou referenciais que a tornam possível também sejam complexos [...]” (ZABALA, 1998, p. 224). Ao colocarem-se como autores de suas próprias produções, observamos que os alunos trabalharam com a dedução e a indução, com seu desenvolvimento psicomotor, sua percepção visual, com a compreensão e interpretação da obra analisada.
p.182Quanto ao “afeto”, observamos os processos dialógicos, a comunicação, o compartilhamento dos saberes, a relação afetiva, a participação ativa, autonomia, liberdade, novidade, ação criadora, criatividade, expressividade, memória afetiva e memória individual/social. Poderíamos ainda incluir nessa lista da estratégia a imaginação, a comunicação etc., assim, a lista seria infindável, tal como é impossível demonstrar o indivíduo como um todo, pois a “produção de uma nova situação é um estar com o mundo que permite o fazer do homem e o fazer-se homem. E o fazer do homem como o fazer-se humano é um fazer social e histórico, inclusive” (MOTTA, 1973, p. 52 apud DERDYK, 1989, p. 18).
De modo que, para a formação integral do indivíduo, tanto intelectual, social, cultural, psicológica e, diria ainda, espiritual e moral, faz-se necessário emergir da intuição, da cognição, da consciência, da imaginação, da percepção, da afetividade, enfim de todos os itens selecionados em nossa estratégia pedagógica, como base de sua produção criativa, para acender à luz do conhecimento em qualquer campo de atuação que esse indivíduo decida atuar. Isso deve ser feito com a devida responsabilidade e, porque não, muito amor na profissão que ele mesmo escolher, invertendo as coisas, no ato de “aprender e ensinar” numa instituição escolar, dentro da escola maior chamada “vida”.
Sendo assim, consideramos que os resultados desta investigação foram satisfatórios, pois acreditamos que esse pensamento reflexivo, tanto do autor Zabala (1998), como de outros teóricos vinculados a essa pesquisa, puderam nos tornar professores/pesquisadores atentos a nossa tarefa de como “ensinar e aprender”. Atividade essa realizada de forma bem fundamentada e prazerosa em nossas propostas de estratégias pedagógicas mais dinamizadas e humanas, nas práticas educativas para a Educação Básica.
Portanto, concluímos que este produto educacional – o fanzine pedagógico – é um objeto multidisciplinar, devido a suas características e por possibilitar ao professor e aos alunos vivenciar a complexidade do processo ensino-aprendizagem. É esta complexidade que aparece em nossa estratégia pedagógica e em nosso fanzine pedagógico, pois os componentes para sua elaboração são resultados da contribuição de vários teóricos e áreas de conhecimento, trabalhadas durante a pesquisa.
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