Capítulo 6
Experiências docentes com Ensino Remoto Emergencial em Educação Física Escolar na cidade de Goiânia - GO
Esta entrevista foi realizada no dia 13 de julho de 2021 com três professores convidados da rede municipal de ensino de Goiânia/GO. A professora Lívia Vaz Soares Pereira trabalha com alunos de sextos e sétimos anos do Ensino Fundamental, já a professora Laís Silva Araújo atua nas séries iniciais, do primeiro ao quinto ano. O professor Elker de Oliveira Lourenço atua na Educação Infantil, nos primeiros e segundos anos do Ensino Fundamental na rede municipal de Goiânia e do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental na rede municipal de Aparecida de Goiânia. Os três professores são acadêmicos do Programa de Mestrado em Educação Física em Rede Nacional/PROEF. Nessa entrevista tivemos a intenção de registrar aspectos singulares à prática docente desses professores durante a pandemia da Covid-19.
Ana Paula: Boa tarde Elker, Laís e Lívia. Agradecemos por terem aceitado o convite de conversarem conosco sobre suas experiências docentes durante a pandemia, especificamente com o Ensino Remoto Emergencial. Para iniciar, pergunto quais foram as decisões da Secretaria Municipal de Educação e das suas escolas em relação às indicações das necessidades de distanciamento social?
Lívia: Em março do ano passado saiu um decreto suspendendo as aulas que ficaram suspensas até o mês de agosto. No período de março a agosto não tivemos contato com os alunos e tivemos alguns cursos. A partir de agosto começamos a ter contato com alguns alunos através da plataforma “Ambiente Virtual de Aprendizagem Híbrido - AVAH”, criada pela prefeitura. Algumas escolas conseguiram acesso a essa plataforma, outras tiveram muita dificuldade e acabaram escolhendo outras opções, atividades xerocopiadas ou por grupos de WhatsApp.
Elker: Trabalho na mesma rede de ensino que a Lívia. Na minha escola aconteceu o mesmo que na escola dela, as aulas foram paralisadas em março e ficaram suspensas sem a informação de quando iam voltar. Em agosto começaram as aulas através da plataforma. Já na outra rede que eu trabalho, a rede municipal de Aparecida de Goiânia, as aulas foram suspensas em março. Porém, no início de abril iniciaram as aulas não presenciais via aplicativo de WhatsApp. Nós enviávamos as atividades pelos grupos de WhatsApp das turmas e os alunos depois de realizá-las mandavam as respostas, fotos e vídeos das atividades também pelo WhatsApp.
Laís: Atuo na mesma rede municipal que os colegas e a realidade da minha escola foi muito parecida, mais parecida com a da Lívia em 2020 e com a do Elker, agora em 2021. Recebemos a notícia no dia 16 de março, em uma segunda-feira, chegou o ofício da Secretaria Municipal de Educação informando que haveria paralisação de 15 dias, em função da necessidade de distanciamento social e, depois, eles confirmaram que seria por tempo indeterminado. Estou hoje em uma escola de tempo integral com um concurso e uma dobra, até o início de abril eles mantiveram as dobras e os contratos. Mas, antes da metade do mesmo mês, eles cancelaram as dobras, pois não havia orientação para que pudéssemos retornar ao atendimento direto com as crianças. A Secretaria Municipal de Educação utilizou o portal Conexão Escola, convidou alguns professores para produzir planos de aula, filmar, gravar para ser disponibilizado para as famílias. O nosso contato com a produção de plano de aula, de enviar atividade para os educandos retornou em agosto de 2020, quando a Secretaria Municipal de Educação entrou em contato para que voltássemos a produzir um roteiro semanal de estudos. Porém, ficou restrito, na minha instituição, à plataforma AVAH que a prefeitura disponibilizou para nós nesse período e foi vedado na minha escola que a gente tivesse contato com as famílias e com os educandos de outra forma além desse portal. Nós não tivemos contato pelo WhatsApp, apenas o grupo gestor, coordenadora e diretora, tinham esse acesso direto às famílias. Agora, em 2021, a secretaria autorizou que tivéssemos contato com as famílias pelo WhatsApp, pelo AVAH e enviar a atividade por PDF. Percebemos com isso um aumento de mais de 50% dos alunos participando esse ano por conta desse contato mais próximo.
Flórence: Em relação ao uso dessas plataformas, foi feito algum levantamento se os professores e/ou alunos tinham acesso às tecnologias? Houve alguma preocupação de incluir a todos no processo?
Elker: Nas escolas em que eu trabalho, os grupos gestores ficaram responsáveis por fazer os grupos de WhatsApp. Eles entraram em contato com as famílias para ver se eles tinham acesso à internet, se teriam a disponibilidade de participar do grupo ou acessar a plataforma. A partir disso foram criados os grupos e os alunos que não tinham celular ou não tinham acesso à internet buscavam as atividades na escola. Sendo as atividades semelhantes àquelas que estavam sendo disponibilizadas nos grupos e na plataforma. Os professores mandavam os arquivos para a escola, a coordenação da escola se responsabilizava pela impressão.
Laís: Na minha instituição foi um pouco parecido, a direção fez um levantamento com os professores para ver se tínhamos condição de acesso à internet e às tecnologias, porque mesmo não retornando, não tendo que produzir conteúdo ou planejamento no primeiro semestre de 2020, tivemos um curso de formação pela Secretaria Municipal de Educação a respeito da plataforma AVAH e de outros conhecimentos sobre produção de conteúdo digital, sobre as TICDs. Também foi realizado um levantamento com as famílias, além da montagem dos grupos de WhatsApp para disponibilizar os informes, os links e tudo mais. Uma das sacadas, uma das situações utilizadas pela direção da minha instituição foi de oferecer alguns planos de aula, a partir de agosto de 2020, com base nos componentes curriculares que tinham livros didáticos que foram entregues à escola. Por decisão pessoal, sem influência da Secretaria de Educação, a diretora da minha escola imprimiu atividades que ela selecionava para aqueles alunos que não tinham acesso à internet, isso em 2020, e em 2021 passou a imprimir os PDF que a gente postava também no AVAH.
Lívia: Na instituição em que eu trabalho não foi feito nenhum levantamento com os professores para saber se tínhamos dispositivos e material em casa para utilizar, mas foi feito um levantamento com os alunos. Boa parte dos nossos alunos, que é de uma escola da periferia de Goiânia, não tinha acesso à internet e, a princípio, ficou bem complicado utilizar o AVAH que a Laís comentou. Tanto que no ano de 2020 a escola não utilizou a plataforma, o único recurso utilizado foram as atividades xerocopiadas e as atividades pelo WhatsApp. Assim, quem tinha acesso recebia as atividades pelo WhatsApp e quem não tinha, buscava na escola a atividade xerocopiada.
Flórence: Eram somente realizadas atividades assíncronas? Não foram realizadas atividades síncronas?
Lívia: No caso da instituição em que eu trabalho ficou em aberto para os professores escolherem, cada professor optava por se iria trabalhar de forma síncrona ou não. Como a maioria dos alunos não tinha acesso à internet, a maioria dos professores não fez. Fiz apenas uma reunião pelo Google Meet com cada turma e o número de adesão foi bem baixo, então percebi que não era um recurso que alcançaria todos os alunos.
Elker: No meu caso foi bem parecido com o da Lívia, as vezes que nós tentamos fazer aulas síncronas não houve uma participação muito grande. Talvez pela questão do horário, talvez pela idade das crianças, que são pequenas e a maioria não tem celular. Os alunos usavam o celular do pai ou da mãe para terem acesso às atividades, e muitas vezes eles não tinham como participar das aulas síncronas, pois no horário da aula os pais estavam trabalhando. Entretanto, durante o período de aula, das 07:00 às 11:15 ou das 13:00 às 17:15, nós professores ficávamos online no WhatsApp à disposição para atender os alunos de modo online. Quando o aluno tinha alguma dúvida, queria saber alguma coisa sobre a atividade que nós tínhamos enviado no grupo ou postado na plataforma, eles perguntavam para nós e respondíamos pelo WhatsApp mesmo.
Laís: Eu vejo a instituição da Lívia e do Elker, as instituições mais próximas de tentarem resolver esse problema de falta de acesso em 2020. Na escola em que estou agora foi um pouco diferente, recebemos orientações que nós deveríamos seguir à risca as recomendações da Secretaria Municipal de Educação. Seriam realizadas apenas as atividades pelo AVAH, limitando o acesso pelo WhatsApp. Por mais que estivéssemos no grupo do WhatsApp era para ser utilizado apenas para tirar dúvidas e/ou lembrar os estudantes que deveriam acessar e fazer as atividades da plataforma. Também foi vetada a ideia das aulas síncronas. Não precisávamos e não era recomendado que nos esforçarmos mais do que o solicitado pela Secretaria Municipal de Educação. No ano de 2021 teve uma colega que tentou algumas aulas síncronas, foram duas ou três se eu não me engano, a participação foi relativamente boa, mas muitos de nós, eu digo por mim, me senti desmotivada a tentar oferecer aulas síncronas pela falta de recurso da Secretaria Municipal de Educação. Por mais que tenham feito um levantamento com os professores, se tínhamos material ou não, não teve nenhum suporte. Apenas fomos informados que a escola estaria aberta e que poderíamos ir até ela para fazer o planejamento ou lançar a atividade no AVAH e tudo mais. Não foi encorajado que realizássemos essas aulas síncronas, nem sugerido pela Secretaria Municipal de Educação. A sugestão foi sempre o modelo assíncrono, de postar a atividade na plataforma com uma semana de antecedência para que os alunos tivessem tempo de acesso.
Ana Paula: Percebo que vocês têm realidades, ainda que próximas, com algumas características distintas. Isso chama atenção principalmente na adoção de algumas estratégias na relação com a tecnologia, umas mais restritas às diretrizes da Secretaria Municipal de Educação e outras mais relacionadas à autonomia dos professores. Além do levantamento realizado sobre o acesso dos professores à internet e às tecnologias que vocês comentaram, considero importante saber se vocês se sentiam preparados para trabalhar com essa tecnologia? Se vocês tinham formação anterior ou se não tinham? A formação que foi subsidiada pela Secretaria Municipal de Educação foi suficiente? Vocês buscaram outros recursos durante esse primeiro ano de 2020 e depois agora em 2021 para dar conta dessa modalidade de Ensino Remoto Emergencial?
Laís: Então, Ana Paula, eu utilizava muito pouco as ferramentas digitais nas aulas presenciais, era mais um aspecto no planejamento das aulas, utilizava para pesquisar atividades, conteúdos, isso pela restrição de materiais fornecidos pelas escolas. Trabalhei em duas escolas até hoje que possuíam um laboratório de informática que os alunos tivessem acesso, ou que estivesse disponível para planejar uma aula, ou que disponibilizasse um retroprojetor e/ou até mesmo internet aberta para que os professores pudessem utilizar dessas ferramentas em suas aulas. A formação que a Secretaria Municipal de Educação ofereceu, para mim, foi importante porque tive contato com alguns termos que não conhecia, em maio essa Secretaria disponibilizou uma autoavaliação elaborada pelo Centro de Inovação Para a Educação Brasileira - CIEB, que é uma pesquisa para avaliar o nível de conhecimento e uso das tecnologias digitais. Responder a pesquisa foi muito interessante porque descobri que estou bem iniciante em várias questões e apontando onde e como poderia aperfeiçoar. Porém, a Secretaria Municipal de Educação não mais tocou no assunto e lembrei disso recentemente por estar buscando novas estratégias didáticas porque talvez tenhamos que retornar a trabalhar em agosto no modelo híbrido (presencial e remoto). Além disso, também teve uma orientação para reduzir a quantidade de conteúdo, de questões. Por ser uma escola de tempo integral eram seis atividades por dia, 36 por semana e muitos pais e mães não estavam conseguindo acompanhar e orientar os filhos, visto que quando eles iam abrir a plataforma na semana seguinte já tinham mais de 60 atividades. Então, foi recomendado para que reduzíssemos o máximo de informações, que trabalhássemos apenas o necessário nesse período.
Lívia: No meu caso, também não tinha nenhuma formação específica sobre tecnologias e a Secretaria Municipal de Educação disponibilizou um curso que fizemos de forma remota. Mas, a meu ver, ainda foi muito superficial, ele ainda não nos preparou para enfrentar as dificuldades, nós fomos aprendendo mesmo conforme as coisas iam acontecendo.
Elker: Nesse caso, estou em uma realidade muito parecida com a das meninas. Eu utilizava pouco as tecnologias, utilizava vídeo ou uma apresentação no datashow, não mais do que isso. As escolas, como a Laís citou, não permitiam, não tinham estrutura para usar muito mais do que isso nas aulas. Quando começaram as aulas do ensino remoto, o que utilizei foi o que já tinha experienciado no cotidiano, foi com o tempo, com erros e acertos, tentando uma ou outra atividade que fui conseguindo melhorar. Assisti várias videoaulas no YouTube para aprender sobre edição de vídeo, sobre como fazer conteúdos a distância. Os cursos que vieram depois das Secretarias Municipais que trabalho agregaram, mas não foi tanto. A forma que eu realmente mais aprendi foi indo atrás e procurando esses cursos de videoaulas do YouTube.
Lívia: Só complementando, anteriormente sempre que eu iria inserir um novo conteúdo utilizava algum vídeo do YouTube, alguma apresentação também do PowerPoint como o Elker falou, só que era sempre na introdução de conteúdo novo. Nunca tinha gravado um vídeo e comecei a fazer isso, porque achava que estava muito distante dos alunos. Então, comecei a gravar vídeos, no início tive bastante dificuldade, mas, também, fui procurando na internet como fazia, procurando alguns aplicativos de como editar os vídeos e fui tentando fazer sozinha.
Flórence: Pelos relatos, entendo que foi uma questão de autoformação, uma necessidade pessoal de ampliar o conhecimento.
Elker: Exatamente, foi nesse sentido mesmo.
Ana Paula: Nesse processo de autoformação, quais foram as tecnologias e recursos que vocês de fato conseguiram se apropriar para o desenvolvimento das aulas de Educação Física escolar? Poderiam citar exemplos ou situações marcantes que foram positivas nesse período e que consideram que possam vir a qualificar o ensino presencial.
Lívia: A escola que trabalho enfrentou dificuldades com o AVAH, então utilizamos como recursos as atividades xerocopiada, gravávamos vídeos e enviávamos pelo WhatsApp. Alguns professores não gravavam vídeos e um dos motivos era a questão da baixa qualidade da internet dos alunos, porque muitos não tinham wi-fi para baixar vídeos ou acessar pelo Youtube, tinham plano para acesso apenas do WhatsApp, não tendo acesso a outras plataformas. Assim, às vezes que eu gravei, e que deixei de postar no YouTube e encaminhei pelo WhatsApp, tinham pais que reclamavam que o celular estava ficando pesado por causa dos vídeos baixados pelo aplicativo. Como já tínhamos perdido um tempo de março até agosto sem conteúdo nenhum, a coordenação da escola orientou que reduzíssemos ao máximo o conteúdo para ser trabalhado até dezembro. Um conteúdo que trabalhávamos em duas ou três semanas, passamos a ter somente uma aula para desenvolvê-lo.
Laís: O meu caso foi um pouco semelhante ao da Lívia, mas agora em 2021. No começo de 2021, tive a ideia de tentar produzir conteúdo também, mas esbarrei nas mesmas dificuldades com os dados móveis dos alunos e por não ter tanto preparo. Fiz pequenos vídeos com explicações de ordem procedimental, conceitual para que eles tivessem orientações da professora para retomar o contato mais próximo. No início de 2020, estávamos em formação para a implementação do Documento Curricular de Goiás (DCGO) ampliado, com base na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Documento composto de quatro cortes temporais, cada um referente a um bimestre. Quando retornamos em agosto, para o ensino remoto, a orientação era que deveríamos trabalhar os quatro cortes temporais até dezembro. Com isso, os conjuntos de conteúdo foram trabalhados algumas vezes em duas semanas, por exemplo, quatro aulas para o esporte e quatro aulas para eu trabalhar jogos, jogos eletrônicos e a diversidade dos jogos ali dentro. Em 2021, a orientação foi um pouco diferente, fomos orientados a seguir o corte temporal dentro do período do bimestre. No entanto, na minha instituição não tive a possibilidade de adequar o conteúdo. Por exemplo, de janeiro até o início de abril, o conteúdo indicado no documento para o primeiro corte temporal foi jogos. Desse modo, tive que produzir algo sobre jogos. No segundo corte temporal do documento, que foi de abril a junho, direcionados do primeiro ao quarto ano da primeira fase do ensino fundamental, os conteúdos foram ginástica e dança. Então, tive que trabalhar situações desses conteúdos. Para o quinto ano era somente o conteúdo de ginástica e para o desenvolvimento deste conteúdo utilizei como material didático pequenos vídeos de produtores de conteúdo na plataforma do YouTube para compartilhar durante minhas aulas. Uma situação que chamou a atenção era o acompanhamento de alunos por familiares não alfabetizados. Pensando nisso, tentei fazer uma aula gravada, gravar a sequência da aula e mandar no WhatsApp. Mas, não foi muito bem recebido pelo grupo e nem pelos familiares porque era a mesma coisa que já tinha sido postada na plataforma. A estratégia de pesquisar vários vídeos curtos do YouTube, no máximo dois e três minutos, era para que eles tivessem o contato visual com aquele conteúdo. Um dos conteúdos que mais me chamou atenção foi o de construção de brinquedos para utilizarem em jogos ou brincadeiras. Normalmente, neste conteúdo trabalho a construção de peteca, mas ofereci outras possibilidades de brinquedos e muitos alunos fizeram, mandaram vídeos brincando, jogando com os familiares, e achei muito interessante.
Elker: Nessa questão dos cortes temporais do DCGO ampliado, com base na BNCC, também foi pedido que continuássemos seguindo esses documentos. Na escola do município de Aparecida de Goiânia, em que as aulas ficaram suspensas da metade de março até o começo de abril de 2020, deu para seguir quase todo o roteiro dos conteúdos do DCGO ampliado, apesar de ter que reduzir o tempo disponível para trabalhar cada conteúdo. No início, gravava vídeo de dez minutos, mas percebi que não estava dando certo. Então, comecei a gravar vídeos menores, porque os alunos são pequenos e não conseguiam acompanhar tudo que eu falava no vídeo. Já na outra escola que trabalho, a do município de Goiânia, em que as aulas ficaram suspensas até agosto de 2020, tive que resumir mais os conteúdos. Então foi mais complicada essa questão de passar todos os conteúdos que estavam preestabelecidos pelos documentos curriculares que nós seguimos. Essa experiência de construir brinquedos que a Laís colocou, eu também tive boas experiências. Vários brinquedos que eu nunca tinha feito na escola com os alunos, propus para eles nesse período não presencial e deu certo, os alunos fizeram e gostaram. Também percebi que tinha uma boa relação dos alunos que participavam e dos familiares com os conteúdos da educação física. Em várias atividades que eu passava os pais brincavam junto com os filhos, os irmãos brincavam junto com os alunos e isso foi bem interessante. Na aula presencial a gente não tem essa relação tão próxima com a família, é mais com o aluno.
Lívia: No ano passado, trabalhava com crianças bem pequenas, então gravava áudio para que eles pudessem escutar minha voz porque eles me conheciam e, também, gravava vídeos explicando a brincadeira, ou fazendo a brincadeira para que eles me vissem. Neste ano, apesar de ser na mesma escola, mudei de turno e estou trabalhando com os alunos mais velhos. Muitos deles já foram meus alunos quando pequenos, como agora eles já são maiores, resolvi utilizar um aplicativo, que uma amiga me apresentou, onde gravava a minha tela do computador e explicava as atividades. Antes de conhecer esse aplicativo, enviava a atividade e percebia que os alunos tinham muitas dúvidas, mandavam mensagens perguntando o que era para fazer. Depois que passei a gravar os vídeos da minha tela, explicando a atividade, percebi que eles passaram a ter menos dúvida com aquela explicação que assistiam. Apesar de serem vídeos bem curtinhos, uns três minutos, se tornou um excelente recurso pedagógico.
Ana Paula: A demanda que temos de conhecer diferentes estratégias na relação com as tecnologias é muito grande. Penso que este talvez seja um dos maiores aprendizados na educação, a relação com as tecnologias, durante este período. Mas, uma coisa que me chamou atenção nos relatos de vocês, é a preocupação com o conteúdo, de manter o conteúdo na lógica como ele está pautado no DCGO ampliado. Neste sentido, fica a dúvida: em algum momento a gestão escolar ou vocês professores pensaram em problematizar junto às crianças o momento social em que elas estavam vivendo?
Lívia: No meu caso a escola sempre exigiu que seguíssemos os cortes temporais presentes nos documentos curriculares e, realmente, o que percebo é que pouco foi feito nesse sentido. Até a planilha tínhamos que preencher relatando se tínhamos conseguido seguir todo o corte temporal, terminar o corte temporal a tempo. Foi uma cobrança bem grande.
Laís: Uma colega da escola, mas de uma outra área, já estava se sentindo incomodada desde o carnaval acerca da pandemia. Ela já começou a trabalhar sobre o coronavírus, sobre a higiene pessoal e alguns colegas questionaram se ela não estava exagerando na situação. Mas, depois pediram desculpas quando veio a orientação da Secretaria Municipal de Educação dizendo que precisávamos realizar o distanciamento social. Pediram desculpas por não terem acreditado nela naquele momento e por terem chamado ela de exagerada. Quando houve a necessidade de paralisação das aulas presenciais, muitas pessoas tiveram dificuldades, em especial porque se trata de uma escola de tempo integral, na qual a criança percorre os dois turnos. Os familiares não tinham com quem deixar os filhos, porque precisavam continuar trabalhando. Com isso, a pressão e a cobrança sobre a escola aumentaram, até mesmo sobre nós professores. Houve diversos questionamentos, principalmente no começo de 2021, como: por que o aluno de escola pública não tinha a mesma qualidade do aluno de escola participar? Por que a escola particular estava retornando e a escola pública não? Havia também comentários de que o trabalho do professor estava sendo muito fácil, que era só pegar da internet e disponibilizar para o aluno fazer qualquer coisa. Foram questionamentos e comentários das famílias em relação a nós professores, que exigiu que nos posicionássemos. Esta situação ocasionou o diálogo sobre a pandemia e sobre seus riscos. Eu, particularmente, desde setembro e outubro de 2020, passei a colocar algumas orientações durante as aulas. Por exemplo, no primeiro e segundo ano o conteúdo era dança, então fui pesquisar músicas sobre lavar as mãos, sobre higiene, sobre cuidado com o corpo e sempre reforçando o uso do álcool em gel, da máscara e da importância do distanciamento. Esses questionamentos das famílias considero legítimos, os professores não estavam preparados, as famílias não estavam preparadas, ninguém estava preparado para este momento. Sabemos que o momento é difícil, mas a realidade é essa e precisamos resguardar todo mundo. Não foi fácil, principalmente em 2020, mas depois das adequações em 2021, com o acesso ao material no formato em PDF, com outras facilidades que a Secretaria Municipal de Educação permitiu a qualidade da intervenção melhorou. Assim como a Lívia e Elker comentaram, também ouvi outros colegas da rede municipal de ensino comentando que as aulas não seguiram as orientações da Secretaria à risca em 2020. Mas, na minha instituição em específico, a gestão foi bem categórica, a orientação da Secretaria Municipal de Educação deveria ser seguida mesmo que estivesse distanciando alguns alunos e seus familiares das atividades escolares. Em 2021, a Secretaria Municipal de Educação flexibilizou suas orientações, a escola também flexibilizou e melhorou o diálogo com as famílias, foram menos cobradas. Considero que a postura das famílias e até as críticas dos familiares para com os professores eram em decorrência da falta de entendimento da gravidade da situação. Por isso, foi preciso tocar nesse assunto da pandemia semanalmente, particularmente eu coloquei em várias aulas, vários planos de aula.
Elker: Pelo que percebi da fala da Lívia e da Laís, as minhas escolas ficaram no meio termo. Elas não falaram tanto sobre a pandemia igual a escola da Laís, mas trataram um pouco desse tema, não trabalharam só os conteúdos, como na escola da Lívia. Algumas atividades de educação física, de ciência, de matemática trabalharam coronavírus, porcentagem de contaminados, métodos, maneiras de evitar o contágio foram trabalhados. Eu sempre falava também nas atividades sobre assuntos desse tipo, mas não aprofundando, igual foi na escola da Laís.
Flórence: Nas falas de vocês percebemos, em muitos casos, que a escola tem dificuldade em abordar os conteúdos não curriculares. Ficamos um pouco alheios ao que está acontecendo na vida das crianças, na sociedade. Esta situação que estamos vivendo torna ainda mais evidente a necessidade da escola dialogar com fatos e situações sociais presentes na vida dos estudantes e que ficam barradas nos muros das escolas.
Ana Paula: Complementando a fala da Flórence, penso que estamos em um momento que demanda ainda mais a valorização da ciência, dos conhecimentos científicos e a escola é um lugar privilegiado para abordar esses conhecimentos. Entendo também que o trato pedagógico com o tema pandemia, possibilitaria o exercício de escuta às crianças e entender possíveis situações de sofrimento. Em especial, se considerarmos que elas foram afastadas dos seus respectivos espaços de convívio social. Então elas, assim como nós, estão sujeitas a momentos de sofrimento psíquico devido à pandemia, apenas para complementar um pouco sobre o que a professora Flórence comentou.
Flórence: Nas falas de vocês percebo a quantidade de estratégias que foram utilizadas, as dificuldades que tiveram, sendo muitas vezes necessárias adequações no desenvolvimento das ações. Avalio que a adaptação para o Ensino Remoto Emergencial não foi fácil para os professores, para a escola e nem para os alunos. Gostaria que vocês falassem um pouco sobre as dificuldades que tiveram no exercício da docência e sobre a necessidade de reorganização da rotina familiar.
Lívia: Na minha casa tínhamos apenas um computador para ser usado e não tínhamos nenhum espaço adequado para estudo. Então era o computador que eu utilizava quando precisava fazer meus planos de aula. Com o início da pandemia, meus dois filhos passaram a ter aulas de forma remota e tivemos que adequar um espaço para que eles pudessem estudar. Adquirimos mais um computador para auxiliar nos estudos, meu marido também estuda, então estava bem complicado conciliar isso tudo. Muitas vezes me senti muito sobrecarregada, porque além do trabalho que eu tinha da escola, de atender os alunos, fazer os planos, adaptar atividades para os alunos com necessidade especiais, também tinha que auxiliar meus filhos durante as aulas. Tenho um filho em fase de alfabetização, e tive que acompanhar mais de perto, acompanhar as aulas dele, então foi bem complicado, me senti muito sobrecarregada. Além de que, os meus alunos mandavam mensagens fora do meu horário de trabalho.
Elker: No início tive muita dificuldade nessa questão que a Lívia colocou, de organizar o trabalho das escolas e as questões pessoais. Nas escolas em que trabalho a maior parte dos conteúdos foram passados pelo WhatsApp, chegavam mensagem o dia todo, à noite, de madrugada também. Era preciso desligar o celular, caso contrário não dava para fazer as outras coisas. No início foi bem tumultuado, bem confuso essa questão de organizar em que momento eu ia fazer o trabalho de uma escola ou de outra, os planejamentos, as atividades e em que horário eu ia atender os alunos. Com o tempo fui conseguindo organizar melhor isso, comecei a colocar na agenda o que deveria fazer no dia, porque não estava dando conta de suprir toda a demanda que era necessária. Na questão de tecnologia, de computador, tenho um computador que já está um pouco velho, mas ele atendeu às minhas demandas docentes. Porém, o celular não está atendendo, porque recebo muitas atividades, vídeos e fotos e eu coloco nas nuvens. Porém, já criei uns três e-mails para cada escola e enche o espaço da nuvem e eu crio outro e-mail e, quinzenalmente, tenho que apagar a memória do celular, pois ele não comporta a quantidade de arquivo, então essa questão está muito complicada até os dias atuais.
Laís: A minha realidade é um pouco próxima de cada um dos colegas, com algumas particularidades. Diferente da Lívia eu não tenho filhos, a família próxima mora relativamente longe, sou só eu e meus cachorros. Mas, mesmo assim, tive muita dificuldade de adaptar a rotina e trabalhar nos horários certos. Nesse período de pandemia, dividir o tempo entre as questões pessoais, o trabalho de casa e o trabalho da escola foi bem complicado. No meu caso, por exemplo, não sei se os colegas passaram pelo mesmo, mas o sistema AVAH, principalmente no ano de 2020, oscilava muito. Nos períodos da manhã ou da tarde em que as escolas estavam acessando e os alunos também, a gente quase não conseguia lançar a aula na plataforma. Assim, passei a ter o hábito de lançar a noite, estendendo para o começo da madrugada. No dia seguinte, eu não conseguia acordar cedo, no horário das 7 horas, que seria a nossa entrada do trabalho na escola. Ao acordar, por volta das 10 horas, no celular já tinha em torno de 20 mensagens de alunos que tinham mandado as atividades perguntando se estava certo ou não. Além disso, antes de começar a pandemia o meu computador tinha queimado, fazia os planejamentos pelo computador da escola, utilizava a sala de informática da escola. Precisei adquirir um computador novo, não tenho wi-fi em casa, mas precisei melhorar o plano de internet do celular porque, querendo ou não, tem alguns benefícios como internet extra para YouTube, WhatsApp e outros recursos. O que me permitiu realizar o trabalho remoto sem ter que recorrer a escola para utilizar a internet. No entanto, acredito que todos tenham sentido essas mudanças de adaptação, inclusive emocionais, porque no primeiro momento em agosto de 2020 quando nós retornamos a produzir a aula, plano de aula, o baixo acesso, o baixo retorno dos alunos fizeram me questionar se tinha sentido todo aquele trabalho que estava tendo. Visto que, tanto pela Secretaria de Educação, quanto pela instituição escolar foram exigidas algumas burocracias de preenchimento de tabelas, para ver quem estava acessando o WhatsApp, mandando atividade pelo WhatsApp e acessando o AVAH para fazer as análises e as avaliações. Muito foi exigido e cheguei a questionar se tinha real sentido aquilo, mas colocava na cabeça que era preciso fazer, é o meu trabalho.
Flórence: Vocês poderiam comentar um pouco a respeito da aprendizagem dos alunos? Consideram que ela tenha ficado prejudicada com a modalidade do Ensino Remoto Emergencial? E os alunos que têm acesso apenas a material impresso?
Lívia: No meu caso, como já falei, é uma escola de periferia aqui da cidade de Goiânia, pouquíssimos alunos têm acesso satisfatório à internet. A maioria deles utiliza o celular dos pais para realizar a atividade ou, aqueles que possuem um celular, o aparelho não é muito bom. Eles têm dificuldade de tirar uma foto de qualidade para mandar atividade. Em outros casos, quando o aparelho é do pai, o pai leva o celular para o trabalho e o filho faz atividade à noite, ou ainda quando a família tem um celular para dois, três filhos. Percebemos que todos esses pontos atrapalham bastante e vão refletir diretamente na qualidade do ensino. Os alunos que vão à escola buscar as atividades xerocopiadas, porque não tem acesso à internet, também encontram dificuldades quando vão realizá-las. Eles recebem um material impresso com muitas informações e não há ninguém para auxiliar nas dúvidas, o que compromete a aprendizagem. Também notei que muitos alunos que pegam as atividades na escola não devolvem. Com isso, ficamos sem ter uma devolutiva daquela atividade, e não sei se os alunos tiveram dificuldades ou não, se eles conseguiram realizar.
Elker: Essa realidade da Lívia é bem parecida com a que enfrentei. Vários alunos com dificuldade de acesso à internet, ou tinham internet, mas não era boa qualidade, era internet de dados só do celular. Avalio mais ou menos assim, um terço dos meus alunos ou buscavam atividades na escola e não me mandavam nada ou não participavam de nenhum grupo e nem buscavam na escola. Um terço mandava atividade de vez em quando, três atividades por mês, quatro atividades por mês, que também não dá para avaliar muito bem se está tendo desenvolvimento ou não, se conseguiu adquirir conhecimento sobre aquele conteúdo ou não. E um terço dos alunos aparentemente teve bom desenvolvimento, conseguiu acompanhar os conteúdos, fazer as atividades semanalmente, respondia as atividades de maneira correta e fazia as atividades avaliativas de maneira satisfatória. Então, divido assim, mais ou menos um terço foi bem, um terço foi parcial e um terço foi insatisfatório.
Laís: Acredito que a realidade de várias escolas é semelhante, minha, da Lívia, do Elker. Em relação às avaliações, o que pude perceber é que aqueles educandos até o terceiro ano, da primeira fase do fundamental, que tinham a possibilidade de acompanhamento de algum familiar, ou de alguma babá, tiveram um aproveitamento maior do que aqueles educando que não tinham esse apoio familiar. Tinham famílias que só poderiam acompanhar os alunos no final de semana devido ao trabalho, afinal “como vou fazer a atividade com meu filho se saio seis horas da manhã e chego dez horas da noite?”. Muitas famílias optaram por algumas disciplinas, alguns componentes curriculares e avisavam para os professores, por exemplo: “professora, nós vamos fazer português e matemática porque não consigo desenvolver o restante das atividades”. Em relação aos alunos do quarto e quinto ano, os que possuíam celular apresentaram um desenvolvimento satisfatório, porque eles assistiam aos vídeos, eles questionavam, eles tinham possibilidade de mandar dúvida, isso em 2021. Mas, este número de alunos não ultrapassa a metade da turma. Os alunos que desenvolveram as atividades, o passo a passo devagar e que conseguiram ter esse acompanhamento familiar, também tiveram um aproveitamento satisfatório. Porém, como a Lívia colocou, a falta de contato com os pares, a falta de socialização, não só da dúvida, mas do momento da prática corporal de observar no corpo do outro o movimento ou jogar junto com o outro para poder trabalhar a dimensão de respeito, de equidade, questões atitudinais dificultou o processo de aprendizagem. Tive muita dificuldade de observar esse processo, a falta de socialização não permitiu esse aprofundamento. Outro ponto que gostaria de destacar, é que o AVAH, permitia que a gente recebesse arquivos por ali. Porém, a capacidade era de um mega até fevereiro e, em março de 2021, passou a ser de dois mega. Por isso, algumas famílias conseguiam enviar foto, mas não os vídeos, como feedback das atividades propostas o que também dificultava a avaliação. Para favorecer a aprendizagem dos alunos, eu, particularmente, colocava em vários planos de aula que era necessário que um familiar estivesse junto para potencializar a dimensão procedimental, na qual ele pudesse pelo menos vivenciar o jogo ou a atividade, e, ainda, favorecer o processo de comunicação entre ele e outro sujeito.
Ana Paula: Pela fala de vocês, percebemos a importância da mediação docente no processo de aprendizagem, o que ficou prejudicado com a modalidade de Ensino Remoto Emergencial. Além disso, fica evidente a necessidade ainda maior, neste período de pandemia, da mediação dos familiares nos processos de aprendizagem. Uma vez que o melhor desempenho dos estudantes na experiência de vocês esteve atrelado ao acompanhamento familiar. Para finalizar, gostaríamos de saber quais os aprendizados que ficam para a prática docente de vocês a partir da experiência com a modalidade de Ensino Remoto Emergencial?
Laís: Ficam muitos aprendizados, um deles é a necessidade da alfabetização digital, tanto dos adultos quanto das crianças, porque independente da pandemia ter mostrado maior necessidade de lidarmos com os recursos digitais na escola, o cotidiano já nos exigia isso. Outro aprendizado é entender a necessidade de que eu, enquanto professora, preciso buscar continuamente a formação, não só no aspecto institucional, mas como o Elker falou, ter curiosidade de ampliar o conhecimento sobre aquilo que não sei e que pode me ajudar no cotidiano escolar. Outro aprendizado é a importância de compartilhar experiência entre os colegas e entre escolas, porque uma situação que eu não sei, um problema que não consiga resolver, talvez algum outro colega tenha passado, tenha encontrado uma solução ou uma ferramenta que possa me auxiliar.
Elker: Essa questão de troca de experiências com outros colegas, tanto da mesma escola, quanto de outras escolas, considero que foi bem importante mesmo. É uma experiência positiva que fica, porque, muitas vezes, não tinha mais ideias, não tinha mais metodologias para utilizar. Ao conversar com colegas, pesquisar na internet, eu construía novas possibilidades para desenvolver nas minhas aulas. Penso que essa troca de experiência, ainda que digital, foi muito positiva durante a pandemia, foi um ganho que esse período trouxe. Como a professora Ana Paula falou, dessa questão da mediação, vi que faz muita falta essa mediação. Foi uma perda muito significativa não estar próximo do aluno, mesmo tentando utilizar estratégias para aproximar, mandando vídeo e áudio, mesmo assim não chegava perto do que a educação física presencial para crianças pequenas pode fazer. Sobre as ferramentas digitais, vejo que posso utilizar mais. Ainda que a escola não tenha tantos recursos e tantas ferramentas tecnológicas, posso utilizar mais coisas, mais vídeos, produzir vídeos com os alunos, conversar mais sobre essas tecnologias com os meus alunos. Porque vi que vários deles já estão nesse processo de alfabetização digital que a Laís citou, mas muitos ainda não estão e precisam se apropriar desse conhecimento.
Lívia: Os colegas falaram sobre a troca de experiência, a troca de material. Antes eu realmente não tinha tempo e nem disposição para procurar tanto material para compartilhar e o ensino remoto nos colocou numa situação que nos demandou a necessidade de buscar conhecimentos. O que nos levou a refletir sobre nossa prática pedagógica, estratégias e acho que isso é o que fica como positivo.
Flórence: Os relatos de vocês reforçam a ideia de que fomos obrigados a aprender sobre as tecnologias e a utilizá-las para atender às necessidades impostas nesse período de pandemia, que nos obrigou a trabalhar remotamente. Além disso, destacam a importância da mediação de qualidade, que ficou comprometida devido à necessidade de distanciamento social. Contudo, entendemos que houve muitos aprendizados que poderão ser aproveitados futuramente no ensino presencial, principalmente em relação à inserção das tecnologias nas aulas de Educação Física escolar, de modo a contribuir com a construção de novos conhecimentos e formação dos alunos.
Eu e a professora Ana Paula agradecemos a disponibilidade de vocês em compartilhar suas experiências conosco. Entendemos que esse registro poderá contribuir para o exercício da docência de outros professores.
Notas
1. Especialista em Educação Inclusiva com ênfase no atendimento educacional especializado (AEE) - Faculdade Brasileira de Educação e Cultura pela FABEC e em Psicopedagogia pela Faculdade Suldamperica. Professor de Educação Física da rede municipal de ensino de Aparecida de Goiânia-GO e Professor de Educação Física da rede municipal de ensino de Goiânia-GO. Mestrando no Programa de Pós-graduação em Educação Física em Rede Nacional. Integrante do ConnectLab (UFG).
2. Especialista em Metodologia de Ensino em Educação Física Escolar pela UFG. Professora de Educação Física da rede municipal de ensino de Senador Canedo - GO e Professora de Educação Física da rede municipal de ensino de Goiânia – GO. Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação Física em Rede Nacional. Integrante do ConnectLab (UFG).
3. Especialista em Métodos e Técnicas de Ensino pela UNIVERSO e em Educação Física Escolar pela UEG. Professora de Educação Física da Rede Municipal de Ensino de Goiânia-GO. Mestranda no Programa de Pós graduação em Educação Física Escolar em Rede Nacional (PROEF-UNESP/UFG). Integrante do ConnectLab (UFG).
4. Doutora em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora Associada da Universidade Federal de Goiás. Docente no Programa de Pós-Graduação em Educação Física em Rede Nacional/ProEF – FEFD e no Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica/PPGEEB – Cepae. Líder do Grupo de Pesquisa Conexões entre Práticas Corporais, Tecnologias e Inclusão/ConnectLab (UFG).
5. Doutora em Desenvolvimento Humano e Tecnologias pela Universidade Estadual Paulista. Professora Adjunta da Universidade Federal de Goiás. Docente no Programa de Pós-Graduação em Educação Física em Rede Nacional/ProEF – FEFD. Líder do Grupo de Pesquisa Conexões entre Práticas Corporais, Tecnologias e Inclusão/ConnectLab (UFG).