Formação de professores e o ensino da matemática com crianças bem pequenas

Resumo:Este trabalho é um recorte da pesquisa de dissertação, em andamento, vinculado ao Programa de Mestrado, do IF Goiano, que pretende responder ao seguinte problema: “Quais as percepções dos professores que ensinam matemática a respeito da utilização dos jogos no ensino desta disciplina para crianças bem pequenas da Educação Infantil nos CMEIs de Jataí-GO?”. Assim, possui como objetivo geral compreender, a partir de um curso de formação de professores da Educação Infantil, como os jogos contribuem para a prática pedagógica, na aprendizagem das crianças no ensino de matemática. No que diz respeito à metodologia, essa pesquisa possui caráter qualitativo, cujo público-alvo são profissionais que atuam na Educação Infantil no município de Jataí-GO. Percebeu-se, como alguns dos resultados parciais, que a utilização dos jogos no ensino da matemática permite maior desenvolvimento das potencialidades das crianças bem pequenas, de formas diversas, e proporciona melhoras na prática pedagógica.

Palavras-Chave:Educação Infantil. Matemática. Formação Docente.

Introdução

Um olhar atento perceberá que a necessidade da formação continuada para professores da Educação Infantil que atuam nos CMEIs – Centro Municipal de Educação Infantil – é premente e não cessa com o passar dos anos. Nesse sentido, faz-se imprescindível que haja aperfeiçoamento da prática e isto pode acontecer por intermédio da graduação, bem como por formações complementares e/ou continuadas. Dessa forma, em concordância com os documentos que norteiam a educação – na atualidade – é importante destacar que os profissionais precisam estar em constante processo de formação e aperfeiçoamento.

Nessa perspectiva, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB define no seu artigo 62, § 1º que: "[...] a União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério [...]". (BRASIL, 1996, online). Iniciativas em favor da formação continuada são importantes, principalmente quando essas consideram que o conhecimento não é estático, ele está continuamente em transformação. Assim, o profissional deve estar em constante busca para o aprimoramento da sua prática pedagógica, se qualificando de acordo com a realidade que vivencia, e pelo fato de a práxis do professor demandar uma base sólida de estudos científicos.

Nesse sentido, o profissional da Educação Infantil que trabalha com crianças bem pequenas, etapa creche, tem como função educar e cuidar das crianças que ali frequentam; assim como, necessita conhecer amplamente as diversas normas que regem o currículo da fase em que atua, de forma a favorecer a construção de noções e conceitos; no caso deste trabalho, referentes à matemática. Para os efeitos legais, considera-se, como crianças bem pequenas, conforme a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, aquelas com idade entre 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses (BRASIL, BNCC, 2017, Ebook).

Entendemos que os conceitos desta disciplina estão presentes em diversas situações cotidianas, desde o nascimento. Grande parte das ações humanas que executamos envolvem conteúdos matemáticos, tais como: as associações temporais, as grandezas, as medidas e as relações numéricas. Desde pequenas, as crianças começam elaborar compreensões a partir do que observam e das vivências e experiências que participam. Assim, os conceitos matemáticos precisam ser abordados desde a primeira etapa da Educação Básica.

Essa percepção foi a base para o ingresso no mestrado e para a construção dessa pesquisa, em desenvolvimento. Para tanto, a fundamentação teórica se apoia em autores como: Grando (1995; 2000), Kishimoto (2006; 2011), Lorenzato (2011), Smole (1996), Pimenta (2006). Estes teóricos auxiliarão a responder o problema da pesquisa, a saber: Quais as percepções dos professores que ensinam matemática, a respeito da utilização dos jogos no ensino de matemática para crianças bem pequenas da Educação Infantil nos CMEIs de Jataí? Para que se compreenda a escolha do estudo dos jogos matemáticos nessa etapa da Educação Básica, registra-se que “[...] o jogo com sua função lúdica de propiciar diversão, prazer e mesmo desprazer ao ser escolhido de forma voluntária e o jogo com sua função educativa, aquele que ensina, completando o saber, o conhecimento e a descoberta do mundo pela criança". (CAMPAGNE, 1989, p.112 apud KISHIMOTO, 2006, p.96). E, assim, o joga torna-se um instrumento fundamental para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

A metodologia desta pesquisa possui abordagem qualitativa, cujo público-alvo são os professores que atuam na rede Municipal de Educação Infantil de Jataí-Goiás, que ensinam crianças nos anos iniciais da infância, compreendo a idade entre 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses. (BRASIL, BNCC, 2017, Ebook).

A pesquisa de mestrado se realizará por meio de um curso de formação com esses professores, em formato híbrido com encontros presenciais e assíncronos; sendo disponibilizado 30 vagas e totalizando uma carga horária de 120h. Com relação ao curso, ressalta-se a importância da formação continuada dos professores, uma vez que essa “[...] deve favorecer e estimular o pensamento autônomo numa perspectiva crítico-reflexivo [...]”. (NÓVOA, 1991 apud PIMENTA, 1999, p. 29). E pretende-se, neste estudo, fazer uma análise prévia do curso em questão.

O curso

Este trabalho é o recorte de uma pesquisa de mestrado, do Programa de Pós-Graduação em Educação para Ciências e Matemática (PPGECM), do Instituto Federal de Goiás, Campus Jataí. Trata-se de um projeto cujo produto educacional é um curso de formação de professores da Educação Infantil.

O curso de formação docente foi organizado em três etapas distintas: a começar pela realização de uma reunião com os coordenadores das creches locais – Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) – informando sobre os módulos do Curso de Formação para professores, ofertado pela Secretaria Municipal de Educação (SME) intitulado: “Saberes e Práticas na Educação Infantil”, elaborado pela equipe pedagógica da SME, à qual a primeira autora está vinculada. Este terá como finalidade contribuir com a formação continuada dos docentes recém-empossados na rede de ensino.

A segunda etapa, consistiu-se na aplicação de um questionário. Este foi entregue ou enviado pelo aplicativo WhatsApp aos professores da Educação Infantil que trabalham nos CMEIs, com crianças bem pequenas.

Após a efetivação das inscrições, teve início no mês de abril, o curso de formação dos professores inscritos. Mas, somente no mês de maio foi apresentado o módulo ao qual pertence o produto educacional desse trabalho de pós-graduação, intitulado: “Formação continuada de professores para educação infantil por meio de jogos no ensino da matemática”, com carga horária de 40h. A intenção do módulo era dar condições para que os profissionais pudessem aprimorar e/ou aprofundar seus conhecimentos sobre a importância do uso dos jogos. Com o propósito de trabalhar e desenvolver noções, bem como conceitos matemáticos na rotina diária, com crianças bem pequenas.

No início do curso, esclareceu-se que este trata-se do produto educacional do programa de Mestrado; e destacamos que nos resultados finais será analisado o material elaborado de seis (6) dentre os trinta (30) profissionais que estavam inscritos.

O módulo consistia em encontros presenciais de 4h, que foram realizados de maio a junho de 2022; uma vez a cada quinzena, contendo atividades assíncronas. Como parte destas atividades as cursistas, deveriam ler o artigo de Daniele de Oliveira Boin: “Trilha da Chapeuzinho Vermelho e a sequência numérica e quantidades até 5”. (BOIN, p. 37-41, s.n.t.). E logo após a leitura, planejar uma sequência de atividades a partir de um jogo, pensando nas crianças de sua sala de vivências.

Com relação à didática prática dos encontros presenciais, elas consistiam em leituras, jogos e elaboração de tarefas que seriam aplicadas, com as crianças bem pequenas da creche, em suas vivências. Após aplicar as tarefas às crianças, nas creches, as participantes do curso relatavam suas vivências e experiências; bem como documentavam, por meio de relatórios escritos, fotos e registros orais, escritos e pictóricos, como havia sido o momento dessas aplicações, em sala de aula.

Resultados e discussões

Durante o curso, constatou-se, a partir do relato das professoras participantes, que o jogo utilizado possibilitava a comunicação de conceitos da matemática na prática diária com as crianças bem pequenas, sendo possível assim que elas construíssem suas próprias noções de conceitos e fazendo com que o trabalho ocorresse de forma descontraída com o jogo. Esses relatos demonstraram o potencial destes recursos para ajudar as crianças a desenvolverem suas habilidades matemáticas.

Pela análise do material coletado, percebe-se que as cursistas consideraram que o uso do jogo pode auxiliar na aquisição do conhecimento da matemática, das crianças dessa faixa etária, pois desenvolve sociabilidade, amizade, respeito e também o aprendizado para lidar com comandos diversos. E, ainda, proporciona o desenvolvimento de capacidades como: memorização, imaginação, noção de espaço, percepção e a atenção, dentre outras. Faz-se necessário salientar, ainda, que os jogos para proporcionar o aprendizado da matemática, deve ser dirigido pelos educadores e possuir objetivos definidos.

De modo geral, registra-se que houve uma boa participação das cursistas, pois todas elas discutaram e realizaram as atividades propostas nos encontros. Quanto às experiências adquiridas como mestranda, aplicar o curso dentro de uma proposta de formação de professores possibilitou compreender as potencialidades e limites do uso dos jogos no ensino da matemática na Educação Infantil. Somando-se a isso, percebeu-se que o curso proporcionou reflexões e troca de experiências entre as pesquisadoras e as professoras participantes. E, ainda, considerando-se que uma das propostas do curso era compreender a importância do uso do jogo no ensino da matemática, registra-se que fora observado indícios de melhoras na prática pedagógica, tendo como base conhecimentos teóricos e práticos adquiridos e/ou aprofundados ao longo do curso de formação de professores.

Referências

BOIN, Daniele de Oliveira. Sequência didática 1: Trilha da Chapeuzinho Vermelho e a sequência numérica e quantidades até 5. p. 37-41. (s.n.t). [Coletânea de jogos].

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017. [Ebook].

______. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf. Acesso em: 20 ago. 2022.

GRANDO, Regina Célia. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula. Campinas, SP: 2000. 224p. UEC. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/Acervo/Detalhe/210144. Acesso em: 20 ago. 2022. [Tese].

______O jogo e suas possibilidades metodológicas no processo ensino aprendizagem da matemática. 1995. Universidade Estadual de Campinas. São Paulo, 1995. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/Busca/Download?codigoArquivo=458421 . Acesso em: 20 ago. 2022. [Dissertação].

KISHIMOTO, Tisuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 14. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2011.

LORENZATO, Sérgio. Educação Infantil e percepção matemática. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.

PIMENTA, Selma Garrido. Pesquisa-ação crítico colaborativa: construindo seu significado a partir de experiências de formação e na atuação docente. In.: PIMENTA, S. G. GHEDIN,E.; FRANCO, M. A. S. (Org). Pesquisa em educação: alternativas investigativas com objetos complexos. São Paulo, SP: Loyola, 2006, p. 25-64.

SMOLE, Kátia Cristina Stocco. A matemática na educação infantil: a teoria das inteligências múltiplas na prática escolar. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1996.