22 ∙ Hidronefrose Neonatal

Sumário

22 ∙ Hidronefrose Neonatal

  • Suzana Araújo e Silva Hartmann
  • Maysa Campos Mota de Oliveira

68

CLASSIFICAÇÃO PRÉ NATAL

Quando a dilatação do trato urinário (UTD) é detectada no período pré-natal, utiliza a letra A e classifica-se em baixo e alto risco:

UTD A1 (baixo risco):

  • DAP 4 a 6 mm na 16ª a 27ª semana de gestação OU
  • DAP 7 a 9 mm após a 28ª semana de gestação COM OU SEM dilatação central dos cálices renais.
    • Parênquima renal, ureter e bexiga são normais;
    • Não há oligoâmnio associado.

UTD A2-3 (alto risco)

  • DAP maior ou igual a 7 mm na 16ª a 27ª semana de gestação OU
  • DAP maior ou igual a 10 mm após a 28ª semana de gestação OU qualquer um desses achados:
    • dilatação periférica dos cálices renais;
    • anormalidades da espessura ou da ecogenicidade do parênquima renal;
    • dilatação ureteral e alteração de bexiga;
    • presença de oligoâmnio.
FLUXOGRAMA 1 : avaliação da hidronefrose detectada intra-utero

CLASSIFICAÇÃO PÓS –NATAL:

Quando a UTD é detectada no período pós-natal, utiliza a letra P e classifica-se em baixo, intermediário e alto risco:

UTD P1 (baixo risco)

Trato urinário normal com DAP entre 10 a 14 mm E/OU dilatação central dos cálices renais.


UTD P2 (risco intermediário)

  • DAP ≥15 mm OU dilatação periférica dos cálices renais ou ureter dilatado.
  • Casos em que há dilatação periférica dos cálices mas com DAP < 15 mm são classificados como UTD P2.

UTD P3 (alto risco)

  • DAP ≥15 mm com dilatação periférica dos cálices E/OU dilatação ureteral associado a alterações do parênquima renal e de bexiga:
    • aumento da ecogenicidade;
    • diminuição da diferenciação cortico-medular;
    • diminuição da espessura do parênquima renal;
    • bexiga com parede espessada, irregular ou presença de ureterocele.
  • Casos em que há anormalidades de parênquima renal com DAP <15 mm são classificados como UTD P3.
69
FLUXOGRAMA 2 : avaliação da hidronefrose detectada após o nascimento

MANEJO PRÉ-NATAL

Ultrassonografia renal (USG)

  • Detecção da hidronefrose neonatal pode ser diagnosticada geralmente através do USG realizada no 2° trimestre de gravidez mostrando uma medida do diâmetro anteroposterior da pelve ≥ 4 mm.
  • USG fetal deve avaliar:
    • grau da dilatação renal;
    • se há envolvimento renal unilateral ou bilateral;
    • se há dilatação ureteral;
    • caracterizar o parênquima renal;
    • caracterizar a bexiga;
    • avaliar a quantidade do líquido amniótico.

MANEJO PÓS-NATAL

Ultrassonografia renal (USG)

  • Em todo caso de hidronefrose diagnosticada intra-útero deve ser realizada USG renal pós-natal para confirmar.
  • Deve ser realizada preferencialmente após 48 horas de vida (devido a desidratação fisiológica do RN) e pode dar resultado falso negativo (exceto nos casos de oligoâmnio, obstrução uretral e dilatação do trato urinário de alto risco e bilateral).

Uretrocistografia miccional (UCM)

  • Solicitado na suspeita de válvula uretra posterior e na avaliação de RVU, megaureter, ureterocele e duplicidade ureteral.
  • Deve ser solicitada nos casos de UTD P3 (Se UTD P1 e UTD P2 deve ser solicitada a critério do médico).

Cintilografia Renal com DTPA

  • Exame mais comum para avaliar obstrução.
  • Quando indicada, deve ser realizada depois de 6 semanas de vida devido a imaturidade renal no período neonatal.
  • Não é recomendada nos casos de UTD P1.
  • UTD P2 e UTD P3 deve ser solicitada a critério do médico.
70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

  1. Nguyen HT, et al. The Society for Fetal Urology consensus statement on the evaluation and management of antenatal hydronephrosis. Journal of Pediatric Urology 2010
  2. Nguyen HT, Benson CB, Bromley B, Campbell JB, Chow J, Coleman, et al. Multidisciplinary consensus on the classification of prenatal and postnatal urinary tract dilation (UTD classification system). Journal of Pediatric Urology 2014
  3. Oliveira EA, Oliveira MC, Mak RH. Evaluation and management of hydronephrosis in the neonate. Current Opinion in Pediatrics 2016
  4. Chow JS, Koning JL, Back SJ, Nguyen HT, Phelps A, Darge K. Classification of pediatric urinary tract dilation: the new language. Pediatric Radiology 2017
  5. Balthazar A, Herndon CDA. Prenatal Urinary Tract Dilatation. Urologic Clinics of North America 2018
  6. Up to Date: Overview of fetal hydronephrosis Feb 2019
  7. Up to Date: Postnatal management of fetal hydronephrosis Feb 2019