19 ∙ Noções de Diálise Peritoneal

Sumário

19 ∙ Noções de Diálise Peritoneal

  • Alessandra Vitorino Naghettini
  • Thaynara Mercadante
  • Pablo Jaime dos Santos
  • Maysa Campos Mota de Oliveira

60 Veja o anexo desse capítulo

O QUE É?

Modalidade de terapia renal substitutiva cujo objetivos são a ultrafiltração do sangue e a depuração de moléculas grandes e pequenas.

QUANDO DEVO INDICAR?

Deve ser considerada quando:

Taxa de filtração glomerular estimada = 9- 14 mL /min /1,73 m²

  • Sintomas ou sinais de uremia;
  • Sobrecarga hídrica ou desnutrição, hipertensão (por hipervolemia);
  • Hipercalemia;
  • Hiperfosfatemia;
  • Acidose metabólica;
  • Alterações neurológicas consequentes da uremia

É Recomendado quando:

Taxa de filtração glomerular estimada = 8 mL /min /1,73 m²

QUAIS SÃO AS CONTRAINDICAÇÕES?

ABSOLUTAS RELATIVAS
  • Onfalocele;
  • Gastrosquise;
  • Extrofia de bexiga;
  • Hérnia diafragmática;
  • Obliteração cavidadeperitoneal;
  • Falência de membrana peritoneal.
  • Cirurgia abdominal recente
  • Transplante renal doadorvivo recente (menos de 3 meses);
  • Ausência de cuidadoradequado para terapia em domicílio;
  • Grandes hérnias abdominais;
  • Íleo paralítico;
  • Aderências intrabdominais;
  • Fibrose peritoneal;
  • Peritonite.

COMO PRESCREVER?

Tipo de fluido e o tempo de permanência são determinados individualmente

Volume de infusão:

< 2 anos baseia-se mais na tolerância do que no volume de troca dialítica ideal.

-Aproximadamente 600- 800 mL/ m², podendo ser aumentado gradualmente para alcançar uma troca eficiente.


≥ 2 anos aproximadamente 1000 a 1200 ml/m².

Usar a menor concentração de glicose e o menor número de ciclos possíveis para atingir a ultrafiltração adequada.

Como iniciar a primeira DP?

1°- Inserção de cateter de Tenckhoff

  • Idealmente início da DP após um período de 1 a 2 semanas após, exceto em situações de urgência.

2°- Volume de infusão

  • Iniciar com volumes reduzidos (cerca de 10ml/kg) para avaliar a funcionalidade do cateter, não gerando pressão sobre a ferida;
  • Aumento do volume de acordo com a tolerância do paciente;
  • < 1 ano de idade : volume de infusão de 600-900ml/m² de superfície corpórea (SC);
  • Crianças maiores: volume de infusão de 1000- 1400ml/m² de SC;

3°- Tempo de permanência:

  • < 1 ano de idade : tempo de permanência curto (30-40 minutos);
  • Crianças maiores: tempo de permanência mais prolongados (> 40 minutos);

4°- Número de trocas (ciclos):

  • < 1 ano de idade : trocas mais frequentes ( 12-16) , com duração da diálise de 10-16 horas.
  • Crianças maiores: 4 a 6 ciclos /noite com tempo de ciclagem de 8-10 horas.
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QUAIS OS TIPOS DE DP?

Diálise peritoneal automatizada (DPA)

  • Forma mais comumente usada em pediatria;
  • Permite que a criança fique livre de diálise durante o dia;
  • Regime padrão é de 10 horas de DPA em crianças maiores e 12 horas em lactentes.

CCPD

  • -Cavidade preenchida durante o dia.

Dialise peritoneal cíclica otimizada

  • Uma ou mais trocas diurnas;
  • Útil para pacientes que necessitam de depuração de pequenos solutos ou anúricos.

DP Tidal

  • Drenagem parcial e preenchimento durante os ciclos noturnos;
  • Útil para pacientes com dor no final da drenagem.

Diálise peritoneal ambulatorial contínua

  • Dialisado está constantemente presente no abdome e várias trocas (normalmente quatro) são realizadas durante o dia, permitindo que o fluído permaneça maior tempo dentro do abdome

COMO AVALIAR O CONTROLE DA EFICIÊNCIA DA DIÁLISE?

  • Reavaliação mensal dos sinais clínicos.
  • Avaliação do clearance de solutos peritoneal no 1° mês de diálise e após cada episódio de peritonite.
  • Avaliar função renal residual (FRR) definido pelo KT/V de ureia >0.1 /semana.
  • Os pacientes que atingem uma taxa de ultrafiltração diária < 750ml/1,73m² devem ser monitorados de perto e deve-se considerar um troca na modalidade de diálise.

PACIENTES COM FRR

  • Definido pelo Kt/V ureia urinária deve ser > 0.1/semana;
  • Kt/V ureia total (peritoneal e renal) deve ser de pelo menos 1.8/semana;
  • Avaliação do clearance total de solutos no primeiro 1° e a cada 6 meses;
  • Avaliação do filtração residual no primeiro 1° e a cada 3 meses.

PACIENTES SEM FRR

  • Definido KT/V de ureia urinária menor que 0.1/semana;
  • Kt/V ureia peritoneal deve ser de ao menos 1.8/semana;
  • Avaliação do clearance total de solutos no primeiro mês e a cada 6 meses.

TESTE DE EQUILÍBRIO PERITONEAL

  • O teste diz ao clínico quão rapidamente ou lentamente os solutos se movem pelo peritônio, o que orienta a prescrição de diálise.
  • Mede dois aspectos da função da membrana, isto é, transporte de soluto de baixo peso molecular e capacidade de ultrafiltração. O primeiro é expresso como o dialisado, isto é, a relação dialisato-plasma da creatinina às 4 horas (D / P creatinina).

Transportadores elevados (creatinina D / P > + 1 desvio padrão [DP] da média)

  • O equilíbrio da ureia e creatinina é atingido mais rapidamente, mas perdem rapidamente o gradiente osmótico para a ultrafiltração;
  • São mais adequados para frequentes períodos de curta duração (ou DPA).

Transportadores baixos (creatinina D / P < 1 SD da média)

  • O equilíbrio da ureia e creatinina é mais lento e menos completo, mas com boa ultrafiltração;
  • Se beneficiam de longos períodos de alto volume (DP ambulatorial contínua).

Transportadores de média/alta e transportadores de baixa/média (creatinina D / P +1 SD para –1 DP em torno da média)

  • Estes pacientes estão entre os dois grupos acima clinicamente.
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De acordo com os resultados dos testes os pacientes são categorizados em:

Fonte: Riella, 2018.

QUAL O VALOR NORMAL DA PRESSÃO INTRAPERITONEAL?

Valores adequados de PIA : 12 a 15 mmHg

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. National Institute for Health and Care Excellence. Peritoneal dialysis in the treatment of stage 5 chronic kidney disease. Jul 2011. NICE clinical guideline 125. Available from: http://www.nice.org.uk/guidance/cg125/resources/cg125-peritoneal-dialysis-full-guideline3. Accessed May 25, 2015.
  2. North American Pediatric Renal Trials and Collaborative Studies. 2011 Annual Dialysis Report. 5-1 to 5-7.
  3. Hamilton AJ, Pruthia R, Maxwell H, et al. UK Renal Registry 17th Annual Report: Chapter 9. Clinical, haematological and biochemi¬cal parameters in patients receiving renal replacement therapy in paediatric centres in the UK in 2013: national and centre-specific analyses.
  4. Forbes TA, Lunn AJ. Montelukast: a novel therapeutic option in eosinophilic peritonitis. Pediatr Nephrol. 2014;29:1279–1282.
  5. FRASER, N.; HUSSAIN, F. CONNELL, R.; SHENOY, M.U. International Journal of Nephrology and renovascular disease 2015:8, 125-137.
  6. Riella,MC. Princípios de nefrologia e distúrbios hidreletrolíticos – 6.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.