DEFINIÇÃO
Síndrome clínica caracterizada classicamente por início agudo de edema, hipertensão arterial e hematúria após quadro infeccioso. Podendo também ocorrer proteinúria geralmente leve, oligúria e insuficiência renal.
ETIOLOGIA
No nosso meio é mais frequente após infecção de pele ou orofaringe pelo Estreptococo β-hemolítico do grupo A, por cepas nefritogênicas, tipo M , mas pode estar relacionado a um grande número de vírus e bactérias.
QUADRO CLÍNICO
- Média de idade 4-12anos, raramente vistos em menores de 2 anos e maiores que 18 anos.
- Período de latência varia de 1-2 semanas após a faringite e 6 semanas após a infecção de pele.
Os sintomas mais frequentes são:
- Hematúria microscópica: 98%
- Edema 65-90%
- Hipertensão arterial: 60 a 80%
- Congestão circulatória: 20-50%
- cefaleia ou distúrbios visuais: 30%
- Encefalopatia hipertensiva: 11%
DIAGNOSTICO LABORATORIAL
- Urina tipo I com hematúria
- C3 diminuido até 2 meses do inicio do quadro
- Proteinúria de 24 horas,
- Uréia e creatinina
Pode acontecer associado ao quadro: hiponatremia, hipercalemia, Acidose metabólica.
INDICAÇÃO PARA BIÓPSIA RENAL:
- Insuficiência renal grave
- C3 diminuído por mais de 8 semanas
- Ausência de história de quadro infeccioso
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Normocomplementemia
- Vasculite Anca positivo
- Poliangite microscópica
- Granulomatose de Wegener
- Sindrome Hemolítico-Uremica típica
- Doença de Goodpasture
- Síndrome de Alport ( Nefrite hereditária)
- Purpura de Henoch-Schönlein
- Nefropatia por IgA
Complemento C3 baixo e C4 normal
- Glomerulonefite Membrano proliferativa tipo II e III
- Outras Glomenulonefrites pós-infecciosas
Complemento C3 baixo e C4 baixo
- Glomerulonfrite crônica ( cardiopatia)
- Glomerulonefite Membrano proliferativa tipo I
- Glomerulonefrite lúpica.
TRATAMENTO
- Repouso relativo enquanto durar a hipertensão arterial e a sobrecarga de volume.
- Restrição de líquidos (perdas insensíveis: 20ml/kg/dia ou 400ml/m2 de superfície corpórea/dia para crianças > 20 kg + diurese do dia anterior e menos o percentual de peso a ser perdido – 10%).
- Restrição de sódio na dieta.
- Diuréticos: nos casos de hipertensão arterial e congestão circulatória - furosemida dose de 2-6 mg/kg/dia. Deve-se evitar uso de diuréticos poupadores de potássio (retenção de potássio) e. hidroclorotiazida (pouco efetivos).
- Observar potássio sérico
- Controle de peso diário.
- Internação nos casos de emergência hipertensiva e insuficiência cardíaca congestiva
- Hipertensão arterial - nos casos de hipertensão arterial não controlada com as medidas anteriores, acima do percentil 95 +12mmhg ou sintomática:
- Nifedipina 0,25 a 0,5 mg/kg/dose oral (o efeito dura 4 a 6 horas - monitorizar PA e manter se não houve melhora da hipervolemia).
- Nitroprussiato de sódio 0,5 a 8 μg/kg/min nos casos de emergência hipertensiva ou edema agudo de pulmão.
- B- Bloqueadores- cuidado com nível do potássio
- Inibidores da Enzima de conversão- podem ser usados mas com cuidado pelo risco de diminuição da filtração glomerular e hipercalemia. Evitar o uso até normalizar a diurese e nível de escórias
PROGNÓSTICO:
O prognóstico é bom, hematúria e proteinúria podem ser observadas em 20% dos casos em longo prazo. Hipertensão em menos de 3 % e perda de função renal em menos de 1 % dos casos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- 1.VanDeVoorde,R. -Acute Poststreptococcal Glomerulonephritis: The Most Common Acute GLoemrulonephritis. Pediatric in Review, volume 36 (1):3-13, 2015 2. COLE, B.R.; SALINAS-MADRIGAL, L. - Acute proliferative.
- glomerulonephritis and a crescentic glomerulonephritis. IN: Avner, E.D. Harmon, William, Niaudet P., Yoshikawa, N. Ed- Pediatric Nephrology, 7ª ed. Baltimore, Williams & Wilkins, 2017.
- 3. KDIGO-GN Clinical Practice Guideline for Glomerulonephritis. Kidney International, Volume 2 (2): 201-203, 2012.
- 4. Eison & Bettina H. Ault & Deborah P. Jones & Russell W. Chesney & Robert J. Wyatt Post-streptococcal acute glomerulonephritis in children: clinical features and pathogenesis Pediatr Nephrol 26:165–180, 2011.