7 ∙ Glomerulonefrite Aguda Pós-infecciosa

Sumário

7 ∙ Glomerulonefrite Aguda Pós-infecciosa

  • Alessandra Vitorino Naghettini

18

DEFINIÇÃO

Síndrome clínica caracterizada classicamente por início agudo de edema, hipertensão arterial e hematúria após quadro infeccioso. Podendo também ocorrer proteinúria geralmente leve, oligúria e insuficiência renal.

ETIOLOGIA

No nosso meio é mais frequente após infecção de pele ou orofaringe pelo Estreptococo β-hemolítico do grupo A, por cepas nefritogênicas, tipo M , mas pode estar relacionado a um grande número de vírus e bactérias.

QUADRO CLÍNICO

  • Média de idade 4-12anos, raramente vistos em menores de 2 anos e maiores que 18 anos.
  • Período de latência varia de 1-2 semanas após a faringite e 6 semanas após a infecção de pele.

Os sintomas mais frequentes são:

  • Hematúria microscópica: 98%
  • Edema 65-90%
  • Hipertensão arterial: 60 a 80%
  • Congestão circulatória: 20-50%
  • cefaleia ou distúrbios visuais: 30%
  • Encefalopatia hipertensiva: 11%

DIAGNOSTICO LABORATORIAL

  • Urina tipo I com hematúria
  • C3 diminuido até 2 meses do inicio do quadro
  • Proteinúria de 24 horas,
  • Uréia e creatinina

Pode acontecer associado ao quadro: hiponatremia, hipercalemia, Acidose metabólica.

INDICAÇÃO PARA BIÓPSIA RENAL:

  • Insuficiência renal grave
  • C3 diminuído por mais de 8 semanas
  • Ausência de história de quadro infeccioso

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Normocomplementemia

  • Vasculite Anca positivo
  • Poliangite microscópica
  • Granulomatose de Wegener
  • Sindrome Hemolítico-Uremica típica
  • Doença de Goodpasture
  • Síndrome de Alport ( Nefrite hereditária)
  • Purpura de Henoch-Schönlein
  • Nefropatia por IgA

Complemento C3 baixo e C4 normal

  • Glomerulonefite Membrano proliferativa tipo II e III
  • Outras Glomenulonefrites pós-infecciosas

Complemento C3 baixo e C4 baixo

  • Glomerulonfrite crônica ( cardiopatia)
  • Glomerulonefite Membrano proliferativa tipo I
  • Glomerulonefrite lúpica.

TRATAMENTO

  • Repouso relativo enquanto durar a hipertensão arterial e a sobrecarga de volume.
  • Restrição de líquidos (perdas insensíveis: 20ml/kg/dia ou 400ml/m2 de superfície corpórea/dia para crianças > 20 kg + diurese do dia anterior e menos o percentual de peso a ser perdido – 10%).
  • Restrição de sódio na dieta.
  • Diuréticos: nos casos de hipertensão arterial e congestão circulatória - furosemida dose de 2-6 mg/kg/dia. Deve-se evitar uso de diuréticos poupadores de potássio (retenção de potássio) e. hidroclorotiazida (pouco efetivos).
  • Observar potássio sérico
  • Controle de peso diário.
  • Internação nos casos de emergência hipertensiva e insuficiência cardíaca congestiva
  • Hipertensão arterial - nos casos de hipertensão arterial não controlada com as medidas anteriores, acima do percentil 95 +12mmhg ou sintomática:
    • Nifedipina 0,25 a 0,5 mg/kg/dose oral (o efeito dura 4 a 6 horas - monitorizar PA e manter se não houve melhora da hipervolemia).
    • Nitroprussiato de sódio 0,5 a 8 μg/kg/min nos casos de emergência hipertensiva ou edema agudo de pulmão.
    • B- Bloqueadores- cuidado com nível do potássio
    • Inibidores da Enzima de conversão- podem ser usados mas com cuidado pelo risco de diminuição da filtração glomerular e hipercalemia. Evitar o uso até normalizar a diurese e nível de escórias
19

PROGNÓSTICO:

O prognóstico é bom, hematúria e proteinúria podem ser observadas em 20% dos casos em longo prazo. Hipertensão em menos de 3 % e perda de função renal em menos de 1 % dos casos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • 1.VanDeVoorde,R. -Acute Poststreptococcal Glomerulonephritis: The Most Common Acute GLoemrulonephritis. Pediatric in Review, volume 36 (1):3-13, 2015 2. COLE, B.R.; SALINAS-MADRIGAL, L. - Acute proliferative.
  • glomerulonephritis and a crescentic glomerulonephritis. IN: Avner, E.D. Harmon, William, Niaudet P., Yoshikawa, N. Ed- Pediatric Nephrology, 7ª ed. Baltimore, Williams & Wilkins, 2017.
  • 3. KDIGO-GN Clinical Practice Guideline for Glomerulonephritis. Kidney International, Volume 2 (2): 201-203, 2012.
  • 4. Eison & Bettina H. Ault & Deborah P. Jones & Russell W. Chesney & Robert J. Wyatt Post-streptococcal acute glomerulonephritis in children: clinical features and pathogenesis Pediatr Nephrol 26:165–180, 2011.