EDEMA E ANASARCA
EDEMA LEVE E ASSINTOMÁTICO
- Ganho de peso < 7 % .
Conduta:
- Dieta hipossódica (< 2 mEq/kg/dia ou <1 a 2g/dia ou < 35mg/kg/dia);
- Sem restrição hídrica e sem excesso de líquidos;
- Evitar diuréticos;
- Orientações gerais: Monitorar PA; aferir diurese; calcular balanço hídrico diário; peso diário, monitorar distúrbios hidroeletrolíticos (DHE) ; atentar à possibilidade de infecção associada.
Quando devo indicar restrição hídrica?
- Sinais e sintomas de hipervolemia
- Insuficiência Cardíaca
- Alteração da função renal
- Edema refratário ao tratamento instituído (na ausência de hipovolemia)
Sobre o uso de diurético...
Por que devo evitar nesses casos?
- Nos casos de hipovolemia, não devo usar os diuréticos isoladamente;
- Evitar o uso em paciente com perdas gástricas (diarreia e vômitos) e naqueles com sinais de hipotensão e hipoperfusão tecidual.
Quais os riscos de usar nessas situações?
- Tromboembolismo;
- Distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-base.
Quando devo usar?
- Edema refratário ou significativo;
- Sinais e sintomas de hipervolemia.
EDEMA PERSISTENTE OU MODERADO
- Ganho de peso 7 a 10% .
Conduta:
- Dieta hipossódica;
- Restrição hídrica leve em casos selecionados;
- Uso de diuréticos:
- Furosemida inicialmente por via oral (dose: 1 a 4 mg/kg/dia 2 a 4 vezes/dia);
- Se alta dose furosemida ou terapia prolongada considerar uso de espironolactona (dose: 1 a 5 mg/kg/dia) E/OU suplementação de potássio;
- Orientações gerais.
EDEMA GRAVE/SINTOMÁTICO OU REFRATÁRIO
- Ganho de peso > 10% .
Conduta:
- Dieta hipossódica;
- Restrição hídrica leve em casos selecionados;
- Albumina intermitente associado com furosemida (dose: 1 mg/kg/dose 1 a 2 vezes ao dia) durante ou imediatamente após infusão;
- Uso de diuréticos:
- Furosemida endovenosa (dose: 1 a 4 mg/kg/dia 2 a 4 vezes/dia; infusão lenta para reduzir ototoxicidade; se atentar para DHE) associada a espironolactona (dose: )
- Associar hidroclorotiazida (dose: 1 a 4 mg/kg/dia ) E/OU amilorida (dose: 0,2 a 0,4 mg/kg/dia) se persistência da refratariedade do edema.
- Orientações gerais.
USO DA ALBUMINA HUMANA NA SN
INDICAÇÃO
Nefróticos hipovolêmicos OU com edema sintomático E nos refratários à terapia com diuréticos OU edema grave.
OBJETIVO
- Aumentar a pressão oncótica;
- Aumentar a ligação da furosemida à proteína e melhorar a ação natriurética renal.
POSOLOGIA
Dose de 0,5 a 1 g/ kg/dose, infusão em 3 a 4 horas, 1 a 2 vezes ao dia;
USO DA ALBUMINA + FUROSEMIDA CONTÍNUAS:
- Indicado em casos selecionados de edema refratário;
- Dose: 0,1-0,2 mg/kg/h;
- Exige monitorização contínua.
EFEITOS ADVERSOS
- Anafilaxia;
- Em casos de infusão rápida: edema pulmonar, hipervolemia, hipertensão aguda, distúrbios respiratórios e insuficiência cardíaca.
HIPOVOLEMIA NA SN
Fatores de risco:
- Hipoalbuminemia grave;
- Uso de diuréticos (principalmente em doses altas);
- Perdas gástricas (vômitos e/ou diarreia);
- Baixa ingesta hídrica;
- Peritonite primária
Sinais clínicos e laboratoriais da “crise hipovolêmica”:
- Aumento da sensação de sede;
- Letargia/tontura;
- Dor abdominal;
- Câimbras;
- Olhos encovados;
- Oligúria;
- Taquicardia;
- Hipertensão paradoxal inicialmente progressão para hipotensão (sinal tardio);
- Extremidades frias e úmidas;
- Perfusão lentificada;
- Aumento das escórias renais;
- Hemoconcentração.
Conduta nesses casos:
- Infusão de albumina humana isoladamente, na ausência de hipervolemia;
- Acrescentar furosemida (durante ou imediatamente após infusão da albumina) somente se ausência de sinais de hipovolemia E/OU ausência de perdas hídricas (diarreia/vômitos).
OBS.: Pacientes com insuficiência renal e edema pulmonar considerar terapia de substituição renal.
PNEUMONIA
Tratamento (doses terapêuticas habituais):
AMBULATORIAL
- Amoxicilina
- Amoxicilina+ Clavulanato
- Cefuroxima
HOSPITALAR
(Pacientes descompensados: edema de alça intestinal dificulta absorção do antibiótico por via oral/ menor biodisponibilidade da droga)
- Ceftriaxone
- Cefotaxima
- Ampicilina + aminoglicosídeo
CELULITES
- Facilitado pelo edema;
- Fragilidade capilar;
- Pode se associar com trombose venosa profunda
Patógenos:
Staphylococcus aureus/ Streptococcus pyogenes/ Haemophylus influenzae
Tratamento (doses terapêuticas habituais):
- Cefalexina;
- Oxacilina;
- Ceftriaxone.
PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA
Fatores predisponentes:
- Ascite é meio de cultura natural;
- Redução do fluxo esplâncnico;
- Alteração da resposta imunológica.
Patógenos:
Streptococcus pneumoniae/ Streptococcus pyogenes/ Echerichia coli/ Klebsiella pneumoniae
Quadro clínico-laboratorial:
- Dor abdominal;
- Febre (presente ou não);
- Exame físico abdominal com descompressão brusca positiva;
- Leucocitose com desvio à esquerda.
Tratamento (doses terapêuticas habituais):
- Ceftriaxone
- Cefotaxima
- Ampicilina + aminoglicosídeo
- Penicilina + aminoglicosídeo
NOTA: Se infecção do trato respiratório (viral ou bacteriana) ou outra infecção, aumentar dose do corticoide para 0,5mg/kg/dia ou caso paciente faça uso de medicação em dias alternados, modificar para uso diário, por 7 dias.
TROMBOEMBOLISMO
Medidas preventivas
EVITAR
- Hipovolemias
- Punções venosas desnecessárias
- Imobilização de articulações
- Redução rápida do edema com diuréticos de alça.
Locais mais frequentes:
- Membros
- Vasos mesentéricos
- Pulmões
- Sistema nervoso central
Conduta:
Solicitar avaliação imediata do cirurgião vascular.
SEPSE
Em caso de choque os pacientes podem ser refratários às catecolaminas (devido uso prévio de esteroides exógenos).
Nesses casos, deve-se suplementar corticóide:
Hidrocortisona 100mg/m² ataque e 100mg/m²/dia 6/6h por 5-7 dias ou até suspensão das drogas vasoativas.
VARICELA
- Tratamento visa reduzir a disseminação visceral e complicações;
- Considerar internação;
Tratamento:
- Aciclovir EV (30 mg/kg/dia 8/8horas por 7-14 dias) OU VO (20 mg/kg/dose 6/6h- máximo 800mg/dia- por 5 dias).
EVENTO ASSOCIADO à SN
1) DISLIPIDEMIA
ESTATINAS
INDICAÇÕES
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CONTRA-INDICAÇÕES
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EFEITOS COLATERAIS
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INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
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OBJETIVODosar perfil lipídico (LDL-C < 130 mg/dL: no mínimo, < 110 mg/dL: ideal); CONTROLE |
DOSEEstatinas aprovadas pela FDA para uso em crianças e adolescentes.
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FIBRATOS
INDICAÇÕES
Elevações importantes de TG (≥ 500mg/dL), com risco de pancreatite (TG ≥ 1000mg/dL no pós-prandial).
EFEITOS COLATERAIS
- Elevação das transaminases e da creatinoquinase
- miopatia
- rabdomiólise
*Principalmente quando combinados com o uso de estatinas.
DOSE
10 a 20 mg/dia
Referências Bibliográficas
- BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Síndrome Nefrótica Primárias em Crianças e Adolescentes. n° 304, 2018.
- Sociedade Brasileira de Pediatria – Departamento de Nutrologia Obesidade na infância e adolescência – Manual de Orientação / Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científco de Nutrologia. 3ª. Ed. – São Paulo: SBP. 2019.
- Adaptado de McCafrey J et al. Pediatr Nephrol (2016); 31: 1383-1402. Pasini A, et al. Italian Journal of Pediatrics (2017);43(1)::41.
*Créditos ao Dr. Olberes Vitor Braga de Andrade. Capítulo atual aula: Síndrome Nefrótica em Pediatria: como prevenir e tratar as complicações- curso de atualização de Pediatria da SBP.