“As coisas já estavam muito bem encaminhadas”: a manutenção do canal UFG Oficial no YouTube depois da pandemia de covid-19
Marília Fernanda Sabino de Sousa
Ana Paula Vieira de Souza
Introdução
Marília Fernanda Sabino de Sousa nasceu em 19 de fevereiro de 2001, em Campina Grande, Paraíba. Relações Públicas formada pela UFG, Marília é bolsista profissional da Reitoria Digital desde fevereiro de 2023, até o presente momento. O foco do trabalho é o gerenciamento do canal da UFG no YouTube, mas ela também tem se aventurado em novas funções, como a cobertura fotográfica de eventos da agenda da Reitoria e a apresentação de um resumo semanal de notícias veiculado no formato de reels no Instagram.
Ana Paula Vieira de Souza: Qual é sua formação profissional e experiências anteriores à chegada na Reitoria Digital?
Marilia Fernanda Sabino de Sousa: Eu sou formada em Relações Públicas, me formei na metade de 2022. Minha primeira experiência profissional foi na Secom UFG. Lá, fiz o estágio obrigatório durante a pandemia; infelizmente foi 100% on-line. Eu nunca tinha ido ao prédio da Reitoria até entrar para a Reitoria Digital, mas as meninas são muito competentes e acolhedoras; adorei minha experiência na Secom. Depois eu também fui bolsista Provec [Programa de Voluntários de Extensão e Cultura] e, em seguida, Probec [Programa de Bolsas de Extensão e Cultura] na TV UFG. A maior parte do trabalho na TV também foi remoto. Também tive uma experiência profissional trabalhando com marketing e comunicação de uma empresa familiar pequena de RH aqui de Goiânia. Entrei na Reitoria Digital no começo de 2023, em fevereiro, e estou até hoje.
Ana Paula: E quais tarefas você desempenhou nos estágios da Secom e da TV UFG?
Marília: Na Secom eu ajudava com eventos remotos, foi a minha primeira experiência com o StreamYard. Também trabalhei em um projeto da época, que eu imagino que hoje já tenha sido finalizado, que era monitorar os sites institucionais da UFG. A gente tinha muitos sites criados com o domínio da UFG, mas sem administração, que ficavam muito tempo parados, sem conteúdo ou com conteúdos que não tinham muito a ver com a proposta de um site institucional de uma universidade. Tinha uma planilha gigantesca e eu trabalhei nela junto com uma outra colaboradora. Foi bem trabalhoso, eu lembro que a gente tinha que mandar e-mail para todos os donos desses sites no domínio da UFG para a gente monitorar. Na TV UFG eu trabalhava principalmente com a grade de programação, atualizando toda semana, porque toda semana mudam os programas que vão ser exibidos. Então, a gente tinha que atualizar, preferencialmente antes da semana começar, para as pessoas já saberem o que vai acontecer. Também trabalhava atualizando sites institucionais da TV UFG, auxiliando a Marília Almeida, que é assessora de comunicação de lá.
Ana Paula: Como você ficou sabendo do processo seletivo da Reitoria Digital?
Marília: Eu fiquei sabendo pelo Instagram. Eu vi minha orientadora, Lutiana [Lutiana Casaroli, professora da Faculdade de Informação e Comunicação da UFG], compartilhar nos stories dela. Aí eu fui saber mais detalhes da vaga e vi que eu poderia me candidatar. A gente fez um processo seletivo junto com o Pablo, o Fabrício e o Murilo. Na verdade, a vaga para a qual me candidatei era uma vaga para ajudar com as demandas do jornalismo, porque o pré-requisito era ser formado em alguma área da Comunicação. Então, você seria um profissional de comunicação; eles não pediam necessariamente que você tivesse formação em Jornalismo, mas as atividades seriam mais voltadas para esse setor da Reitoria Digital. Só que calhou de ser bem na época que a Lais tinha saído. Então, ficaram com dois espaços a serem ocupados na Reitoria Digital. O processo seletivo que eu fiz era bem voltado para as demandas do jornalismo mesmo, a gente tinha que fazer como se fosse um dia normal de atividades, montando manchetes, escrevendo matéria, fazendo um vídeo para o Instagram e adaptando uma matéria completa para ser postada no Instagram. Teve uma entrevista também. Eu fiquei em primeiro lugar e a Nathália ficou em segundo. Como ela é formada em Jornalismo e tinha essa vaga da Lais para ser preenchida, eu fui redirecionada para a vaga da Lais e a Nathália entrou para cobrir as demandas do jornalismo.
Ana Paula: Como era o contexto quando você chegou na Reitoria Digital? As tarefas já estavam estruturadas? Você já dominava o StreamYard, que é o principal software utilizado na gestão do canal da UFG no YouTube?
Marília: No contexto em que eu entrei, as coisas já estavam muito bem encaminhadas, eu só precisava cumprir as demandas. Eu recebi um treinamento do Henrique, com quem eu divido a mesma função. Apesar de termos algumas tarefas independentes, basicamente, somos agentes de comunicação, então a gente tem algumas atividades que convergem. A gente não teve que criar nada novo como eu vi, por exemplo, que o Wesley e o Henrique tiveram que quebrar a cabeça, desenvolver soluções. Quando eu entrei a gente já tinha voltado para o presencial totalmente. Então eu acho que foi bem tranquilo. Outras pessoas tiveram que criar a solução e se desdobrar para arrumar um jeito de fazer uma live à distância, mas com algumas pessoas presencialmente, usando dois aplicativos ao mesmo tempo. Eu fico muito impressionada com a capacidade da Reitoria Digital de, com pouquíssimas pessoas, se envolver em projetos tão grandes e tão importantes dentro da universidade, em contextos sociais, políticos e sanitários muito difíceis. Mas, no contexto em que eu entrei, há quatro meses, acho que foi bem tranquilo. As coisas já estavam estruturadas. A gente tem que desenvolver soluções para alguns projetos novos, mas acho que pessoas antes de mim enfrentaram desafios maiores. Sobre o StreamYard, foi mais complicado, porque eu entrei com a função de ensinar outras pessoas a usarem essa ferramenta e eu acho que isso é mais difícil, porque as pessoas vão ter dúvidas e eu preciso saber responder. Então foi mais desafiador. Quando eu estava na Secom, eu usei o StreamYard no Espaço das Profissões e também em cerimônias de colação de grau. Eu entrava como gestora de chat, que é só uma das funções que o StreamYard oferece. Agora, eu tenho que saber tudo: saber como fazer a gestão do chat, de telas, como iniciar uma gravação. Então, eu acho que foi mais complicado nesse quesito, mas a parte boa é que quando você vai ensinando outras pessoas, você também vai fixando esse conhecimento. Hoje em dia eu tenho facilidade com a ferramenta, mas fiquei um pouco assustada no início quando eu recebi o primeiro treinamento e me foram apresentadas outras funções que eu nem imaginava que existiam dentro da plataforma.
Ana Paula: Atualmente, quais são as suas tarefas na Reitoria Digital e como você as desempenha? Por exemplo, nas lives, como você faz o contato com as pessoas e o treinamento?
Marília: Quando alguém da Universidade precisa fazer uma live pelo StreamYard, ela pode fazer pelo canal da UFG no YouTube - que tem todo um protocolo, porque é o canal oficial - ou pelo canal próprio da unidade acadêmica. A pessoa entra em contato com a gente por e-mail e essa parte do atendimento fica mais com o Henrique, mas eu também faço. Eu recebi esse treinamento de como é o protocolo, então se chegar um e-mail, eu consigo responder. A pessoa que entra em contato com a gente tem que passar alguns dados: o que é a live, sobre o que ela vai tratar, qual a unidade acadêmica responsável. Também é preciso assinar um termo de responsabilidade de conteúdo, um termo de autorização do uso de voz e imagem e encaminhar as artes gráficas com informações sobre a live para a gente usar na dinâmica de telas no StreamYard. Pedimos para que essa pessoa entre no grupo de WhatsApp que a gente cria para ter uma comunicação mais fluida, porque o e-mail às vezes não tem tanta dinâmica, esse senso de urgência que às vezes uma live pode precisar. Pedimos para que essa pessoa envie para a gente a solicitação com pelo menos 15 dias de antecedência do evento, mas acontece muito de pedirem com um espaço de tempo muito menor do que 15 dias e aí a gente dá um jeito. Pelo menos no tempo que eu estou aqui, nunca aconteceu de a gente falar que não daria para fazer uma live. A partir daí, a gente cria uma sala no StreamYard, que também vai ser espelhada no YouTube. A gente compartilha com o solicitante o link do vídeo do evento no YouTube. Não fazemos diretamente a gestão do evento da pessoa, até porque são muitas lives. Como eu disse, na pandemia foi muito mais difícil. Eu não estava aqui, mas chegavam a acontecer seis lives por dia e a gente não tem braço para gerir diretamente todas elas. Hoje em dia já é bem mais tranquilo, acho que o máximo que eu vi acontecer no tempo em que eu estive aqui foram três lives no mesmo dia. Mas, mesmo assim, ainda é um número bastante grande. Gerir uma live já é muito complicado, tanto que a gente precisa de duas pessoas no mínimo para fazer isso: uma pessoa no chat e outra na gestão de telas. A gente não consegue fazer essa gestão diretamente, mas a gente treina a equipe do solicitante do evento para fazer isso. Me parece que 10% da comunidade acadêmica já foi treinada para fazer as lives, então é muito comum as pessoas só precisarem que a gente crie a sala. A Reitoria Digital já fez um trabalho muito significativo treinando pessoas da comunidade acadêmica. Quando a pessoa não tem familiaridade com a plataforma, aí ela precisa agendar um treinamento. Atualmente, eu estou responsável por fazer esse treinamento. A gente marca um dia, entro numa sala de treinamento que a gente tem aqui na plataforma, apresento todas as funcionalidades, ensino como se faz a transmissão de fato. Isso é responsabilidade minha. No final eu também gosto de passar um manual que o Henrique e a Lais fizeram, que tem todo o passo a passo. Tudo que eu explico no treinamento está lá escrito. Então no final do treinamento eu gosto de encaminhar para essas pessoas, no grupo de WhatsApp mesmo, caso elas tenham alguma dúvida ou queiram fixar o que eu acabei de falar. Esse manual também fica disponível no site da Reitoria Digital. Eu também tenho acesso à conta do canal oficial da UFG no YouTube diretamente. Embora sejam raras as vezes que eu preciso entrar lá, pois a maioria das coisas eu resolvo pelo próprio StreamYard, caso dê algum problema, se eu precisar cortar alguma parte de um vídeo que já está lá no canal, apagar algum comentário, a gente tem que fazer isso pelo YouTube diretamente. Além do YouTube, eu também trabalho com a produção de artes para as manchetes no Instagram. A gente também trabalha com a produção do programa Boa Semana UFG, ajudamos o pessoal da Rádio Universitária. Hoje em dia, depois que a Nathália entrou, ela propôs uma demanda nova muito legal, que é fazer os destaques da semana. Então, sempre que vai chegando o final de uma semana, a gente reúne as notícias mais importantes que aconteceram sobre a Reitoria e grava uns videozinhos para colocar nos stories falando sobre essas notícias. Eles costumam sair no final de semana. Antigamente, eu ficava mais na parte da câmera mesmo, filmando, mas agora a gente está explorando algumas configurações onde eu falo para a câmera e tem sido muito legal. Quanto ao regime de trabalho, atualmente, a Reitoria Digital funciona 100% presencialmente, mas como tem duas pessoas responsáveis por essas tarefas, a gente consegue uma dinâmica de trabalho muito interessante. Dividimos os dias da semana igualmente e fazemos metade do nosso trabalho presencialmente na Reitoria e metade dele, remotamente. É importante que tenha sempre um agente de comunicação na Reitoria presencialmente e a gente conseguiu bolar um esquema onde isso é possível. Sempre tem alguém aí na Reitoria, um agente de comunicação. Caso precise de alguma foto urgente, alguma coisa assim, a gente consegue fazer essa dinâmica de ser um trabalho híbrido.
Ana Paula: Além dessas tarefas, também tem uma novidade que é a sua participação no UFG Memória, que acho que basicamente são as decupagens. Você já tinha feito esse tipo de trabalho? O que você está achando interessante de ouvir nos relatos?
Marília: Eu nunca tinha trabalhado com transcrição de entrevista. É um trabalho bem intenso, mas o projeto UFG Memória, por si só, já é muito interessante. O Pablo vai atrás de professores, decanos da UFG, que estão aqui há muito, muito tempo, já viram muita coisa e têm muita coisa legal para falar. Ele entrevista essas pessoas, não só falando sobre a experiência delas enquanto professores, mas também sobre a vida delas antes da Universidade, sobre a infância dessas pessoas. É muito emocionante ouvir tantos relatos legais de pessoas que tiveram presença na história da construção da UFG e até da construção da própria Goiânia, porque está muito atrelado, na minha opinião, o desenvolvimento da cidade ao desenvolvimento da universidade. Essas pessoas têm relatos muito interessantes e muito emocionantes. É trabalhoso, mas é muito legal ouvir esses professores falando. Eu fico responsável, nesse projeto, pela transcrição das entrevistas, então eu vou decupando. A gente já tem um número bem significativo de entrevistas gravadas, já tem muito material legal. Acho que as pessoas vão gostar bastante, porque a gente está acostumado com essas pessoas na posição de professor. Quando você está na mesma unidade que esse professor, você nunca pensa em como foi a infância dessa pessoa, o que ela já viveu. Você geralmente observa a pesquisa desse professor, o trabalho acadêmico dele - o que também é tratado durante as entrevistas -, mas também tem essa pegada mais sensível de falar sobre a vida pessoal. Enfim, é muito interessante.
Ana Paula: E ainda falando das suas atribuições, tem também uma parte de cobertura fotográfica das pautas. Você já tinha feito esse tipo de trabalho? Como funciona?
Marília: Eu nunca tinha encostado o dedo numa câmera semiprofissional até chegar na Reitoria Digital. Tem sido um aprendizado muito legal. Descobri que a fotografia é difícil, mas é legal quando você consegue uma foto bacana. Eu acho que a gente tem um desafio por conta do espaço que a gente tem. Geralmente as coberturas que a gente faz são no próprio Gabinete da Reitoria e o espaço é um pouco desafiador para fotografia. O próprio formato do Instagram, que exige uma foto mais quadradinha, também dificulta um pouco esse processo de conseguir fotos legais para as matérias. Eu acho que uma foto factual, da coisa acontecendo, é mais interessante do que uma foto dos participantes de um determinado evento juntos, olhando para a câmera. Mas acontece muitas vezes de essa ser a única solução para um evento que tem muita gente e essas pessoas são muito relevantes na pauta, então todas precisam aparecer. É um desafio. Acho que talvez seja o meu maior desafio de todas as atividades que eu desenvolvo, porque não é só uma foto. A foto também passa uma mensagem, ela também tem que carregar algum sentido. É uma questão de composição mesmo. Às vezes, você não tem condições de compor a foto, de ir lá, pegar a pessoa e colocar no lugar que você quer que ela fique, olhando para o lugar que você quer que ela olhe. Então, é bem difícil essa questão da fotografia.
Ana Paula: Você estava falando do espaço físico, que é desafiador para as fotos, mas de uma forma geral, o que você acha de trabalhar na Reitoria? A gente tem uma imagem de um espaço formal, bem institucional, mas o nosso trabalho é bem mais dinâmico, com o YouTube e as redes sociais. Como você vê essa integração?
Marília: Eu sempre tive uma imagem da Reitoria como um lugar muito mais inacessível do que ele realmente é. Eu acho o clima muito agradável. É um espaço muito bacana, acho um dos prédios mais bonitos da universidade. As pessoas são muito acolhedoras e muito competentes. E eu acho muito importante que aconteça essa integração de uma gestão com a imagem mais formal que a gente tem, com uma comunidade acadêmica que é muito mais dinâmica do que a gente imagina. Acho que a gente consegue trabalhar bem isso, de levar o que está acontecendo dentro da Reitoria para a comunidade acadêmica e também para fora dela. Esse trabalho com as redes sociais é muito importante. Instagram e YouTube são espaços muito acessíveis. Tanto pessoas da comunidade acadêmica quanto pessoas de fora dela conseguem acessar, ver o que está sendo desenvolvido dentro dos muros da universidade. E eu diria que além dos muros da universidade que a separam da comunidade externa, tem o muro que separa a gestão da própria comunidade interna. Então, é parte do nosso trabalho fazer com que esse muro não exista, porque é uma universidade pública, a gestão dela precisa ser transparente, precisa ser próxima das pessoas que usam esse serviço e próxima da comunidade externa também. Então, eu acho essa integração muito importante e acho que a gente consegue trabalhar bem com isso.
Ana Paula: E durante essa experiência na Reitoria Digital, teve alguma ação mais marcante que você realizou?
Marília: A ação mais marcante foi quando eu fui para uma cobertura fotográfica sobre o evento Agro Centro-Oeste Familiar, que é muito legal. A Universidade recebe agricultores familiares, recebeu também uma presença ilustre do ministro do Desenvolvimento Agrário e foi muito legal poder ver de perto figuras como essa e também grupos de pessoas quilombolas, que tiveram uma presença muito marcante. Acho que foi o evento que mais me marcou. É o que a gente estava falando, a Universidade integrada com o que acontece na sociedade. Essa questão da agricultura familiar é uma pauta social muito em voga hoje em dia e ver a universidade contribuindo, participando ativamente disso, a gestão participando ativamente disso, conversando com as pessoas, com as famílias que estavam lá mostrando o trabalho delas, é muito legal. Foi muito legal ver isso de dentro.