Reitoria Digital UFG

5 ANOS (2019-2024)

“A produção da Universidade não parou”: a consolidação do canal UFG Oficial no YouTube como ferramenta de ensino, pesquisa e extensão

Henrique Moreira Oliveira
Ana Paula Vieira de Souza

Introdução

Henrique Moreira Oliveira nasceu em 25 de outubro de 1994, em Goiânia. Graduado em Arquitetura e Urbanismo e em Museologia, atua como bolsista profissional na Reitoria Digital da UFG desde julho de 2021 até o presente momento. Neste período, desenvolveu múltiplas habilidades na área de Comunicação, sempre agregando também os conhecimentos das duas graduações. Entre as atividades realizadas, o foco é o gerenciamento do canal UFG Oficial no YouTube, mas também contribui na cobertura fotográfica de eventos, no apoio às atividades jornalísticas e em diversos projetos de memória e exposições institucionais.

p.50 próxima página

Ana Paula Vieira de Souza: Qual é a sua formação profissional e suas experiências anteriores à chegada na Reitoria Digital?

Henrique Moreira de Oliveira: Minha primeira formação é em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, em 2016. Depois eu fiz uma especialização em História da Arte, pela Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, e passei por um período de atividades voltadas para a Arquitetura. Fiz alguns atendimentos, com projetos executados em Goiânia, até que eu realizei um sonho antigo de fazer uma outra graduação, que era a minha primeira graduação de desejo, quando eu ainda estava lá no Ensino Médio, que foi Museologia. Foi dentro da Museologia que os meus caminhos aqui na UFG começaram a se construir e alguns laços que me trouxeram para a Reitoria Digital foram feitos também. Comecei Museologia no primeiro semestre de 2019. Eu tinha esse sonho de realizar o curso, de ser aluno da UFG um dia e deu certo. Finalizei o curso no primeiro semestre de 2023.

Ana Paula: Você era estudante de Museologia quando ficou sabendo da vaga da Reitoria Digital? Como foi o processo seletivo?

Henrique: Eu fiz um ano do curso de Museologia presencialmente, até que ocorreu a pandemia de covid-19. Fomos pegos de surpresa quanto às restrições impostas pela doença e então ficamos mais recolhidos em casa, em quarentena, nos famosos “15 dias”. Nesse primeiro momento, eu estava um pouco desiludido com a Arquitetura e não estava atuando na área; eu trabalhava com gestão de pessoas em hotéis aqui de Goiânia. Em um determinado momento, com a chegada da pandemia, eu fiquei com medo de atender várias pessoas nessa rede hoteleira e fiquei um pouco recluso, assim como todo mundo. Nessa época, fiquei sem perspectiva profissional mesmo. Eu não queria me envolver com Arquitetura, porque não era uma paixão, e já estava trilhando outros caminhos profissionais em outra graduação. Eu estava meio desacreditado e fiquei pensando: “Meu Deus, o que vai acontecer?”. Antes de chegar à Reitoria Digital, eu tinha sido aprovado em um processo seletivo para Agente de Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da UFG. Não era a minha área, não era a minha aptidão, mas como na Arquitetura nós tínhamos uma familiaridade com Design Gráfico, porque as visualidades na Arquitetura e o desempenho em softwares de ilustração digital eram frequentes, eu pensei: “Bom, eu preciso pelo menos ter alguma ocupação nesses 15 dias de reclusão”. Não foram 15 dias, foi mais de um ano. Entrei como bolsista de comunicação na FCS. Lá eu fazia atendimento a dúvidas de discentes e também a dúvidas de docentes quanto à comunicação da Faculdade de Ciências Sociais com o público na internet. Existia uma comissão de comunicação que era a CCOM e lá tínhamos os jornalistas, a diretora, a vice-diretora, alguns coordenadores de curso e o professor Pablo Lisboa, que coordenava a FCS Digital. Era como se fosse uma afiliada da Reitoria Digital, por ser uma unidade acadêmica onde ele [Pablo] era docente. Eu cuidava das redes sociais da Faculdade, produzia artes para postagens em stories, cards para Instagram, banners para o site, releases para eventos e cuidava também do YouTube setorial. Então essa parte de treinamentos para uso do YouTube durante a pandemia, na Faculdade de Ciências Sociais, era eu que gerenciava, por intermédio do professor Pablo Lisboa. Eu fiquei lá por pouco tempo, foram menos de seis meses, quando surgiu uma vaga na Reitoria Digital. Não era de forma alguma a minha área de atuação profissional, era totalmente diferente, mas eu precisava sobreviver social e financeiramente; precisava estar envolto em alguma atividade. Então, em julho de 2021, eu prestei o processo seletivo. Não houve uma procura muito grande nesse processo e eu passei em primeiro lugar. As premissas do processo seletivo eram voltadas muito mais para as questões de memória, produção de artes, monitoramento de notícias e concepção de espaços expositivos.

página anterior p.51 próxima página

Ana Paula: Como era o contexto da Reitoria Digital em julho de 2021, quando você chegou?

Henrique: Nós estávamos na extensão dos 15 dias de reclusão da pandemia, já tinha quase um semestre inteiro que estávamos paralisados e eu cheguei em um momento 100% remoto. Cheguei com um pouco de medo. Eu pensava: “Meu Deus, eu saio de um curso pequeno dentro da Faculdade de Ciências Sociais, da Museologia, e vou lidar com a comunicação da Instituição como um todo, da Reitoria”. A gente tinha um pouco de vergonha porque não tinha essa familiaridade. A primeira atividade foi entrar em um grupo de WhatsApp, pois a comunicação na Reitoria Digital era focada nesse grupo. Para mim, isso era muito curioso porque eu achava que era uma coisa muito mais complexa. O momento que a gente vivia era complexo, mas a comunicação fluía bem nesse grupo de WhatsApp. Então, as primeiras demandas solicitadas para mim foram: “Produza manchetes, produza o visual das manchetes”. A maioria dos eventos, se não a totalidade (até que foram se desenvolvendo as questões de maior qualidade sanitária), eram remotos, através de transmissões no YouTube ou no Google Meet. Geralmente eu fazia esse acompanhamento, tirava alguns prints de tela e montava a imagem da manchete que iria ser postada nas redes sociais da Reitoria Digital. Eu mexia com alguns softwares de criação de imagens e me deparei com outro programa. Fui aprendendo na raça mesmo.

Ana Paula: Quais eram esses softwares?

Henrique: Eu tinha mais familiaridade com o CorelDRAW, pois na Arquitetura eu mexia muito com isso. Aqui na Reitoria Digital a gente começou a utilizar o Adobe Illustrator, mas já existia o modelo pronto de outras produções, feito com o apoio do setor de Publicidade Institucional da Secretaria de Comunicação da UFG e do outro bolsista que era meu companheiro nas atividades. Então eu entrei nesse grupo, todas as informações foram repassadas para mim e eu fui aprendendo nesse primeiro mês. Nesse grupo de WhatsApp, as pessoas que estavam ali iam direcionando com imagens e textos a melhor forma de visualidade para que o público tivesse a informação o mais rápido possível. Não demorava dez minutos para essa manchete ficar pronta visualmente.

página anterior p.52 próxima página

Ana Paula: Então você não chegou para trabalhar direto com o canal da UFG no YouTube, que é o que você faz atualmente?

Henrique: Não. O YouTube veio para mim durante a pandemia por conta do volume muito grande de solicitações de lives, devido ao momento que a gente vivia. A produção da Universidade não parou. A pessoa estava trabalhando nos pilares de pesquisa, ensino e extensão e o YouTube era uma ferramenta chave. Foi um desafio lidar com isso. A princípio, eu entrei para fazer produção gráfica, para pensar espaços expositivos virtuais e presenciais - quando a pandemia se encerrasse - e também para fazer um monitoramento de notícias e sensibilização do que o público estava achando, do que era colocado em voga pela voz institucional. Posteriormente, o YouTube veio para a minha calçada e hoje eu acredito que eu tomo mais a frente dessa questão na Universidade, em parceria com a Marília. Com a saída do Wesley, eu tomei essa posição de encabeçar as atividades.

Ana Paula: Você falou que não conhecia os softwares da produção gráfica. E a questão do YouTube? Quando você passou a trabalhar com essa rede a gente já usava o StreamYard há muito tempo. Você já conhecia ou foi aprendendo tudo também?

Henrique: O StreamYard chegou para mim durante a pandemia também, eu ainda não era bolsista da Faculdade de Ciências Sociais. Nós estávamos realizando um seminário internacional no curso de Museologia e o professor Pablo estava procurando alguns alunos que tivessem essa agilidade tecnológica. Ele me mandou uma mensagem dizendo que precisaria de ajuda nesse seminário, que seria remoto, e que ele ensinaria a lidar com o StreamYard. Em 30 minutos ele repassou todas as funções e a partir desses 30 minutos, até hoje, eu trabalho com essa plataforma. Posteriormente, como agente de comunicação da FCS, eu fazia esses treinamentos utilizando o StreamYard, então já cheguei na Reitoria Digital com essa familiaridade.

Ana Paula: E como foi essa caminhada de ser uma pessoa dos bastidores para, atualmente, gerente de lives do canal da UFG no YouTube?

página anterior p.53 próxima página

Henrique: Não foi algo programado, foi evoluindo aos poucos. Como a demanda de solicitações aumentou drasticamente, aos poucos eu e o Wesley fomos compartilhando funções: eu ficava mais na parte de atendimento e ele, de treinamentos. Então, o primeiro contato dos solicitantes era comigo e o treinamento de gestão da ferramenta era com o Wesley. Aos poucos, o Henrique que estava ali no atendimento ao público começou a ser conhecido.

Ana Paula: E como era a sua comunicação com esse público? Que ferramentas você usava?

Henrique: Esse processo de comunicação com o público inicialmente é privilegiado pelo e-mail. Para que a gente possa fazer o agendamento de uma transmissão, todas as pessoas interessadas devem, primeiramente, nos informar data, título, responsável e uma pequena descrição do evento. Temos uma agenda do Google para visualizar quais lives estão programadas. Então, a partir desse agendamento por e-mail, nós criamos um grupo de comunicação no WhatsApp, porque essa comunicação precisa ser fluida; pelo e-mail a gente não tem rapidez de resposta e de visualização. Neste grupo de WhatsApp, estão as pessoas da equipe da Reitoria Digital que cuidam do YouTube, incluindo o coordenador, que é o professor Pablo, e todas as pessoas do evento envolvidas na gestão do YouTube. Então essa comunicação acontece por esses dois canais: primeiramente pelo e-mail e depois, pelo grupo de WhatsApp.

Ana Paula: Hoje, o que uma pessoa precisa para transmitir uma live pelo canal da UFG no YouTube? Além desse primeiro e-mail que você falou, o que ela precisa enviar para fazer essa transmissão?

página anterior p.54 próxima página

Henrique: A transmissão pode acontecer de duas formas: ou no canal UFG Oficial, ou em um canal setorial no YouTube, caso a unidade acadêmica, o grupo de pesquisa ou os organizadores tenham esse canal. Nesse segundo caso, as pessoas podem utilizar essa plataforma que é o StreamYard, fomentada pela Funape [Fundação de Apoio à Pesquisa], para exercer sua função de divulgação científica. O nosso forte é a utilização do canal da UFG, pela quantidade de inscritos: atualmente são 46.200 e esse número só está crescendo. Então a pessoa faz essa primeira solicitação, nós fazemos o agendamento e ela precisa dispor de recursos humanos para a organização do evento. Nós fazemos um treinamento e damos a autonomia para que os organizadores possam produzir o seu evento. Então, necessariamente, ela precisa indicar duas pessoas: um gestor de telas e um gestor de chat. O gestor de telas é aquela pessoa que vai trabalhar com a visualidade da live: ele vai colocar as pessoas na live, retirar, passar um PowerPoint, colocar e encerrar a live. Já o gestor de chat é aquela pessoa que faz a animação de público, de plateia, respondendo algumas dúvidas, enviando link de certificado, conversando com as pessoas dentro do estúdio - porque uma vez que a live está ao vivo, a conversa paralela não pode acontecer, ela ocorre somente num chat privado, pois tudo que é passado em tela é gravado e é repassado ao vivo no YouTube. Então nós oferecemos esse treinamento e nesse intervalo entre a solicitação, treinamento e o evento na data programada, o organizador prepara um projeto de Extensão que dê confiança ao conteúdo que será ministrado no canal da UFG, porque esse é um canal que precisa ter conteúdos relevantes, que exaltem os pilares da Universidade, de Ensino, Pesquisa e Extensão. Posteriormente, ela também precisa produzir as peças gráficas. A transmissão não acontece somente com a minha câmera, o meu microfone e os meus convidados. A gente preza por uma qualidade de visualidade. Ela pode até acontecer somente com a minha câmera e o meu microfone, mas nós sempre temos um conjunto de artes. São quatro telas em formato YouTube que são ferramentas primordiais em relação ao cuidado com o público que está vendo meu conteúdo. A primeira arte é a de capa, que vai ter todas as informações gerais: data, convidados, unidade acadêmica proponente, apoiadores e o título, que é o “cartão de visitas” da sua transmissão porque ela fica agendada com esse nome no YouTube até entrar ao vivo. A segunda arte tem a frase “Em instantes”, para avisar às pessoas que a live vai começar e elas não serem pegas de surpresa. Depois, uma arte de background, que fica atrás das câmeras ligadas durante a transmissão. Por fim, uma arte de agradecimento para informar ao público que a transmissão acabou e que a partir daquele momento ele pode procurar outro conteúdo no YouTube ou encerrar as suas atividades. Além das artes, do treinamento e do projeto de extensão, o solicitante ainda precisa passar uma ficha técnica, que é uma descrição de tudo o que acontece no evento. Vai repetir data, título, um pequeno currículo dos convidados, dos organizadores e dos apoiadores. Isso é um facilitador de pesquisa, porque o nosso canal é de conteúdo universitário, para pesquisa. Com tudo isso entregue, nós criamos os links e enviamos nos grupos de WhatsApp e por e-mail. É enviado um link do YouTube e um link do StreamYard, que é essa ponte de informações para o YouTube ou para qualquer outra plataforma que tenha conexão como, por exemplo, Facebook, Twitter e LinkedIn. É um pouco burocrático, eu nem falei tudo, mas tem funcionado bem e graças a esses procedimentos o canal tem crescido constantemente e com qualidade. Um fato muito importante é: como nós estamos lidando com conteúdo, com propriedade intelectual, quem participa desses eventos tem que assinar um termo de uso de imagem e de som, para que as pessoas possam referenciar isso posteriormente em suas pesquisas e para que outros canais possam replicar. Temos também um termo de responsabilidade técnica, em que o proponente do evento assume essa responsabilidade do evento, eximindo a Reitoria Digital. Nós auxiliamos e damos autonomia, mas nós não temos essa responsabilidade pelo evento proposto, já que temos uma infinidade de eventos, pois atendemos a Universidade inteira e todos os câmpus.

Ana Paula: Você mencionou rapidamente o crescimento do canal da UFG no YouTube. Como essa questão estava quando você chegou e como está hoje?

Henrique: Atendemos mais de 700 pedidos de transmissão; destes 700 pedidos, não é somente uma live. Tem pedido que o montante era 50, tem eventos que são 30 lives, enfim. Em julho de 2021, quando eu cheguei, o número de inscritos no canal era de aproximadamente 30 mil. Hoje nós comemoramos a marca de 46 mil inscritos. Em um cenário nacional de canais oficiais de universidades públicas federais, a UFG lidera. A segunda colocada é a Universidade Federal de São Paulo e a diferença entre esses dois primeiros é de dez mil inscritos, que é muito grande. Nós crescemos mensalmente cerca de 1000 inscritos. A gente está liderando desde que começamos as atividades de gestão do YouTube. Em terceiro lugar, está a Universidade Federal de Pernambuco, depois a Universidade Federal do Maranhão e a Universidade Federal Rural de Pernambuco, entre quase 50 instituições federais que possuem canal oficial. Se nós formos levantar alguns números em relação à quantidade de pessoas da comunidade acadêmica atendidas, levando em consideração as figuras do gestor de telas e gestor de chat, quase 10% da comunidade acadêmica já recebeu esse treinamento pela Reitoria Digital, segundo dados do UFG Analisa (não considerando as pessoas que já se graduaram, técnicos-administrativos, aqueles que já se aposentaram). É uma autonomia muito grande de gestão: muitas pessoas, hoje em dia, quase não procuram esse treinamento porque já têm e esse é um crescimento muito gratificante para a gente.

Ana Paula: Houve todo esse crescimento, entre outros fatores, porque estávamos em um período de pandemia. Como está hoje, em junho de 2023? As pessoas ainda continuam fazendo transmissões?

página anterior p.55 próxima página

Henrique: Fazendo uma comparação de 2021 para cá, lembrando que estamos em um outro cenário em que a pandemia foi declarada encerrada, essa cultura das transmissões remotas continua, por mais que tenha caído. Isso porque existe a facilidade de eu fazer um evento da minha casa e atingir um público maior. Era comum alguns eventos presenciais terem poucos inscritos. Hoje, esses poucos inscritos se multiplicaram, porque do conforto da minha casa, do meu celular, do meu trabalho, eu consigo assistir a um evento. Agora nós temos algumas parcerias, como por exemplo com a Fundação Rádio e Televisão Educativa (RTVE), que nos auxilia em transmissões presenciais. A pessoa que organizou o evento contrata a TV UFG para realizar, com todo seu maquinário e qualidade, a sua transmissão, e nós entramos com a gestão do YouTube. Mas existem também alguns casos de transmissões híbridas, com participações presenciais e remotas. Não tem uma qualidade excelente, mas o conteúdo chega e o evento acontece. Nós não nos restringimos somente ao remoto; a gente buscou outras alternativas para que o uso do canal da UFG não caísse. Então hoje, mensalmente, fazemos cerca de 30 atendimentos e cerca de 40 transmissões. Em 2021, eram 60 atendimentos e 90 transmissões mensais. A gente comemorou a marca de mil vídeos em outubro de 2021, na finalização do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão, o Conpeex, e atualmente estamos batendo a marca de 1.800 transmissões. Eu acredito que até o final de 2023, a gente atinja 2.000 transmissões desde que a gente assumiu a gestão do canal da UFG no YouTube.

Ana Paula: E falando desse momento de pandemia e crescimento do YouTube: como foram seus regimes de trabalho ao longo do tempo na Reitoria Digital?

Henrique: Começou totalmente remoto, mas em alguns momentos desse remoto, a gente se revezava em uma escala. Nós precisávamos estar aqui presencialmente, então eu ia para a Reitoria Digital uma vez por semana e ficava o dia inteiro. Do remoto, passou para híbrido, até que chegou o momento de voltarmos totalmente para o presencial, no começo de 2022. Os bolsistas profissionais que cuidam do YouTube fazem uma escala remota e presencial. Então eu continuo nesse esquema, porque a Reitoria Digital privilegia atendimentos em casa para trazer essa familiaridade com a pessoa que também está em casa, para ela não achar que agora que a pandemia acabou precisa voltar à formalidade do presencial e também porque a Reitoria Digital não engessa a nossa vida profissional. Como eu comentei, também sou museólogo, sou arquiteto e tenho as minhas outras atividades profissionais, que a Reitoria faz questão de não engessar. A coordenação tem essa boa relação que preza pelo crescimento da pessoa. Então foi acontecendo dessa forma: houve uma evolução do remoto para o híbrido e presencial.

página anterior p.56 próxima página

Ana Paula: Além do YouTube, você também trabalha com a cobertura fotográfica da agenda da Reitoria e a aplicação das manchetes. Como você desempenha essas tarefas?

Henrique: Engraçado que, no remoto, a cobertura fotográfica era um print de tela das pessoas, dos rostinhos na tela do Google Meet. Com a presencialidade retornando, nós começamos a capturar esses momentos de forma mais profissional. Eu não tinha domínio nenhum de fotografia. O Wesley, que trabalhava comigo, é fotógrafo, então ele foi me ensinando. Nós começamos a acompanhar os jornalistas nessas coberturas e, enquanto eles produzem o texto, nós produzimos as imagens. É um momento de não ter vergonha. A gente precisa chegar perto, tirar foto do rosto, invadir alguns espaços, claro, com educação, para capturar o melhor momento. Então enquanto o jornalista está ali sentado, com a sua caderneta para anotar as informações, nós, fotógrafos, estamos circulando na sala de reuniões, no auditório, estamos passando na frente de quem está falando no microfone. É uma atividade muito interessante, dinâmica e a gente acaba perdendo um pouco da vergonha. Então é feita uma curadoria pelos jornalistas para que seja escolhida a melhor foto para ser aplicada a manchete. Em 2021 e 2022 mudou a arte da manchete, com a ajuda de estagiários de Design Gráfico.

Ana Paula: E em relação às exposições institucionais, uma tarefa que surgiu na Reitoria Digital mais recentemente e você já participa desde o início. Como funciona?

Henrique: O meu processo seletivo foi voltado para isso também. A Reitoria Digital, pelo fato de o professor Pablo ser docente da Museologia, é um campo da comunicação também e ele tem essa preocupação com a memória institucional. Nós somos uma assessoria da Reitoria e relembrar esses momentos importantes para a construção da Universidade era uma preocupação do professor Pablo. Bom, eu sou arquiteto e sou museólogo. O arquiteto tem essa visão da construção do espaço e o museólogo também. Até o momento, a Reitoria participou de duas exposições presenciais e está na elaboração de uma terceira que eu ainda não me integrei. Essas exposições são feitas em conjunto com os discentes do curso de Museologia ou em conjunto com a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, a Proec. Eu, enquanto bolsista da Reitoria Digital, com os meus conhecimentos, monto a parte de exposição mesmo: disposição de mobiliário e de elementos gráficos para leitura. Posteriormente à montagem dessa exposição, nós também temos uma questão de monitoria, que é passar o meu conteúdo para o meu visitante, sem que seja somente contemplação. Ele precisa entrar numa exposição e refletir, para poder levar esse conhecimento para frente. Então, muitas vezes, eu estou ali nesse papel de monitor, acompanhando o visitante. Nós tivemos muito êxito na exposição “UFG na luta contra a covid-19”, que trouxe uma série de entrevistas. Eu acompanhei algumas dessas entrevistas no backstage, com maquinário, filmadora e câmera fotográfica. A gente tentou elucidar um pouco como a gente não parou durante a pandemia e como foi a produção científica dos pesquisadores da UFG nos cenários local, goiano, nacional e internacional. As entrevistas foram exibidas em televisores, mas eles não ficavam espalhados aleatoriamente, havia a construção de uma narrativa. Posteriormente, nós montamos a segunda exposição, que foi em comemoração à lembrança do Jornal 4º Poder, um dos principais veículos de comunicação da Universidade. Fizemos um processo curatorial das capas mais icônicas dessa produção jornalística e montamos para que as pessoas pudessem ler. Além de ver os painéis expositivos, uma espécie de “banquinha” com a edição impressa do jornal, para que a pessoa pudesse levar para casa, proporcionou uma vivência do passado.

página anterior p.57 próxima página

Ana Paula: E quais outras tarefas você desempenha além do gerenciamento do canal do YouTube e das exposições institucionais?

Henrique: Também faço um monitoramento da voz institucional nas redes sociais e em canais de pesquisa como Google e Yahoo. A todo momento do meu expediente, eu estou pesquisando termos chave como “UFG”, “Universidade Federal de Goiás”, “Angelita Pereira de Lima”, “Jesiel Carvalho”, para que eu possa ver o que está sendo veiculado em nome da Reitoria. Assim, também identifico quando a imprensa aproveita alguma entrevista, fala ou matéria que nós publicamos. Diariamente, eu vou entregando essa produção no nosso grupo de comunicação, que faz com que tenhamos a ciência da dimensão que as coisas estão tomando e antecipemos uma possível gerência de crise. Em alguns momentos dessa coleta de notícias, fazemos uma sensibilização de comentários: eu leio todos os comentários, separo comentários positivos, neutros e negativos e gero uma análise de quantos comentários, quantas curtidas e qual foi o comentário de maior engajamento. Esse documento chega até a reitora, a um pró-reitor, a um secretário ou às pessoas envolvidas, para ajudar o gestor a tomar uma possível medida. Esse monitoramento de notícias gera também um clipping que é disponibilizado no site da Reitoria Digital.

Ana Paula: Agora eu gostaria que você me contasse um pouco sobre como é trabalhar no ambiente da Reitoria.. Estamos no Gabinete, que é um espaço formal mas, ao mesmo tempo, o seu trabalho é com o YouTube e com as redes sociais, que são bem dinâmicas. Como você vê essa integração?

página anterior p.58 próxima página

Henrique: Eu vim de uma unidade acadêmica antiga, mas de um curso pequeno. Quando eu venho para a Reitoria, eu começo a ter contato com toda a Universidade, tanto com alunos quanto professores, diretores, coordenadores, técnicos-administrativos. Então a gente acaba realmente entendendo a dimensão da Universidade. Eu vim para a Reitoria com aquele medo: “Meu Deus, será que é um ambiente muito fechado? Será que as pessoas são extremamente formais?”. De fato, há essa seriedade e essa reclusão em relação ao trato, devido a essas particularidades. Mas aos poucos a gente vai se tornando uma família. A gente brinca bastante na Reitoria Digital e tem momentos de descontração, mas no momento do trabalho sério todo mundo foca e é um profissionalismo respeitável. A gente tem muito essa imagem “Nossa, os reitores são intocáveis. Como eu alcanço a Reitoria?”. A gente tem algumas dores de cabeça mas é fácil, leve e fluida a questão de entrar na Reitoria. Não é um ambiente fechado a sete chaves em que você precisa incorporar um personagem. Você precisa ser profissional.

Ana Paula: Lá no início você contou sobre a sua formação e falou que não tinha nada na área de comunicação. E agora, quase dois anos depois, como você se sente nesse contexto, desempenhando uma série de atividades nessa área?

Henrique: Eu costumo brincar que eu sou um jornalista praticante. A gente vai aprendendo muitas técnicas de texto e aprende muito na vivência. E a gente vê realmente a seriedade. Às vezes, uma vírgula ou um termo errado geram uma crise e muitas vezes a responsabilidade é nossa enquanto assessoria de comunicação, e não da reitora. Então me despertou um pouco mais de atenção, de senso de responsabilidade e de saber passar a informação corretamente. Não é uma área que eu possa falar que tenho total experiência. Eu domino Museologia, Arquitetura; Jornalismo, não. Mas eu aprendi muito e trouxe isso para a minha vida profissional também. Por exemplo: eu fiz estágio no Instituto Brasileiro de Museus e Museologia também é comunicação, de certa forma, porque trabalhamos com narrativas. Eu trabalhava com redes sociais e toda essa expertise que eu tive dentro da Reitoria Digital eu repassei para o meu estágio. Então eu tive uma comunicação melhor. Criei um canal de comunicação no Instagram, no e-mail, fiz uma proposta de canal no YouTube. Então, graças a esse conhecimento adquirido aqui, eu consigo replicar para a minha vida profissional.

página anterior p.59

Ana Paula: Tem alguma história que foi muito marcante para você durante esse tempo na Reitoria Digital?

Henrique: Eu entrei no processo de transição de gestão da Reitoria. Comecei em julho de 2021 e no final daquele ano foi elencada a lista tríplice para que o novo reitorado se iniciasse. Então entraria, de acordo com a lista tríplice, a primeira colocada, que seria a professora Sandramara Matias Chaves, com a vice-reitoria do professor Jesiel Carvalho. Eu me lembro que nós estávamos em uma tensão muito grande esperando a nomeação, pois vivíamos em um governo que estava em constante ataque ao ensino público de qualidade e a gente estava na esperança de que a qualquer momento sairia a nomeação que deveria ser a escolha da comunidade acadêmica. No retorno do remoto para o presencial, nós estávamos fazendo alguns testes de transmissões in loco. Tínhamos alguns celulares e iria acontecer a posse da direção da Faculdade de Enfermagem. Eu me lembro até que fiz o primeiro teste de covid da minha vida para cobrir esse evento. Nesse dia, os representantes da gestão ainda eram o professor Edward e a professora Sandramara. O Edward já não era reitor, o mandato dele tinha acabado, mas ele fez uma presença. Nesse dia, sem nenhuma programação, saiu a nomeação da nova gestão. E por uma surpresa, não foi a professora Sandramara a escolhida, mesmo ela sendo a primeira da lista. Esse foi um choque muito grande para nós. Houve uma comoção muito grande. Eu lembro que o professor Edward se emocionou bastante. Diante disso, aconteceu que a pauta da Faculdade de Enfermagem que nós fomos lá para transmitir acabou se tornando secundária. Isso me marcou muito porque a partir desse momento, nós, da Reitoria Digital, enquanto assessoria de comunicação, tivemos que nos desdobrar muito. Nós fizemos postagem de última hora, de manhã, de tarde e de noite. Também promovemos duas coletivas de imprensa. Nessas coletivas eu fiz a produção visual, o jornalismo se organizou para estar ali na gestão de chat, para organizar quais seriam as pessoas a serem entrevistadas. Nós estávamos ali suscetíveis a qualquer tipo de ataque. Foi escolhido o terceiro nome, que é a professora Angelita, que está na gestão atualmente. Naquele primeiro momento, ela também se assustou e nós tínhamos que estar ali em um círculo de afeto e apoio. Isso me marcou bastante: toda essa movimentação de comunicar que a escolha da comunidade acadêmica não tinha sido acatada e um terceiro nome tinha sido escolhido pelo Governo Federal. Nós estávamos naquele momento de tensão, de cobertura, de live, de postagem e isso me marcou bastante. Foi um fato que, a princípio, foi triste, mas depois muitas flores surgiram nesse caminho. Então tem sido gratificante fazer esse acompanhamento e mudar também os olhares da Reitoria Digital. De gestão para gestão, nós temos uma mudança no trato e eu acho isso muito interessante, pois gera muitos aprendizados. Também gostaria de fazer um elogio. Eu entrei na Reitoria Digital meio perdido, no remoto, mas hoje nós somos uma família. Hoje eu sou o bolsista mais velho, um dia eu fui o mais novato. Então, todos os estagiários, jornalistas, bolsistas que passaram pela Reitoria são pessoas com as quais a gente vai construindo laços. E isso é muito legal, é uma convivência muito fácil, muito rica, existe uma troca muito boa. Então, vida longa à Reitoria Digital!

Notas

30. Até o momento da entrevista, realizada em junho de 2023.

31. No início da pandemia de covid-19, as atividades foram suspensas por 15 dias, mas posteriormente o período de isolamento se estendeu ainda mais.

32. Software de criação de produtos visuais.

33. Software de edição de imagens vetoriais e criação de ícones, desenhos e tipografias.

34. Plano de fundo.

35. Captura de tela.

36. Bastidores.