“Foi um desafio, estava bem nesse início”: os primeiros passos no gerenciamento do canal UFG Oficial no YouTube
Wesley Melo Barbosa de Menezes
Ana Paula Vieira de Souza
Introdução
Wesley Melo Barbosa de Menezes nasceu em 24 de maio de 1995, em Coronel Fabriciano, Minas Gerais. Geógrafo por formação e com passagens também pelos cursos de Jornalismo e de Letras, atuou como bolsista profissional na Reitoria Digital da UFG entre junho de 2020 e julho de 2022. Wesley entrou para a equipe no início da pandemia de covid-19, quando a Reitoria Digital assumiu o gerenciamento do canal UFG Oficial no YouTube. Em um momento de ascensão das lives e inúmeros pedidos da comunidade universitária pela realização de transmissões on-line, ele ajudou a construir os protocolos para atendimento das solicitações e a metodologia que tornou o canal da UFG o líder entre as universidades federais em número de inscritos no YouTube.
Ana Paula Vieira de Souza Dias: Qual é sua formação profissional e experiências anteriores à chegada na Reitoria Digital?
Wesley Melo Barbosa de Menezes: Eu sou de Minas e vim para Goiânia em 2014 para fazer Geografia. Me formei na PUC [Pontifícia Universidade Católica] e, em 2018, passei em Jornalismo na UFG. No primeiro semestre, conheci o Politizar, um projeto muito bacana, realizado pela Universidade em parceria com a Assembleia Legislativa. Nele, tive contato com a prática do jornalismo político. Achei muito interessante e, a partir daí, conheci várias pessoas, entre elas a professora Laís, que me falou sobre a vaga da Reitoria Digital. Ela comentou que estava aberto o processo seletivo e que a UFG estava iniciando um projeto de fazer transmissões ao vivo. Eu estava lecionando inglês nessa época, mas as atividades estavam sendo realizadas on-line devido à pandemia de covid-19. Além do Politizar, também cheguei a trabalhar como social media em uma cervejaria próxima ao Câmpus Samambaia. Isso me deu um auxílio, até porque, para além das lives, eles estavam precisando de um suporte para as redes sociais da Reitoria também. Participei do processo seletivo, passei e comecei em junho de 2020. Não terminei o curso de Jornalismo. Pedi transferência para Letras Inglês, até porque estava dando aula de inglês, só que veio a pandemia e eu acabei trancando.
Ana Paula: Como era o contexto na Reitoria Digital quando você chegou? Já tinha o software StreamYard? Já sabia trabalhar com ele?
Wesley: Quando eu cheguei aqui, era tudo mato! Brincadeiras à parte, era quase isso mesmo. Quando eu cheguei, tinha sido feita a contratação bem recente do StreamYard, uma ferramenta nova, que inclusive estava como requisito no processo de seleção. Fui Laís Forti Thomaz, professora da Faculdade de Ciências Sociais da UFG e então secretária de Relações Internacionais da Universidade pesquisar para entender como funciona e, no primeiro contato, você se assusta. Até mesmo nos treinamentos que a gente passou a ministrar para o uso do StreamYard, é sempre a mesma reação: “Gente, esse monte de botão, o que eu faço?”. Só que, após passar por um treinamento e entender como a ferramenta funciona, você vê que ela é bem simples, muito prática e intuitiva para fazer as transmissões. Foi um desafio, estava bem nesse início. Nosso rito de trabalho era assim: existiam as transmissões e era a gente que fazia, de forma dividida entre algumas pessoas da equipe da Reitoria Digital. Nessa época, o Pablo pediu para eu criar uma agenda para a gente se organizar e ver a possibilidade de cada um fazer as transmissões. Então, ficávamos eu, o Fabrício e o Pablo dividindo a gestão das lives. Só que começou a ficar insustentável, até porque o Pablo tem as atribuições da coordenação, o Fabrício tem as atribuições do jornalismo, então a gente pensou na possibilidade de fazer treinamentos. Em vez de a gente ficar responsável por todas as lives, as pessoas poderiam fazer o próprio gerenciamento de telas, que é bem simples. No início, a gente conseguia se desdobrar, mesmo com muita dificuldade, muitas vezes fazendo hora extra; mas ia ficar insustentável. Eu participei de um dos primeiros treinamentos com o Pablo, com um pessoal da área da Saúde que fazia lives toda quinta-feira. Foi um choque, porque até então o Pablo fazia tudo, mas a gente conseguiu conversar e ajustar essas questões. A partir disso, começamos a construir um protocolo, porque chegavam muitos e-mails perguntando como fazer uma live, que dia estaria disponível e a gente não conseguia ter um controle. Entendemos que se a gente não fizesse um planejamento e uma organização de como fazer a requisição da live, a gente ia se perder. Então criamos um protocolo de requisição.
Ana Paula: Então explica melhor como funcionava esse protocolo, começando pela agenda que você criou. A pessoa podia entrar lá para saber se havia disponibilidade para a transmissão no dia que ela queria?
Wesley: Exatamente. Se eu não me engano, até hoje tem essa agenda no site da Reitoria. Você vai entrar na parte do YouTube e a primeira coisa que vai aparecer é a agenda com as possibilidades de horário. Nesse primeiro momento, era importante ter essa agenda para você saber quais transmissões ocorreriam em cada horário, para não ter duas ao mesmo tempo. Depois, chegamos a um momento em que era possível ter sobreposição de lives no mesmo horário, porque a ferramenta possibilita isso. A gente fez um teste em que colocamos 150 transmissões ao vivo para rodar ao mesmo tempo e o programa suportou. Então, com essa possibilidade, a gente começou a aprofundar na questão dos treinamentos. Às vezes, algumas lives têm exclusividade. Por exemplo, nós tivemos a Assembleia Universitária, que foi uma das maiores transmitidas - atualmente deve acumular mais de 10 mil visualizações- e, na época, cerca de 5 mil pessoas acompanharam ao vivo. Então, nesse dia, a gente não fez nenhuma outra transmissão. No caso de iniciativas como, por exemplo, o Conpeex [Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFG]: naquela semana a gente não faz outros eventos, porque os esforços vão ser para isso e o objetivo é que a audiência seja para as transmissões que vão acontecer durante o Congresso, então a agenda é muito utilizada nesse sentido. Também tínhamos alguns eventos e lives semanais. Tinha a live da Martinha [Marta Maria Alves da Silva, técnica-administrativa do Hospital das Clínicas da UFG], que sempre trazia alguma dinâmica relacionada à prevenção da covid e alguma atividade social; ela acontecia toda quinta-feira. E todas as sextas-feiras tinha uma transmissão que, se eu não me engano, acontece até hoje, que é da Andréa [Andréa Luiza Teixeira, técnica-administrativa da Escola de Música e Artes Cênicas - Emac], que promove o projeto “Piano e Suas Perspectivas”. Elas acontecem semanalmente, mas, eventualmente, nesses dias de grandes eventos, eram suspensas.
Ana Paula: Depois de checar a disponibilidade na agenda, como funcionava o protocolo para a solicitação das transmissões?
Wesley: A princípio, você mandava um e-mail para a Reitoria Digital dizendo que queria uma live para determinado dia. Eu, Pablo ou Fabrício respondíamos sobre a disponibilidade. Geralmente, eu ficava com a maioria das transmissões. Quando eu não podia, eu falava com o Pablo ou Fabrício e a gente organizava. Se a gente tivesse o horário, a gente cuidava de tudo. Se não, a gente pedia para a pessoa remarcar. Às vezes, a gente elaborava as próprias artes ou falava com o interessado para solicitar para a Secom. Era uma coisa muito trabalhosa, porque sempre tinha que juntar os três pra ver a disponibilidade.
Ana Paula: Mas depois vocês fizeram um protocolo. Como ficaram esses pedidos?
Wesley: A partir do protocolo, as pessoas faziam um e-mail pedindo uma live e a gente perguntava: Que live? Sobre o que? Que dia? Que horário? Qual unidade acadêmica está promovendo? Isso para evitar alguma situação problemática que poderia acontecer, porque é um canal oficial de uma instituição, então você tem que ter alguns procedimentos. Teve uma vez que foi um erro, a gente criou uma sala de treinamento e essa sala de treinamento a gente criava pública, e o nome do evento era uma discussão sobre a questão da extrema-direita e a direita radical. Só que o nome da sala, na hora de salvar, ficou assim: “Treinamento direita radical”. Isso gerou um fuzuê, porque as pessoas começaram a falar “Meu Deus, a UFG tá treinando as pessoas pra ir para a direita radical? O que é isso? O que está acontecendo?”. Então a gente começou a ter um protocolo, exatamente para evitar esse tipo de situação.
Ana Paula: Quais eram os dados básicos da live solicitados neste protocolo?
Wesley: Nome do responsável, qual o vínculo com a universidade (se era professor ou técnico-administrativo). No caso de estudantes solicitando as lives, era necessário ter um professor ou tutor responsável por isso. A pessoa disponibilizava o número de matrícula e essas lives, na verdade, fazem parte de um projeto de extensão. Então o ideal - depois a gente começou a requisitar isso -, é que fossem criados projetos de extensão para serem relacionados com essas transmissões. A live é um projeto, é uma forma de você passar as atividades da universidade para o público, para a população lá fora, para ela ter acesso a isso. Então, era necessário que você criasse um projeto de extensão. As pessoas mandavam essas informações e a gente respondia sobre a disponibilidade. Depois, era criado esse projeto de extensão, que deveria ter aprovação do Conselho Diretor da unidade acadêmica. Outra coisa que foi criada também para evitar problemas, foi a autorização de uso de imagem. Foram dois formulários principais. Na autorização de uso de imagem você autoriza que o conteúdo seja veiculado no canal da UFG no YouTube e em outros canais; se a gente quiser fazer um recorte e publicar no Instagram, é uma possibilidade. No formulário de responsabilidade de conteúdo, o organizador do evento se responsabiliza pelos convidados e pelos conteúdos. Depois também adotamos uma frase padrão em todas as transmissões, que dizia que o conteúdo era de responsabilidade dos organizadores e não refletia diretamente a opinião da UFG.
Ana Paula: Em relação à comunicação com os solicitantes das lives, naquela época era só por e-mail ou já se usava outras ferramentas também?
Wesley: A princípio era por e-mail. Só que, para facilitar a comunicação, a gente começou a criar grupos de WhatsApp e isso acabou sendo inserido no protocolo também. Então, uma das informações enviadas, além das informações básicas da live, era o número de WhatsApp do responsável, para a gente criar um grupo com ele e inserir as demais pessoas que iam participar do treinamento. A gente sempre sugeria a formação de uma equipe técnica, composta por duas ou três pessoas. Uma delas para gerenciar as telas de transmissão, outra para interagir com o público no chat, porque lá você vai comentar e vai aparecer “UFG oficial disse isso”. Então, não é a mesma pessoa fazendo tudo; até acontecia em alguns eventos, mas não é o recomendado. A gente criou até um protocolo com alguns comentários que as pessoas podiam pegar e ajustar de acordo com o evento dela: “Estamos começando o evento …”; “Siga os nossos canais …”.
Ana Paula: Estamos falando das lives e do crescimento das transmissões, lembrando que o contexto era a pandemia de covid-19. Então, conta um pouco como foi esse trabalho. Era remoto? Como você desempenhava suas atividades?
Wesley: A princípio foi totalmente remoto. Demorou mais ou menos um ano até eu conhecer a equipe presencialmente. Dava para fazer tranquilamente, até porque eram transmissões. Cada um fazia da própria residência ou do local. Às vezes, alguma pessoa ia para uma universidade, mas sob sua própria responsabilidade, não era uma exigência nossa. Depois, a gente teve a flexibilização e começou o trabalho híbrido. Mas, ainda assim, era totalmente pelo computador. Começou a voltar o presencial com um pouco mais de força e as pessoas continuaram a querer transmitir os eventos, o que foi, na verdade, um desafio.
Porque até então, o StreamYard é para ser uma ferramenta remota. Para fazer a transmissão de um evento presencial, dá um trabalho. A gente até conseguiu a aquisição de dois equipamentos celulares para isso e fizemos de forma amadora, inicialmente. Quando eu saí, essa questão dos eventos híbridos ainda estava começando.
Ana Paula: Então não só o regime de trabalho, mas os eventos também passaram a ser híbridos. E aí foi um novo desafio, um novo jeito que vocês tiveram que criar para atender.
Wesley: Sim, a gente teve que inovar usando as ferramentas que a gente tinha. Foi muito desafiador mesmo. O Henrique já tinha entrado nessa época, então, era a gente quebrando a cabeça para pensar formas de transmitir com qualidade. Uma coisa que limitava muito, infelizmente, é a questão da estrutura de rede. Uma recomendação que a gente fazia era que as pessoas sempre usassem o computador conectado à internet por cabo, porque é muito mais seguro. Então, às vezes, acabava tendo um pouquinho de queda na qualidade por essas questões. Mas, ainda assim, conseguimos fazer algumas entregas.
Ana Paula: Foi nessa época que a gente realizou transmissões usando o StreamYard e o Google Meet ao mesmo tempo?
Wesley: A gente começou a utilizar essas duas ferramentas. O StreamYard tinha um limite de dez pessoas, porque a ideia desse programa é ser uma plataforma de transmissão de lives. Você não faz live com 30 mil pessoas, você não faz live com 50 pessoas. Uma live vai ter uma pessoa e alguns convidados. Depois, o limite foi ampliado para 12 mas, mesmo assim, na tela, apareciam ao mesmo tempo dez pessoas. Isso começou a ser um desafio em alguns eventos oficiais com várias autoridades. Todos querem aparecer na tela. Começou a ser um desafio utilizar somente o StreamYard e passamos a fazer um híbrido com o Google Meet, que tinha capacidade, se eu não me engano, de até 250 pessoas. Era mais ou menos assim: as pessoas falavam lá no Google Meet e a gente só compartilhava a tela no StreamYard. Por exemplo, a gente teve isso na primeira edição do Espaço das Profissões, porque eram vários professores de vários cursos, não cabia todo mundo aqui [no StreamYard]. Tinha que ter uma pessoa para gerenciar o chat, outra para gerenciar a tela, um entrevistador; só aí já eram três pessoas e sobrava espaço somente para mais sete professores participarem. Então teve esse desafio. O uso do Google Meet tinha um delay , às vezes, mas nada que comprometesse a transmissão. Então a gente começou a utilizar essa forma híbrida de transmissão, no sentido de utilizar duas ferramentas diferentes mas, ainda assim, todo mundo em casa.
Ana Paula: Esse recurso também foi utilizado nas transmissões das primeiras colações de grau realizadas pelo YouTube?
Wesley: Sim. Foi um desafio a gente tentar achar uma forma que coubesse. Imagina, a colação de grau é um evento marcante para a vida. Você quer aparecer. No StreamYard, não cabe todo mundo que vai colar grau, então foi quando a gente começou a utilizar o Google Meet junto. Por meio do Google Meet, tem uma possibilidade de você colocar em destaque a pessoa que estiver falando na hora. A gente pedia para todo mundo silenciar o microfone e só abrir na hora que fosse falar. Foi a forma que a gente conseguiu, mas ainda era desafiador, porque você não tinha controle. Às vezes era uma sala com 100, 120 pessoas. Então, eventualmente, aparecia a pessoa que estava se formando, da casa dela. Não estava só o formando. Estava também a família, o pessoal comemorando.
Ana Paula: Por tudo isso que a gente está falando, esse momento de pandemia contribuiu para que a UFG tivesse um grande crescimento do canal do YouTube. Como foi isso para você? Observar esse crescimento, aprender tudo isso…
Wesley: Era uma emoção, porque a gente sempre ficava esperando “os próximos dez mil”. Quando eu comecei, eram seis mil. A gente tinha aquela ansiedade para chegar aos dez mil. E tinha uma produção muito intensa de conteúdo de qualidade. Os eventos da Universidade estavam acontecendo todos de forma on-line agora: simpósio, palestra, encontro. Tudo isso estava sendo transmitido. As pessoas, nas suas casas, queriam participar e continuar a vida, publicando, fazendo as coisas. Essa era uma forma que a gente tinha de conseguir manter a produção da Universidade, mesmo no contexto terrível de pandemia, de déficit de investimento, de um governo que não colaborava com isso. Então, foram anos bem terríveis, mas, apesar de tudo isso, a Universidade continuou produzindo e crescendo, principalmente nos números das redes sociais. Imagina, você chegar de 6 mil a 46 mil inscritos no canal. Você ter mais de um milhão de visualizações. Isso ultrapassou a Universidade, tem muito mais gente assistindo e tendo contato com o canal e com as atividades que a Instituição faz. Isso é maravilhoso, dá uma sensação de muita alegria. Vamos esperar os 50 mil agora, né? Imagina, ser o canal das universidades federais com mais inscritos. É bom demais!
Ana Paula: E sobre a experiência de trabalhar na Reitoria? Tem uma formalidade, mas o YouTube é muito dinâmico, é uma rede social, com todas essas mudanças que a gente acompanha. Como você enxerga essa integração?
Wesley: A Reitoria Digital foi uma coisa muito acertada. Se eu quero saber o que aconteceu na reunião do Consuni eu vou pegar a ata? Quando é que eu vou ter tempo para isso? Ainda mais nesse mundo em que as coisas fluem e tem muita informação. Pouco antes de a gente ter essa gerência do YouTube, eu acho que a gente já conseguia publicizar para a comunidade universitária e para a comunidade externa o que a Reitoria estava fazendo, então eu acho que aproximou muito. Até então, desde a minha primeira graduação, a Reitoria parecia uma coisa muito distante. E acho que a Reitoria Digital, tanto assumindo o YouTube quanto tendo uma rede social, foi um ganho muito grande no contexto de negacionismo e ataque à universidade. É muito relevante mostrar o que estamos fazendo, mostrar que as decisões tomadas em relação à comunidade universitária não são arbitrariedades do reitor. Não, não é o reitor que decide, tem um conselho. Não são coisas que acontecem a portas fechadas. É público, você pode assistir para ver o que foi votado, o que foi decidido e, eventualmente, fazer as suas reivindicações. Eu acho que essa integração é muito interessante e só tende a melhorar, tornando cada vez mais acessíveis as atividades da Reitoria e da Universidade para a comunidade.
Ana Paula: Além do gerenciamento do canal da UFG no YouTube, você também participou da atividade jornalística da Reitoria Digital de fazer a cobertura da agenda institucional, principalmente na cobertura fotográfica e aplicação das manchetes. Como era essa parte?
Wesley: Essa questão da aplicação das manchetes foi interessante. É muito desafiador, porque está acontecendo um evento, você tem que anotar, ficar atento ao que está acontecendo, tirar as fotos. Durante o período da pandemia, eu acredito que as transmissões facilitaram um pouco o trabalho, porque se foi transmitido, está gravado, você pode voltar, ouvir de novo. Eventualmente, eu cheguei a cobrir alguns outros eventos on-line e é tranquilo, você tem na íntegra o que a pessoa falou. Só que quando a gente voltou para o presencial, começou a ser mais desafiador. Eu até cheguei uma vez a gravar, mas percebi que era inviável gravar o evento todo e depois ouvir tudo. Não, você tá lá, tem que prestar atenção. E aí a gente começou a ajustar isso e ter uma cobertura jornalística híbrida. Então, tinha uma pessoa em campo, eu estava lá em campo, pegava as informações, fazia os registros fotográficos, e eventualmente a gente passava isso para os jornalistas acertarem e sair a publicação. Também acontecia de chegarmos nas agendas e não serem assuntos para cobertura. Uma coisa muito boa, que sempre teve, pelo menos do meu ponto de vista e da experiência que eu tive, foi um diálogo muito aberto por parte dos dirigentes com a equipe jornalística. Tinha esse auxílio, até porque eu não terminei a minha formação jornalística, então, com certeza, tem algumas lacunas que ainda precisam ser preenchidas.
Ana Paula: Você tem alguma história marcante durante seu período na Reitoria Digital?
Wesley: Em vários momentos tive situações muito desafiadoras. Em uma colação de grau do Pronera, o nome da turma ia ser Turma Fidel Castro. E aí teve uma movimentação de uma pessoa que hoje é deputado federal, para entrar na live e tentar derrubá-la. Foi uma tensão porque você começava a ver esse ataque acontecendo ao vivo. Ele publicou o link do evento nas redes dele, que têm grande alcance, e a gente ficou com aquele medo. Eu fiquei organizando os comentários, porque nós não íamos fechar o chat. Imagina, é colação de grau, as pessoas querem participar, os pais e parentes querem dar os parabéns. Já não tem a formatura presencial, é complicado fechar os comentários. Essa atividade foi muito marcante no sentido de imaginar o ataque à universidade acontecendo aqui. E quando teve a nomeação para a reitoria foi um choque, todo mundo esperando a primeira colocada da lista tríplice e foi nomeada outra pessoa. Naquela semana eu peguei covid, então eu estava em casa, tentando acompanhar. Foram eventos que me marcaram, desse ponto de vista, do choque. Eu penso que todos eles têm coisas positivas. Foram eventos assustadores, mas a gente tira muita coisa boa disso. E também tem muitas situações engraçadas durante os treinamentos. O trabalho começou a invadir a casa de todo mundo. Você estava na sua casa, com a sua família e, de repente, aparecia alguém na transmissão. Eu tenho essa experiência na Reitoria Digital muito marcada no meu coração, pelo fato de ter participado e visto esse crescimento. A gente continua, segue na vida, vai para outros desafios, mas a atividade continua sendo muito bem feita. A equipe vai passando, vão entrando outras pessoas e é muito bom ver a Reitoria Digital crescendo. Eu faço um balanço muito positivo desse tempo que eu estive aí: do ponto de vista pessoal, para o meu crescimento e das amizades e vínculos que a gente fez. Eu sou muito feliz por ter participado dessa experiência, por ter chegado lá quando era tudo mato e ver os prédios sendo construídos.