Reitoria Digital UFG

5 ANOS (2019-2024)

“Estamos trabalhando juntos o tempo todo”: a parceria entre a Reitoria Digital e a Secretaria de Comunicação da UFG

Salvio Juliano Peixoto Farias
Ana Paula Vieira de Souza

Introdução

Salvio Juliano Peixoto Farias nasceu em Campo Grande, em 25 de outubro de 1973. Formado em Jornalismo e em Design Gráfico pela UFG, desde 2009 é professor do curso de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação e, em março de 2020, assumiu a Secretaria de Comunicação (Secom) da Universidade. Salvio é defensor das equipes de Comunicação da UFG e do lema da gestão que o convidou para o cargo: “por uma comunicação integrada e integradora”. Ele faz questão de destacar o trabalho conjunto entre a Reitoria Digital e a Secom, e projeta que a tendência é de uma integração cada vez maior, com Rádio Universitária e TV UFG também cada vez mais próximas.

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Ana Paula Vieira de Souza Dias: Qual é sua formação profissional e experiências anteriores à chegada na UFG e na Secretaria de Comunicação?

Salvio Juliano Peixoto Farias: Eu vim para Goiás no início da adolescência, só fiz o ensino básico fundamental lá no Mato Grosso do Sul, no sul do estado, em uma cidadezinha chamada Iguatemi. Meus pais resolveram recomeçar a vida em Goiás. Nós não tínhamos parentes aqui, mas eles queriam um novo local. Meu pai tinha estado aqui nos anos 1970, tinha gostado da cidade e resolveu apostar. Então minha formação final do ginásio, que correspondia à fase da 5ª a 8ª série, foi em Goiás. Eu queria fazer Artes, mas eu não tinha coragem, no Ensino Médio; então resolvi que Publicidade era o curso mais próximo disso. Só que no ano em que eu ia fazer vestibular, meu pai morreu de forma fulminante, aos 49 anos, a idade que eu tenho agora. A família ficou muito desestabilizada, tanto emocionalmente quanto financeiramente, porque embora nós fôssemos quatro irmãos, a figura paterna era muito forte no sentido de organizar e prover a casa. Então, quando meu pai morreu, a situação mudou muito e eu vi que não daria para ir para Brasília fazer Publicidade, que era o lugar mais próximo onde tinha o curso. Ironicamente, hoje em dia, Goiânia deve ter uns dez cursos de Publicidade, Propaganda e Marketing e afins. Bom, aí eu escolhi Jornalismo, que era o curso mais próximo. Eu me dava mais ou menos bem nas redações e era outro curso da área de Comunicação. Fiquei um ano perdido no curso, sem saber o que eu estava fazendo lá. Era muito imaturo, aos 17 anos recém-completados. A universidade foi um choque para mim; um choque muito positivo. Na época, eu me lembro que eu fiquei tão impactado com tudo que acontecia na universidade, com as pessoas que eu estava conhecendo, que eu resolvi fazer um diário. Eu sabia que era muito importante o que estava acontecendo, mas eu nunca mais tive coragem de olhar esse diário. Ele está guardado até hoje. No segundo ano, eu já estava completamente deslumbrado com o curso de Jornalismo. Me formei muito novo ainda, com 21 anos, e embora eu já tivesse passado quatro anos na universidade, aí sim, eu tive coragem de ir para o curso de Artes. Eu não sabia muito bem o que eu ia fazer nas Artes. A ideia era ficar um ano ou dois, para ter algumas aulas de desenho, até eu arrumar um emprego. Mas eu acabei ficando os outros cinco anos no curso de Artes e aí fiz Design Gráfico. Isso foi um diferencial na minha carreira, porque no meu primeiro trabalho como jornalista, eu fui chamado porque eu fazia Artes. Em tese, eu seria um repórter um pouco mais atento, pelo menos para as questões de artes visuais, que naquele momento ainda tinham um bom espaço nos jornais. Hoje em dia, o jornalismo cultural aborda só o que é muito pop, né? TV, cinema, música. Mas, naquele momento, foi importante. Eu era um repórter de cultura que estava muito atento ao que estava acontecendo, pelo menos nas artes visuais. Fiquei menos de um ano no jornal O Popular cobrindo férias, licença maternidade, licença médica e logo fui chamado para um outro jornal onde eu fiquei três anos. E depois, paralelamente, fiz concurso para professor substituto na Faculdade de Artes Visuais (FAV), ou seja, comecei a dar aula nas Artes, como professor de História da Arte. Fiquei encantado com a possibilidade de dar aula e nunca mais parei. Consegui reunir as duas áreas, que eram o Jornalismo e o Design, e virei um professor bastante especializado em artes gráficas. Dei aula durante 11 anos na PUC [Pontifícia Universidade Católica de Goiás], 13 anos na Alfa e depois cheguei na UFG. Também dei aula na pós-graduação no Senac. Minha área de pesquisa é muito ligada às artes gráficas: news design ou design de notícias.

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Ana Paula: Em 2020, quando assumiu a Secretaria de Comunicação da UFG, como era o contexto?

Salvio: Eu recebi o convite do professor Edward, que foi muito surpreendente para mim. Eu era um professor muito quieto lá na minha unidade e estava como coordenador do curso naquele momento, quando o Edward me chamou para uma conversa na virada do ano. Eu pedi para segurar as pontas um pouquinho para eu pelo menos fazer a recepção dos ingressantes. Entrei no dia 3 de março, época em que estava começando a pandemia de covid-19. Lá pelo dia 16, o governador decretou aquele isolamento total, cancelamento das aulas e do trabalho presencial (quando não fosse essencial). E aí realmente foi um pandemônio, de certa forma, porque a comunicação era essencial, a comunicação não podia parar. Eu estava tomando pé do que era a Secom, do que era a Reitoria Digital, do que era a Universidade, de certa forma; porque quando você está na sua unidade, você vive na sua unidade. Você sabe o que está acontecendo ali, no seu entorno. Então, esse começo foi meio assustador, mas eu tinha uma equipe muito boa, que me acolheu de braços abertos, teve paciência comigo e a parceria com a Reitoria Digital foi imediata. Logo, já conversei com o Pablo, pois tinham alguns problemas nessa área de comunicação e entrosamento entre as duas equipes, mas isso logo foi solucionado. Definimos bem os nossos papéis, o que cada um ia fazer naquele momento, e isso foi muito importante.

Ana Paula: E como você percebe o impacto da pandemia no nosso trabalho de cobertura jornalística? Nesse sentido, como era o relacionamento com a Reitoria Digital?

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Salvio: A primeira tarefa foi entender e dividir: o que era a Secom, o que era a Reitoria Digital e o que cada um ia fazer. Houve alguns momentos em que a gente se embolava um pouco, devido ao trabalho remoto, por ninguém estar na universidade, todo mundo estar trabalhando ao mesmo tempo de suas casas. Às vezes tinha três repórteres para cobrir um evento e, às vezes, não tinha ninguém para cobrir outro. A pandemia trouxe isso, o fato de a gente se organizar melhor e definir os papéis: o que era mais institucional, o que era mais comunicação pública, o que cada um ia fazer, quais as tonalidades que essas notícias teriam, seja no portal oficial ou no site da Reitoria Digital. No começo, lógico, foi assustador e a gente nem sabia muito bem como fazer. Era tudo muito rápido e você tinha que aprender imediatamente a trabalhar. Eu tenho um agradecimento muito especial à Reitoria Digital por ter assumido o gerenciamento do canal da UFG no YouTube; isso foi possível graças à agilidade do Pablo, que estava há mais tempo que eu. Essa rede teve um papel muito importante e ainda tem. Ele cresceu muito e ganhou um destaque que não tinha antigamente, mas ganhou esse espaço desde a pandemia. A Reitoria Digital aceitou assumir a gestão do canal no YouTube porque eu estava chegando na Secom e a equipe estava com as tarefas todas no gargalo. A Reitoria Digital fez um convencimento na Reitoria, conseguiu mais um bolsista, assumiu prontamente o canal e deu tudo certo. A gente teve um período de muita produção. Foi um momento muito especial porque, de repente, a Universidade voltou a ser um grande banco de fontes científicas, credenciadas, especializadas para falar sobre as questões emergenciais que ocorriam naquele momento, sobretudo na área de saúde. Se alguém podia dar respostas naquele momento, era a Universidade. Então, a gente reverteu uma situação de três ou quatro anos antes, que era de grandes ataques à Universidade e às ciências, para um papel primordial na informação das pessoas e da sociedade. Isso foi muito interessante.

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Ana Paula: Você mencionou a questão do YouTube. Como foi tomada essa decisão em relação à Reitoria Digital assumir a rede? O que foi levado em consideração?

Salvio: Eu me lembro que eu tive uma conversa com o Leonardo Rezio, que era o diretor de Publicidade da Secom na época, para ver se a gente tinha condições de assumir o YouTube. Nós ponderamos que nossa equipe de redes sociais era muito pequena: a gente tinha uma jornalista profissional e um bolsista, que tem uma carga horária menor e menor nível de envolvimento. Ao mesmo tempo, a gente já tinha uma movimentação muito grande nas redes: Instagram com quase 100 mil seguidores, Twitter com 200 mil seguidores, LinkedIn, Facebook. A gente já tinha um volume muito grande de trabalho para pouca gente, então gerenciar mais uma rede com uma carga imensa de trabalho ia ser muito complexo. Já a Reitoria Digital estava mais ou menos organizada e me pareceu que tinha mais agilidade para acompanhar o que precisava naquele momento. Foi um desafio que a Reitoria Digital aceitou e foi fundamental; tanto é que a gente viu os números. O YouTube cresceu assustadoramente nesses poucos anos. A partir do momento em que houve a pandemia e nós começamos a usá-lo para transmitir todo tipo de evento, desde os maiores aos mais corriqueiros da universidade, se criou a demanda. A Reitoria Digital criou uma metodologia, abriu espaço para as inscrições de quem queria e precisava desse meio. As decisões foram muito acertadas.

Ana Paula: Depois desse momento totalmente atípico e surpreendente da pandemia, hoje, como é o trabalho diário da Secom e da Reitoria Digital? Como você vê esse relacionamento, atualmente?

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Salvio: Esse relacionamento só foi melhorando. A gente faz reuniões semanais para definir o que vai ser coberto por cada um. E mesmo quando alguma coisa surge de última hora na agenda da reitora ou do vice-reitor, a gente articula; essa conversa é muito rápida. Nós não estamos juntos fisicamente no mesmo espaço, mas não é raro a gente ir ao outro setor reformular rapidamente alguma coisa que escapou dessas reuniões semanais. É uma grande reunião de pauta que acontece. Além disso, as relações interpessoais melhoraram muito e ganharam muito nos últimos tempos. E hoje, talvez seja um dos melhores ganhos nesses últimos anos, essa nossa gestão conversada entre Secom e Reitoria Digital. O trabalho é dividido e nós nos apoiamos em muitas situações, estamos trabalhando juntos o tempo todo. O importante é que a comunicação seja feita, que não haja buracos, que os passos da reitora e do vice-reitor sejam cobertos, que as ações da Universidade sejam divulgadas, transmitidas, venham a público como elas devem ser. Então, tem dado muito certo.

Ana Paula: Desde que você chegou à Secom, você destaca alguma ação marcante?

Salvio: A inauguração do novo prédio do Hospital das Clínicas da UFG. No dia, eu tinha férias marcadas, mas eu participei de todas as reuniões preparatórias, com o pessoal de segurança, de relações públicas, com os cerimoniais do governador, entre outros. No dia 14 de dezembro eu estava acompanhando pelo YouTube, mas foi um evento memorável, pela forma como nós dividimos as tarefas. Deu tudo certo. Foi um evento muito grande, com muitas autoridades, com a imprensa toda lá, um prédio que levou 18 anos para ser construído e equipado como precisava para ficar pronto para o funcionamento. Eu tive que me ausentar, mas eu estava seguro, porque me parece que estava tudo muito bem organizado em todas as áreas: Publicidade, Relações Públicas, Jornalismo da Secom, Jornalismo da Reitoria Digital, TV UFG, Rádio Universitária. Todo mundo trabalhou junto naquele momento: todo o sistema de comunicação da Universidade atuou para fazer a melhor cobertura possível e a melhor recepção das autoridades que estavam lá. Foi um grande trabalho. Naquele ano, em 2020, várias ações que ocorreram no Hospital das Clínicas foram marcantes. Antes dessa inauguração, tivemos inúmeras visitas de autoridades, de ministros, e a gente se apoiou muito, porque eram visitas de dia inteiro, então precisava de alguém para fotografar, para cobrir, para recepcionar, e foi quando eu percebi que a Secom realmente podia contar com a Reitoria Digital, porque a gente estava se revezando muito nessas visitas. Como naquele momento ainda não tinha vacina, tinha sempre um grau de risco. Estávamos ali, no Hospital, que tinha dois andares com pacientes com covid, porque ele virou um hospital emergencial para tratamento da doença, cedido para a Prefeitura antes mesmo da inauguração, um grande serviço que a Universidade prestou à sociedade. Eu vi que eu realmente podia contar com a Reitoria Digital, porque por mais que a gente usasse álcool e máscara a todo instante, era um ambiente que inspirava muitos cuidados. Naquele ano, em 2020, foram pelo menos oito visitas em que sempre tinha alguém da Reitoria Digital ou da Secom cobrindo.

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Ana Paula: Diante de todos esses aspectos, qual é, na sua opinião, a importância da Reitoria Digital para a comunicação da UFG, como um todo?

Salvio: A Reitoria Digital é muito importante. Não daria mais para não ter esses profissionais acompanhando os reitores. O que a Reitoria Digital trouxe para a UFG tem sido muito observado por outras instituições. Eu vejo as conversas no Cogecom, que é o Colégio de Gestores de Comunicação da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de de Ensino Superior, a Andifes. Quem não tem algo parecido com a Reitoria Digital vai ter, nos próximos anos. A Reitoria Digital é muito ágil. Eu vejo os políticos, as autoridades, os ministros, todos têm alguém que está ali acompanhando, fotografando e fazendo postagens simultâneas aos eventos. Está acontecendo e já está sendo publicado. Então, isso é muito importante. A gente tem que definir essas vocações. A Reitoria Digital acompanha realmente os passos da reitora e do vice-reitor. E a Secom está de olho nas outras ações todas da Universidade. Essa divisão está muito nítida para nós e, no futuro, a tendência é que nós fiquemos ainda mais próximos. A Secom precisa de um núcleo de redes sociais maior, porque a demanda é imensa; as pessoas só usam as redes sociais para se comunicar com a Universidade. Elas não usam mais os outros canais, não mandam e-mail, não vão ao “Fale conosco”; elas usam as redes sociais. E a gente também precisa ampliar as nossas ações no campo do audiovisual, para não depender tanto da TV, que também tem as suas atribuições. Então, a tendência é que nós nos aproximemos mais ainda e busquemos ampliar as nossas ações conjuntamente. É tudo comunicação da universidade. A tendência é que a Rádio Universitária também venha; mesmo a TV, que é independente, gerida pela Fundação RTVE [Fundação Rádio e Televisão Educativa e Cultural], simbolicamente ou estrategicamente também vai estar mais ligada. Afinal de contas, o lema dessa gestão é por uma comunicação integrada e integradora. A gente só vai conseguir divulgar todas as ações da Universidade se todo o sistema de comunicação realmente trabalhar junto. Esse é o caminho e não tem volta. E que bom, eu acho que está dando certo. Nós temos um timaço. Tanto a Secom quanto a Reitoria Digital têm pessoas muito comprometidas, muito sérias, que se esforçam e não fazem corpo mole; todos são ciosos de sua função, do que precisa ser feito. As pessoas caminham sozinhas porque elas sabem o que elas têm a cumprir.

Todo mundo tem esse orgulho de estar na UFG. Não só de estarmos lá, mas de divulgarmos as ações da UFG.