PDCC - Webconferências 2016
 
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Artigo 3) Ações afirmativas no paraíso racial: relações étnico-raciais e educação no Brasil

Introdução

O texto a seguir apresenta algumas discussões relativas aos direitos, à cidadania e às questões étnico-raciais, estas que, muitas vezes, são negligenciadas. Meu intuito é discorrer sobre como são vivenciadas as relações étnico-raciais no Brasil, seus principais desdobramentos e suas implicações, sobretudo no âmbito das interações socioculturais estabelecidas no âmbito da educação. Gostaria de destacar também a importância da intervenção de pessoas e instituições para alterar situações de preconceito e discriminação étnico-racial que atravessam as vivências. Destaco que as ações afirmativas dependem de intervenções pessoais, institucionais, individuais e coletivas em situações de preconceito e discriminação, sobretudo a pessoas negras e indígenas no Brasil.

Para começar a discussão, gostaria que pudéssemos estabelecer três pressupostos básicos, ou três ideias centrais, que têm orientado pensamentos e ações sobre as relações étnico-raciais. Esses pressupostos básicos ou elementos primeiros para reflexão são ideias que não são consensos e que, muitas vezes, são questionadas quando estamos discutindo sobre as relações étnico-raciais. Desta forma, questões de negritude e indianidade têm adentrado no cenário das discussões socioculturais, políticas e ideológicas de maneira não muito harmônica. Essa desarmonia decorre de interações com fortes lastros historicamente discriminatórios entre segmentos majoritários ou hegemônicos, e, o que poderíamos chamar aqui de minorias, políticas e não numéricas, étnico-raciais (negros e indígenas).