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Conhecer Para Pertencer: O Patrimônio Cultural Como Caminho Para Uma Maior Percepção Da História De Mozarlândia

Esse relatório é fruto do projeto de intervenção e de ação didático-pedagógica junto ao 8º ano do ensino fundamental de rede pública, na Escola Municipal Chagas Guedes, no município de Mozarlândia. Busquei, no decorrer da intervenção, levar aos alunos o conhecimento de Patrimônio Cultural, de Preservação e sua relação na construção da identidade e da cidadania. Partimos de um referencial comparativo entre duas realidades, o passado e o presente, no intuito de aproximar os alunos de suas análises e observações.

Palavras-Chave: Educação Patrimonial. Pertencimento. Consciência. Valorização.

Aluna: Gleiciane de Oliveira Araujo

Polo: Cidade de Goiás

Orientadora Acadêmica: Shirlene Álvares da Silva

Coordenadora de orientação: Simone Rosa da Silva

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório terá como principal função demonstrar sucintamente as etapas percorridas no decorrer da execução do projeto de intervenção Conhecer para Pertencer: O Patrimônio Cultural como Caminho para uma Maior Percepção da História de Mozarlândia, apresentando todas as atividades desempenhadas durante o período de sua realização. A realidade contemporânea exige pessoas cada vez mais qualificadas, pois é assim que o mercado determina, e é papel da escola, como entidade de ensino, preparar os adolescentes, transformando-os em cidadãos críticos e participativos. Diante dessa concepção de educação é que procurei, dentro da minha prática, empregar e trabalhar com uma forma metodológica voltada para a participação do aluno na construção da memória local, possibilitando, assim, um conhecimento sobre seu patrimônio.

A escola é uma instituição social que deve promover situações de aprendizagens que permaneçam por toda a vida. O conhecimento da história da cidade, nessa direção, passa a ser um local de trocas e vivências, pois o acesso à informação desse patrimônio é um direito de todos. Por meio desse conhecimento é possível ampliar os olhares e saberes que permitem uma melhor compreensão de si mesmo, do ambiente e do patrimônio cultural, sob muitos aspectos.

Mozarlândia é recorrência ao estudo de uma cidade com origem histórica, que representa um espaço com gigantesca pluralidade cultural. Todos os fatores culturais implicam em conhecer um pouco da formação da cultura goiana e o pertencimento da identidade local. Portanto, o projeto se utilizou da paisagem e de lugares para o despertar reflexivo dos alunos.
O projeto teve como principal ponto de referência a análise histórica da cidade, associada à paisagem do município. Ou seja, a própria formação das ruas e suas respectivas construções diz algo sobre a cultura vigente na época e suas transformações na sociedade, através do processo histórico que se passou nesse ambiente.

2. DESENVOLVIMENTO

O projeto de intervenção “Conhecer para Pertencer: O Patrimônio Cultural como Caminho para uma Maior Percepção da História de Mozarlândia” foi executado na Escola Municipal Chagas Guedes, no 8º ano do ensino fundamental na rede pública, no município de Mozarlândia. Por se tratar de um projeto de ação didático-pedagógica, percebi, na realização, que essa era uma das alternativas para apresentar aos alunos as questões referentes à preservação de seus monumentos e edifícios, considerados componentes do Patrimônio Cultural.

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Nesse sentido, o professor deve estar capacitado, assumindo a sua área, tornando-se um profissional preparado para melhor atender aos alunos. Trabalhei com aulas expositivas e debates, com auxílio do vídeo e data show, para, por meio desses métodos, prender a atenção dos alunos no conteúdo. Para trabalhar sobre a história de Mozarlândia utilizei-me do cotidiano vivenciado pelos alunos, realizando uma aula dinâmica e introduzindo os alunos na história, de forma que eles se sentissem parte dela.

Imagem 1: Projeto executado na Escola Municipal Chagas Guedes no mês de junho. Mostrando imagens do Projeto Se Liga para os alunos do 8° ano. A imagem mostra a chegada dos primeiros moradores em  Mozarlândia.
Foto: Gleiciane de Oliveira Araújo

O principal objetivo do projeto foi levar, através das aulas expositivas, imagens, fotografias e documentos, visando um melhor aprendizado do aluno sobre o surgimento da cidade de Mozarlândia pela perspectiva cultural. Portanto, didaticamente, as instituições tornam-se uma ponte que liga o aluno ao conhecimento.

Seguindo este caminho, a intenção do projeto foi viabilizar o conhecimento da história da cidade, neste processo dinâmico de oferecer aprendizado aos estudantes. Por isso, o projeto foi de grande valor para os alunos. Deve-se levar em consideração, também, o desinteresse da maioria dos alunos quando se fala no ensino de história.

O aprendizado, via instituições culturais, torna-se uma ferramenta a ser utilizada pelos professores, podendo resultar em uma melhora no conhecimento histórico. Pensamos que a importância do tema abrange o intelecto do aluno para a reflexão, criticidade e interpretação da sociedade goiana, através do conhecimento cultural que o município possui, sendo ela uma cidade reconhecida na região.

Mozarlândia foi fundada em 23 de outubro de 1963, o nome do município é em homenagem ao seu fundador, o agrimensor Mozar Andrade Mota, que também foi um de seus primeiros prefeitos e ajudou em seu desenvolvimento. O carro-chefe da economia mozarlandense é a pecuária, principalmente em virtude da instalação de um frigorífico. O município de Mozarlândia também conta com desenvolvimento interno, advindo do investimento dos moradores na economia local.

Com este projeto, neste contexto de aprendizagem, o aluno voltou o seu olhar para o passado através dos objetos expostos, porém, permanecendo no presente para que o conhecimento adquirido pela experiência, de alguma forma, possa ser repassado posteriormente de forma crítica e reflexiva. Assim sendo, estaremos formando não alunos que decoram conteúdo, mas formadores de opiniões e questionadores. O ensino da história é um processo em contínua transformação e adaptação à realidade dos alunos e da sociedade como um todo. Neste processo, é indispensável que o professor acompanhe as transformações e procure continuamente se adaptar às novas demandas do ensino.

Portanto, foi possível o resgate do passado por meio de vestígios materiais, sendo plausível identificar e analisar objetos das civilizações, proporcionando informações sobre sua cultura e o seu modo de vida, tornando o estudo de história dinâmico e significativo.

Imagem 2: Projeto executado na Escola Municipal Chagas Guedes no mês de junho. Os alunos segurando o trabalho feito por eles, mostrando os patrimônios culturais existentes em Mozarlândia.
 Foto: Gleiciane de Oliveira Araújo
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2.1 OBJETIVOS

2.1.1 Objetivo Geral

Despertar o senso crítico e reflexivo do aluno por meio de um olhar histórico da cidade de Mozarlândia (GO), buscando, assim, uma minuciosa visão do passado, que é perceptível através da comparação das paisagens, sempre valorizando os alunos como sujeitos históricos.

2.1.2 Objetivos Específicos

2.2 METODOLOGIA

O projeto passou a ser desenvolvido em função de algumas atividades, a partir da escolha das instituições culturais a serem visitadas. Após isso, foi elaborado um texto relatando os vestígios históricos a serem mostrados nessas instituições. Assim, professores e alunos, já foram se preparando para a visita a esses ambientes.

No decorrer do processo de execução do projeto utilizei diversas metodologias de trabalho, pois tive que me adequar à realidade da escola. E é isso que faz do professor um educador, é ele o responsável por orientar essas crianças para a vida, preparando-as para viver em uma sociedade que, cada vez mais, exige muito das pessoas. Sob essa perspectiva, quem não estiver preparado dela será excluído.

Pensando no contexto histórico da cidade, sua origem foi o alojamento dos agrimensores Pedro Leite da Silva, Mozart de Andrade Mota e Edgar de Alencar Mota, em barracas perto da confluência dos córregos Barreirinho e Fogueira, com vistas aos loteamentos: “Barreirinho e São João”, por meio de portaria do Departamento de Terras e Colonização, em junho de 1952. Nessa região, Mozart de Andrade Mota adquiriu uma gleba de terras formando plantação de arroz e milho.

Por sugestão de João Marcelino de Souza, parte das terras foi loteada para incentivar a formação do povoado. Em 25 de fevereiro de 1954 surgia o primeiro rancho, coberto de palha, de José Crispim dos Santos, seguido por outros de seus irmãos, iniciando-se o povoado, com o nome de “Barreirinho”, córrego adjacente, com população predominante de nordestinos e mineiros.

Em outubro de 1956, por meio de um mutirão, os moradores abriram a primeira estrada ligando o povoado à baunilha, atual Nova América, facilitando o escoamento da produção agrícola, já expressiva naquela época. O desenvolvimento da agricultura e a criação de gado, além das vantagens oferecidas pelo fundador, motivaram intensa imigração, sobretudo em razão da facilidade de registros de terras concedidos pelo Departamento de Terras e Colonização do Estado de Goiás.

Pela Lei Municipal nº 245, de 30 de janeiro de 1958, o povoado de Barreirinho passou a distrito, pertencente ao município de Goiás, instalado em 11 de maio do mesmo ano, com o novo e atual topônimo de “MOZARLÂNDIA”, em homenagem ao fundador Mozart de Andrade Mota. Em 1962, paralelamente à inauguração da eletrificação a motor e do Grupo Escolar, grassou uma epidemia, repetida no ano seguinte, entravando o progresso da localidade.

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Na sequência do que fora planejado no projeto, após mapear essas instituições, passei para etapa da preparação dos alunos, através das aulas dialogadas e de entrevistas com pessoas que já moraram na cidade há muitos anos, e em que foram observadas as diferenças que ocorreram ao longo da história.

A intervenção foi realizada no período de um mês e as atividades previstas para alcançar os objetivos mencionados foram as seguintes:

Minha atuação no projeto foi extremamente satisfatória, tanto no que diz respeito à formação profissional, quanto no preparo pessoal para o campo de atuação. A intenção de trabalhar com a preservação sempre esteve nítida, e o projeto me ofereceu a possibilidade de trazer essa vontade para a prática, transformando a intenção em metas.

Foram utilizados no projeto de intervenção recursos físicos: câmera fotográfica, computadores, celular, redes sociais, bibliotecas, materiais didáticos; bem como recursos humanos: corpo docente da escola, corpo discente, funcionários da Escola Municipal Chagas Guedes, secretária de Educação e funcionário do setor administrativo; além dos recursos financeiros: foram gastos, aproximadamente, 500 reais com material permanente: aparelhos eletrônicos; e material de consumo: folha A4, cartolina, EVA, cópias, lápis de cor, lápis de escrever, caneta, pincel e tintas.

2.4 RESULTADOS OBTIDOS

Os alunos ampliaram seu conhecimento histórico sobre sua cidade, priorizando a valorização de sua identidade. A princípio foi feito um levantamento de objetos e instituições culturais. O aluno, em múltiplas temporalidades, foi abordado com suas experiências a partir da fonte oral, que tem repercussão decisiva em vida, colaborando para a formação de sua identidade e preparando-o para o exercício da cidadania. Esses alunos passaram a adquirir uma identidade vinculada ao pertencimento, assim, passaram a ter a consciência de sujeito histórico em múltiplas temporalidades, colaborando nesse processo identitário e de cidadania.

O simples fato da comunicação dos alunos com pessoas da mesma idade, porém situadas em espaços diferentes, foi um ponto primordial do projeto. Por outro lado, a comunicação entre eles foi um significativo recurso, que auxiliou no entendimento da noção de espaço, despertando na turma uma empolgação muito grande por estarem em contato com outros alunos, aguçando a curiosidade inerente às crianças no sentido da descoberta do novo e da cidade como patrimônio.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Imagem 3: Projeto executado na Escola Municipal Chagas Guedes no mês de junho. Os alunos segurando o  trabalho feito por eles, mostrando as patrimônios culturais existentes na cidade de Mozarlândia.
Foto: Gleiciane de Oliveira Araújo

Os caminhos da preservação passam, necessariamente, pelo conhecimento, por parte da população, dos edifícios e monumentos que se relacionam à cultura material de determinada localidade. O conhecimento pode possibilitar uma reação afetiva ou degenerativa em relação à cidade, no caso, Mozarlândia. Em contrapartida, quando existe uma identificação com esse bem patrimonial há, assim, uma afinidade que se transforma em respeito e até admiração. No decorrer deste projeto pudemos aferir que o conhecimento e a prática de preservação do Patrimônio Cultural podem começar na sala de aula, estendendo- se pela prática cotidiana da cidadania.

Nosso trabalho deu subsídios aos educandos para que se sentissem parte desse meio e, mais além, que se percebessem agentes e atores dessa realidade que os circunda, deixando de lado o sentimento de serem apenas espectadores e sentindo-se como cidadãos que tem o poder de transformação. Tudo isso, através do conhecimento, pois é conhecendo que se cria a visão crítica para a mudança.

As redes sociais sempre existiram em nossa sociedade, elas nada mais são do que redes formadas por diversos laços entre pessoas, que podem ser laços familiares, de amizade, ou profissionais. O que a tecnologia nos proporcionou foi tornar essa relação em rede, que sempre existiu, mais visível. Com os sites de redes sociais, que fazem parte das mídias sociais, podemos ver as trocas culturais em nossa sociedade. Nesse sentindo, foi criado um grupo na rede virtual para trocas de conhecimentos sobre a história de Mozarlândia.

Por fim, ao término deste trabalho, consideramos que o Patrimônio Cultural é ainda um território pouco explorado no Brasil. Nossos monumentos encontram-se sempre abaixo dos interesses políticos e econômicos, colaborando para que cada vez mais se conheça menos sobre nossas cidades e seu vasto acervo cultural. Assim, buscamos, de uma forma sucinta, levar essa nossa análise para o maior número possível de pessoas, considerando que não somos somente historiadores, mas, antes de qualquer coisa, educadores. É neste sentido que o papel do educador, aqui especificamente do professor de História, se faz fundamental, propondo ações, projetos e temas que contemplem as inúmeras realidades sociais, políticas e históricas que cercam a vida dos indivíduos. Muito ainda tem de ser feito, muitos espaços a serem buscados e preservados.

Portanto, o caminho é longo e tortuoso e, muitas vezes, as condições diversas nos fazem parar e rever as possibilidades. Porém, o projeto de um país que respeita seu povo e sua cultura em todas as instâncias, do social ao político, do econômico ao cultural, da tradição à modernidade, faz-nos rever e repensar a necessidade de um projeto que encampe essa temática, o que se faz profundamente necessário e oportuno, principalmente no contexto da educação.

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REFERÊNCIAS

PINSKY, Carla Bassaneri, et al.  Fontes Históricas. 2. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2006.

FONSECA, S. G. Didática e prática de ensino de história. Campinas, SP: Papirus, 2003.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Preservação do Patrimônio Arqueológico. Goiânia, 2010.

SANTOS, Ademar Ferreira dos. As Lições de uma Escola: uma ponte para muito longe . In: ALVES, Rubem A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas, SP: Papirus, 2001.

SCHMIDT, M. A; CAINELLI. M. Ensinar história. São Paulo: Editora Scipione, 2006.

SILVA, M; FONSECA, S. G. Ensinar história no século XXI: em busca do tempo entendido. Campinas, SP: Papirus, 2007.

SOARES, A. L. R. Educação Patrimonial: valorização da memória, construção da cidadania, formação da identidade cultural e desenvolvimento regional. In: SOARES, A. L. R. (Org.). Educação patrimonial: relatos e experiências. Santa Maria: Ed. UFSM, 2003.