Intervenção 2: Boliche Adaptado

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Tema: Boliche adaptado.

Objetivos: Identificar e vivenciar as adaptações e as condições de acessibilidade como elementos importantes para a inclusão de pessoas com deficiência no contexto dos paradesportos e vivenciar um minitorneio com uma modalidade paradesportiva.

Tempo estimado: De 180 minutos a 240 minutos.

Recursos materiais: Projetor ou imagens impressas, fita crepe, garrafas pet ou pinos de boliche de plástico, bolas de borracha ou de handebol, um metro de cano PVC 100mm cortado ao meio, cabos de vassoura, canos PVC de 25mm com 4 cm de comprimento, canos de PVC de 25mm cortado em 10 cm, joelhos de 25mm, T de 25mm.

Local: Quadra ou pátio.

Desenvolvimento: Jogo de boliche

Parte 1: Apresentação do boliche.

Atividade 1: Apresentação do conteúdo e marcações da quadra.

Pergunte aos alunos se eles conhecem o boliche e como tiveram contato com esse esporte. Questione sobre quais materiais são utilizados, o local onde é praticado e se conhecem as regras.

Nesta atividade, sugerimos que seja demarcado na quadra a metade das medidas de uma pista oficial, sendo: 9,14 metros de distância entre a linha de lançamento e os pinos. Sugerimos a largura de 1,07 metros.

Após a discussão, mostre imagens de uma pista de boliche, enfatizando o espaço pelo qual a bola deve rolar e a disposição dos pinos. Se for possível, mostre vídeos de pessoas jogando o boliche. Explique o objetivo do jogo e os materiais necessários, destacando que se trata de um esporte de precisão. Divida-os em pequenos grupos e sugira que marquem a quadra com fita crepe, replicando as demarcações de uma pista de boliche.

Figura 4 - Disposição dos pinos de boliche
Fonte: Impulsiona (2019).
Figura 5 - Demarcações da pista de boliche
Fonte: Arquivo pessoal.
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Atividade 2: Vivência sem as adaptações para as pessoas com deficiência.

Discuta com os alunos sobre a maneira de segurar a bola oficial, as adaptações realizadas para essa atividade e as técnicas de arremesso. Os alunos seguirão com os mesmos grupos formados durante a marcação da quadra.

Figura 6 - Posicionamento na pista
Fonte: Arquivo pessoal.

Disponha 10 pinos no final da pista, em posicionamento triangular, conforme Figura 5. Cada aluno terá a oportunidade de arremessar a bola duas vezes, destacando que, se ele derrubar todos os pinos no primeiro arremesso, não precisará realizar o segundo. Ele se posicionar atrás da linha de falta, conforme Figura 6.

Texto de apoio: Regras do boliche

O objetivo do boliche é derrubar a maior quantidade possível de pinos em cada rodada. O jogador pode realizar até 2 arremessos por rodada, e o número de pinos derrubados é contabilizado em cada rodada. Cada jogo é composto por 10 rodadas, também conhecidas como frames. Cada pino derrubado vale um ponto.

Figura 7: Jogadas do boliche.
Fonte: Impulsiona, 2019.

Quanto às jogadas, se ele derrubar todos os pinos no primeiro arremesso, faz um strike. Nesse caso, o frame terá apenas um arremesso. Ele marca um spare quando todos os pinos são derrubados em 2 arremessos. Existe também a jogada chamada turkey, que ocorre quando consegue três strikes consecutivos; o split acontece quando, após o primeiro arremesso, restam dois pinos afastados um do outro, e o open frame ou jogada aberta ocorre quando, ao final de uma rodada, permanecem pinos em pé.

Saiba mais em: Como ensinar boliche na Educação Física.
Disponível em: https://impulsiona.org.br/boliche-educacao-fisica/. Acesso em 04 jul. 2024.

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Parte 2: Boliche para pessoas com deficiência, classificação e elegibilidade

Atividade 1: Adaptações do boliche.

Inicie a aula relembrando as atividades desenvolvidas sobre o boliche. Pergunte aos alunos se pessoas com deficiência podem praticar boliche. Quais adaptações seriam necessárias para que pessoas de diferentes deficiências pudessem ser incluídas no boliche? Pergunte sobre diferentes tipos de deficiência. Isso irá ajudá-los a refletir sobre a diversidade nesse grupo social.

Após ouvi-los, mostre imagens e vídeos de diferentes pessoas com deficiência praticando a modalidade. Chame a atenção para as adaptações de acordo com cada especificidade.

Figura 8 - Criança praticando boliche com a rampa
Fonte: Intermountain Spina Bifida Support Group (2024).
Figura 9 - Empurrador ajustável de boliche
Fonte: National Center on Health, Physical Activity and Disability (2024).
Figura 10 - Taco de boliche triangular
Fonte: National Center on Health, Physical Activity and Disability (2024).
Figura 11 - Boliche e deficiência física
Fonte: STRIKECLOUD BOWLING. Para bowlers and their incredible techniques. 2021. TikTok: @strikecloudapp (2024). Disponível em: https://www.tiktok.com/@strikecloudapp/video/7037846811985349894. Acesso em: 18 dez. 2024.
Figura 12 - Boliche e deficiência visual
Fonte: Here's a video of a blind, visually impaired man throwing. 2022. TikTok: @naoino912 (2024). Disponível em: https://www.tiktok.com/@naoino912/video/7117483604422216962. Acesso em: 18 dez. 2024.
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Atividade 2: Singularidades dos paradesportos: classificação e elegibilidade.

Após a demonstração, converse com os alunos sobre algumas singularidades dos paradesportos como critérios de elegibilidade e as classes.

O texto a seguir poderá ser utilizado para uma atividade de leitura coletiva. Além disso, pode apresentar o vídeo Classificação esportiva no esporte paralímpico, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=49asTqtGC9U, para complementar a discussão.

Texto de apoio: Sistema de classificação e elegibilidade nos paradesportos

Assim como nas modalidades olímpicas em que os atletas são classificados por idade, gênero ou peso, no paradesporto os paratletas são categorizados em grupos de desempenho motor semelhantes, conforme avaliações específicas de cada modalidade paradesportiva. Antes da competição, os atletas são submetidos a uma série de testes e avaliações para determinar sua elegibilidade, ou seja, se possuem as características que se enquadram no paradesporto que pretendem competir. Nas modalidades paralímpicas, esse sistema de classificação segue os critérios do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) que estabelece regras globais de elegibilidade. O sistema de classificação utiliza parâmetros que variam conforme o tipo de deficiência. Para Winckler et al. (2023), o objetivo do sistema é garantir condições de igualdade e justiça entre os competidores. Os paradesportos para pessoas com deficiência auditiva seguem parâmetros biomédicos com testes audiométricos. Já para pessoas com deficiência visual, a classificação se baseia nas funções visuais, dividindo os atletas em classes que variam de acordo com a capacidade daquela pessoa de enxergar. Para os atletas com deficiência física e intelectual, existem parâmetros bioesportivos, que combinam critérios biomédicos, psicológicos e de avaliação técnica/funcional/esportiva para determinar a elegibilidade do atleta e seu grupo de competição.

Saiba mais em: Entendendo a classificação no paradesporto. Disponível em: https://paradesporto.unifesp.br/producao/. Acesso em 04 jul. 2024.

Atividade 3: Experimentar o boliche com as adaptações.

Dividir os alunos em grupos. Cada grupo ficará em um posto, em que alunos experimentarão algumas adaptações do boliche como empurrador. Um segundo posto, sentados e o terceiro com a calha. Organize-os para que rodem entre os postos após um período determinado, garantindo que todos tenham a oportunidade de experimentar cada forma de adaptação.

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Sugestão

Materiais para essa atividade são confeccionados antes das aulas. No entanto, dependendo do nível de habilidade manual dos alunos e do tempo para desenvolvimento da atividade, eles poderão montar os materiais durante a aula. Como os materiais exigem o uso de ferramentas de corte, recomendamos que o professor os leve já cortados.

O empurrador e a calha podem ser utilizados por atletas em pé ou sentados, permitindo que escolham a forma que lhes for mais confortável. Ressalte que o objetivo da atividade é vivenciar as adaptações, e não a deficiência. Para essa atividade, utilize bolas mais pesadas, como as de handebol. Se notar que a bola não está ganhando impulso suficiente, ajuste o tamanho da pista, reduzindo-o conforme necessário.

Figura 13 - Modelo e demonstração do empurrador
Fonte: Arquivo pessoal.

Para cada empurrador, serão utilizados um cabo de vassoura, um cano de PVC de 25 mm cortado em 10 cm, quatro canos de PVC de 25 mm com 4 cm de comprimento, dois joelhos de PVC de 25 mm e um T de 25 mm.

Esquente uma das pontas do cano de 10 cm e fixe o cabo de vassoura. Em seguida, insira o T na outra ponta do cano de 10 cm. Insira e fixe os canos de 4 cm em cada uma das extremidades do T e, depois, fixe os joelhos de PVC. Para alongar o empurrador, adicione mais dois canos de 4 cm aos joelhos.

Figura 14 - Jogando na posição sentada
Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 15 - Demonstração com calha
Fonte: Arquivo pessoal.
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Corte ao meio um cano PVC de 100mm, medindo um metro. Nesta atividade, a calha poderá ser apoiada em uma mesa o cadeira.

Parte 3: Boliche e competições paradesportivas/ Minitorneio de boliche adaptado

Atividade 1: Boliche nas Special Olympics.

Inicie a aula conversando sobre as adaptações do boliche para pessoas com deficiência intelectual. Converse sobre essa deficiência e a diversidade presentes nesse grupo. Questione os alunos sobre as singularidades dessas pessoas, se são necessárias adaptações no jogo e quais seriam para que aquelas com deficiência intelectual pudessem praticar boliche. Após a discussão, converse com eles sobre as Special Olympics (Olimpíadas Especiais), um evento importante para a inclusão nos paradesportos.

Figura 16 - Conhecendo as Special Olympics
Fonte: TEM Notícias 1a Edição. Jundiaí conta com 14 atletas na delegação brasileira para disputar o Special Olympics. Globoplay (2024). Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/7375955/?s=0s. Acesso em: 25 jul. 2024.
Figura 17 - Boliche nas Special Olympics
Fonte: Beaufort County School District. Special Olympics Bowling. YouTube, 20191. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZNr53ZzhUZo&t=20s. Acesso em: 23 jul. 2024
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Special Olympics, conhecidas no Brasil como Olimpíadas Especiais, são uma organização esportiva voltada para pessoas com deficiência intelectual. O nome Special Olympics representa a entidade organizadora e o nome do evento esportivo. A organização objetiva promover a interação entre pessoas com e sem deficiência, aumentar a conscientização e criar o reconhecimento das potencialidades delas. Os treinamentos e as competições se adequam à idade e ao nível de habilidade motora dos participantes. São elegíveis para a participação pessoas com deficiência intelectual a partir dos oito anos e os atletas se classificam de acordo com a idade, o sexo e os níveis de habilidade (Melo et al., 2023).

As regras de boliche nas Olimpíadas Especiais foram adaptadas segundo as normas da Federation Internationale des Quilleurs (FIQ) e da World Tenpin Bowling Association (WTBA). As competições incluem eventos individuais, em duplas e em equipes, com categorias masculinas, femininas e mistas.

Competições Individuais se realizam em formato simples sem rampa, com a rampa sem assistente ou com assistente. No formato sem assistência, o atleta posiciona e empurra a bola na rampa. Com assistência, um assistente se posiciona de costas para a pista e ajusta a rampa, conforme orientações verbais ou gestuais do atleta.

Equipamentos: Além da rampa e da bola aprovadas, atletas podem usar equipamentos especiais para lançar a bola, em casos de amputação total ou parcial das mãos.

Formatos de torneios

- Scratch: A pontuação final é a soma total dos pinos derrubados.

- Handicap: A pontuação final inclui a soma dos pinos derrubados mais uma porcentagem da diferença entre a média do jogador. Esse é um formato inclusivo, destinado a atletas de diferentes níveis de habilidade. Os jogadores com médias mais baixas recebem um handicap (ajuste de pontuação) para equilibrar a competição, permitindo que todos tenham uma chance justa de vencer.

Saiba mais em: Olimpíadas Especiais. Disponível em: https://specialolympics.org.br/. Conhecendo a Special Olympics: https://paradesporto.unifesp.br/producao/ . Acesso em 04 jul. 20

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Atividade 2: Formação das equipes.

Caso a escola disponha de recursos como tablets ou notebooks, você poderá utilizar a tabela calculadora pensada especialmente para esta vivência, Disponível em: http://bit.ly/3YjHWFQ.

Converse com os alunos sobre as experiências das duas aulas anteriores, relembrando as principais regras do boliche. Realize um curto torneio com cada equipe utilizando as diferentes adaptações (empurrador, calha, sentado). Em cada rodada, pode ser utilizado um tipo de adaptação.

Apresente aos alunos a tabela para registrar a pontuação. Esse registro pode ser feito por tabela eletrônica ou impressa, disponível no link ao lado.


Atividade 3: Encerramento.

Realize uma reflexão com os alunos sobre as experiências vividas. Pergunte-os as dificuldades encontradas e as adaptações que mais gostaram. Reforce a importância da inclusão e da compreensão das adaptações no esporte. Se possível, mostre-os as imagens capturadas durante as aulas. A avaliação acontecerá por meio de relato dos alunos no final da experiência.



Fontes para Apoio ao Professor

BOWLING. Bowling: NCHPAD - Building Inclusive Communities. Disponível em: https://www.nchpad.org/15/83/Bowling. Acesso em: 4 jul. 2024.

MELO, Geiziane Leite Rodrigues. Conhecendo a Special Olympics. Geiziane L. R. Melo... [et al.]. Santos: Paradesporto Brasil + Acessível, 2023. 15 p.: il. colo. Disponível em: https://paradesporto.unifesp.br/producao/conteudo/Conhecendo_a_Special_Olympics.pdf. Acesso em: 2 jul. 2024.

REDAÇÃO DO GE. Entenda as classes funcionais das Paralimpíadas. Globo Esporte, 2021. Disponível em: https://ge.globo.com/paralimpiadas/noticia/entenda-as-classes-funcionais-das-paralimpiadas.ghtml. Acesso em: 30 jul. 2024.

SPECIAL OLYMPICS. Guias de treinamento: fundamentos da Special Olympics. Disponível em: http://media.specialolympics.org/soi/files/sports/Portuguese_Coaching_Guides/Basics_of_Special_Olympics.pdf. Acesso em: 2 jul. 2024.

Notas

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