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Amostragem aleatória

Este é o procedimento mais usual para inventários florestais e baseia-se no pressuposto de que todas as unidades amostrais têm a mesma chance de serem amostradas na população.

Pré-requisito:

Ambiente uniforme, por exemplo, uma mesma fisionomia de vegetação ou uma floresta plantada com uma única espécie e com uma única idade. Procedimentos:

  1. Delimitar o universo amostral. Exemplo: Trecho da cabeceira de um rio; um talhão de Eucalipto com a mesma idade;
  2. Sobrepor uma grade de unidades amostrais sobre a área amostral. Pode-se usar mapas, imagens de satélite ou fotografias digitais obtidas por Veículo Aéreo Não Tripulável (VANT). O procedimento consiste em dividir a população em unidades de área fixa com a forma e o tamanho das unidades amostrais (u.a.);
  3. Sortear uma amostra (conjunto de unidades amostrais a serem medidas). Exemplo: 50 parcelas (u.a.) de 20m x 50m em um total de 1000 u.a. da população;
  4. Calcular a intensidade amostral segundo um limite de erro e nível de probabilidade estabelecidos. Os mais comuns são 10% de erro a 95% de probabilidade para a variável de interesse (volume, número de árvores dentro das parcelas);
  5. Complementar a amostragem, se necessário, para atingir o número ideal de unidades amostrais para garantir a representatividade amostral;
  6. Calcular os intervalos de confiança para a média e para o total.

Exemplo:

Determinar o volume de madeira de uma floresta de Eucalipto de 50 hectares sobre latossolo vermelho escuro (ambiente uniforme), com seis anos de idade.

Após o mapeamento da área e a divisão das unidades amostrais, o próximo passo é realizar o Inventário Piloto.

Neste caso, considerou-se um sorteio aleatório de 10 parcelas de 20m x 50m dentro de um universo amostral composto por 500 parcelas possíveis (50 hectares). O volume de madeira (m³) em cada parcela amostrada encontra-se na tabela abaixo.

Volume de madeira (m³) de cada árvore cubada rigorosamente em cada uma das dez parcelas de 20m x 50m do Inventário Piloto
Volume (m³)
Árvore 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 1,01 0,57 1,24 0,71 1,37 0,65 0,59 0,32 0,73 0,62
2 0,93 1,16 0,98 1,12 1,36 0,82 1,08 1,17 0,63 0,97
3 1,00 1,27 1,39 1,27 0,87 0,66 0,66 1,07 0,70 1,17
4 0,69 1,09 0,69 0,85 0,60 1,29 0,72 1,23 1,39 1,12
5 0,61 0,97 1,12 0,79 0,75 0,56 0,58 1 1,24 1,17
6 0,81 0,83 0,72 1,00 1,40 1,38 0,83 0,19 0,81 1,19
7 1,30 0,62 0,88 1,40 0,87 1,39 0,95 0,37 1,06 1,35
8 1,28 1,10 0,73 0,85 1,13 0,67 1,40 0,94 0,73 0,87
9 1,02 1,15 1,19 1,37 1,39 0,89 1,32 0,59 0,92 1,26
10 0,78 1,26 1,22 1,14 0,86 1,04 0,96 0,64 1,09 1,31
11 0,61 1,36 1,10 0,65 1,41 1,26 0,69 0,2 0,86 1,01
12 0,66 0,61 0,92 0,62 0,92 1,11 0,84 0,84 0,96
13 1,25 0,80 1,05 0,91 0,94 0,58 1,32 0,87 0,87
14 1,36 1,08 0,69 1,09 1,03 0,82 1,05 0,82
15 1,36 1,19 1,41 1,08 0,64 0,63
16 0,72 0,64 0,92 1,07 1,01
Total 12,7 13,3
15,39 9 16,14 15,7 17,11 3 14,41 7,72 12,92 15,32

A próxima etapa é estimar os parâmetros da população que permitem checar a representatividade amostral.

Média

x-=i=1nXin= (15,39+12,79++15,32)10=14,08m³

Variância

sx2=i=1nXi-x-2n-1=15,39-14,082+12,79-14,082++15,32-14,0829=(7,0481m³)²

A representatividade amostral é calculada da seguinte forma:

n=t2sx2E2= 2,2622×7,04811,4082=18,19 parcelas

O valor tabelado de t-Student com 9 graus de liberdade (10-1) e 95% de probabilidade (1-95) é:

t(9;0,05)=2,262 – ver Anexo A.

O limite de erro admitido para esta amostragem foi de 10% da média:

E=0,1×14,08=1,408m³

Neste caso, verificou-se que a amostragem não foi suficiente para representar significativamente a população, pois, com esta variância nos volumes das parcelas seriam necessárias pelo menos 18 parcelas para conseguir a representatividade estatística da população.

O passo seguinte é ajustar a intensidade amostral até atingir um valor de n constante. Isso é feito calculando-se sucessivos valores de n.

Primeiramente, calcula-se um n considerando uma amostragem de 18 parcelas onde foram obtidas a mesma média e variância das 10 parcelas já amostradas (suposição). Note que agora o valor de t será ajustado para o valor que represente 17 graus de liberdade [ ], com os mesmos 95% de confiabilidade, da seguinte forma:

n=t2sx2E2= 2,112×7,04811,4082=15,8 parcelas

O número 15 ainda não é suficiente para ser considerado representativo da população, pois não está próximo de 18, o valor anterior. Dessa forma, repete-se o cálculo de n considerando 14 graus de liberdade e 95% de confiança [t(14;0,05)=2,145]:

15

n=t2sx2E2= 2,1452×7,04811,4082=16,3 parcelas

Note que desta vez a intensidade amostral foi praticamente a mesma que a anterior, ou seja, 16 parcelas. O procedimento agora é voltar ao campo e medir mais seis parcelas, pois 10 já foram medidas no inventário piloto. Isto feito, pode-se dar sequência às estimativas dos parâmetros populacionais.

Como exercício, lista-se mais seis valores de volume total (m³) para as parcelas complementares do inventário florestal, considerando-o como o inventário definitivo:

Parcelas 11 12 13 14 15 16
Volume total (m³) 14,3 13,2 12,6 10,01 13,4 11,05

Segue o inventário florestal:

Calcula-se uma nova média e variância amostral e as demais estimativas dos parâmetros populacionais.

Média

x-=i=1nXin= (15,39+12,79++11,05)16=13,46m³

Variância

sx2=i=1nXi-x-2n-1=15,39-13,462+15=(5,7694m³)²

Erro padrão

sx-=sx2n=5,769416=0,6005m³ ou sx-%= 0,600513,46*100=4,46%

Erro de amostragem - t(15;0,05)=2,131

Erroabsoluto:Ea=±t.sx-=2,131×0,6005=1,27m3

Errorelativo:Er=±t.sx-x-×100=2,131x0,600513,46×100=9,50%

Intervalo de confiança para a média

ICx--tsx-X-x-+tsx-=P

IC13,46m3±1,27m3=95%

IC12,19m3X-14,73m3=95%

Total da população

X^=500 parcelas×13,46m³.parcela-1=6.730m³

Estimativa do total por hectare

X^=6,730m³50ha=1346m³.ha-1

Intervalo de confiança para o total da população

ICX^-Ntsx-XX^+Ntsx-=P

IC6.730m3-500 parcelas×1,27m3.parcela-1X6.730m3+500parcelas×1,27m3.parcela-1=95%

IC6.730m3±635m3=95%

IC6.095m3X7.365m3=95%

A floresta estudada possui entre 6.095m³ e 7.365m³ de madeira, com 95% de confiança. Ou seja, se forem feitas 100 amostragens com 16 parcelas nesta população, 95% dessas amostragens vão apresentar um volume florestal dentro do intervalo de confiança estimado.

Considerando que a floresta tem seis anos de idade, uma estimativa média de produção por ano é obtida dividindo-se os totais por hectare pela idade. Com isso, estima-se, com 95% de confiança, que a floresta cresceu em média entre 20,31m³.ha-1.ano-1 e 24,55m³.ha-1.ano-1.

Parcelas de área variável: o método de Prodan

Este método é conhecido como o método das seis árvores e foi apresentado por Prodan em 1968, em Freiburg, na Alemanha (PÉLLICO NETO; BRENA, 1997).

Consiste em alocar pontos amostrais na floresta segundo um delineamento amostral qualquer, o aleatório, por exemplo.

Em cada ponto amostral medem-se as seis (6) árvores mais próximas (sorteia-se os pontos na floresta), considerando o limite de inclusão na amostragem (DAP > 5cm, por exemplo), e assume-se que essas árvores encontram-se em uma parcela circular cujo raio R é dado pela distância ponto-árvore entre a última árvore (sexta árvore) e o ponto, conforme apresentado na Figura 5.

Figura 5. Configuração de uma unidade amostral de área variável onde o raio circular é determinado pela distância entre o centro da unidade amostral (ponto) e a sexta árvore mais próxima.

O raio da parcela de área variável R é calculado pela distância do ponto central à sexta árvore (R6) adicionado da metade o diâmetro desta sexta árvore:

R=R6+d62

Estimativa do número de árvores por hectare

A estimativa do número de árvores por hectare é feita relacionando-se a área em que se encontram as árvores amostras (seis árvores) com o número de árvores em cada ponto (seis árvores). Como em todos os pontos são medidas exatamente seis árvores, varia-se somente a área das parcelas, ou seja, a distância da sexta árvore ao ponto. Daí vem o nome: parcela de área variável.

Considerando que apenas metade da sexta árvore está dentro da parcela, pois é a distância entre o ponto central P e o centro da sexta árvore que determinam o raio da parcela R, cada parcela possuirá 5,5 árvores e não seis. Desta forma, a estimativa do número de árvores por hectare (N) se dá pela relação abaixo:

N=5,5.10.000πR2=55.000πR2

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Onde πR2 é a área da unidade amostral.

Estimativa da área basal por hectare

G=[d12+d22+d32+d42+d52+d622]R2*2500

Estimativa do volume por hectare

A estimativa do volume por hectare, a partir da volumetria de cada uma das seis árvores amostradas é dada por:

V= (V1+V2+V3+V4+V5+V62 )πR2*10.000

Vantagens e desvantagens do método de Prodan

As principais vantagens do método de Prodan, indicadas por Péllico Netto e Brena (1997) são:

As principais desvantagens deste método, segundo os mesmos autores: Péllico Netto e Brena são:

Devido ao pequeno tamanho da unidade amostral, não há como obter bons estimadores para variáveis de manejo florestal, como altura dominante e mortalidade.