Unidade 3: Biodiversidade III
Subtema 1: Biologia e Sistemática de Invertebrados
5. Filo Mollusca
Fazem parte deste filo os caracóis, ostras, lesmas, polvos e lulas, além de diversas outras formas menos conhecidas. São encontrados desde os trópicos até regiões polares, em altitudes acima de 7 mil metros até regiões abissais. Possuem vários hábitos alimentares, podendo ser herbívoros, carnívoros predadores, filtradores, detritívoros ou parasitas. Existe um grande interesse econômico, tanto como alimento, como na produção de pérolas. Do ponto de vista médico, diversos representantes fazem parte do ciclo de vida de parasitas, agindo como hospedeiros intermediários.
Os moluscos são divididos em sete classes, apresentadas a seguir:
a) Classe Aplacophora: formato vermiforme, marinhos bentônicos. Não possuem concha (mas espículas), olhos, tentáculos e nefrídios. Cavidade do manto rudimentar.
b) Classe Monoplacophora: concha de uma única peça em forma de capuz. Cavidade do manto pouco profunda e pé em forma de disco muscular. Com rádula e cabeça distinta, tentáculos ao redor da boca, mas sem olhos.
c) Classe Polyplacophora: quítons. Alongados, achatados dorso-ventralmente, com um pé amplo e concha formada por 8 placas calcárias articuláveis e independentes. Manto formando cinturão geralmente com espinhos, escamas ou cerdas. Sem olhos e tentáculos, mas com rádula utilizada no hábito da herbivoria.
d) Classe Scaphopoda: concha dente-de-elefante. Concha em forma tubular, afunilada, aberta em ambas as extremidades. Cavidade do manto ampla, envolvendo completamente as vísceras. Captáculos como estruturas táteis, utilizados para a captura de detritos e protozoários. Pé cilíndrico usado para cavar em lodo e areia.
e) Classe Gastropoda: caramujos, caracóis e lesmas. Pé muscular rastejador, e cabeça com estatocistos e olhos. Grande parte dos representantes é herbívora, raspando com a rádula o substrato. Maioria com respiração por ctenídio, alguns com pulmão formado por área do manto altamente vascularizada, além de possuir concha espiralada.
f) Classe Bivalvia: mexilhões e ostras. Podem ser marinhos ou de água doce. Comprimidos lateralmente, com conchas compostas por duas valvas articuladas e cavidade do manto ampla. Cabeça rudimentar, sem olhos e rádula, e pé comprimido lateralmente. São filtradores, usando correntes ciliares produzidas pelas brânquias. Em algumas espécies ocorre a produção de pérola, quando um parasita ou fragmento de areia fica sob o manto e é coberto com diversas camadas de nácar.
g) Classe Cephalopoda: polvos e lulas. Todos marinhos e predadores ativos, com pé modificado na região cefálica, formando funil, braços e tentáculos. Concha geralmente reduzida ou perdida. Cérebro e olhos grandes, lulas com fibras nervosas gigantes. Corações acessórios ou branquiais, e o manto formando funil ventral, usado para locomoção. Tentáculo ou braço do macho adulto modificados para a cópula. Saco de tinta com melanina.
Nas larvas dos Gastropoda ocorrem dois processos bem interessantes relacionados às conchas. O primeiro é o processo de Torção, onde ocorre o crescimento desigual de músculos, e surge a possibilidade de recolhimento da extremidade cefálica. O problema deste processo é o de autopoluição. O segundo processo é chamado de Enrolamento, e pode ocorrer simultaneamente com a torção. A concha enrola em um plano conispiral e, com a perda da brânquia do lado direito, o problema da autopoluição é resolvido.
A grande maioria dos moluscos é dióica, mas existem representantes monóicos ou hermafroditas. Podem ter desenvolvimento indireto ou direto, sendo que as larvas podem ser trocóforas livre-natantes (planctônica, formato de pião, com tubo digestório completo e tufo de cílios apical), ou véliger (ocorre a supressão da fase de trócofora, já apresentando pé, concha e dois lobos laterais).
Sugestão de aula prática: Moluscos são muito comuns em nosso dia a dia. É possível encontrar lesmas e caracóis no jardim e, dificilmente, não temos alguma concha marinha na decoração de nossa casa. Também podemos encontrar polvos, lulas e mexilhões congelados em peixarias.
Numa concha de Gastropoda é possível visualizar a protoconcha, suturas, voltas, canal sifonal, lábios e as linhas de crescimento.
Em uma lesma, podemos observar facilmente a boca, o pé e o manto.
Com uma concha de Bivalvia nas mãos é possível observar em seu lado externo o umbo e as linhas de crescimento. Na parte interna nota-se a região da charneira, as cicatrizes dos músculos adutores anterior e posterior, além da linha palial e do seio palial.
Numa lula, as estruturas externas observáveis são as nadadeiras, olhos, braços, tentáculos e o sifão, enquanto que em um polvo podemos ver a boca, bico, braços com ventosas e, se for um macho, o braço auxiliar da reprodução, o hectocótilo.