Unidade 2: A crise socioambiental - recursos naturais e conservação da biodiversidade

4. Principais ameaças à natureza

Nunca na história do homem na Terra, tantas espécies estiveram ameaçadas de extinção como nos dias atuais, de maneira que o ser humano é tido como o grande responsável. Essas ameaças estão aumentando a cada dia em função dos avanços tecnológicos e de uma população humana que cresce drasticamente. Tanto no Brasil quanto no exterior, a biodiversidade está constantemente ameaçada. A degradação do habitat, fragmentação, poluição, exploração das espécies pelo homem, introdução de espécies exóticas e aumento de ocorrência de doenças são as maiores ameaças à biodiversidade (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). Tais atividades são ainda mais agravadas com o avanço acelerado da agricultura mecanizada, da pecuária extensiva, do comércio ilegal de madeira e de um crescimento urbano e humano sem controle. Ademais, as modificações ambientais geradas pela poluição de rios, destruição de nascentes, uso de agroquímicos, queimadas frequentes etc. contribuem para piorar o cenário de impacto negativo sobre a natureza (KLINK & MACHADO, 2005b).

Um dos eventos de interferência humana mais marcantes na história do homem na Terra foi o desaparecimento da megafauna de mamíferos, animais com mais de 45 quilos, na Austrália e nas Américas (MARTIN & KLEIN, 1984). No momento da colonização desse território, há milhares de anos, o homem eliminou de 74% a 86% dessas espécies por caça excessiva. Pensando em uma interferência humana mais recente, um estudo averiguou o número de espécies extintas do ano de 1600 até o período atual (REID & MILLER, 1989). Para espécies de mamíferos e aves, 85 e 113 tornaram-se extintas desde 1600, representando 2,1% e 1,3% da riqueza de espécies do grupo, respectivamente. A extinção de outros grupos também foi estimada pelo trabalho: répteis com 21 espécies (0,3% do grupo), anfíbios 2 (0,05%), peixes 23 (0,1%), invertebrados (0,01%) e angiospermas 384 (0,2%). Atualmente, muitas espécies vegetais e animais encontram-se em perigo de extinção, pois possuem um número muito reduzido de indivíduos, podendo ser consideradas ecologicamente extintas por não desempenharem mais uma função na organização da comunidade ou por existirem apenas em cativeiros (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). A situação de ameaça à biodiversidade é mais alarmante quando pensamos que, por volta de 1850, a população humana estava em torno de 2 bilhões e, atualmente, ela se encontra com mais de 7 bilhões. Só no Brasil ela se encontra em 190.732.694 de pessoas (censo demográfico IBGE 2010), o que significa que nossa população dobrou nos últimos trinta anos (SANTOS, 1974).