Parte II - Unidade II: Helmintos

Unidade II: Helmintos

4. Strongyloides stercoralis

Strongyloides stercoralis é parasito frequente da espécie humana, desenvolvendo seu ciclo vital em parte no solo, onde se encontram fêmeas e machos de vida livre, e parte como parasitos teciduais da parede intestinal, como fêmeas partenogenéticas. As fêmeas partenogenéticas produzem ovos já embrionados ou larvas de 1º estágio (L1), que são eliminados com as fezes (PUTHIYAKUNNON et al., 2014).

No solo elas dão origem a machos e fêmeas de vida livre que copulam e produzem ovos de onde eclodem outras larvas L1. As larvas L1, de ambas as origens, transformam-se no solo em L2 e, posteriormente, L3 infectante, capazes de penetrar através da pele humana. A infecção pode ser assintomática ou sintomática, produzindo enterite ou enterocolite de maior ou menor intensidade e um quadro grave e fatal nos pacientes imunossuprimidos (GERI et al., 2015).

Figura 7

O casal de verme adulto se encontra no intestino delgado onde a fêmea faz a oviposição e os ovos embrionados são eliminados nas fezes (2). As larvas rabditoides L1 eclodem do ovo (2) sofrendo mudas no solo e se transformando em larva filarióide L3 (3). Estas larvas são infectantes e podem penetrar ativamente na pele do hospedeiro (4). As larvas atingem a corrente sanguínea, chegando até o pulmão onde realizam o ciclo de Loss, são deglutidas e se tornam verme adulto no intestino (5).

O parasito apresenta dois ciclos possíveis: ciclo direto, onde as larvas L1 eliminadas com as fezes transformam-se, no meio exterior, em larvas L3 capazes de infectar diretamente as pessoas; ciclo indireto, onde larvas L1 transformam-se em machos e fêmeas de vida livre que produzem ovos, estes eclodem produzindo larvas L1 que se transformam em L3 infectantes para aqueles que andam descalços ou põem alguma região cutânea em contato com o solo (REY, 2003).

4.1 Patogenia da infecção por Strongyloides stercoralis

As lesões causadas por esta infecção situam-se em diferentes níveis: na pele, costumam ser discretas ou formarem placas de eritema nos pontos de penetração das larvas; lesões urticaformes aparecem em torno do ânus na autoinfecção externa; durante o ciclo pulmonar são produzidas pequenas hemorragias no parênquima quando as larvas invadem os alvéolos e aí fazem suas mudas, chegando a causar uma pneumonia difusa ou síndrome de Loeffler, com a presença de larvas no escarro. Esse quadro pode prolongar-se ou repetir-se com frequência. No duodeno e no jejuno as lesões são produzidas na mucosa pela presença das fêmeas partenogenéticas, dos ovos que eclodem e das larvas filarioides que migram para a luz intestinal, produzindo lesões mecânicas, histolíticas e inflamatórias.

Figura 8

Caracterizado pela presença de um ciclo indireto com macho e fêmea de vida livre, e de um ciclo direto com a presença de fêmea partenogenética. Nos dois ciclos a contaminação ocorre pela penetração da larva L3 na pele que, após o ciclo de Loss, chega ao intestino se transformando em verme adulto. Os ovos eclodem ainda na luz intestinal e larvas são eliminadas nas fezes.

Observa-se aí uma inflamação catarral, pontos hemorrágicos e várias ulcerações em função da carga parasitária (NEVES, 2005).