Parte II - Unidade II: Helmintos
Unidade II: Helmintos
1. Teníase e Cisticercose
A teníase é uma parasitose intestinal decorrente do estádio adulto de Taenia solium (LINNAEUS, 1758), ou Taenia saginata (GOEZE, 1782), cujo habitat é o intestino delgado do homem. O parasito T. solium é o responsável pela ocorrência de cisticercose no homem. T. solium e T. saginata possuem distribuição global, porém, são mais comuns em regiões onde há consumo de carne suína e carne bovina (HOBERG, 2002).
No ciclo natural de T. solium e T. saginata, suínos e bovinos, respectivamente, se infectam por meio da ingestão de ovos do parasito. Esses ovos sofrem ação da pepsina no estômago e perdem o embrióforo. No intestino, por ação dos sais biliares, ocorre a ativação do embrião hexacanto ou oncosfera, que, uma vez liberado, movimenta-se ativamente em direção às vilosidades intestinais, onde penetra no epitélio, encaminhando-se posteriormente para as vênulas, atingindo as veias e os linfáticos mesentéricos, sendo transportado até outros órgãos e tecidos. A oncosfera evolui para formas metacestódeas pequenas e translúcidas (HAWK et al., 2005).
O homem, único hospedeiro definitivo, ao ingerir carne crua ou mal cozida de suínos ou bovinos infectados com formas metacestódeas viáveis, desenvolve a teníase. No estômago, essas formas metacestódeas sofrem ação do suco gástrico, evaginando-se e fixando-se pelo rostelo na parede do intestino delgado. Após cinco a doze semanas, desenvolvem-se em parasitos adultos. As proglotes grávidas são eliminadas íntegras pelas fezes, ou rompem-se no interior do cólon, liberando ovos para o exterior. Estão, principalmente, sujeitas à teníase as pessoas que preparam alimentos e provam a carne antes de cozinhar e indivíduos que se alimentam em lanchonetes e restaurantes. Fatores econômicos, culturais (hábitos alimentares) e religiosos tendem a expor certos grupos de indivíduos em maior ou menor grau (BURNISTON et al., 2015).
Figura 4: Ciclo Biológico de Taenia solium e Taenia saginata onde suíno e bovino são os hospedeiros intermediários, respectivamente, e o homem o único hospedeiro definitivo de ambas as espécies
Na cisticercose humana o homem, hospedeiro intermediário acidental de T. solium, se infecta pela ingestão de ovos viáveis do parasito. Esse fato pode ocorrer de várias maneiras: (1) por meio da heteroinfecção, que consiste na manipulação direta de água ou alimentos contaminados com fezes humanas, ou manipulação indireta através da irrigação e/ou fertilização com água e/ou esterco contaminados; (2) por meio da autoinfecção externa, que consiste na ingestão de ovos de T. solium pelo próprio indivíduo portador da teníase, resultado de maus hábitos higiênicos (sobretudo, a falta do hábito de lavar as mãos após a defecação); (3) por meio da autoinfecção interna resultante de movimentos antiperistálticos ou de vômitos que permitem o retorno de algumas proglotes ao estômago e aí sofrer a ação do suco digestivo, o que permitirá a eclosão dos embriões infectantes (REY, 2003).
Os mecanismos de transmissão da cisticercose homem-suíno, homem-homem, têm como fator primordial as condições socioeconômicas e culturais do próprio ser humano. Dentre essas condições, destacam-se as sanitárias, incluindo higiene pessoal, contaminação de água e alimentos com ovos do parasito provenientes de indivíduos infectados pela forma adulta de T. solium (FLISSER et al., 2003). Outro fator importante para manter a endemia de cisticercose numa dada região geográfica é o sistema primitivo de criação de suínos, pois permite o contato destes animais com fezes humanas mantendo o ciclo de vida de T. solium (BURNISTON et al., 2015).
Figura 5: Ciclo Biológico da cisticercose humana, onde o homem é hospedeiro intermediário acidental de Taenia solium.
As medidas de controle para a teníase e a cisticercose consistem na interrupção do ciclo de vida do parasito, incluindo saneamento básico, tratamento de portadores de teníase, eliminação da prática de alimentação dos suínos com materiais contaminados e dejetos humanos, irrigação com água adequada, promoção de inspeção sanitária aos abatedouros de suínos, prática do cozimento adequado da carne de suínos, promoção da educação sanitária da população pelo aperfeiçoamento de hábitos elementares, como lavar as mãos antes de se alimentar, antes de preparar alimentos e após utilizar o banheiro (HOBERG, 2002). A aplicação de medidas de controle da teníase/cisticercose depende das características epidemiológicas da enfermidade na região, incluindo condições econômicas, sociais e culturais (CARABIN; TRAORÉ, 2014).
Conforme Penteado e Kovaliczn (2007), a confecção de uma tênia em forma de um “boneco” ou “maquete” em tecido permite que os alunos desprendam as proglotes e simulem a liberação dos ovos. De acordo com estes autores e adaptações feitas por Rabelo (2011) e Rabelo et al. (2014), este “boneco” pode ser confeccionado utilizando tecido ‘Moleton’ na cor branco leitoso. A tira deve ser costurada em espaços intercalados representando o corpo segmentado, isto é, as proglotes. Deve-se ter o cuidado para que na parte anterior as proglotes sejam menores e conforme se aproximem da parte posterior se tornem maiores. Quanto ao comprimento final do “boneco”, sugere-se que este tenha pelo menos um metro e meio de comprimento.
Na parte anterior, uma pequena bola de isopor recoberta pelo mesmo tecido do restante do corpo do parasito pode simular o escólex. De forma a se aproximar mais da realidade, também utilizando tecido ‘Moleton’ na cor marrom, pode-se confeccionar as ventosas e fixá-las ao redor do escólex. Para a simulação dos acúleos pode-se também usar o tecido ‘Moleton’ na cor preta, sendo este picotado ou cortado em tirinhas. Tanto as ventosas quanto os acúleos podem ser fixados utilizando cola quente. O interessante é que na parte posterior sejam dispostas as proglotes grávidas, representadas por pedaços de tecido preenchidos com pequenas bolinhas de isopor simulando os ovos. Visando demonstrar como ocorre a contaminação por este parasito, pode também ser adaptado um zíper para simular a liberação dos ovos no ambiente. Além disso, as últimas proglotes devem ser unidas ao verme utilizando velcro para demonstrar o desprendimento de proglotes maduras do resto do corpo do parasito.