UNIDADE II - Concepções e práticas pedagógicas

4. Considerações finais

No ensino de biologia, a aplicação de diferentes metodologias e técnicas de ensino constitui-se uma forma eficiente de promover a aprendizagem dos educandos com a finalidade de que eles consigam entender os conteúdos e relacioná-los com situações do cotidiano. Cada área da biologia possui características peculiares às quais exigem, por si só, diferentes metodologias e recursos, independentemente dos recursos e técnicas disponíveis.

As modalidades e os recursos didáticos que foram abordados constituem exemplos de como os professores poderão utilizá-los conforme as suas concepções, seus objetivos e conteúdos, impondo o conhecimento deles para que não venham a afetar a sua prática pedagógica. Todavia, sabe-se que vários fatores contribuem para o fracasso da aprendizagem e, para evitá-lo, é necessária a reestruturação do sistema de ensino público e a formação continuada profissional individual. Diante do surgimento dessas dificuldades, é preciso intentar ideias arrojadas e sujeitas a modificações, como afirma Carvalho e Gil-Pérez (2006).Cabe, pois, conjeturar que as deficiências em nossa preparação docente não constituem nenhum obstáculo intransponível, e que os diferentes problemas podem ser abordados e resolvidos por equipes docentes em um processo criativo e satisfatório. Deste ponto de vista, insistimos, não consideramos necessária, nem conveniente, a transmissão de propostas didáticas, apresentadas como produtos acabados, mas sim favorecer um trabalho de mudança didática que conduza os professores (em formação ou em atividade), a partir de suas próprias concepções, a ampliar em seus recursos e modificarem suas perspectivas (CARVALHO; GIL-PÉREZ, 2006, p. 30).

Por outro lado, também sabemos que o professor necessita de tempo, de acesso a informações e de infraestrutura para a sua produção. Assim, se o professor como organizador de uma atividade tiver acesso a diferentes materiais, terá maior chance de encontrar os mais adequados. Para isso, Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002) apontam opções para minimizar o problema:

Uma alternativa que se apresenta é a organização de bancos de materiais, contendo projetos de ensino, dados técnicos sobre problemas locais, alternativas de materiais didáticos, como textos para alunos, experiências, vídeos e audiovisuais, livros para consulta e revistas de divulgação científica, além dos materiais produzidos pelos professores em sala de aula e os resultantes de pesquisa em ensino. Soma-se ainda à disponibilidade e ao armazenamento de informações uma assessoria em aspectos técnicos e de infraestrutura para a produção de novas alternativas (DELIZOICOV, ANGOTTI E PERNAMBUCO, 2002, p. 294).

Tão importante quanto saber ser (conhecer) e saber fazer é saber avaliar. A avaliação tem como objetivo principal recolher informações sobre o resultado do trabalho do professor em relação à aprendizagem do aluno. Ao decidir os objetivos, a metodologia e os recursos que serão utilizados para o desenvolvimento de determinado assunto, o professor deve atrelar a forma de avaliação ao seu propósito. É importante que o professor elabore avaliações que estimem a capacidade de pensar lógica e criticamente do aluno, e não apenas a capacidade de memorizar informações.

Diante disso, verificamos a grande importância e os cuidados que devem ser atribuídos ao planejamento da disciplina: conteúdos, objetivos, metodologia e recursos pedagógicos e avaliação. O sucesso ou fracasso do ensino de biologia depende de todos esses itens, os quais devem ser criteriosamente planejados.

Atualmente, já se pode ver o início dessa transformação quando se observa as questões de avaliação do ENEM – versão 2014. São propostas questões que utilizam  fatos relacionados à CTSA (noticiário, reportagens, estudo de casos, novidades científico-tecnológicas etc.), referentes aos conteúdos de biologia, sem exigir do candidato a memorização de regras e conceitos. O que se exige desses candidatos é o conhecimento básico para que sejam cidadãos capazes de tomar decisões em benefício próprio e em prol da sociedade. Mesmo que seja para atender aos objetivos desse exame, as escolas e os professores estão sendo pressionados e levados a uma reconfiguração em seu planejamento.

Finalizando, não foi objetivo deste capítulo proporcionar produtos ou receitas prontas, mas indicar os rumos e as possibilidades para que o ensino de biologia possua um caráter transformador e mostrar que o ensino de biologia deve ter o propósito de formar cidadãos críticos e atuantes diante dos avanços da ciência e tecnologia na sociedade atual.