Capítulo 3 - Diversidade e Inclusão no Ensino de Biologia
2. Ensino de Biologia: entrelaçamento de saberes e práticas para a promoção da inclusão
O Ensino de Biologia, que acontece na sala comum, aborda temáticas e conteúdos que são baseados por documentos curriculares, buscando propiciar uma aprendizagem adequada sobre Biologia. Contudo, se os autores supracitados nos revelam que os docentes afirmam que o processo de ensino da sala comum em nada se assemelha ao da SRM, isso pressupõe que as temáticas sobre Ciências e Biologia acabam por não fazer parte da complementação e suplementação curricular que o aluno da Educação Especial deveria receber.
De acordo com Antunes (2008), a promoção de currículos absolutamente distintos, que não estabelecem relação nenhuma entre si, torna impossível a participação dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação no processo de aprendizagem de seu grupo. Afinal, se o AEE é um apoio pedagógico ao ensino regular, pressupõe-se que SRM e sala comum realizem um trabalho conjunto, estabelecendo ligações entre seus currículos, conteúdos e ensino.
De fato, muitos são os fatores que contribuem para que este tipo de situação aconteça, como as dificuldades que permeiam a própria formação dos professores, bem como todas as discussões sobre o próprio contexto da Educação Especial frente à implementação da inclusão. Oliveira e Benite (2011) em sua produção sobre Ensino de Ciências para surdos concluem que existem dificuldades expressivas nesse processo para o ensino aos deficientes auditivos. Isso porque as temáticas possuem termos científicos, muitas vezes complexos demais para serem comunicados em Libras.
A formação de professores no Brasil segue um modelo tradicional inverso aos aspectos da diversidade e, portanto, inadequado à educação inclusiva, uma vez que as licenciaturas não têm formado docentes aptos a lidarem com a heterogeneidade de alunos. Isso confirma que essa formação docente não tem conseguido gerar professores que consigam articular sua atuação teórica e prática com a política e os contextos em que trabalham (PLETSCH, 2009).
Refletir criticamente em equipe é fundamental para criar as condições para a implementação da educação inclusiva. Ademais, a pluralidade que a inclusão escolar traz não deve ser vertida ao professor como um assunto básico e simples de ser entendido, ao contrário, deve ser discutida até que seja compreendida, com o objetivo de se pensar uma educação inclusiva articulada com a luta pela melhoria e transformação da educação brasileira como um todo.
Finalizando, os estudos em Educação Especial e diversidade têm buscado o respeito à heterogeneidade e à diferença a fim de contribuir para a formulação e implementação de políticas educacionais que possam favorecer a escolarização dos estudantes público alvo da Educação Especial. Muito ainda precisa ser feito, mas acreditamos que a produção acadêmica, unida à formação dos professores em Educação Especial, pode promover discussões e reflexões que darão conta do esclarecimento e do encontro de soluções para as diversas limitações com as quais se deparam os docentes em suas práticas pedagógicas.