Capítulo 2 - Metodologia do Ensino Superior
2. Educação e Cognição
2.4 Práticas de Ensino
A sala de aula é um espaço composto por pessoas de comportamentos e pensamentos diversos, às quais nem sempre concordam passivamente com as ideias propostas pelos docentes. O professor/transmissor e aluno/receptor de conteúdo é uma configuração que entrou em falência no século passado. Não basta apenas transmitir conteúdos, é necessário promover a compreensão dos mesmos.
O professor deve ter a concepção de que a sociedade vive em constantes transformações, onde os cidadãos se constroem e se reconstroem não apenas como indivíduos, mas enquanto agentes sociais. Desta forma, o docente deve estar alerta e adequar os objetivos e conteúdos previamente determinados à realidade à qual serão aplicados. Esta adequação, a partir do planejamento didático, permitirá que o professor utilize instrumento de avaliação adequada, aplique dinâmicas e use linguagem acessível a todos, ou seja, faça uma aula comprometida com a participação dos alunos e permanentemente vinculada aos objetivos da disciplina.
A didática é um conjunto de recursos técnicos com objetivo de dirigir a aprendizagem de educando, tendo em vista levá-lo a atingir um estado de maturidade que lhe permita encontrar-se com a realidade e na mesma atuar de maneira consciente, eficiente e responsável (NÉRICE, 1993, p. 49).
2.4.1 Planejamento
Aqueles que estão no exercício da profissão docente sabem que o trabalho do professor não começa no primeiro dia de aula. Ele inicia algumas semanas ou até mesmo alguns meses antes, dependendo de sua experiência com a disciplina que vai lecionar. Evidentemente que o planejamento requer do professor algumas habilidades distintas daquelas que estão diretamente relacionadas à prática docente. Mas se pensarmos bem, o desenvolvimento a que chegou a humanidade requer de todos nós, seres humanos, a capacidade de prever.
O planejamento está vinculado à atuação do professor e está diretamente interligado aos procedimentos didáticos em sala de aula. O planejamento engloba um conjunto de reflexões e previsões/organizações das ações, das práticas embasadas em opções político-pedagógicas, situadas na problemática social, política e cultural da realidade que se pertence. A didática e o planejamento de ensino devem ser assumidos pelo professor como uma ação pedagógica consciente e comprometida com o processo ensino-aprendizagem (LIBÂNEO, 1998).
O planejamento é fundamental no trabalho docente em qualquer área de graduação, pois aborda diversos campos do conhecimento. Didática e planejamento juntos resultam na possibilidade de percepção das inseguranças, uma vez que estão voltados a uma previsão metódica de uma ação a ser desenvolvida. Ambas se complementam e se interpenetram no processo de ação-reflexão-ação da prática social docente.
2.4.1.1 Plano de Ensino ou Plano da Disciplina
O plano de ensino corresponde à previsão de todas as atividades acadêmicas de uma disciplina durante seu período de execução. Trata-se de um planejamento global da disciplina, o qual poderá ser adaptado às necessidades que possam surgir no decorrer do período. O plano de ensino facilita o acompanhamento do planejamento pedagógico por parte dos alunos e também auxilia o professor em seu dia-a-dia em sala de aula.
Não existe um modelo oficial de plano de ensino, no entanto, alguns itens são essenciais. Entre eles:
- Identificação - curso, disciplina, carga horária, professor.
- Ementa - rol de assuntos tratados que deve estar de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso.
- Objetivo(s) geral(is) - mais abrangentes, de longo prazo. São estruturados por verbos que dão ideia ampla e de difícil mensuração como compreender, saber, atualizar, proporcionar, etc.
- Objetivos específicos - objetivos de curto prazo, relativos à seção de conhecimentos e habilidades intelectuais. Descreve as aprendizagens esperadas e são estruturados por verbos mensuráveis (fazer, escrever, identificar, executar, selecionar, etc.).
- Conteúdo programático – enumeração do conteúdo sistematizada em unidades didáticas de acordo com uma sequência lógica e racional de aprendizagem.
- Metodologia ou estratégias – estratégias didáticas e seus respectivos recursos didáticos utilizados (aula expositiva, dinâmica de grupo, estudo de caso, resolução de exercícios, seminários, etc.).
- Avaliação – prova escrita ou oral, seminários, elaboração de projetos, monografias.
- Referências – bibliografias básicas (fontes que serão efetivamente utilizadas em sala de aula, as quais o professor se baseia para o desenvolvimento do conteúdo) e complementar (complementam as referências básicas).
2.4.1.2 Plano de Aula
Trata-se de um desdobramento final dos conteúdos propostos. Deve-se ter como público alvo o aluno, e deve constar a descrição de atividades. O professor deve focar no tema gerador da aula, abordando o que será discutido e qual a abordagem teórica e/ou prática do assunto.
Cada aula é uma situação didática específica, onde objetivos e conteúdos são desenvolvidos com métodos capazes de proporcionar aos alunos conhecimentos e habilidades, expressos por meio da aplicação de uma metodologia compatível com a temática estudada (TAKAHASHI e FERNANDES, 2004).
Assim como o plano de ensino, não há um modelo padronizado de plano de aula. As instituições em geral estabelecem um modelo que melhor atenda às suas necessidades. No entanto, algumas informações são indispensáveis para nortear a prática docente tais como:
- Identificação - curso, disciplina, carga horária, professor.
- Ementa - rol de assuntos tratados que deve estar de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso.
- Objetivo(s) geral(is) – reúne um conjunto de temas/unidades que serão trabalhados.
- Objetivos específicos – expressa a intencionalidade da ação docente.
- Metodologia ou estratégias – estratégias didáticas e seus respectivos recursos didáticos utilizados (aula expositiva, dinâmica de grupo, estudo de caso, resolução de exercícios, seminários, etc.) para atingir os objetivos propostos.
- Recursos didáticos – giz, quadro-negro, textos de apoio, datashow, etc.
- Avaliação – prova escrita ou oral, seminários, elaboração de projetos, monografias.
- Referências – bibliografias básicas (fontes que serão efetivamente utilizadas em sala de aula, as quais o professor se baseia para o desenvolvimento do conteúdo) e complementar (complementam as referências básicas).
2.4.2 Avaliação
“Avaliação é o processo de ajuizamento, apreciação, julgamento ou valorização do que o educando revelou ter aprendido durante um período de estudo ou de desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. (...) Uma prova, seja de que modalidade for, tem por objetivo fornecer dados sobre os quais se possa emitir um juízo de valor”. (NÉRICE, 1993. p. 311).
A avaliação é um recurso de verificação se os objetivos propostos pelo planejamento didático foram atingidos ou não. Deve ser realizada de forma contínua, cumulativa e sistemática e tem como principais funções: informar sobre o domínio da aprendizagem, indicar os efeitos da metodologia utilizada, revelar consequências da atuação docente, informar sobre a adequabilidade dos programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados.
Assim, o ato de avaliar fornece informações importantes que vão além da mensuração dos conteúdos desenvolvidos em sala de aula, permitindo verificar diretamente o nível de aprendizagem dos alunos e indiretamente a qualidade do processo de ensino e o sucesso do trabalho docente. A avaliação fornece elementos ao professor para repensar e replanejar sua ação didática, visando o aperfeiçoamento e a obtenção de melhores resultados no ensino-aprendizagem.
Segundo BLOOM e colaboradores (1993), a avaliação deve ser realizada com as seguintes finalidades:
- Avaliação diagnóstica ou analítica: verifica os conhecimentos prévios dos alunos com o objetivo de constatar ausência ou presença dos pré-requisitos necessários para determinado conhecimento ou habilidade. Auxilia o professor a identificar a forma pela qual ele irá desenvolver suas metodologias didáticas;
- Avaliação formativa ou controladora: identifica o progresso do aluno quanto aos conhecimentos, permitindo a continuidade ou redimensionamento do processo de ensino. Empregada durante o processo de aprendizagem, esta avaliação utiliza questões, exercícios, estudos dirigidos, autoavaliações, etc.
- Avaliação somativa: realizada no final de uma disciplina ou unidade de ensino. Classifica os alunos de acordo com os níveis de aproveitamento previamente estabelecidos, somatizadas através de uma nota final. Os instrumentos mais utilizados são as provas, questões orais e seminários.
As três formas de avaliação descritas acima devem ser vinculadas ou conjugadas para se garantir um sistema de avaliação eficiente e um processo de ensino-aprendizagem de excelência.