Capítulo 2 - Metodologia do Ensino Superior

2. Educação e Cognição


2.3 Metacognição

Cada vez mais, torna-se evidente que para que ocorra melhoria da qualidade do ensino superior, o professor deva ajustar sua conduta em sala de aula. Segundo Cruz Tomé (2000), é necessário que o professor mude seu papel de transmissor do conhecimento para facilitador da aprendizagem significativa do estudante.

O uso da metacognição como ferramenta para a aprendizagem pressupõe o desenvolvimento gradual da capacidade do próprio aluno identificar, controlar e desenvolver seus processos cognitivos e utilizá-los na resolução de problemas relacionados à sua profissão. Flavell (1981), é o pioneiro da metacognição e o define como um conjunto de processos mentais complexos que permitem ao sujeito conhecer a forma como ele aprende, desenvolve o pensamento e constrói conhecimento. É o conhecimento do próprio conhecimento.

A utilização das estratégias metacognitivas implica no desenvolvimento da capacidade de avaliação, organização e regulação do conhecimento adquirido pelos estudantes. A estratégia cognitiva concede aos alunos:

  • analisar e caracterizar um problema;
  • refletir sobre o que sabe e o que não sabe quanto à resolução do problema;
  • elaborar um plano de resolução;
  • predizer o resultado de suas tentativas no uso de suas estratégias;
  • prognosticar as dificuldades;
  • planejar estratégias de estudo;
  • monitorar as tentativas para aprender e tentar outras formas;
  • questionar sobre habilidades próprias.

A inclusão da metacognição na prática pedagógica docente é caracterizada como o tempo de reflexão, que propicia e potencializa as aprendizagens pessoais e do grupo como uma totalidade (PORTILHO, 2011).

“Escolher ser o mediador de uma aprendizagem através da metacognição é apostar que é sempre possível ajudar os alunos a progredirem nos saberes, particularmente aqueles que estão em situação de insucesso, de modo a que tenham simultaneamente maiores oportunidades de êxito, de autonomia e desejo de aprender”. (GRANGEAT, 1999, p. 56)

Pressupor que a metacognição possa, por si só, resolver os problemas de aprendizagens é muito ingênuo. No entanto, utilizá-la como instrumento potencializador de resultados no ensino superior parece ser um caminho importante a ser considerado pelos docentes preocupados na construção de profissionais críticos, criativos, participativos e estudiosos.