Capítulo 2 - Metodologia do Ensino Superior
2. Educação e Cognição
“Mas de cor vem da palavra latina que quer dizer coração (cor, cordis). Assim, saber alguma coisa de cor é mais que saber com a cabeça. É saber que mora no lugar onde a vida pulsa. A cabeça pode esquecer, mas aquilo que foi aprendido com o coração não é esquecido nunca.”
Rubem Alves
2.1 Educação no ensino superior
Ao analisarmos a história do surgimento das universidades no Brasil e no mundo é possível perceber que, também no ensino superior, a concepção de educação de um professor está intimamente atrelada ao contexto social, econômico e político no qual essa universidade está inserida, e também ao contexto intelectual no que diz respeito ao que se investiga sobre educação (pesquisas que, por sua vez, são influenciadas pelo contexto social e influenciam-no, como um ciclo).
Apesar de tais pesquisas contribuírem para o ensino de maneira abrangente, é perceptível que a educação básica as admite com maior facilidade que o ensino superior. Apenas, recentemente, temos no universo acadêmico a tomada de consciência que, para exercer a docência, é imprescindível mais que os títulos de graduação, mestrado e doutorado, mas capacitação e competências específicas para ensinar. Essa capacitação e competências podem ser aprendidas e devem compreender o entendimento do processo de ensino aprendizagem. Assim, pode-se afirmar que ao professor universitário, bem como os da educação básica, cabe-lhe o domínio da área Pedagógica. Independente do objetivo do ensino superior, a preocupação maior do docente dever ser com o aprendizado.
E como ocorre o aprendizado? Inúmeras foram as teorias que tentaram responder a essa pergunta e que ainda tentam. Muito já se conhece sobre aprendizagem que, de acordo com a Psicologia, representa qualquer mudança relativamente duradoura de comportamento ou conhecimento devido à experiência. Assim, já se torna visível que a aprendizagem jamais poderá ser equiparada entre indivíduos, uma vez que não há seres humanos iguais, e mesmo que vivam experiências semelhantes ou o mesmo contexto experiencial, cada um se relacionará a esta de forma única. Portanto, o professor deve atentar-se para a forma como ocorre a aprendizagem de seu aluno e utilizar-se de mecanismos para desenvolvê-la. Ademais, deve-se considerar o papel da memória e das percepções como fatores intrínsecos que influenciam na aprendizagem. Quando o professor compreende a complexidade desse processo, entende a necessidade da diversidade de estratégias de ensino no contexto da sala de aula, pois como tais, constituem em procedimentos, cujo objetivo é facilitar o aprendizado.
Um ponto a se destacar é a necessidade de mudança na visão do professor como detentor do saber diante de alunos receptores de informação. Uma vez que o estudante não é um indivíduo desprovido de conhecimentos, é preciso que o docente se coloque na condição de mediador no ensino e deixe de atribuir responsabilidade no sucesso ou insucesso educacional exclusivamente sobre o aluno. Dessa forma, é preciso que o professor, independente do curso no qual está vinculado, sendo os da área de licenciatura ou não, devem conhecer sobre as teorias de aprendizagem e processos psicológicos básicos da cognição.