Unidade 1: Introdução à Educação a Distância
1. Educação a distância: objetivos, conceitos e contextos
O termo EaD é utilizado tanto com o significado de Educação a Distância como Ensino a Distância. Entretanto, partindo-se da compreensão de educação como uma ação mais ampla onde ocorre um processo que conta com o ensinar os alunos e o aprender deles e com o aprender dos professores, entendemos que o termo Educação a Distância é mais adequado.
O conceito primordial de EaD é apresentado por Alves, Zambalde e Figueiredo (2004):
Uma atividade de ensino e aprendizado sem que haja proximidade entre professor e alunos, em que a comunicação bidirecional entre os vários sujeitos do processo (professor, alunos, monitores, administração) seja realizada por meio de algum recurso tecnológico intermediário, como cartas, textos impressos, televisão, rádio difusão ou ambientes computacionais. (ALVES, ZAMBALDE e FIGUEIREDO, 2004, p. 6).
Guarezi e Matos (2009, p. 129) resumem a EaD como “um processo evolutivo, que começou com a abordagem na separação física das pessoas e chega ao processo de comunicação, incluindo, no final do século XX, as tecnologias da informação”. E, certamente, continuará incluindo as tecnologias que forem surgindo, por isso, a formação contínua dos pesquisadores da EaD, mais do que em outras áreas, é essencial.
Conforme Azevedo (2005), atualmente, há duas modalidades de EaD:
Os mais recentes desenvolvimentos no campo da EaD têm nos levado, a grosso modo, a duas modalidades: uma de perfil notadamente auto-instrucional, desenvolvida no contexto da sociedade industrial e perfeitamente adaptada às exigências desta sociedade, e outra de perfil mais colaborativo ou sócio-interacionista, desenvolvida no contexto do surgimento da chamada “sociedade pós-industrial” ou da “informação”, em resposta a novas demandas desta nova sociedade (AZEVEDO, 2005, p. 25).
A modalidade colaborativa, além de ser mais adequada aos tempos atuais e, por isso, mais prática, possibilita a interação entre professores e alunos e entre alunos e alunos, o que dá um caráter coletivo à aprendizagem e estimula a criatividade.
O Ministério da Educação, no documento “Referenciais de Qualidade para a Educação a Distância” (BRASIL, 2007), alerta para fato de que:
Não há um modelo único de educação a distância! Os programas podem apresentar diferentes desenhos e múltiplas combinações de linguagens e recursos educacionais e tecnológicos. A natureza do curso e as reais condições do cotidiano e necessidades dos estudantes são os elementos que irão definir a melhor tecnologia e metodologia a ser utilizada, bem como a definição dos momentos presenciais necessários e obrigatórios, previstos em lei, estágios supervisionados, práticas em laboratórios de ensino, trabalhos de conclusão de curso, quando for o caso, tutorias presenciais nos pólos descentralizados de apoio presencial e outras estratégias (BRASIL, 2007, p. 7).
A reflexão a partir da prática e da análise do percurso já feito pela EaD asseguram a adaptação e a criação de modelos para obtenção dos melhores resultados conforme o contexto vivido.
Ainda há controvérsias na literatura sobre os objetivos originais da EaD. Mill et al (2008) revelam que ela surgiu nos Estados Unidos e na Europa no final do século XIX, com o objetivo de atender à demanda por conhecimentos profissionais e às necessidades de pessoas que (e/ou): não tinham oportunidades de estudar por residirem em locais distantes dos centros mais desenvolvidos; não estavam em idade adequada para frequentar a escola, estavam passando por situações que as excluíam do processo educacional regular. Desse modo, a criação da EaD nesses lugares não foi motivada pelas desigualdades sociais causadas pelo sistema econômico injusto, como se lá elas não existissem e o sistema não fosse o seu principal causador. A EaD surgia como uma vantagem do sistema, uma possibilidade de atender demandas individuais específicas.
Não podemos esquecer que a EaD tem proporcionado essa oportunidade de estudar e/ou se atualizar, seja fazendo um curso superior, uma pós-graduação ou cursos de qualificação profissional, às pessoas que têm limitações motoras, pois essas e outras pessoas com alguma deficiência têm sido excluídas do processo educacional.
Nesse aspecto, conforme Gadotti (2010),
A EaD evoluiu muito nesses últimos anos e deverá evoluir muito mais nos próximos, nas suas parcerias e no seu trabalho em rede. Nossos velhos hábitos irão mudar, como estão mudando velhos hábitos de comprar tudo presencialmente. Não significa que vamos abandonar nossas metodologias e conceitos clássicos, mas eles serão melhor adequados ao mundo digital, não competindo com ele, mas integrando-se a ele. O tempo e o espaço das instituições de formação, particularmente das universidades, irão se alargar muito mais. Elas funcionarão 24 horas por dia (GADOTTI, 2010 p. 24).
Há de se ressaltar, como é reafirmado por Demo (2007, p. 90), que não há uma relação direta entre a evolução tecnológica na EaD e uma necessária e correspondente evolução pedagógica: “sempre é possível usar a tecnologia mais avançada para continuar fazendo as mesmas velharias, em particular o velho “instrucionismo” porque por trás das tecnologias está o homem.
O uso das tecnologias não garante aprendizagem significativa em EaD, como em qualquer outra modalidade não garante a inovação, pois, nesse caso, a tecnologia é apenas ferramenta extra que deve ser utilizada da maneira mais adequada para que os objetivos pedagógicos propostos sejam alcançados. Para Schlemmer (2006):
Usar uma nova tecnologia não garante inovação, a inovação está na forma criativa de utilizá-la, na forma como aproveitamos todas as possibilidades para os processos de ensino e de aprendizagem, de outra forma, podemos estar simplesmente falando de uma novidade e não de uma inovação. (SCHLEMMER, 2006, p.11).
E como nenhuma educação se faz também sem conteúdo, conforme Libâneo (1983, p. 134), “é preciso que os métodos favoreçam a correspondência dos conteúdos e reconheçam neles o auxílio ao esforço de compreensão da realidade”, porque, ao final, a compreensão da realidade é a eterna busca do homem.