Mateus de Almeida Ventura (UFG)

Rosane Rocha Pessoa (UFG)

Problematizando ideologias linguísticas de professores/as de inglês

123

Este estudo é resultado da primeira etapa de uma pesquisa interpretativista de iniciação científica, realizada durante o período de agosto/2018 a julho/2019 e tem o intuito de discutir ideologias linguísticas, no Grupo de Estudos de Professoras/es de Língua Inglesa de Goiás (GEPLIGO). Ideologias linguísticas são definidas como “a expressão, explícita ou implícita, das concepções de um grupo sobre línguas” (CÁCERES, 2014, p. 109) e se pautam por interesses morais e políticos (IRVINE, 1989). Os dois objetivos que direcionaram o estudo foram problematizar: a) o uso de inglês e português pelos/as professores/as participantes do GEPLIGO; b) as percepções dos/as professores/as sobre o uso do inglês e português no GEPLIGO. No total, nove professores/as de inglês participaram da pesquisa. Para fundamentar este estudo utilizamos autores/as como Oliveira (2014), Blommaert (2014), Cáceres (2014), Holliday (2014), Blommaert e Backus (2012), e García e Wei (2017), Signorini (2008), Irvine (1989). Os estudos desses/as teóricos/as nos ajudam a entender melhor a construção das ideologias linguísticas, os fatores que influenciam sua propagação e suas consequências, não apenas para o ensino do inglês, mas também para toda a sociedade. A geração do material empírico foi feita por meio de um questionário, notas de observação e uma entrevista respondida pelos/as nove professores/as. A partir da análise do material empírico gerado, identificamos quatro ideologias/perspectivas linguísticas: translinguismo, ideologia do falante nativo, ideologia do inglês padrão e pluralidade de repertórios linguísticos. Pudemos identificar também que as ideologias linguísticas do falante nativo e do inglês padrão são mais opressoras. Já as perspectivas do translinguísmo e da pluralidade de repertórios linguísticos são menos opressoras para as práticas dos/as professores/as do GEPLIGO. É possível afirmar que muitos/as dos/as professores/as participantes do grupo ainda se pautam nas ideologias do falante nativo e do inglês padrão, em movimentos de afastamento e aproximação com relação a essas ideologias linguísticas. Além disso, todos/as os/as professores/as em suas práticas no grupo translinguam, utilizando o inglês e o português como estratégia para comunicação. Foi possível identificar também algumas falas que se remetem a ideia de pluralidade de repertórios linguísticos. Portanto, afirmamos que essas ideologias linguísticas opressoras desvalorizam as identidades profissionais e pessoais dos/as participantes, reforçando estereótipos, desigualdades sociais e raciais. Já essas perspectivas menos opressoras, tendem a valorizar as identidades tantos dos/as professores/as quanto dos/as alunos/as. Por isso, estudos como o nosso são de grande importância, pois, acreditamos que a partir da reflexão e problematização das práticas e das ideologias linguísticas podemos caminhar em direção a um ensino de inglês mais democrático, inclusivo e menos opressor.

Palavras-Chaves: Ideologias Linguísticas. Formação de Professores/as. Professores/as de Inglês.