Rodrigo Bombonati de Souza Moraes (UFG/REG-GOIÁS)
rodrigobombonati@ufg.br

UFG e prefeitura municipal de Goiás: educação e valorização das diferenças

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O relato de experiência ora proposto baseia-se no curso de capacitação, intitulado "UFG e Prefeitura do Município de Goiás: Educação e valorização das diferenças", que objetiva oportunizar educação continuada aos/às gestores/as, professores/as e tutores/as da rede municipal de ensino sobre práticas educacionais inclusivas, a partir de aulas, no formato de seminários e oficinas, que abordem temas atuais acerca da suposta dificuldade de aprendizagem de alunos em idade escolar, identificados no Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH). Especificamente, o curso procura: estabelecer interface entre a UFG e a Prefeitura do Município de Goiás, por meio da Secretaria Municipal de Educação, bem como com o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência; possibilitar a formação dos participantes acerca do TDAH; e realizar estudos de caso a partir das informações advindas de documentos sobre os estudantes da rede. Por meio de palestra, oficina e seminário com duração de 4h cada atividade, construímos discussões com as turmas formadas. Teoricamente, o curso orienta-se pela ideia de que tal transtorno insere-se no campo da medicalização da educação e da sociedade, da sociedade de controle e da biologização da vida humana, em que se constroem dispositivos, baseados nos saberes médico-científicos, para diagnosticar e tratar comportamentos que sejam considerados inadequados ao que é aceito e desejado como normal. Tais aceitação e desejo ancoram-se num padrão de educação esperado, que visa a eficiência, produtividade, desempenho e performance superior dos alunos, de modo que se homogeneízem os comportamentos e, por conseguinte, neguem-se as diferenças e potencialidades individuais. Complementarmente, institucionalizam-se formas de punição e vitimização das crianças, que não atingem os resultados esperados e/ou que não se comportam do modo desejado, e buscam-se, somente em seus corpos, a justificativa de seus problemas escolares. Assim, um curso, que reflita sobre os dispositivos medicalizantes e que proponha práticas pedagógicas que valorizem as diferenças e a inclusão, permite ao professor e aos gestores escolares redimensionarem o espaço escolar e atentar-se ao contexto educacional (práticas, relações pessoais e métodos escolares) e social (família, amigos, condições habitacionais etc.) que possam afetar o comportamento da criança.

Palavras-Chaves: TDAH. Medicalização da Educação. Valorização das Diferenças.