Ensino e aprendizagem da língua portuguesa nos anos iniciais do ensino fundamental: uma análise histórico-crítica
08Ancorado nos pressupostos da perspectiva histórico-cultural, este artigo faz uma análise e uma reflexão crítica sobre o ensino da língua portuguesa nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Contrariando o famigerado construtivismo piagetiano que entende o desenvolvimento como propulsor da aprendizagem, partimos de uma concepção materialista histórica-dialética da formação do ser humano, ou seja, defendemos que a criança se desenvolve porque aprende e aprende em determinadas circunstâncias que podem ser ou não favoráveis a sua mais plena possibilidade de humanização. Nosso objetivo no presente texto é apresentar a fundamentação teórica que repousa na concepção histórico-crítica e, sobretudo, abrir a discussão de como o ensino da língua portuguesa pode ser bem-sucedido, como as dificuldades de aprendizagem podem ser superadas a partir de uma educação que aconteça no ambiente escolar de maneira sistematizada e que se volte à compreensão do funcionamento das funções psicológicas superiores, como pensamento e linguagem. A apropriação da língua escrita passa por complexos encadeamos de tipos de pensamentos, mas o salto qualitativo que possibilita o início da aquisição da língua escrita está no momento em que o sujeito faz a substituição do objeto concreto pelo símbolo abstrato representado mentalmente. Trata-se da estruturação daquilo que para a psicologia histórico-cultural é o reflexo subjetivo da realidade objetiva. No CEPAE temos um projeto em andamento que se debruça sobre as questões de ensino e aprendizagem em língua portuguesa nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O projeto denomina-se LIPELIN (Laboratório Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Linguagem e Infância). Esse laboratório permite estudos teórico-práticos sobre aspectos do ensino da língua portuguesa e se configura como um rico espaço de debates. Destacaremos, neste texto, elementos relevantes e resultados parciais do projeto construído coletivamente pelos professores da primeira fase do CEPAE. Vale dizer, ainda, que adotamos como fundamentação teórica o materialismo histórico-dialético. A metodologia de investigação abrangeu obras da psicologia histórico-cultural, pedagogia histórico-crítica e de estudiosos da língua portuguesa.
Palavras-Chaves: Alfabetização. Letramento. Linguagem.