5. Aspectos pedagógicos em uma universidade plural
A UFG é uma instituição plural que possui, entre os sujeitos que a constituem, uma grande diversidade cultural, linguística, socioeconômica e de concepções, entre outras. Para atender a todas as pessoas e realidades distintas, a Prograd e seus órgãos promoveram uma série de iniciativas, visando o acompanhamento pedagógico, ao longo do ano civil e letivo de 2020. Destacamos neste item, os trabalhos desenvolvidos pela Coordenação de Inclusão e Permanência (CIP) e, na sequência, pelo Núcleo de Acessibilidade (NA).
5.1 Dados, ações e análises referentes ao trabalho da Coordenação de Inclusão e Permanência – CIP, com destaque às ações vinculadas ao Programa UFGInclui
A CIP desenvolve ações voltadas – especificamente – para o acompanhamento pedagógico dos estudantes da UFG e, particularmente, de estudantes em situação de vulnerabilidade, como os alunos do Programa UFGInclui. Para tanto, planeja, estrutura e elabora ações que vão desde a proposição de monitorias, à oferta de núcleo livres – em parceria com as unidades acadêmicas. A CIP é uma coordenação que tem por finalidade principal apoiar os estudantes, para que eles possam superar suas dificuldades relacionadas à aprendizagem. E também atua em contato direto e contínuo com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), Coordenação de Cursos, Coordenação de Ações Afirmativas (CAAF). Durante a pandemia a CIP:
- participou do GT TDIC na UFG;
- participou da construção dos instrumentos de mapeamento das condições de acesso e uso das tecnologias pelos estudantes do programa UFGInclui;
- participou no Planejamento Pedagógico do ICB para discutir a situação dos alunos do Programa UFGInclui e dos alunos em situação de vulnerabilidade na UFG;
- reuniu com o colegiado do Pronera e os alunos – foi realizada uma assembleia para diagnosticar a realidade desses cursos;
- participou no I Seminário do Pronera;
- promoveu e promove rodas de conversa com os estudantes indígenas com os objetivos de diagnosticar suas demandas e acompanhar suas necessidades educacionais;
- participou nas lives de formação de professores da UFG e dos estudantes nos meses de agosto e setembro;
- planeja, com a PRAE, o envio dos materiais e equipamentos para os alunos do programa UFGInclui;
- participa do GT Avaliação ERE UFG - atualmente está no desenvolvimento da pesquisa para avaliar o processo de ensino e aprendizagem durante a pandemia;
- acompanha os Núcleos Livres (NL) à distância do Português e da Matemática básicos, para alunos com dificuldades nessas áreas do conhecimento;
- discute as ferramentas do sistema a ser implementado e utilizado pela PRAE e pela CIP, junto a equipe do Centro de Recursos Computacionais (Cercomp).
Neste período de pandemia, a CIP auxiliou a PRAE quando alguns alunos indígenas decidiram pelo retorno às suas aldeias. Além disso, foi mantida a comunicação com estudantes a respeito das informações referentes às condições de acesso à internet nas aldeias, para que a PRAE pudesse trabalhar nas melhores opções de modo que esse acesso permanecesse.
A CIP também atuou:
- junto à PRAE na divulgação dos editais para a aquisição dos recursos necessários para o desenvolvimento do ERE;
- junto aos alunos na divulgação desses editais;
- na realização de levantamento dos dados referentes a localização e CEPs dos alunos do Programa UFGInclui, para subsidiar a entrega dos chips do governo federal;
- na elaboração do e-book, para orientações pedagógicas para o ERE na UFG;
- na elaboração de materiais de divulgação sobre a pandemia em parceria com o Núcleo Takinahaky de educação intercultural.
5.2 Dados e análise sobre aspectos pedagógicos voltados ao público da educação especial: estudantes com deficiências
As atividades desenvolvidas pela equipe do Núcleo de Acessibilidade (NA) da Universidade Federal de Goiás, no ano civil e letivo de 2020, encontram-se em andamento. Por isso, os dados quantitativos são parciais e deverão ser atualizados posteriormente.
Ao longo desse período, tivemos um acréscimo de duas pessoas, estando a equipe constituída por: diretora; uma assistente em administração (atual coordenadora administrativa); uma técnica em assuntos educacionais (atual coordenadora pedagógica); duas pedagogas; uma psicopedagoga; dois técnicos em tecnologia assistiva; dezesseis assistentes pedagógicos.
As atividades da equipe foram iniciadas com o processo de matrícula SISU 2020 e a primeira semana de aulas. A partir da suspensão do calendário acadêmico, a equipe do Núcleo de Acessibilidade desenvolveu um processo intenso de estruturação do trabalho a partir de estudos, pesquisas, buscas de experiências e discussões em equipe, tendo como público alvo, dessa ação, os 327 estudantes da Regional Goiânia que declararam deficiência, seus docentes e corpo técnico das respectivas unidades. O objetivo foi estruturar todos os atendimentos e atividades para o formato remoto e foi mantido o diálogo com os estudantes, seguindo uma atuação em duas linhas:
5.2.1 Ações diretas para estudantes
- Atendimento psicopedagógico, acompanhamento em situações de crise e manutenção do vínculo, via comunicação com estudantes com deficiência por whatsapp, telefone, e-mail e meet.
- Realização de reunião virtual com estudantes com deficiência para apresentação do trabalho em formato remoto.
- Projeto piloto de acompanhamento remoto de um estudante com deficiência intelectual, participando de projeto de extensão on-line.
5.2.2 Ações preparatórias para atendimento remoto
- Revisão e atualização dos sistemas institucionais dos registros de atendimentos realizados.
- Construção e implementação de um sistema próprio de registro de atividades que gera relatórios de frequência e gráficos de atividades dos bolsistas.
- Desenvolvimento de estudo técnico sobre atividades acadêmicas a distância no contexto das pessoas com deficiência.
- Desenvolvimento de estudos técnicos sobre ferramentas para a melhoria no desempenho do trabalho.
- Desenvolvimento de estudo técnico para a organização do trabalho de apoio pedagógico, a partir do retorno das atividades acadêmicas para os estudantes.
- Desenvolvimento de ações de pesquisa, a partir de demandas relacionadas ao trabalho cotidiano - atendimento ao público e necessidades específicas de estudantes com deficiência.
5.3 Fluxo de trabalho
O atendimento do NA foi organizado, totalmente on-line, nas seguintes modalidades:
a) atendimento especializado (psicológico com foco nos processos de aprendizagem; psicopedagógico; pedagógico; letramento digital) e;
b) apoio com assistente pedagógico.
Os assistentes pedagógicos atuaram em dois momentos:
a) acompanhamento (estar on-line com estudante na aula síncrona) e;
b) atendimento (estar on-line com estudante para orientação de estudo e desenvolvimento de atividades síncronas, preferencialmente no mesmo turno do curso para incentivar a rotina regular de estudo).
Os assistentes pedagógicos têm a função de apoiar o estudante na construção da autonomia, ou seja, mostrar caminhos e ensinar a usar as ferramentas acadêmicas e institucionais. Nesse sentido, o assistente não realiza ações pelo estudante, como acessar a plataforma, o sistema e o e-mail, com usuário e senha discente; não realiza atividade pelo estudante; nem explica o conteúdo.
O atendimento do NA se inicia com a solicitação do estudante ou coordenador de curso, feita pelo Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA). O NA convida o estudante para avaliação pedagógica pela equipe. E a estratégia de acompanhamento é definida durante o estudo de caso, realizado pela equipe multiprofissional do NA. Também contribuem nos estudos de casos os assistentes pedagógicos, estudantes de graduação, que fazem acompanhamento e atendimento a estudantes.
O estudo de caso é subsidiado pela escuta do estudante e de sua família, quando necessário, em atendimento individualizado; leitura de laudos e documentos que nos apresentem o histórico de desenvolvimento e aprendizagem do estudante; bem como informações sobre o curso e as disciplinas que serão cursadas no semestre. A partir desse arcabouço, buscamos identificar barreiras relacionadas à deficiência que o estudante possa enfrentar e as estratégias que utilizaremos para eliminá-las, sempre que possível, ou minimizá-las. A primeira etapa do estudo de caso acontece na forma de um diagnóstico pedagógico inicial que chamamos de triagem.
A triagem é realizada, inicialmente, por três atendimentos individuais (psicopedagógico, psicoeducacional e letramento digital), seguidos por uma discussão pela equipe técnica a partir de todos os dados coletados. Após a avaliação e discussões de cada caso pela equipe, é definido o início do processo de acompanhamento e as intervenções iniciais que podem se dar pela orientação dos docentes do curso, atendimento especializado pelo núcleo de acessibilidade e outros serviços realizados por órgãos da UFG, conforme a necessidade do estudante naquele momento. Quando percebemos a necessidade de um acompanhamento contínuo, essa avaliação é, também, contínua e as estratégias revistas e ajustadas, conforme os resultados alcançados. Foi realizada, durante o período pandêmico, a triagem de 40 estudantes e 110 permanecem em acompanhamento contínuo pelo NA.
Todo trabalho tem como escopo precípuo a autonomia do estudante em seu processo acadêmico, entendendo que isso se refletirá na condução da sua vida como um todo, incluindo sua futura atuação profissional.
5.4 Dados quantitativos de atendimentos agendados até 14 de maio de 2021
De 2020 à primeira quinzena de 2021 foram realizados:
- 22 atendimentos psicopedagógicos;
- 116 atendimentos pedagógicos;
- 223 atendimentos psicoeducacionais;
- 144 atendimentos de letramento digital e;
- atendimentos de assistência pedagógica.
Para cada atendimento agendado, houve, no mínimo: um contato por telefone ou hangout pré-agendando; um e-mail de convite; um contato telefônico e/ou hangout quando não houve confirmação por e-mail.
5.5 Dados quantitativos de comunicação e atendimento ao público
Entre mensagens de e-mail, grupos de comunicação da equipe e atendimentos ao público por telefone, e-mail, conversas em chat e videoconferências, foram prestados os seguintes atendimentos:
- mensagens no grupo de e-mail institucional, criado em junho de 2019: até 06 de abril de 2021, recebemos 2.930 mensagens, sendo que 1869 (63,79%) foram a partir de julho de 2020;
- nos grupos de comunicação da equipe são enviadas em média 1000 mensagens por semana;
- realizamos atendimentos ao público por telefone, e-mail, hangout, meet;
- são geradas dezenas de páginas nos diários de atendimentos e memórias de reuniões.
5.6 Ações de formação e divulgação científica
a) Formação docente e orientação pedagógica
A formação docente se dá por meio de encontros de capacitação, bem como atendimento individualizado e em grupo.
Foram realizadas Oficinas de Acessibilidade Tecnológica para a Universidade Federal de Goiás (UFG), bem como para a Universidade Federal de Jataí (UFJ) e a Universidade Federal de Catalão (UFCat), dentro do Programa Integrado de Formação: diálogos sobre ensino e aprendizagem remota emergencial para o Ensino Remoto, da Prograd.
b) Pesquisa
Ao longo do período de suspensão das atividades de ensino, a equipe dedicou-se ao desenvolvimento de ações de pesquisa, nas quais assistentes pedagógicos, individualmente ou em grupo, foram protagonistas, com a orientação de membros da equipe técnica e gestora do NA. Os trabalhos tiveram as seguintes temáticas, despertadas a partir dos desafios cotidianos no acompanhamento de estudantes com deficiência:
Aspecto afetivo no acompanhamento pedagógico de estudante com deficiência intelectual. |
Aspecto metodológico no acompanhamento pedagógico de estudante com deficiência intelectual. |
Acompanhamento em sala de estudante cego. |
Adaptação de material didático da área de exatas para estudante cego. |
Audiodescrição como ferramenta no acompanhamento de estudantes cego. |
A Invisibilidade da sexualidade das pessoas com deficiência. |
Estudo sobre processo de compra de roupa por pessoas com deficiência visual na perspectiva do design de moda, da psicologia e da tecnologia assistiva. |
Oferta de alimentos nas cantinas e restaurantes da UFG com foco na pessoa com disfagia. |
O site do Núcleo de Acessibilidade como espaço acessível de publicização das informações institucionais sobre a implantação da Política de Acessibilidade da UFG - história, números e ações. |
Os limites da pessoa com paralisia cerebral não aparente. |
c) Divulgação científica e diálogo com a comunidade
Apresentação dos resultados das pesquisas em andamento:
- Reunião aberta da equipe pedagógica do Núcleo de Acessibilidade/ Junho 2020.
- Setembro Verde - Seminário do Núcleo de Acessibilidade/ Setembro.
- Sessão Temática no XII Conpeex/ Outubro.
d) Eventos realizados
- Reunião aberta da equipe pedagógica do Núcleo de Acessibilidade/ Junho 2020.
- Seminário do Núcleo de Acessibilidade/ Setembro 2020.
- Co-realização de evento: Seminário Nacional em parceria com a UFRN.
- Oficina para estudantes como preparação para o ensino remoto.
- Entrevistas: rádio e TV UFG - Matrícula, Espaço das Profissões, Campanha Setembro Verde, Campanha combate ao Capacitismo.
e) Publicações
Livro no prelo: Acessibilidade e Inclusão no ensino superior: reflexões e ações em universidades brasileiras;
Capítulo de e-book: Política de Acessibilidade na Universidade Federal de Goiás: da criação do documento à efetivação de ações.
Capítulo de e-book: Diretrizes didático-pedagógicas para a organização do ensino remoto na UFG.
f) Interação com outras instituições
- Participação no Fórum Nacional de Coordenadores de Núcleos de Acessibilidade de Instituições Públicas de Ensino Superior.
- Consultoria e Orientação para instituições: Universidade Federal de Catalão, Universidade Federal de Jataí, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM; Faculdade IBC.
- Intercâmbio com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o Instituto Federal de Goiás, o Instituto Federal Goiano e a Universidade Estadual de Goiás.
5.7 Processos seletivos
a) Banca de Verificação da Condição de Deficiência
Coordenação e composição de banca examinadora nos processos de ingresso de estudantes para os cursos de graduação presenciais e a distância da UFG.
b) Seleção de membros da equipe
Foram realizados cinco processos seletivos, com entrevista individual de candidatos por banca, para seleção de membros da equipe nas funções de: psicóloga, pedagoga, técnico em tecnologia assistiva e assistente pedagógico.
5.8 Investimento em equipamentos e infraestrutura
a) Projeto de sede
Colaboração e acompanhamento do projeto de construção de uma sede que compreenderá o apoio estudantil nas ações afirmativas: CAAF, CIP e Núcleo de Acessibilidade.
b) Recurso financeiro
Recurso 2020 - valor total R$114.491,00; valor custeio R$59.381,69 e valor capital R$55.109,31.
Equipamentos adquiridos em 2020:
- 2 caixas de formulário contínuo com 1.500 folhas cada.
- 2 teclados ampliados Braille.
- 6 lupas eletrônicas.
- 2 notebooks.
- 3 telefones sem fio.
Também foram solicitados tonners para as duas impressoras e 1 nobreak. As compras não foram finalizadas porque, em relação aos tonners, o pregão ficou pronto em 2020, mas a compra foi revogada porque não eram os tonners solicitados e a do nobreak o pregão finalizou agora em 2021 e até o presente momento não temos recurso.
5.9 Ações pedagógicas desenvolvidas na Educação Básica
No presente documento, constam algumas ações com foco na educação básica. Algumas delas elaboradas pela Prograd em parceria com servidores do Cepae, em programas de formação, comissões e GTs constituídos pela Prograd.
Considerando as especificidades e nuances do trabalho, no contexto da educação básica, a Prograd recomenda relatório próprio, relativo ao ano civil e letivo de 2020, a ser elaborado pela equipe do Cepae, em momento oportuno.
Entretanto, salientamos que planos de ensino e atividades pedagógicas desenvolvidos pela equipe docente do Cepae estão publicizados no endereço eletrônico https://www.cepae.ufg.br/.