Apresentação

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Este livro, na forma de coletânea, configura-se como uma forma de situar os leitores nas mais atuais discussões referentes a pesquisas e práticas na área da Educação Matemática, no estado de Goiás. Trata-se de um recorte do que se faz hoje na área da Educação Matemática, sem a intenção de compilar ou representar todo o estado ou a àrea, mas com a proposta de mostrar uma importante ligação entre o que se faz, o que se pesquisa e as linhas de pesquisa que se evidenciam neste compêndio, representando um ponto de vista do que está sendo trabalhado nos programas de pós-graduação e de graduação em nosso estado, relacionados ao campo da Educação Matemática.

Os educadores e educadoras que apresentam aqui suas contribuições em formato de capítulos são professores e pesquisadores atuantes nos cursos de educação e de matemática em instituições educacionais do estado de Goiás. Assim, partindo de suas práticas de ensino e de pesquisa, compartilham conosco experiências bastante profícuas que possibilitarão ao leitor uma mostra significativa para pensar as questões que permeiam a prática de ensino e de aprendizagem de matemática e a formação de professores.

Entre relatos de experiências e de pesquisas, os capítulos foram elencados de modo a oferecer leituras sobre temas que estão correlacionados de acordo com suas abordagens. Desse modo, em um total de 15 capítulos, os três primeiros abordam questões referentes à formação de professores de matemática, com destaque para o Estágio Supervisionado dos cursos de licenciatura. Os capítulos restantes abordam questões referentes a metodologias diversas de ensino da matemática, seja por meio de estudos teóricos e de revisão, seja por relatos de experiências e pesquisas ligadas às práticas de sala de aula. 

Os capítulos de 4 até o 10, abordam questões tais como a resolução de problemas, a investigação matemática em sala de aula, a modelagem matemática, a transdisciplinaridade, entre outros. Em seguida, os capítulos 11, 12 e 13 apresentam experiências e pesquisas sobre o uso de tecnologias no ensino de matemática, especialmente, o software Geogebra e o Scratch. Por fim, os dois capítulos finais, 14 e 15, abordam a relação entre a leitura, a linguagem artística e o ensino de matemática e, desse modo, encerram poeticamente o presente livro. 

Apesar dessa estratégia de organização do livro, é importante dizer que é sempre difícil classificar e agrupar textos dessa natureza, pois o enquadramento por vezes torna-se superficial, sobretudo quando passamos à leitura detalhada de cada capítulo e vislumbramos suas riquezas singulares. Por isso, é importante apresentar mais detidamente cada capítulo, como se verá a seguir. 

Iniciando o livro, com o título A matemática na Educação Básica: visão de professores e estudantes do ensino médio acerca de sua abordagem em sala de aula, os autores Alyson Fernandes de Oliveira e Dalva Eterna Gonçalves Rosa nos trazem um recorte da pesquisa de mestrado do primeiro autor, no qual apresentam a visão de professores e alunos a respeito de como a Matemática vem sendo trabalhada no Ensino Médio, na escola pública, caracterizando uma contribuição acadêmica significativa para a reflexão dos professores que atuam neste segmento de ensino.

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O capítulo 2, intitulado Relato de experiência: Estágio Supervisionado I em regime de aulas remotas, é outro tema que contempla a formação de professores, fazendo referência ao desenvolvimento da disciplina de estágio em regime de aulas remotas, mostrando o desenvolvimento das atividades propostas em uma análise qualitativa do que foi realizado pelos estudantes em situação de isolamento social. Trata-se da contribuição da professora Vanda Domingos Vieira, autora do capítulo.

Nessa sequência sobre a primeira temática do livro, formação de professores de matemática, encontra-se ainda o capítulo 3, Para além da transmissão de informações: um ambiente propício à produção de conhecimentos sobre frações, de autoria dos professores Roberta Mendonça Resende e Luciano Feliciano de Lima. Os autores apresentam uma reflexão a respeito de como possibilitar um ambiente de aprendizagem para contribuir, com maior participação dos alunos, na produção de conhecimentos de frações baseados em uma experiência que privilegiasse diálogo e reflexões no trabalho do professor e alunos, a fim de promover uma educação matemática humanizada.

Acerca do processo de ensino e de aprendizagem de matemática, iniciando a segunda temática do livro, temos o capítulo 4, intitulado Maneiras de avançar o pensamento matemático na educação básica com respaldo das neurociências, de autoria da professora Karly Barbosa Alvarenga. Nesse capítulo, em forma de ensaio, a autora discorre sobre características cognitivas, baseando-se em Neurociências Cognitivas, e sobre como seu estudo permite avançar o pensamento matemático, em especial no Ensino Médio.

Tratando de uma experiência de ensino, o capítulo seguinte, de autoria de Karina Alves Bomtempo e Wellington Lima Cedro, intitulado Algumas ideias da Modelagem Matemática em uma experiência de ensino de matrizes, analisa a utilização de situações problemas e a interpretação da matemática no desenvolvimento e modificação da aprendizagem matemática nos ambientes escolares.

Como proposta para tratar do letramento matemático de aluno com autismo, o capítulo 6, O desenvolvimento da percepção matemática no processo de alfabetização do aluno autista, propõe-se a discutir alguns aportes teóricos em busca de contribuir para o entendimento do processo de ensino na educação matemática inclusiva. Com esse capítulo, os autores Lorena Rosa Silva e Elisabeth Cristina de Faria procuram contribuir com elementos para a construção de um ensino de matemática para todos.

Baseando-se na investigação matemática em sala de aula e na resolução de problemas, o capítulo 7, intitulado Compreensão do conceito de números pares e ímpares: uma vivência teórico-prática, de autoria de Míriam do Rocio Guadagnini, relata a experiência realizada com os alunos em atividades para a compreensão do conceito de números pares e ímpares, nos anos iniciais do ensino fundamental.

Em sequência, continuando com a abordagem de ensino e de aprendizagem de matemática, os autores Uyara Soares Cavalcanti Teixeira, Ricardo Antonio Gonçalves Teixeira e Anny Jackeline Rodrigues da Silva, com seu capítulo intitulado Educação Matemática na escola: transdisciplinaridade em uma proposta de educação estatística, apresentam um trabalho de pesquisa realizado com alunos de ensino médio em uma abordagem transdisciplinar baseado no diálogo e no trabalho coletivo como ato político, no exercício da construção da autonomia, evidenciando a educação estatística enquanto movimento educacional.

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Já o capítulo 9, Restaurantes, garçons, mesas e lugares disponíveis: um prato cheio para a investigação matemática em sala de aula, relata um trabalho colaborativo entre os professores e autores Renato Sardinha e Luciana Parente Rocha, no qual compartilham com o leitor os desafios, as satisfações e as experiências da atividade de investigação matemática realizada com os seus alunos de um 5o ano do Ensino Fundamental.

De alvéolo em alvéolo: construções algébricas e cooperação investigativa na sala de aula de Educação Matemática é o título do capítulo 10 do presente livro, de autoria de Sergio Muryllo Ferreira e Marcos Antonio Gonçalves Júnior. Os autores relatam as particularidades de um trabalho investigativo em aulas de matemática, em um 7o ano do Ensino Fundamental, apresentado por meio de narrativas, indicativas do percurso metodológico da pesquisa da qual o relato é fruto. É um trabalho poético desvelando a prática docente do professor de matemática.

Iniciando agora os capítulos que abordam o uso de tecnologias em sala de aula,  o capítulo 11, O ensino e aprendizagem de elipse utilizando o Geogebra, apresenta um relato de experiência sobre um curso realizado com professores de matemática. As autoras Juliane da Cruz Oliveira, Kelen Michela Silva Alves e Moema Gomes Moraes apresentam uma proposta de curso em que os conceitos relacionados à elipse foram construídos por meio de estratégias didáticas, usando um software de geometria dinâmica, o Geogebra. Ainda, analisam os relatos dos participantes e as possibilidades de diálogo no processo de mediação pedagógica mediante o uso de recurso tecnológico.

Os resultados de uma pesquisa desenvolvida com a proposta de que estudantes elaborassem jogos com recursos de programação, enquanto aprendiam matemática, são apresentados no capítulo 12, O ensino de matemática na criação de jogos digitais no Scratch, de autoria das professoras Marília Rampanelli, Gene Maria Vieira Lyra-Silva e Maria de Fátima Teixeira Barreto. As autoras analisam o potencial do software Scratch e como é possível aprender matemática na programação de jogos digitais, possibilitando um ensino mais dinâmico, com construções significativas durante o aprendizado dos estudantes.

O capítulo seguinte, O software Geogebra como recurso no processo de ensino e aprendizagem do teorema de Pitágoras: um estudo exploratório das produções brasileiras de 2001 a 2018, é um mapeamento sobre o tema, escrito por Juliana Martins Pires e Janice Pereira Lopes, que serve como base de dados para novas pesquisas e estudos envolvendo o Geogebra e suas relações com o ensino de geometria plana e com a aprendizagem matemática.

Finalizando o livro com os capítulos que abordam a relação entre a leitura, a linguagem artística e o ensino de matemática, no capítulo 14, A leitura, interpretação e produção de textos como recursos didáticos no ensino da matemática, as autoras Ana Karine Moreira da Silva e Brunna Brito Passarinho e relatam uma experiência de sala de aula cujo objetivo foi promover o ensino de Matemática utilizando a leitura, interpretação e escrita de textos como recursos didáticos. A intervenção pedagógica foi desenvolvida em uma turma do 3º ano do Ensino Médio e o capítulo envolve temas tão relevantes quanto a leitura e a linguagem matemática no processo de ensino.

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No capítulo 15, Fanzine pedagógico: uma estratégia para o ensino de geometria na educação básica, os autores Joana Darc de Sousa e Marcos Antonio Gonçalves Júnior apresentam o resultado de pesquisa que teve como proposta pedagógica a realização de um trabalho interdisciplinar entre Arte e Matemática para o ensino dos conceitos de ângulos, polígonos e formas geométricas para alunos do 6o ano do ensino fundamental.

Essa quinzena de capítulos mostra como o ensino e a aprendizagem da matemática é um região de inquérito inesgotável, que se renova a cada instante, diante dos desafios que as comunidades escolares e a sociedade em geral apresentam. Ainda, também a formação de professores de matemática se mostra como um tema bastante presente nos programas de pós-graduação e nos cursos de licenciatura em matemática do estado. 

Por fim, gostaríamos de agradecer a todos aqueles que aceitaram estar conosco nesta jornada, compartilhando suas experiências e contribuindo para que possamos pensar as práticas de ensino da matemática na perspectiva da formação inicial e continuada de professores, bem como nas abordagens e relatos de experiências que contribuem para reflexões acerca do que vem sendo pensado e pesquisado na área da Educação Matemática em nosso meio.

De modo particular, agradecemos ao Programa de Pós-Graduação em Ensino da Educação Básica do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da UFG pelo valoroso incentivo acadêmico e financeiro para viabilizar a realização deste livro, além de nos dar a oportunidade de elevar o trabalho que realizamos no programa com a parceria dos nossos pós-graduandos possibilitando este espaço formativo de construção intelectual.

Beth, Marquinhos e Moema
janeiro de 2021