3. Organização do Trabalho Educativo
A organização do trabalho educativo deve articular uma formação humanística com o desenvolvimento científico e tecnológico, com vistas a contribuir para o exercício profissional e a formação cidadã e humana. Para tanto, busca construir um espaço formativo no qual as questões éticas e políticas não sejam tratadas como puramente técnicas, contribuindo para a transformação da sociedade e do próprio indivíduo.
Na Resolução CEPEC/UFG n. 1541, em seu art. 1º, inciso V, a UFG possui como um dos seus princípios para a formação de professores(as) da educação básica, a “integração entre teoria e prática ao longo de todo o curso”. Assim, práticas, processos e dinâmicas pedagógicas inovadoras de inclusão e permanência devem conceber a formação prática, nos cursos de licenciatura, associada aos conhecimentos teóricos de cada área, contemplando a unidade teoria-prática. Didaticamente, a teoria e a prática se vinculam simbioticamente à consciência humana, ao seu poder criador, transformador, bem como à atividade humana produtiva e político social.
Ressalta-se, ainda, que a política de formação de professores(as) na UFG busca o “desenvolvimento de atitudes éticas, democráticas e críticas perante a realidade educacional, econômica, socioambiental, cultural e política” (art. 1º, inciso VIII, CEPEC/UFG n. 1541).
3.1 Formação Inicial e Continuada: princípios e objetivos da formação de profissionais da educação
Considerando as concepções expressas sobre formação de professores(as) e as políticas de formação continuada de professores(as) na UFG, elas dar-se-ão nas seguintes frentes institucionais:
- Graduação - No desenvolvimento da formação inicial de professores(as), para além dos componentes curriculares, a universidade desenvolve atividades de extensão que se articulam com as instituições educativas e/ou com as redes de ensino (palestras, minicursos, oficinas, experimentos etc). Especificamente, há uma atividade curricular imprescindível à formação inicial e que depende da estrutura e funcionamento da instituição educativa: os Estágios Curriculares. Essa atividade, além de formar o(a) futuro(a) professor(a), tendo a instituição educativa e o sistema de ensino como referências, poderá também formar o(a) professor(a) que supervisiona essa ação, com o pressuposto da interação entre os conhecimentos escolares e os conhecimentos acadêmicos. Ocorre, nesse contexto, um processo de conversas, diálogos e práticas entre os sujeitos envolvidos no estágio, promovendo reflexão, estudo, elaboração e experimentação de propostas, consolidando-se num conjunto de modos de pensar e de agir na atuação profissional.
- Pós-Graduação - Uma diversidade de cursos lato sensu e programas de pós-graduação (PPG) stricto sensu na UFG cumprem esse papel de formação continuada de professores(as). No caso dos PPGs stricto sensu, especialmente naqueles que possuem área de concentração e/ou linhas de pesquisa no campo educacional. Em relação à pós-graduação lato sensu, os cursos voltados à formação de professores devem destinar 60 horas da carga horária total a disciplinas de conteúdo didático-pedagógico (Resolução CEPEC n° 1630/2019). Essa dimensão da formação continuada de professores(as) pode contribuir com o desenvolvimento de políticas no estado de Goiás voltadas, a exemplo, ao atendimento das metas 17, 18 e 19 do Plano Estadual de Educação (2015-2025).
- Pesquisa - Inúmeros projetos de pesquisa no âmbito educacional tomam a instituição educativa como objeto. Para dar condição de desenvolvimento dessa atividade formativa dos(as) professores(as), contribuem significativamente metodologias do tipo: pesquisa-ação, pesquisa-ação crítico colaborativa, pesquisa participante, dentre outras.
- Extensão - Inúmeras ações de integração da extensão ao currículo irão contribuir com as dinâmicas formativas dos(as) licenciandos(as), em consonância à Resolução CNE/CES n. 7, de 18 de dezembro de 2018 e à Resolução CEPEC/UFG n. 1699, de 22 de outubro de 2021.
- Programas - Há diversos programas na Universidade que expressam esse caráter integrador da formação inicial e continuada dos(das) professores(as), entre eles destacam-se: PROLICEN, PIBID e RP. Dentre os diversos objetivos desses programas, vale destacar que eles se desenvolvem, com características bem articuladas às políticas de formação da UFG, apontando críticas e avaliações a cada versão desses programas. Constituem-se, dessa forma, em ações formativas capazes de proporcionar a formação inicial e continuada de professores(as), a partir de um olhar investigativo sobre a prática docente e sobre as experiências e ações vividas no contexto das escolas parceiras. Com isso, incentivam as reflexões teórico-práticas que proporcionam o desenvolvimento profissional, a partir de diversas demandas que permeiam o contexto escolar e a prática pedagógica da área de atuação.
3.2 Estrutura da Formação Inicial e Continuada de Profissionais da Educação da UFG
3.2.1 Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD)
A Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) é um órgão integrante da administração central da UFG e tem como atribuições supervisionar e coordenar as atividades de ensino da graduação, no âmbito das Unidades Acadêmicas e Unidades Acadêmicas Especiais, promovendo as condições necessárias à consecução dos objetivos da UFG nessa área.
A estrutura da PROGRAD/UFG é composta por quatro diretorias e um órgão administrativo:
- Diretoria de Acompanhamento e Promoção Estudantil (DAPE) - é responsável pela gestão, acompanhamento e normatização dos programas acadêmicos da UFG, são eles: estágios, PET, mobilidade acadêmica, intercâmbios, PROLICEN, PIBID, PARFOR, PROMOVER e RP.
- Diretoria de Gestão Curricular (DGC) - é responsável por orientar e acompanhar os Projetos Pedagógicos dos Cursos de graduação, incluindo cadastro e manutenção dos currículos, bem como auxiliar os cursos nas avaliações externas à UFG, como como Enade e avaliação in loco. É a gestora do SIGAA/Módulo Graduação e das funcionalidades específicas da graduação nos Portais Discente, Docente e Coordenação de Graduação. Cabe ainda à DGC orientar sobre normativas acadêmicas e questões inerentes à graduação, sendo encarregada também de cuidar de dados acadêmicos da graduação.
- Diretoria de Acompanhamento e Desenvolvimento da Docência (DADD) - tem o objetivo de desenvolver ações que valorizem e promovam a docência na UFG vinculadas aos programas e projetos da PROGRAD/UFG (projetos de ensino com e sem monitoria, tutoria, PRÓ-UNIDADES), em articulação com as demais diretorias da PROGRAD/UFG, órgãos e pró-reitorias da UFG. Diretoria de Desenvolvimento do Ensino (DDE) - tem o objetivo de desenvolver ações que integrem e articulem o ensino na UFG entre os níveis de formação (educação básica, graduação e pós-graduação), pesquisa e extensão.
- Centro de Gestão Acadêmica (CGA) - é um órgão administrativo vinculado à PROGRAD/UFG. Atua nas discussões acerca do ensino na UFG e tem por objetivos: a) gerir os processos para ingresso de estudantes nos cursos de graduação; b) organizar, classificar, fazer guarda e preservar os dossiês acadêmicos de estudantes dos cursos de graduação; c) acompanhar, após ingresso, a fase acadêmica de estudantes até a colação de grau; d) expedir e registrar os diplomas dos cursos de graduação e pós-graduação da UFG; e) registrar os diplomas emitidos por Instituições de Ensino Superior não Universitárias, na forma de prestação de serviços; f) registrar diplomas de graduação revalidados e títulos de pós-graduação reconhecidos (mestrado e doutorado), emitidos por Instituições de Ensino Superior do Exterior; g) assessorar a gestão da UFG no cumprimento da política de graduação; h) atender, informar e orientar a comunidade universitária e não universitária, no âmbito de sua competência e nas atribuições que lhe forem delegadas.
3.2.2 Programas e projetos
Em busca de maior qualidade para o desenvolvimento da formação docente e dos demais profissionais da educação na UFG, em suas unidades acadêmicas e no CEPAE, vários programas e projetos são e poderão ser implementados, sendo a maioria com bolsas e vagas voluntárias, o que contribui para a permanência discente no seu curso, devido tanto às questões financeiras quanto motivacionais. Entre os programas e projetos supracitados já implementados, destacamos:
- Programa de Bolsas de Licenciatura (PROLICEN) - com a implementação de bolsas de iniciação científica para estudantes das licenciaturas, tendo os mesmos cuidados, cronograma e valoração em relação aos demais programas de iniciação científica (PIBIC e PIBITI) da UFG.
- Programa de Iniciação à Pesquisa Científica, Tecnológica e em Inovação, que visa proporcionar aos(às) estudantes de graduação, do ensino médio e fundamental, iniciar a participação de projetos de pesquisa em diferentes áreas do conhecimento. Ele pode ser organizado em três modalidades:
- Iniciação Científica (IC) - destinado aos(às) estudantes de graduação para o desenvolvimento de pesquisa científica em qualquer área do conhecimento.
- Iniciação Científica Júnior (ICJ) - destinado aos(às) estudantes da educação básica para o desenvolvimento de pesquisa científica em qualquer área do conhecimento.
- Iniciação Tecnológica (IT) - destinado aos(às) estudantes de graduação para o desenvolvimento de pesquisa tecnológica em qualquer área do conhecimento.
- Projeto de Ensino - previsto pela Resolução CEPEC/UFG n° 1692/2021, corresponde a um conjunto de ações de apoio pedagógico destinado ao desenvolvimento dos(as) estudantes da UFG em diferentes possibilidades de intervenção docente com possibilidade de vínculo ao programa de monitoria e ao programa de tutoria.
- Programa de Monitoria - previsto pela Resolução CEPEC/UFG n. 1693/2021, permite a participação por duas modalidades: monitoria com bolsa e voluntária. Nas duas condições, permite-se aos(às) estudantes de graduação ampliar a participação em atividades referentes ao ensino e à aprendizagem na universidade. Ao ser monitor(a) de determinado componente curricular, o(a) estudante tem a possibilidade de aprofundar seus conhecimentos teóricos e práticos ao mesmo tempo em que contribui para a sua permanência no curso.
- Programa de Tutoria - previsto pela Resolução CEPEC/UFG n° 1697/2021, tem o propósito de contribuir com a integração do(a) estudante ao ambiente universitário e acadêmico. Para isto, os(as) tutores(as) promoverão ações que facilitem o conhecimento e integração dos(as) discentes às diferentes atividades e projetos oferecidos na UFG, contribuindo no processo de ensino e aprendizagem, na definição do plano de estudos e nas atividades que complementam o desenvolvimento acadêmico e pessoal.
- UFGInclui - Programa de ações afirmativas que busca democratizar o acesso, a permanência e o acompanhamento de estudantes oriundos de grupos historicamente excluídos (egressos(as) da escola pública, indígenas, negros(as) e quilombolas) do acesso à universidade.
- Programas vinculados ao governo - programas do Governo Federal em regime de colaboração com as instituições de ensino superior e secretarias de educação dos estados e municípios, definidos por edital, aos quais a universidade pode aderir:
- Programa de Educação Tutorial (PET) - Programa de Educação Tutorial (PET) - visa desenvolver e apoiar atividades acadêmicas que integram ensino, pesquisa e extensão, preferencialmente de forma indissociável. Esse programa é constituído por grupos compostos por um(a) docente tutor(a) e 12 estudantes bolsistas, criados por meio de aprovação por edital específico do MEC e vinculados à Secretaria de Ensino Superior. Atualmente, a UFG possui quatro grupos PET presentes em cursos de licenciatura, sendo eles, PET Ciências Biológicas, PET Geografia, PET Matemática e PET Licenciatura Intercultural, totalizando 44% dos grupos da universidade.
- Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) - a UFG participa do PIBID desde 2008. O Programa visa contribuir com os cursos de licenciatura e docentes da educação básica, ampliando as oportunidades do exercício de atividades pedagógicas pelos licenciandos em escolas públicas e no CEPAE, por meio de ações planejadas coletivamente. A Instrução Normativa n. 02/2022, da Câmara de Graduação da UFG, determina que as atividades desenvolvidas no PIBID podem ser aproveitadas apenas enquanto atividade complementar;
- Residência Pedagógica (RP) - desde 2018, a UFG participa da RP. O programa busca ampliar e contribuir com a relação entre a IES e as instituições educativas de educação básica nos processos de formação docente inicial e continuada, com o desenvolvimento de projetos colaborativos. A Instrução Normativa n. 02/2022, da Câmara de Graduação da UFG, determina que as atividades desenvolvidas na RP podem ser aproveitadas apenas enquanto atividade complementar;
- PARFOR - a UFG participa do PARFOR desde 2010. O programa visa contribuir com a formação inicial dos professores em serviço, na rede pública de educação básica, por meio da oferta de cursos de licenciatura correspondentes à área em que atuam.
Todos esses programas e projetos buscam contribuir com uma formação mais ampla dos(as) profissionais da educação envolvidos(as).
3.2.3 Fórum de Licenciatura
O Fórum de Licenciatura da UFG se constituiu como importante espaço de discussões das demandas, das possibilidades e desafios da instituição no âmbito da formação de professores(as) e dos dilemas da educação básica, diante das peculiaridades de cada uma de suas unidades acadêmicas e da complexidade dos diferentes contextos político-econômicos e sociais que se apresentam, em âmbito nacional, regional e municipal.
No PDI 2018-2022 da UFG, fica demarcado o planejamento estratégico para os anos de 2018 e 2019 de “Consolidar o Fórum de Licenciaturas da UFG, em suas diversas Regionais”. Para tanto, é necessário implementar ações articuladas à PROGRAD e demais instâncias colegiadas da UFG de: 1. elaborar e executar a implantação de estruturas curriculares mais robustas a cada tempo histórico; 2. realizar discussões políticas mais amplas e de estudos sistematizados, na análise da situação dos cursos de formação docente nessas instituições e das conjunturas das redes de ensino; 3. realizar debates e propostas, curriculares ou não, para a solução e/ou amenização dos problemas, que podem desembocar em um projeto pedagógico específico para as licenciaturas; 4. reavaliar o projeto institucional para os cursos de formação de professores para a Educação Básica; 5. discutir e avaliar as propostas de melhorias das licenciaturas e 6. propor inovações a serem desenvolvidas nos cursos.
Logo, o Fórum se reafirma como espaço coletivo, consultivo e propositivo, de permanente debate, diagnóstico, acompanhamento e articulação das Diretrizes Institucionais de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica da UFG, a fim de garantir a defesa da escola pública, de gestão pública, de respeito à diversidade, da valorização do(a) profissional da educação, de princípios laicos, com qualidade socialmente referenciada e de articulação da universidade com a educação básica e a sociedade.