O GIRO DE BOLON • ISBN: 978-65-86422-44-3
imprimir

Uma missão para Bolon

p. 10

Adentrei o grande salão e lá estavam todos eles: alunos, mestres e demais convidados. Eu esboçava um misto de expectativa, alegria e insegurança. Éramos todos formandos de um curso que perecia ter durado toda uma existência; e aquele momento era o mais importante de nossas vidas, pois receberíamos das mãos de nossos mestres nossa primeira missão.

Feitas as apresentações, o patrono de nossa turma deu início as designações:

A cerimônia seguia lentamente, restavam apenas mais dois formandos além de mim, quando a poderosa voz de Kukulkán ecoou por todo o salão chamando pelo meu nome:

Agradeci a generosidade do grande mestre, mas não pude conter o meu desespero em relação àquela missão.

Captando a minha mente em desespero, disse-me o mestre Kukulkán:

Aquelas palavras trouxeram-me alívio e as incertezas deram lugar à felicidade, pois, afinal, acabara de me tornar um ilustre membro do CEPEIA — Centro de Pesquisas Intergalácticas de Andrômeda.

Vários dias se passaram desde que Kukulkán me designara, e nenhuma mensagem do CEPEIA ainda me havia chegado. De tão ansioso que estava, decidi contar estrelas para passar o tempo. Quando estava em cinco milhões quatrocentos e trinta e duas mil trezentos e trinta e nove estrelas, minha mente acessou um chamado:

Cheguei alguns centésimos de segundo adiantado e me apresentei. Logo fui conduzido por alguns mensageiros intergalácticos até a sala de preparação para a jornada. Tais mensageiros se encarregam, tanto de nossa trajetória como da nossa chegada aos respectivos destinos. Assim, um dos mensageiros, chamado Ixpiyacoc, ajudou-me a acessar a ponte de lançamento. A ponte é um espaço liminar onde todas as coisas, incluindo nossas mentes, se encontram numa espécie de antiestrutura, ou seja, nada permanece ordenado da mesma maneira como acostumamos ver.

A partir daí, assumimos a forma de energia cósmica e nos tornamos seres extrafísicos.

p. 11

Foi somente quando iniciamos a viagem que o mestre Tepeu a mim se apresentou.

O tom de sua fala me transmitia muito conforto, e assim, ele prosseguiu:

Tepeu parecia conhecer profundamente os seres daquele distante planeta, pensei.

Quão valiosas eram aquelas palavras de Tepeu, pensei. No entanto, ainda não mencionara absolutamente nada sobre a minha missão. Assim, continuou seus ensinamentos:

Tentei chamá-lo, mas foi em vão. Fiquei então, vagando na órbita daquele pequeno planeta pensando em um monte de coisas: “Como encontrar tal frequência?” “Quem é esse tal poeta?” “Como fazer um caminho?”.

Não demorou muito e comecei a enxergar a Terra. Lá estava ela, de um profundo azul cobalto. Permaneci ali, vagando, pensando e fitando aquele planeta. Enquanto ele girava, nada acontecia, eu só conseguia pensar nas palavras de Tepeu. O que ele quis dizer com “não há caminho, faz-se o caminho ao andar?” Mas, de que maneira eu deveria andar para fazer um caminho? Pense Bolon, pense!