Comunicações científicas
27Identificação dos Componentes Anatômicos Envolvidos no Futevôlei
Introdução
O Futevôlei consiste em uma modalidade esportiva de rede praticada com os pés, peito, ombro, pernas e cabeça, combinando características do vôlei de areia com o futebol. Essa adaptação foi difundida em meados dos anos 60, onde inicialmente era praticada apenas com os pés e cabeça, e não possuía regras definidas (RONDINELLI, 2017). Devido ao seu crescimento, tornou-se necessária a estruturação desse esporte. Atualmente, o futevôlei é praticado com qualquer parte do corpo, exceto braços, antebraços e mãos, e suas regras são coordenadas pela Confederação Brasileira de Futevôlei. Sua propagação obteve êxito em razão da sua praticidade e baixo custo, dado a acessibilidade dos materiais necessários (bola e rede). Além disso, possibilita aos jogadores o desenvolvimento da propriocepção, flexibilidade, resistência e melhora do condicionamento físico, sobretudo o fortalecimento muscular e articular (SOUZA; GALATTI, 2017). Contudo, seus benefícios ainda são pouco conhecidos pela sociedade. Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi identificar os principais movimentos executados durante a prática do Futevôlei e as estruturas articulares e músculos esqueléticos envolvidas.
Material e Métodos
Para isso, foi feita uma revisão bibliográfica da modalidade e foram selecionados quatro movimentos básicos praticados nesse esporte. A técnica esportiva foi executada por atletas treinados e os materiais utilizados para execução dos exercícios foram bola, rede, e as atividades realizadas na quadra da Faculdade de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Goiás. A partir daí os movimentos “Chapa”, “Coxa”, “Peito” e “Cabeça” foram executados e fotografados para identificação das estruturas anatômicas ativadas. Posteriormente, as imagens de cada movimento foram digitalizadas e analisadas em computador para identificação das principais articulações e músculos trabalhados (CEP/UFG 1.007.285). Tais dados são importantes para o desenvolvimento desse esporte a partir do conhecimento das estruturas anatômicas ativadas, visando o aprimorando e eficiência das técnicas da modalidade.
97Resultados e Discussão
A partir da metodologia descrita, foram selecionados quatro movimentos: “Chapa”, "Coxa", "Peito" e "Cabeça". Diversas articulações são ativadas no Futevôlei, incluindo ombro, cotovelo, quadril, joelho, tornozelo e pescoço. O movimento “Chapa” consiste em tocar a bola com a parte interna do pé. Nesta etapa, os músculos para a abdução do ombro foram: mm. deltoide médio e supra-espinhal; para a flexão do cotovelo: mm. bíceps braquial, braquial e braquioradial; flexão do quadril: mm. psoas maior, ilíaco, reto femoral, pectíneo, sartório e tensor da fáscia lata; flexão da perna: mm. semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral; inversão do tornozelo: mm. tibial anterior e posterior, extensor longo do hálux, flexor longo dos dedos e flexor longo do hálux. Na"Coxa", a bola toca a região anterior da coxa e os músculos ativados neste exercício foram citados anteriormente para a abdução do ombro, flexão do quadril e flexão da perna. No "Peito", a bola toca a parte superior do tórax e os músculos ativados também incluíram aqueles responsáveis pela abdução do ombro, flexão do cotovelo e flexão da perna. Ainda foi possível notar os extensores da coluna vertebral, como os mm. espinhal, longuíssimos, ilíocostal, rotadores, multífidos e interespinhais; e aqueles responsáveis pela extensão do quadril: mm. glúteo máximo, bíceps femoral, semitendíneo, semimembranáceo e parte extensora do adutor magno. No movimento "Cabeça", a bola é impulsionada com o toque da cabeça e os músculos correspondem aqueles necessários à estabilização da região cervical: mm. esternocleidomastóideo, escalenos, levantador da escápula, trapézio, semiespinhal da cabeça e do pescoço, longo do pescoço, reto posterior maior e menor da cabeça, oblíquo superior da cabeça e intertransversários; além daqueles ativados na estabilização postural, como os mm. eretores da espinha. Adicionalmente, nota-se a participação dos músculos abdutores do ombro, flexores do cotovelo, flexores do quadril e da perna. Além disso, observa-se a utilização constante do m. tríceps sural, inclusive durante as contrações isométricas da perna (WOLF-HEIDEGGER; KOPF-MAIER, 2006; NETTER, 2015). Neste sentido, o presente estudo permitiu identificar que se trata de um esporte completo, uma vez que trabalha uma variedade de estruturas anatômicas. Apesar de braços, antebraços e mãos não participarem ativamente do esporte, são essenciais para a permanência do equilíbrio dos atletas durante a impulsão dos movimentos (TAMBORINDEGUY et al., 2011). Com isso, nota-se que esse esporte recruta tanto os membros inferiores quanto superiores, além de desenvolver o equilíbrio, força e velocidade do praticante. Contudo, ainda que essa modalidade seja acessível e trabalhe amplamente a anatomia do corpo humano, sua prática é recente e pouco conhecida, portanto, é necessária a sua difusão para toda a sociedade, tendo em vista a sua relevância e aplicabilidade (Confederação Brasileira de Futevôlei, 2012).
Conclusão
Pode-se concluir que se refere a uma atividade física capaz de promover o desenvolvimento de estruturas do corpo humano e sua motricidade, uma vez que os movimentos selecionados são capazes de ativar os músculos e articulações identificados. Assim, pode ser um mecanismo de prática esportiva capaz de fortalecer e desenvolver a anatomia do indivíduo.
Referências
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEVÔLEI (CBFV). 2009. Disponível em http://www.cbfv.com.br: Acesso em 29 jan. 2017.
NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 640p.
RONDINELLI, P. “Futevôlei"; Brasil Escola. Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/futevolei.htm. Acesso em 12 de julho de 2017.
SOUZA, G.H.V.; GALATTI, L.R. Pedagogia do esporte e iniciação ao futevôlei: uma proposta didática a partir da expansão das superfícies de prática do jogo. São Paulo: UNIPINHAL, 2008. Disponível em http://www.efdeportes.com/efd127/pedagogia-do-esporte-e-iniciacao-ao-futevolei.htm. Acesso em 13 de julho de 2017.
TAMBORINDEGUY, A.C., TIRIONI, A.S., REIS, D.C., FREITAS, C.D.L.R., MORO, A.R.P.; SANTOS, S.G. Incidência de lesões e desvios posturais em atletas de taekwondo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 2011.
WOLF-HEIDEGGER, G., KOPF-MAIER, P. Atlas de Anatomia humana. 6ª ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2006. 302p.