Comunicações científicas
21Anatomia do Joelho e Lesão de Menisco: Relato de Caso
Introdução
O joelho consiste em uma complexa articulação do corpo que mantém unidos o fêmur, tíbia e patela, auxiliados por uma vasta quantidade de estruturas articulares, cujo papel mostra-se fundamental no adequado funcionamento da articulação. Dentre os diversos componentes anatômicos observados no joelho, os meniscos são importantes em tornar as superfícies ósseas mais congruentes e amortecer impactos nesta articulação (MOORE et al., 2014; NETTER, 2015). No entanto, podem comumente sofrer lesões devido a traumas, sobrecargas e movimentos mal executados, provenientes de atividades cotidianas, lesões esportivas, degenerativas e aquelas intrínsecas ao processo de envelhecimento, acarretando sintomas diversos e limitações funcionais para o indivíduo (KARPSTEIN, 2014). Dessa forma, conhecer a anatomia do joelho e sua biomecânica são imprescindíveis no manejo do paciente acometido por lesões, garantindo sua recuperação e devolução às condições de normalidade. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi apresentar um relato de caso sobre a dissecação das estruturas anatômicas do joelho, descrever suas características e citar um caso clínico de indivíduo com ruptura de menisco.
Material e Métodos
Para a realização do presente trabalho, o material cadavérico, previamente preparado e conservado em glicerina, foi selecionado e procedeu-se a dissecação da articulação do joelho com instrumentos especializados, no Laboratório de Anatomia da Universidade Federal de Goiás. As estruturas anatômicas foram individualizadas, identificadas e descritas. Em seguida, um caso clínico foi apresentado em que constava um paciente do sexo masculino, de 21 anos de idade, acometido por lesões de estruturas do joelho, submetido a anamnese, avaliação clínica e de imagem, com seu respectivo tratamento. O paciente foi diagnosticado com ruptura de menisco, onde a queixa era de bloqueio de movimento da articulação, inchaço, dificuldade de locomoção e fortes dores. A lesão foi avaliada clinicamente e por meio de ressonância magnética, solicitada por médico especialista em joelhos, e o tratamento consistiu em intervenção cirúrgica e cuidados pós-operatórios.
85Resultados e Discussão
De acordo com a metodologia proposta, foi realizada a exposição e dissecação da articulação do joelho, com caracterização das suas estruturas anatômicas, dentre elas a cápsula articular, retináculos, e ligamentos extracapsulares, como o ligamento patelar e os ligamentos colaterais (medial e lateral). Ao acessar a cavidade articular distinguiram-se os meniscos, ligamentos cruzados anterior e posterior, e o ligamento transverso do joelho, conforme descrito na literatura (MOORE et al., 2014; NETTER, 2015). Vale ressaltar que os meniscos desempenham importante papel na função articular do joelho, especialmente na transmissão de carga, no aumento da congruência articular e consequentemente na sua estabilidade (HERNANDEZ et al., 2006). Tal estrutura pode sofrer lesões e ocasionar prejuízos morfofuncionais a biomecânica da articulação, conforme observado no caso clínico relatado no presente trabalho. Assim, paciente do sexo masculino, aos 21 anos de idade e com histórico prévio de lesão de ruptura e reconstrução cirúrgica de ligamento cruzado anterior, relatou o aparecimento, de forma gradativa, de estalos na articulação e limitação de alguns movimentos, com sensação de bloqueio do joelho e fortes dores. No entanto, somente após um trauma ocorrido em um jogo de futsal, o indivíduo procurou atenção médica. Neste momento, o mesmo sofreu bloqueio do movimento na articulação e a mesma não retornou a seu estado normal. Com isso, foi submetido a avaliação clínica e de imagem, por meio de ressonância magnética, sendo diagnosticado com ruptura de menisco. Houve indicação urgente de cirurgia para sutura do menisco, realizada por meio de procedimento aberto da articulação. Após o processo operatório, o paciente foi submetido à pelo menos um mês de muletas e, no mínimo, três meses de fisioterapia. Após este período, houve a indicação de academia e a manutenção contínua de atividade física para a preservação e proteção da articulação, como forma de prevenir novas lesões. Os meniscos atuam como amortecedores, fazendo a adaptação entre as superfícies ósseas e sofre grande sobrecarga funcional, uma vez que suportam o peso do corpo, recebem e transferem grande parte das forças entre o fêmur e a tíbia. (KARPSTEIN, 2014). Dessa forma, desempenham importante papel na função articular do joelho especialmente na transmissão de carga, no aumento da congruência articular e consequente na sua estabilidade (HERNANDEZ et al., 2006). Os mesmos podem sofrer inúmeras lesões, especialmente quando o joelho sofre uma torção, quando é hiperflexionado ou hiperestendido (KARPSTEIN, 2014). É possível notar que as lesões de menisco produzem instabilidade em grande porção da população, e lesões esportivas são causas comuns (BAKER et al., 1985). Os sintomas mais frequentes incluem dor, inchaço do joelho, estalidos e, em alguns casos, até o bloqueio articular, que acontece quando um grande fragmento de desloca dentro da articulação e impede o seu livre movimento (KARPSTEIN, 2014). Assim, a intervenção e o tratamento adequado são essenciais no prognóstico do paciente, favorecendo sua recuperação e o retorno às atividades. No entanto, nota-se que a perda de massa muscular e a insegurança na realização de movimentos do joelho são capazes de gerar instabilidade à articulação, observados em pacientes que passam por processos cirúrgicos semelhantes ao caso relatado, dificultando a recuperação das condições normais.
Conclusão
Pode-se concluir que o joelho é formado por diversas estruturas anatômicas e lesões nos seus componentes podem prejudicar seu adequado funcionamento, acarretando prejuízos na biomecânica da articulação. Assim, o tratamento adequado e o restabelecimento das condições fisiológicas são fundamentais no manejo do paciente e na manutenção da saúde articular.
Referências
BAKER, B. E.; PECKHAM, A. C.; PUPPARO, F.; SANBORN, J. C. Review of meniscal injury and associated sports. The American Journal of Sports Medicine. 1985; v. 13, n. 1, p. 1-4.
HERNANDEZ, A. J.; CAMANHO, G. L.; LARAYA, M. H.; FÁVARO, E. Sutura de menisco com implantes absorvíveis. Acta ortopédica brasileira. 2006; v.14, n. 4, p. 217-219.
KARPSTEIN, A. Lesões dos meniscos do joelho. Lib.med.br. Artigos Científicos. 2014. Disponível em: http://adrianokarpstein.lib.med.br/p/11694/lesoes+dos+meniscos+do+joelho.htm Acesso em 30 de agosto de 2017.
MOORE, K.L.; DALLEY, A.F.; AGUR, A.M.R. Anatomia orientada para a clínica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
NETTER, F.H. Atlas de Anatomia Humana. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 640p.